Reforma do Ônibus 142 – Parte 2

Dentro do ônibus, as camadas do piso estavam deterioradas e irreparáveis. Buracos abertos no chão e no teto para acomodar a remoção do ônibus da Stampede Trail pela Guarda Aérea Nacional do Exército, exigiram soldagem para reinstalar esses elementos. As camadas de pintura externa contam a história do ônibus, começando com o verde militar original, depois o amarelo do ônibus escolar e, finalmente, uma combinação de verde brilhante e branco para o Fairbanks City Transit System. Essas camadas de tinta estavam desaparecendo de forma irregular, parcialmente devido ao ângulo de exposição ao sol e ao vento no local da Stampede Trail e parcialmente devido à intervenção humana. O grafite cobria a pintura em algumas áreas enquanto cortava o metal em outras partes, e o crescimento biológico cobria a calha de chuva acima das janelas laterais.

O American Conservation Institute define conservação como ações tomadas para a preservação a longo prazo do patrimônio cultural. As atividades incluem exames, documentação, tratamento e cuidados preventivos, apoiados por pesquisa e educação. Para o projeto de conservação do Ônibus 142, isto consistiu principalmente em retardar ou interromper o progresso dos dez agentes de deterioração. Conservadores de B.R. Howard, uma equipe de conservação reconhecida nacionalmente, visitou Fairbanks por vários dias para fazer uma avaliação das condições no local durante o verão de 2021 e concluiu o trabalho de conservação no Ônibus 142 entre janeiro e abril de 2023. Esta equipe fez esforços há muito esperados para garantir o integridade histórica do ônibus (incluindo décadas de pichações) e danos estruturais reparados resultantes de idade, vandalismo e remoção do ônibus da Stampede Trail.

O primeiro grande passo foi a limpeza de todas as superfícies. Isto foi feito com aspiração e limpeza úmida conforme apropriado, dependendo da estabilidade. O crescimento biológico, a sujeira superficial e os poluentes transportados pelo ar nas superfícies externas pintadas foram removidos cuidadosamente para não alterar ou danificar as camadas históricas de tinta. A superfície externa do ônibus, devido aos seus 59 anos de vida na Stampede Trail, continha uma variedade de produtos biológicos crescendo – principalmente líquenes e mofo. Esses tipos de organismos são considerados “pragas” quando aderidos a um objeto, que é um dos dez agentes de deterioração. Estas são as principais ameaças aos itens do património cultural contra as quais os museus trabalham, pois aceleram o processo natural de degradação dos itens. O líquen já afetou a tinta subjacente, corroendo-a lentamente, expondo o metal abaixo. Os conservadores removeram-no suavemente com água.

A fita adesiva foi aplicada no teto do ônibus quando ele foi removido da Stampede Trail pela Guarda Aérea Nacional do Exército em 2020. O adesivo ácido da fita danificou a superfície e a pintura do ônibus. Os conservadores Howard removeram a fita adesiva usando xileno, que retirou facilmente o adesivo, mas não afetou a pintura.

Muitos visitantes perguntam se o ônibus foi levado até seu local na Stampede Trail. Porém, o motor do ônibus 142 foi retirado antes de ser um dos dois ônibus que foram rebocados para a trilha pela família Mariner em 1961 para usar como moradia durante o projeto de melhoria da trilha. O compartimento do motor foi usado como espaço de armazenamento coberto por condutores de cães, caçadores e caçadores que visitavam o ônibus durante décadas. As paredes internas estavam cobertas de sujeira e graxa, altamente ácida e corrosiva. Conservadores de B.R. Howard passou dias dentro do compartimento removendo as camadas de resíduos corrosivos e adicionando uma camada protetora que retardaria quaisquer outros agentes de deterioração.

As rodas do ônibus são um componente essencial da narrativa para a eventual exposição. A razão pela qual o ônibus foi deixado na Stampede Trail foi porque a roda dianteira do lado do motorista se soltou do cubo, impedindo que o ônibus fosse facilmente rebocado de volta para Fairbanks. Depois de levantar o ônibus em macacos, os conservadores da B.R. Howard removeu as rodas para limpar a sujeira acumulada ao redor e dentro dos cubos. Eles então aplicaram uma camada protetora no metal e nas superfícies pintadas.

O chassi do ônibus estava fortemente coberto de sujeira da Stampede Trail. Conservadores de B.R. Howard passou dias esfregando o material rodante para aplicar uma camada protetora para retardar a ferrugem da estrutura de base.

O piso interior foi totalmente removido para estabilizar completamente o substrato de aço. O primeiro degrau da escada lateral do passageiro estava totalmente apodrecido, necessitando de substituição e estabilização para preservar sua aparência e proporcionar acesso seguro ao ônibus para as gerações futuras. O ônibus possui uma camada de base estrutural metálica, que foi coberta por uma camada de compensado que foi delaminado por anos de exposição às intempéries. Além disso, havia uma camada de vinil branco, uma camada de linóleo vermelho e uma camada de carpete, todas em ruínas. Infelizmente, nenhuma das camadas pôde ser recuperada, então os conservadores cortaram uma seção de 30 x 30 centímetros para preservar o conhecimento histórico e removeram o resto. A camada base de metal estava muito enferrujada e tinha muitos buracos e problemas estruturais, que foram remendados com metal de reposição e fibra de vidro, revestido com paralóide B-48N para evitar mais ferrugem. Uma camada de papel de alcatrão serve como barreira de vapor, sobre a qual colocaram novo compensado para maior resistência, seguido de novo linóleo para combinar com o piso original. Isto proporciona a estabilidade estrutural necessária para futuros visitantes do ônibus.

Como resultado de anos de uso e precipitação, o degrau de entrada inferior foi fortemente danificado e apresentava um grande buraco. O degrau foi construído com duas camadas: uma base de aço e uma placa de piso texturizada. Por segurança, o degrau foi removido e uma réplica da base de aço foi fabricada pela Facilities Services e instalada pela equipe de conservação. A placa de piso original foi reparada com fibra de vidro e reinstalada no topo do novo degrau estabilizado, preservando a aparência original do degrau e garantindo segurança e estabilidade aos futuros visitantes. O degrau de base de aço original foi catalogado na coleção do museu.

IMAGENS: Museum of the North

Valorização do município de Campo Mourão nas mídias sociais

*Texto de Vitória Almeida (Curso de Turismo – Unespar)

O município de Campo Mourão tem potencial e influência pela região que se situa, entretanto, é importante que uma divulgação da cidade seja feita e registrada para que possa alcançar mais pessoas que não precisam ser necessariamente da região. Com isso, além de possuir o potencial para atrair mais pessoas, também mostra um lado do cidadão mourãoense valorizando seu município. Com essa perspectiva, temos o site “Histórias, viagens e bobagens…”, criado por Vander Dissenha, um residente apaixonando por Campo Mourão onde ele faz o uso do próprio site para enaltecer, contar histórias de sua infância, suas primeiras experiências e compartilhar alguns atrativos que o município possui. O mourãoense sempre deixa muito explícito em suas postagens o orgulho da sua história em Campo Mourão. Os relatos são muito pessoais e nota-se muito amor nas palavras utilizadas. Em uma experiência que ele relata ao retornar quarenta anos depois ao local onde ele nasceu, algumas mudanças no local e o quanto aquela esquina emociona e traz memórias afetivas, em seus próprios questionamentos ele se pergunta qual seria o porquê dele ter nascido exatamente naquele lugar, percebendo que não havia respostas para isso, o criador do site deixa claro sua gratidão por ter sido exatamente como e onde foi “se pudesse escolher possivelmente escolheria a mesma esquina onde nasci e a mesma família em que nasci. Tenho orgulho de ser do interior do Paraná, pé vermelho de Campo Mourão […]”. Ademais, em uma publicação feita em 2009 por Vander, uma foto do time de futebol de Campo Mourão de 1976, onde na época foi o único esporte que Campo Mourão recebeu medalha de ouro, destaca-se que muitas pessoas que estão na foto fizeram parte da infância do autor e deixa um espaço de registros de acesso de aspecto socioculturais do município, a partir do momento que o site traz registros antigos, de certa maneira, mesmo indiretamente ele se transforma em um diretório de referências históricas da sociedade de Campo Mourão. O site é um lugar muito rico nesse aspecto histórico cultural da visão de um morador local, não só Campo Mourão, mas o autor também fala sobre outros municípios da região e as experiências internacionais. Com base nisso, estas observações vêm de encontro com o que foi iniciado pelo autor do quadro das Andorinhas, anteriormente citado neste trabalho, quando se nota a importância de criar memórias afetivas com os residentes de um município e a valorização dos aspectos que o torna único ou o destaca dos demais. Ou seja, quando se pensa em aprimorar a cidade para receber mais turistas, temos que priorizar quem sempre esteve aqui, pois é com base nessas pessoas que podemos avaliar se nosso município é hospitaleiro o suficiente e se vai marcar a vida das pessoas de forma positiva então torna-la legível, valorizada, única, acolhedora e que tenha esse cuidado com os residentes é fazer nossa cidade ganhar destaque e lugar eterno na vida das pessoas sendo de forma digital, física ou nas memórias afetivas de quem um dia viveu ali. Portanto, a criação digital de memórias afetivas e históricas da cidade é um conteúdo muito rico e agregador, os lugares mudam o tempo todo e ter esses registros em um site com a experiência de um morador local é muito interessante ter essas referências fazendo jus as considerações referentes a criação de meios para preservar a identidade de um local e proporcionar memórias nas pessoas até porque existem segmentos associados a história cultural e patrimônios que o turismo possui pelo turismo cultural, isso também é um meio de complementar a compreensão da sociedade a partir de segmentações como é o caso do turismo cultural e patrimônio histórico.

*Esse texto é parte de um trabalho insterdisciplinar sobre os elementos socioculturais de Campo Mourão – Paraná, apresentado no curso de Turismo da Unespar, campus de Campo Mourão.   

Vitória Almeida

15 anos do Blog

Hoje o blog está comemorando quinze anos de sua criação. Confesso que ao criar o blog, não imaginava que ele pudesse durar tanto tempo. Achava que a exemplo do primeiro Blog que criei, esse não duraria um ano. Mas felizmente me enganei e aqui estamos comemorando os quinze anos de sua existência.

E nesses quinze anos muita coisa boa e ruim aconteceu, felizmente mais coisas boas. Como todo mundo, tive altos e baixos na vida. E na pior fase da minha vida, o blog serviu como terapia. Muitas postagens dessa fase difícil, acabei excluindo e isso é algo que me arrependo.

Nos primeiros anos o Blog teve seu auge, com milhares de visualizações mensais. Nessa época o Facebook, Instagram e YouTube ainda estava engatinhando, então os blogues eram mais acessados do que são hoje em dia. Nossas postagens foram acessadas em quase todos os países do mundo e através delas fiz muitas amizades. E também ajudei muita gente através do Blog, sendo que a ajuda que considero mais importante foi a uma adolescente do interior de São Paulo, que estava com planos de se suicidar. Após ler uma postagem no Blog, ela entrou em contato comigo e trocamos muitas mensagens. Ela acabou desistindo de seu plano suicida e contou seu problema para sua mãe e foi em busca de ajuda médica. Só por esse caso já valeu a pena ter criado o Blog, pois salvar uma vida é algo que não tem preço.

Teve períodos em que fazia postagens diárias aqui no Blog, mas atualmente as postagens são esporádicas. Isso não significa que tenho menos interesse no Blog, mas sim que tenho menos tempo para me dedicar a ele. Independente de fazer poucas postagens atualmente, o seu acervo de postagens é imenso e não faltam assuntos interessantes para serem lidos aqui.

Não sei dizer se o Blog vai ficar ativo por mais um ano ou mais quinze anos. Só sei dizer que enquanto ainda sentir um pouco de prazer em manter o Blog no ar, assim o farei.

Reforma do Ônibus 142 – Parte 1

Após um longo tempo, finalmente as obras de conservação do Ônibus 142 estão concluídas. Ele ainda permanece no prédio de Engenharia do Campus da UAF – Universidade do Alasca, na cidade de Fairbanks. E em breve vai ocupar um local ao ar livre, possivelmente no Museu do Norte, onde ficará em exposição permanente.

A reforma do Ônibus 142 exigiu um complicado processo de equilibrar a preservação dos elementos existentes enquanto foram reparados e restaurados componentes perdidos. A conservação do Ônibus 142 ocorreu no Edifício de Aprendizagem e Inovação de Engenharia Joseph E. Usibelli, no Laboratório de Testes Estruturais da ConocoPhillips Alaska High Bay, de janeiro a abril de 2023, e foi visível pelo público a partir das janelas do 2º e 3º andares do edifício. Este trabalho foi possível graças a uma bolsa federal Save America’s Treasures, administrada pelo Instituto de Serviços de Museus e Bibliotecas, além do apoio de financiamento coletivo contínuo.

Quando o Museu do Norte adquiriu o Ônibus 142 em 2020, sob um acordo de repositório com o Estado do Alasca, ele tinha 74 anos e estava estacionado ao longo da Stampede Trail, no sopé norte da Cordilheira do Alasca, há mais de meio século. Devido a sua exposição às condições ambientais extremas do interior do Alasca, o Ônibus 142 estava fortemente deteriorado. Além disso, vandalismo direcionado na forma de tiros aparecem espalhado por grande parte do ônibus, resultando na perda de quase 100% dos vidros das janelas. Esses buracos de bala expuseram o metal descoberto ao ambiente hostil, acelerando a deterioração do aço, resultando em ferrugem generalizada.

IMAGENS: Museum of the North

Caminhada na Natureza – Engenheiro Beltrão

Após uma ausência de quase dez meses, voltei a participar de uma Caminhada Internacional na Natureza. O motivo de ter me afastado das caminhadas é que já participei de muitas, então repetir caminhada acabou ficando chato, pois em muitas cidades fui mais de uma vez caminhar. Nessa caminhada em Engenheiro Beltrão já fui duas ou três vezes, mas por ser uma caminhada que acho legal, em razão de se caminhar muito ao lado do rio Ivaí, resolvi participar mais uma vez.

A 8ª Caminhada Internacional na Natureza de Engenheiro Beltrão, na verdade foi realizada no distrito de Ivailândia, que pertence a Engenheiro Beltrão. Apesar de ser uma manhã de inverno, não estava frio e o sol brilhava forte no céu. Fui com alguns amigos, parceiros de muitas outras caminhadas. Nesse dia estávamos inspirados, pois conversamos muito, zoamos, rimos bastante. Foram pouco mais de quatro horas caminhando e quase não vimos o tempo passar de tão gostoso que foi.

Nas outras vezes que participei dessa caminhada, informavam que seriam dez quilômetros e sempre passava um pouco dos doze quilômetros. Dessa fez informaram que seria pouco mais de quatorze quilômetros e foram quase dezoito. Não sei se o pessoal da organização informa uma quilometragem menor com receio de que muitos caminhantes não se inscrevam em razão da quilometragem, ou então são ruins de medição de distância. Particularmente não tive problemas com a distância, pois mesmo tendo ganhado uns quilos nos últimos meses em razão de remédios que tenho tomando, estou em excelente forma física e os quase dezoito quilômetros me pareceram uma tranquila caminhada no parque.

Banheiros ecológicos…
Salto das Bananeiras.
Vander, Alemão, Stephanie e Luciele.

Fim de caminhada.

Show de João Bosco & Vinícius

Hoje fui na praça assistir ao show de João Bosco & Vinícius, que fez parte da Festa Nacional do Carneiro no Buraco. Essa foi a segunda vez que assisti a um show deles, a outra vez tinha sido no final de 2010, também aqui em Campo Mourão. O show foi muito bom, a praça estava cheia e o público bem animado.


Vista áerea do show.
Com minha amiga Andrea.

Série Vaga-Lume 50 anos

Hoje a Série Vaga-Lume, da Editora Atica, está completando 50 anos. Sou um dos milhões de leitores que começou a gostar de livros a partir da Série Vaga-Lume. No início de 1983 estava entediado numa manhã chuvosa sem tem o que fazer, quando me deparei com o livro Menino de Asas, que minha irmã estava lendo para um trabalho do colégio. Peguei o livro e comecei a ler as primeiras páginas e acabei gostando. Tive que parar a leitura na metade do livro, pois precisava me arrumar para ir ao colégio, pois na época estudava a sexta série no período da tarde. Naquele dia não via a hora de voltar para casa e terminar a leitura do Menino de Asas. Após terminar o livro, vi na contra capa que existiam outros livros na coleção e perguntei para minha irmã como conseguir mais desses livros. Ela me falou para ir na Biblioteca Pública (onde nunca tinha ido até então) fazer uma carteirinha, que daí me emprestavam os livros sem nenhum custo. E fui o que fiz no dia seguinte! Em pouco tempo li todos os livros da Série Vaga-Lume que existiam na biblioteca e passei a ler outros livros também. Graças a Série Vaga-Lume eu tinha adquirido o gosto pela leitura de livros. Já lia gibis antes mesmo de aprender a ler. E tal gosto pela leitura permanece até hoje, apesar de atualmente ler bem menos do que gostaria.

Ao todo a Série Vaga-Lume tem 106 livros publicados, sendo o último em 2021 (Os Marcianos, de Luiz Antônio Aguiar). Não li todos os 106 livros da Série. Devo ter lido algo em torno de 80 livros. Com o passar dos anos fui me interessando por outros tipos de leitura e deixei os livros juvenis da Vaga-Lume de lado. Mas tal série será inesquecível, pois foi ela que me fez entrar para valer no belo mundo dos livros e da leitura. E meu autor favorito da série era o global Marcos Rey, com seus livros de mistério.

O primeiro Vaga-Lume que li.
Alguns livros da Série Vaga-Lume.

Oscar 2023

Mais um ano estou escrevendo sobre os concorrentes ao Oscar de melhor filme e dando meus palpites. Até agora o meu favorito nunca venceu, o que me leva a acreditar que o pessoal da Academia de Cinema de Hollywood não entende nada de cinema… kkk

Depois que aumentaram a quantidade de filmes que concorrem ao Oscar de melhor filme, ficou mais difícil conseguir assistir a todos os concorrentes antes da cerimônia de entrega do Oscar. E esse ano são nada menos do que dez concorrentes. Minha maior dificuldade é morar numa cidade do interior do Paraná, onde no cinema só passam filmes que dão grande retorno de bilheteria. E os concorrentes a melhor filme, a maioria não são filmes que costumam dar grande bilheteria. Dos dez concorrentes, assisti a três no cinema, um na Netflix, um na Amazon Prime Vídeo e os demais tive que utilizar meios escusos para conseguir assistir. Se não utilizasse meios escusos para assistir aos filmes, não conseguiria ver os dez filmes antes da cerimônia do Oscar. E sem assistir aos dez filmes, não tinha razão de estar escrevendo essa postagem.

Esse ano não tenho a mínima ideia de qual filme vai vencer. Se fosse apostar em um filme, apostaria em Tudo no Mesmo Lugar ao Mesmo Tempo. Esse filme recebeu muitas críticas positivas e parece ser o favorito dos votantes da Academia de Cinema de Hollywood. Particularmente achei tal filme uma porcaria!

Minha torcida vai para Top Gun: Maverick. Gostei muito do filme, assisti junto com meu irmão no cinema. Tal continuação após 36 anos do filme original, foi um grande presente aos fãs do primeiro filme. O primeiro filme assisti no cinema quanto tinha 16 anos e foi um filme marcante para mim naquela época. Por tudo isso é que minha torcida vai para Top Gun Maverick, que acho que não tem nenhuma chance de vencer como melhor filme.

 

Os filmes concorrentes, na ordem de minha preferência e torcida:

1° – Top Gun: Maverick

Após mais de 30 anos de serviço como um dos principais aviadores da Marinha dos Estados Unidos, Pete “Maverick” Mitchell  volta para ensinar novos pilotos da academia Top Gun. No mundo contemporâneo das guerras tecnológicas, Maverick enfrenta drones e prova que o fator humano e a experiência ainda são essenciais.

Ver tal filme foi para mim uma sessão de nostalgia. E na falta de opções melhores, ele fica como primeiro em minha lista, mas tenho certeza de que não vai ganhar.

 

2° – Elvis

O filme conta sobre a vida de Elvis Presley, desde sua ascensão até o estrelato. E mostra sua relação muitas vezes conturbada com seu empresário, Tom Parker, por mais de 20 anos.

O filme é legal, principalmente para quem gosta de Elvis Presley, o que é meu caso.

 

3° – Nada de Novo no Front

Um adolescente é convocado para lutar na linha de frente da Primeira Guerra Mundial. O jovem começa seu serviço militar de forma idealista e entusiasmada, mas logo é confrontado pela dura realidade do combate.

Achei um filme interessante e gostoso de assistir.

 

4° – Os Fabelmans

Um jovem se apaixona por filmes e começa a fazer seus próprios filmes em casa.

Achei um filme mais ou menos, mas que vale a pena assistir.

 

 

5° – Os Banshees de Inisherin

Numa quase deserta ilha irlandesa, dois amigos de longa data se encontram num impasse quando um deles resolve desfazer a amizade.

O filme fica monótono em algumas partes, mas vale a pena ver a confusa história entre os amigos.

 

6° – Avatar O Caminho da Água

O filme é uma continuação do primeiro filme, que foi muito premiado e campeão de bilheteria. Fora isso, essa continuação parece mais que foi feita apenas para angariar alguns milhões de dólares de bilheteria.

Achei um filme mediano, que fica abaixo do primeiro filme, o que é algo comum em continuações.

 

7° – Entre Mulheres

Um grupo de mulheres que vive numa colônia rural isolada, se une para decidir que rumo devem tomar após cansarem das agressões e exploração por parte da maioria dos homens do lugar.

O filme traz uma mensagem interessante e deve ser adorado por boa parte das feministas. Mas me deu sono…

 

 

8° – Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo

Uma ruptura interdimensional bagunça a realidade e uma inesperada heroína precisa usar seus novos poderes para lutar contra os perigos do multiverso.

O filme é meio louco, foge totalmente do tipo de filme de que gosto. Mas parece que será o vencedor…

 

9° – Tár

Uma famosa maestrina lidera o caminho na indústria da música clássica dominada por homens.
O filme me deu sono e nada mais!

 

10° – Triângulo da Tristeza

Um navio de cruzeiro para mega ricos afunda e eles tem que conviver em uma ilha deserta.

Achei o filme sem graça, sem um roteiro muito definido.

 

A física e o amor

O Efeito de Ressonância Eletro-paramagnético (Efeito ERP), um mecanismo da física, foi matematicamente teorizado pelo físico John Stewart Bell em 1964 e, mais tarde, comprovado pelo físico John Clauser em uma experiência de laboratório na qual fótons subatômicos foram expostos à mesma polarização e depois disparados em direções opostas. Clauser, auxiliado por Stuart Freedman, descobriu que após dois fótons polarizados serem separados, eles ainda respondiam ao mesmo estímulo. Em outras palavras, quando um era estimulado, o outro, embora a uma certa
distância, também respondia. Uma vez exposto, os dois fótons relacionados não podiam mais ser considerados objetos separados, mas de alguma forma mantinham um vínculo misterioso. Alguns
físicos teorizaram que após compartilharem uma polarização comum, independente do quanto duas partículas possam estar distantes uma da outra, ou de quanto tempo passe, elas continuarão
a compartilhar a mesma polarização e algo em comum uma com a outra, mesmo talvez pela eternidade e pelo infinito.

Podemos comparar esse experimento com um casal que se separou por qualquer motivo. Se eles se gostavam, se amavam, a partir do momento da separação vão continuar ligados um ao outro de alguma forma, querendo eles ou não. Então o movimento que um deles faz, vai afetar e até mesmo gerar um movimento da outra parte do casal (no caso, ex-casal). Se após o final da relação existir mágoas, ressentimentos, sofrimento, mas um poquinho de amor ainda restar, mais o vinculo entre o casal, mesmo que distantes e sem se falarem, vai existir.

A física tenta explicar a vida e até mesmo o amor, o qual não se explica muito, apenas você sente, você vive ele. O amor é algo que muitos passam a vida toda querendo encontrar. E outros encontram e por algum motivo obcuro que foge de sua vontade, deixam ir embora. E tem também aqueles que por orgulho ou falta de diálogo, de perdão, de tentar um novo recomeço, de dar uma nova chance para o parceiro fazer tudo diferente, acabam deixando o amor ir embora e talvez nunca mais encontrarão um amor tão bom, tão pleno e verdadeiro quanto o último amor que viveram.

Escrevendo sobre esse assunto, me lembrei de um filme de 1994, estrelado por Meg Ryan. No filme ela é sobrinha do gênio da física, Albert Einstein, que tenta descobrir uma maneira de fazer sua sobrinha se apaixonar por um rapaz. Ou seja, Einstein tenta descobrir a “Fórmula do Amor”. Como estámos na semana do Oscar, fica a dica de um filme gostosinho de assitir.

A Teoria do Amor (1994).

A Baleia

Não costumo comentar muito aqui no blog sobre os filmes que vejo, pois vejo muitos filmes e séries. Só posto quando o filme me toca de alguma forma. E esse é o caso do filme A Baleia, que acabei de assistir no cinema. O ator principal é Brendan Fraser, que volta a ser destaque após anos de ostracismo causado por problemas pessoais e de saúde. Sempre gostei dos filmes dele e acompanho sua carreira desde o início, sendo que vi o primeiro filme com ele no distante ano de 1993.

Já fazia algum tempo que estava esperando o filme estrear em minha cidade e hoje, um sábado chuvoso, fui sozinho a noite ao cinema. E escolhi sentar bem na frente, numa poltrona bem no meio, onde não tinha ninguém sentado nas filas da frente, ou nas poltronas da minha fileira. Essa é a maneira como mais gosto de ver filmes no cinema, como se eu estivesse sozinho na sala de projeção. E entrei tão de cabeça no filme, que teve uma hora que eu não sabia se o barulho de chuva vinha do filme ou do lado de fora, onde também chovia. Foi interação total com a projeção.

Agora  falando um pouco sobre o filme, A Baleia fala sobre a última semana de vida de um homem que “desistiu de viver” descontando suas frustações e tristeza, na comida, se tornando morbidamente obeso. Parte do seu problema teve início ao perder o seu grande amor e ficou pior ao perder contato com sua filha. Acho que cada pessoa que assistir ao filme, pode entender a história de formas diferentes, pode tirar lições diferentes do que ver na tela. Eu entendi que o filme fala sobre a crença na bondade humana, que ele trata de triunfos e tragédias humanas, de perdas, de frustações, de fracasso e principalmente de esperança (dizem que ela é a última a morrer!). A narrativa do filme me fez ver que se um cara igual ao personagem principal, que está ferrado e nos seus últimos dias de vida, mesmo assim consegue ter esperança, então eu também consigo ter esperança de que dia melhores virão e que talvez eu ainda consiga conquistar o que tanto quero.

Saindo do cinema fiquei um longo tempo dentro do carro no estacionamento. Fiquei lembrando de algumas partes do filme e de algumas frases. De alguma forma A Baleia me ajudou, me deu coragem de seguir em frente. No filme o personagem principal se recusa a ir para o hospital se tratar, mesmo sabendo que está morrendo. Eu nos últimos meses vinha sofrendo de um grande problema de ansiedade. E mesmo tendo ciência de que isso estava me atrapalhando, de que eu estava fazendo e falando coisas que não deveria, que estava tomando atitudes sem pensar direito, que tratei mal e magoei algumas pessoas, não queria ir me tratar. Me achava forte o suficiente e que a qualquer momento ia ficar bom. O pior é que já cometi esse mesmo erro num passado não muito distante, quando tive depressão e achei que poderia sair sozinho do fundo do poço e me afundei cada vez mais até descobrir que o fundo do poço possui vários andares de subsolo. Se no filme o personagem principal tem pessoas que tentam ajudá-lo, mas não conseguem, aqui na vida real tive pessoas que conseguiram me ajudar. Ainda essa semana ouvi conselhos de um amigo e depois numa longa conversa com meu irmão, ele me convenceu a buscar ajuda médica e assim fiz. Agora estou bem, com os pés no chão e a cabeça no lugar novamente. Amanhã começo a fazer a lista de pessoas com as quais preciso me desculpar nas próximas semanas, sendo que um amigo em especial merece desculpas especiais, pois ele tentou me ajudar da forma errada e fui bem ríspido com ele. E uma outra pessoa merece desculpas em dobro, pois andei chateando ela demais nos dois últimos meses, de uma forma totalmente equivocada. O equivoco não foi no que eu queria dizer, mas sim na forma e no momento que tentei falar o que gostaria. O único problema é que não sei se tal pessoa vai aceitar minhas desculpas.

Eu que sempre fui de ver muitos filmes, pois desde criança sou apaixonado por cinema, muitas vezes vi a história do filme se confundir com minha vida, com o momento pelo qual estou passando quando assisto ao filme. E hoje não foi diferente, hoje o filme me mostrou que existe opções, que existe esperança, que onde existe amor existe cura interior e no meu caso uma vontade grande de seguir em frente, de me desculpar e recuperar algumas coisas que perdi. Ao menos vou tentar!

Charles, personagem principal do filme A Baleia.
Brendan Fraser nos filmes: George o Rei da Floresta (1997) e A Baleia (2022).

Novo nome do blog…

Após quase 15 anos no ar, o blog passa a ter um novo nome. Na verdade o novo nome é o velho nome reduzido. Saí do nome a palavra “fotos”.

A partir de hoje o blog deixa de se chamar HISTÓRIAS, VIAGENS, FOTOS E BOBAGENS… para se chamar HISTÓRIAS, VIAGENS E BOBAGENS…

A mudança do nome visa projetos futuros, os quais não vou citar no momento e que tendo um nome muito longo atrapalhava um pouco certas questões visuais desses projetos.

Rally de Verão RPC

Hoje foi ao ar o segundo episódio do Rally de Verão RPC. Esse foi o programa sobre o qual postei aguns dias atrás. Apareço no segundo programa, quando o Rally passou aqui por Campo Mourão.

Por questão de direitos autorais, não posso postar aqui o vídeo em que apareço.

Para assistir você deve clicar no link abaixo.

https://globoplay.globo.com/v/11338148/?s=0s

Apareço no minuto 03:45

Gravação com o pessoal da RPC

Hoje estive com o pessoal do programa Studio C, da RPC Globo. Eles estiveram em minha cidade gravando parte de um programa especial de verão, que vai ao ar daqui alguns dias. O produtor do programa tinha entrado em contato comigo alguns dias antes para obter informações. Ele me descobriu através aqui do blog. No fim eles acabaram indo gravar em Campo Mourão e fui convidado para ir no local onde estavam. Acabou sendo uma manhã agradável, onde pude conhecer todo o pessoal envolvido na gravação, que foram muito simpaticos. E pude ver de perto como é gravado um programa de TV junto a natureza. Por fim ajudei a carregar o equipamento e dei uma entrevista falando sobre a região de Campo Mourão.

Yves, Ana, Vander e Renan.

Shurastey

Hoje entrei numa loja da Livrarias Curitiba, em Maringá, e me deparei com o livro póstumo SHURASTEY, de Jesse Koz. Peguei o livro nas mãos, dei uma folheada e comecei a chorar. Não sei explicar bem o motivo das lágrimas. Talvez os dias difíceis pelos quais tenho passado, somados a história triste contada no livro, me fez derramar algumas lágrimas. Acabei comprando o livro, mas só vou ler daqui um tempo quando estiver melhor. Pois sei que de qualquer jeito vou molhar as páginas do livro com minhas lágrimas.

Jesse Koz viajava de fusca pelas Américas e faleceu em 23 de maio último, junto com seu cachorro, Shurastey, em um acidente de carro nos Estados Unidos. Eu acompanhava tal viagem e achava muito legal a viagem com o cachorro. Mas nessas surpresas desagraveis que acontecem ás vezes, tanto Jesse quanto Shurastey, morreram poucos dias antes de chegar no Alasca, que era o destino final da viagem que começou na Patagônia, extremo sul da América do Sul.

Poucos sabiam, eu inclusive, que Jesse tinha deixado um livro quase pronto. Quando passou por Porto Alegre escreveu o livro, que foi completando depois conforme sua viagem ia acontecendo. Vai ser difícil ler tal livro, pois você começa a leitura sabendo que tal livro não tem final feliz, que a história da viagem de Jesse e Shurastey acaba antes do final, com a morte dos dois. Mas vou tentar ler, mesmo que encha algumas xicaras de lágrimas durante a leitura.

Caminhada na Natureza – Luiziana

Mesmo cansado, com sono e preguiça, fui participar de minha segunda Caminhada Internacional na Natureza, em 2022. A caminhada aconteceu na cidade de Luiziana, onde ainda não tinha caminhado. Fazia muito sol, mas a temperatura estava amena. Caminhei a maior parte do tempo pensando na vida, nos problemas e em cercas decisões que preciso tomar. Caminhar sozinho pelo mato ajudou um pouco, meio que estou econtrando um norte em relação as decisões que preciso tomar.

Passámos por lugares bonitos e por uma cachoeira enorme e com grande volume de água. Tinha que se aproximar dela com cuidado, pois cair no rio perto dela era perigoso. A caminhada foi muito bem organizada e nos postos de controle não faltaram água e comida. O pessoal da organização também foi muito simpático.

Alemão, Vander e Tefa. (Eu no auge de peso em toda minha vida: 91,5 kg. Depois dessa caminhada comecei o processo de emagrecimento.)

Consurso de fotografia

Participei com duas fotos no Concurso de Fotografia Imagens da Cidade, promovido pela Fundação Cultural de Campo Mourão. Uma foto ficou em terceiro lugar e a outra não foi classificada.

“Uma Escada Para o Céu” – Foto premiada em 3° Lugar
“Mosaíco de Sombras” – Foto não premiada.
www.boca.santa.com.br

Concurso de fotografias 2022

Participei pela segunda vez do concurso de fotografia “Imagens da Cidade” promovido pela Fundação Cultural de Campo Mourão. Dessa vez fiquei em terceiro lugar, recebendo uma premiação de R$ 500,00.

1° Lugar: “Os Invísiveis da Socieda” – Giuliana Florêncio
2° Lugar: “Catedral Solar” – Leonardo de Souza Molina
3° Lugar: “Uma Escada Para o Céu” – José Vanderlei Dissenha
Os vencedores.

Caminhada na Natureza – Fênix

Após muito tempo, voltei a participar de uma caminhada do circuito Caminhada Internacional na Natureza. A última caminhada de que tinha participado foi em março de 2020, poucos dias antes da pandemia da Covid 19 aparecer e paralizar com muita coisa, inclusive com as caminhadas.

Resolvi voltar na caminhada de Fênix, que é uma caminhada que já fiz antes. Gosto da região, da paisagem e de caminhar pelo Parque Estadual Vila Rica do Espiríto Santo. A caminhada que iniciou com muito frio, terminou com muito calor. Depois teve um saboroso almoço, cujo cardápio foi Vaca Atolada. Acabei almoçando, algo que raramente faço nas caminhadas.

Homenagem do Coldplay a Olivia Newton-John

Coldplay, Natalie Imbruglia e Jacob Collier fizeram uma bela homenagem a recém falecida atriz e cantora Olivia Newton-John. A homenagem aconteceu durante um show em Londres, quando cantaram a música Summer Nights, do filme Grease, de 1978. Foi simplesmente emocionante!

 

Morte de Olivia Newton-John

Hoje morreu uma atriz/cantora da qual gostei muito no passado. Olivia Newton-John faleceu aos 73 anos vítima de câncer. Ela foi protagonista de um dos filmes que marcaram minha adolescência. O filme Grease é de 1978, mas só fui assisti-lo na TV em 1986. Adorei o filme e sua trilha musical. No dia seguinte fui comprar o LP com a trilha sonora do filme e tenho ele guardado até hoje.

O filme Grease foi baseado em um musical da Broadway, que fez muito sucesso. A primeira montagem do musical ficou em cartaz de 1972 até 1980. Depois teve outra montagem, que após novo sucesso na Broadway, viajou o mundo. Em 1995 assisti a essa montagem no Teatro Guaíra, em Curitiba. Foi muito legal ver esse musical ao vivo em sua versão original em inglês.

Esse ano estreou uma versão brasileira do musical Grease, em São Paulo, mas não tive interesse em assistir, poisa nessa montagem as músicas tem uma versão em português e no final da apresentação, o elenco volta ao palco para cantar as principais canções nas versões originais em inglês. Essa versão brasileira ainda está em cartaz, mas não sei se tem feito muito sucesso, pois ouvi falar pouco dela.

Olivia Newton-John parte deixando os fãs tristes. Mas ficará eternizada como Sandy, do filme Grease. Aliás, em razão do filme hoje existem muitas Sandy por aí, inclusive a Sandy cantora (irmã do Junior).

Cartaz do filme Grease (1978).
Cena do filme Grease.
Olivia Newton-John no filme Grease.
Olivia Newton-John é Sandy, no filme Grease.
Cartaz da primeira montagem de Grease (1972).
Cartaz da montagem brasileira de Grease. (São Paulo – 2022)

Elvis – O filme

Após cinco meses de espera, desde que ouvi pela primeira vez sobre o seu lançamento,  finalmente fui assistir ao filme ELVIS. Fui com amigos ao cinema, numa segunda-feira a noite onde a sala de projeção estava com menos da metade das poltronas ocupadas e bem silenciosa, do jeito que gosto. Reparei que a maioria dos presentes tinham idade acima dos 25 anos e muitos, como no meu caso, idade bem acima disso. Só de não ter crianças e adolescentes barulhentos na sala de cinema, foi muito bom.

No geral gostei do filme, que não é muito convencional. Baz Luhrmann, o diretor do filme, usou uma linguagem cinematográfica que foge um pouco do tradicional, mas que me agradou. Você precisa ficar atento a tudo o que aparece na tela, ler tudo o que aparece. Não gosto de filmes dublados, mas por falta de opção tive que assistir ao filme na versão dublada. Por um lado isso foi bom, pois apareceram muitas informações na tela e pude me preocupar em olhar e ler essas informações em vez de ficar atento as legendas.

Da forma como o filme foi feito, acredito que aqueles que conhecem um pouco sobre a história de Elvis Presley, terão uma experiência cinematográfica mais interessante e completa. Esses vão conseguir linkar o que sabem sobre a vida do Elvis, com algumas coisas que aparecem no filme de forma resumida.

O filme tem 02h39min de duração e muita música. Ele é narrado segundo a ótica do Coronel Tom Parker, o empresário de Elvis. O Coronel é interpretado por Tom Hanks, que rouba a cena. Creio que ano que vem ele tem grandes chances de ganhar mais um Oscar de melhor ator. Tenho lido que o filme não tem agradado aos críticos, mas conseguiu agradar bastante ao público. Para mim críticos de cinema são descartáveis, pois quase sempre as criticas que leio não vão de encontro ao que vejo nos filmes que assisto. Gostei do filme e isso é o que importa…

Rise

Vejo muitos filmes, mas só indico aqui no blog os filmes de que tenha gostado muito. E esse é o caso do filme Rise, uma produção da Disney que conta a história de três irmãos nascidos na Grécia e que são filhos de imigrantes nigerianos ilegais. Eles começam a jogar basquete meio por acaso e acabam indo parar nos Estados Unidos como astros da NBA. Se tornam o primeiro trio de irmãos a se tornarem campeões da NBA na história da liga. Essa é uma história sobre família, força de vontade e superação. Os dois irmãos mais velhos dividiam o mesmo tênis para jogar, pois não podiam comprar um tênis para cada um. Hoje eles tem um contrato milionario com a Nike. Aqueles que gostam de basquete não podem perder esse filme. E quem não gosta também não pode perder, pois é uma história emocionante e motivadora.

O ataque de 24 horas ao Pico Paraná – Parte 2

Continuação da postagem anterior…

Ficamos no cume do PP por cerca de uma hora. E o que chamou bastante atenção foi um cachorro que estava no cume. Reconheci ele como sendo da Fazenda Rio das Pedras. Ele ficava pedindo comida para todos que chegavam no cume e começavam a lanchar. Todo mundo ficava perguntando como ele tinha passado pela Carrasqueira. O cachorro era muito esperto e ganhou bastante agrados e comida. Fico imaginando como foi que ele encontrou um caminho para chegar até ali e quantas vezes por semana ele decide subir até o cume.

Após descansar e lanchar, Eliane e eu demos uma volta pelo cume, tiramos fotos e observamos a paisagem de todos os lados. Tinham algumas nuvens que ficavam encobrindo parte da paisagem, mas logo o vento mudava essas nuvens de lugar. Assinamos o caderno de cume, que fica guardado numa caixa metálica presa sobre um pedra. Mais algumas fotos, uma última olhada na paisagem e pouco depois do meio dia resolvemos iniciar o caminho de volta. O cume de uma montanha é somente a metade do caminho, então sempre é bom guardar energia para o retorno. Energia eu tinha, o que estava incomodando era a dor nas costas.

Quando seguimos para a trilha para iniciar a descida, tivemos que parar para dar passagem a algumas pessoas que estavam chegando. Logo iniciamos a descida, onde na primeira parte o mais difícil era transpor uma pedra com alguns grampos. Devido ao vai e vem de pessoas subindo e descendo a montanha, os grampos e parte das rochas estavam com barro e isso demandava cuidado extra para não escorregar e cair. Tive muita dificuldade em alguns trechos onde era necessário esticar a perna para descer, pois sentia uma dor muito forte ao esticar minhas pernas. Mas ficar parado no alto da montanha não era uma opção, então fui suportando as dores e descendo mais lentamente do que deveria. A Eliane estava bem e aparentemente não teve maiores problemas para descer.

Quando chegamos no acampamento A2, fizemos uma parada mais longa para descansar e tirar fotos. Também dividimos o resto de nossa água. Ali perto existe uma bica, mas chegar até ela é um pouco complicado e com as dores que sentia, achei melhor não pegar água no A2. O sol ficou encoberto pelas nuvens e era possível ver que algumas nuvens encobriam o cume do PP. Quem chegou mais tarde ao cume não deve ter visto muita coisa lá do alto. Demos sorte de termos chegado ao cume com o tempo relativamente limpo.

Saímos do A2 e continuamos descendo, tomando cuidado com a trilha que continuava molhada e lisa em muitas partes. Mesmo tendo feito algumas horas de sol durante o dia, o barro era tanto nas trilhas que não secou com o sol. Pelo caminho fomos encontrando bastante gente que subia com mochilas cargueiras nas costas. Esse pessoal planejava acampar no A2 ou no cume do PP. Quando vinha alguém subindo, sempre dávamos passagem e dessa forma aproveitávamos para descansar rapidamente enquanto ficávamos parados ao lado da trilha esperando o pessoal passar.

O sol voltou a aparecer quando chegamos na Carrasqueira. Descer aqueles paredões cheios de grampo e cordas é sempre mais difícil do que subir. E para piorar, os grampos estavam molhados e alguns com barro, pois muita gente passou por ali na última hora com as botas cheias de barro. Estava muito escorregadio e o cuidado teve que ser triplicado. A Eliane seguiu na frente. Depois ela me confidenciou que sentiu um pouco de medo nesse trecho e que não gostaria de passar por ali novamente. Eu só senti medo na metade da descida, quando escorreguei com os dois pés num grampo que tinha barro e fiquei meio pendurado segurando firme com as mãos o grampo que ficava pouco acima de minha cabeça. Foi um susto de sentir frio na barriga. Quase no final da Carrasqueira vi o cachorro que estava no cume, descendo pelo mato ao lado. Ele tinha descoberto um caminho que passava pelo lado das rochas, andando numa inclinação que humanos não conseguiriam. Esse cachorro realmente era muito esperto!

Vencida a Carrasqueira, descemos mais um pouco pela trilha e daí começou a parte de subida. Na subida sentia dores fortes toda vez que precisava erguer as pernas um pouco mais alto para vencer algum obstáculo. Estava muito mais lento do que deveria e comecei a me preocupar com o atraso que nos deixaria no escuro durante a travessia de parte da floresta. Para piorar ainda mais as coisas, a sede começou a apertar e a boca ficou seca. Mesmo com as dificuldades seguimos em frente, pois não tínhamos outra opção. Quando estávamos quase chegando no acampamento A1, o sol se escondeu de vez e nuvens cobriram o céu. Isso fez a temperatura baixar um pouco.

Passámos pelo A1 e entramos na trilha pelo meio do mato, que parecia estar ainda mais molhada e lisa do que pela manhã quando ali passámos. Eu e Eliane usávamos luvas e muitas vezes segurávamos em galhos e matos ao lado da trilha para não cair quando escorregávamos. E como tudo o que está ruim pode ficar ainda pior, começou a chover. Essa chuva durou mais de três horas e nos acompanhou até depois do Getúlio.

A sede foi aumentando e não via a hora de chegar no primeiro riacho da trilha. Saímos na parte limpa cheia de caratuvas, demos a última olhada para o PP que estava parcialmente encoberto e seguimos para a floresta. Depois do A2 não tirei mais nenhuma foto, pois estava tão cansado e com dores, que não tinha nenhum animo para fotos. Quando entramos na parte da floresta a chuva aumentou um pouco. A trilha cada vez mais lisa ia alterando subidas e descidas por entre pedras, galhos e raízes de árvores. Em muitas partes era necessário fazer pequenas escalaminhadas. Toda vez que tinha que erguer a perna para passar por algum galho, sentia fortes dores nas costas. Comecei a ficar preocupado em travar e não conseguir mais andar. A última coisa que eu queria era precisar ser resgatado. O jeito for reunir forças, suportar a dor e seguir em frente.

Finalmente chegamos num riacho e pouco acima da trilha a Eliane encontrou um local para pegar água. Se não estava cem por cento limpa, ao menos a água não tinha sabor ruim e estava geladinha. Nessa parada ao lado do riacho, além de matar a sede fizemos um pequeno lanche com o resto da comida que tínhamos levado. Resolvido o problema da sede seguimos em frente, andando pelo meio da mata na trilha lisa e molhada e vencendo os muitos obstáculos. Pouco depois das 19h00min escureceu e tivemos que ligar as lanternas. A minha estava quase zerada, mas mesmo assim consegui andar algum tempo com ela. Quando escureceu de vez ficamos somente com a lanterna da Eliane. Ela seguia na frente, andava um pouco, parava, se virava e iluminava o caminho para eu poder passar. Isso nos fez atrasar ainda mais a volta. Mas não tínhamos outra opção. Minha maior preocupação era dar pane na lanterna dela, pois aí sim estaríamos enrascados. Sem lanterna não tem como andar naquele lugar, pois andar no escuro ali é quase suicídio.

A chuva continuou nos fazendo companhia, às vezes mais forte e outras vezes menos. Estávamos parcialmente molhados e isso nos deixava com um pouco de frio. E descobri que minha bota impermeável não era assim tão impermeável. Ela não suportou as horas andando no barro sob chuva e fiquei com os pés molhados. Nossa situação não era das mais cômodas, pois tínhamos fome, nossa água era pouca, tínhamos somente uma lanterna, o que nos obrigava a fazer revezamento, chovia, sentíamos frio, eu sentia cada vez maios dores nas costas. E somado a isso tudo comecei a ficar preocupado com relação aos nossos amigos que estavam nos esperando e deviam estar preocupados com nosso atraso e falta de notícias. Diante de todos os problemas, só nos restava seguir em frente e foi o que fizemos. Pelo caminho encontramos algumas poucas pessoas que subiam a montanha. Mas depois de certo horário não vimos mais ninguém subindo.

Chegamos na bica de água que fica na parte final da floresta. Ali me sentei numa pedra e a Eliane foi encher nossas garrafinhas com água. O sabor da água da bica era bem melhor do que da água do riacho. A chuva deu uma aumentada e quando o frio começou a apertar, seguimos em frente. A Eliane foi guerreira, sempre indo na frente escolhendo o melhor caminho e ao mesmo tempo iluminando o meu caminho e me ajudando em alguns trechos mais difíceis, principalmente em descidas onde eu tinha mais dificuldade por culpa das dores. Se não fosse ela, acho que teria que ter sido resgatado.

Finalmente chegamos nas plaquinhas na encruzilhada das trilhas. Ali era o final da floresta, cuja descida por ela foi com certeza a pior e mais demorada parte da aventura. Seguimos pela trilha em direção ao Getúlio e quando saímos da parte de mata, a chuva e o vento começaram a nos castigar. O cansaço e dores me fizeram ficar lento de raciocínio e quando chegamos no Getúlio fiquei em dúvida sobre qual trilha seguir. Até então só tinha passado por ali a noite durante subidas e nunca em descidas. Meu receio era pegar uma trilha errada e nos perdemos. A bateria de nossa única lanterna estava quase no final e não podíamos nos dar ao luxo de pegar uma trilha errada e nos atrasarmos ainda mais. Seguimos devagar e com cuidado, prestando atenção na trilha e quando a chuva deixava, nas montanhas em volta. Esse foi o único momento em que senti a Eliane preocupada durante a descida. Vimos o clarão de duas lanternas vindo da mata atrás de nós e resolvemos esperar. Era um casal que andava rápido e logo se aproximou de onde estávamos. Pararam quando nos viram e contamos que estávamos em duvida sobre a trilha e nos disseram para segui-los. Foi difícil acompanhar o ritmo deles, mas no momento eles eram nossa salvação. Em dois momentos eles erraram a trilha. Passamos por algumas pessoas que estavam acampando no Getúlio. O cara que seguíamos pediu informação sobre qual trilha seguir e o pessoal de uma barraca indicou a direção correta. Mais alguns minutos e finalmente encontramos a trilha certa. Aí eu e Eliane diminuímos o ritmo e deixamos o casal seguir em frente. A lanterna da Eliane ficou de vez sem bateria e ela pegou o celular para iluminar a trilha. A luz do celular era forte, a bateria estava cheia e o celular foi nossa salvação. Sentia cada vez mais dores nas costas e minhas pernas meio que começaram a travar. Era meu nervo ciático avisando que tinha sido machucado.

A parte final não é das mais difíceis, pois é quase toda em descida e somente em algumas partes tem obstáculos. Mas a trilha estava tão molhada e lisa que levamos alguns escorregões feios. Caí sentado duas vezes. A chuva parou e durante alguns minutos a lua cheia deu as caras. Eu cada vez mais lento e travado. Em alguns trechos a Eliane tinha que segurar minha mão e me ajudar a descer pequenos obstáculos. Nunca tinha sofrido tanto numa trilha e dado trabalho. Se não fosse pela ajuda da Eliane eu não teria conseguido chegar ao fim. Não inteiro! Fica aqui meu agradecimento a ela, pela ajuda e por não ter reclamado em nenhum momento. E ela sabe que se fosse ao contrário, eu a teria ajudado da mesmo forma.

Eram quase 23h00min quando chegamos na última encruzilhada e seguimos pela larga trilha que leva até o IAP. Quase não tinha forças, mas cheguei ao final. Foram quase 24 horas para subir e descer o Pico Paraná de ataque, sendo que próximo a 21 horas de efetiva caminhada. Tivemos muitas dificuldades, vários problemas, bem mais do que imaginaríamos ter. Mas não desistimos, seguimos em frente contra todas as dificuldades e obstáculos. Foi uma jornada e tanto! O que nos moveu foi a força de vontade, onde o foco era sempre seguir em frente e desistir jamais. Essa aventura foi um grande treinamento para nossa vida cotidiana. Nosso cérebro é exercitado, condicionado a seguir em frente mesmo diante de dificuldades e obstáculos que parecem ser intransponíveis.

No IAP demos baixa no cadastro que tínhamos feito antes da subida e fomos informados que dois amigos nossos tinham passado ali alguns minutos antes querendo saber informações sobre nós. Eles estavam preocupados com nosso atraso. O atendente do IAP informou que eles estavam nos esperando na Fazenda Pico Paraná e fomos ao encontro deles. Vi o Roberto sentado em uma pedra e quando ele me viu veio todo alegre me dar um abraço. O André logo apareceu e contou que falaram com o casal que nos ajudou no Getúlio, que contou que nos viu e que estávamos descendo lentamente. O André estava de carro e não recusamos a carona até a Fazendo Rio das Pedras, que não ficava longe dali.

Chegando no chalé fui tomar um longo banho quente. Sentia dores fortes nas costas e tive muita dificuldade para me abaixar e vestir roupas limpas. Logo depois foi a vez da Eliane tomar banho e depois jantamos. Na mesa tive rápidos cochilos, pois faziam quase 30 horas que estávamos sem dormir. De barriga cheia tomei um remédio para dor e fui me  deitar. A cama quente e confortável foi um prêmio para nossos corpos cansados e desgastados. Dormimos por várias horas um sono profundo. E o sentimento de ter vencido tantas dificuldades é um sensação difícil de explicar. Mas é um sentimento gostoso. Se voltaremos a subir o PP um dia, somente o tempo vai dizer. Particularmente acho que dou por encerrado minhas aventuras no PP. Foram três cumes lá, então acho que chegou a hora de me aventurar por montanhas mais baixas e mais fáceis, onde meus problemas físicos não atrapalhem tanto. A Eliane disse que do PP não quer mais saber, pois ficou meio traumatizada com a descida pela Carrasqueira com os grampos lisos. Mas não sabemos o dia de amanhã! Quem sabe no futuro não mudemos de ideia e voltamos a nos aventurar pelas encostas do PP? Quem viver verá…

No cume do Pico Paraná, 16/04/2022 – 10h40min.
As nuvens alteram a paisagem a todo instante.
Merecido descanso no cume do PP.
O cão pidão, no cume do PP.
Momento de contemplação e comemoração.
Um dos lados do cume do PP.
Eliane, mulher de muita fibra.
Começando a descer o PP.
Sofrendo com dores nas costas.
Eliane inciando a descida da Carrasqueira.

O ataque de 24 horas ao Pico Paraná – Parte 1

 

Já estive duas vezes no cume do Pico Paraná (PP), em ambas acampando no A2 e partindo para o ataque ao cume de madrugada. Mas sempre defendi que isso não era o ideal, pois subir com mochilas cargueiras até o acampamento A2 era muito sacrifício. Subir pela Carrasqueira com mochilas pesadas nas costas, sempre achei algo insano. Nessa terceira tentativa de chegar ao cume do PP, finalmente poderia provar minha tese de que era melhor fazer o ataque ao cume saindo da Fazenda Pico Paraná, Fazenda Rio das Pedras ou do IAP, levando apenas uma pequena mochila de ataque.

Estava bem descansando após um ótima noite de sono, alojado em um chalé na Fazenda Rio das Pedras. Durante o dia tinha passeado pelo local, tinha feito boas refeições, dormido um pouco a tarde e para relaxar tinha até assistido um filme na Netflix, através do aplicativo do celular. Ás 22h00min tomei um banho para despertar, me vesti e arrumei a mochila de ataque, com água, Gatorade, garrafa térmica com capuccino, lanches doces e salgados e o equipamento básico que pretendia utilizar. A mochila devia estar pesando uns cinco quilos.

Junto comigo seguiriam a Eliane, em sua primeira vez no Pico Paraná, mas já tendo tido experiência em montanha na região do Pico Marumbi. Também seguiria a Carla, em sua primeira experiência numa montanha. Outro parceiro de subida seria o André, que já esteve no A2 do  Pico Paraná, esteve no Taipa e no Pico Agudo. E o companheiro mais experiente nesse ataque seria o Roberto, que já esteve no Taipa e chegou duas vezes ao cume do Pico Paraná. O grupo mesclava pouca com muita experiência e todos tinham se preparado fisicamente para o desafio que iriamos enfrentar. A única incógnita era saber se o André suportaria as dores em seu joelho esquerdo, que tinha machucado pouco tempo antes jogando futebol.

Saímos do chalé na Fazenda Rio das Pedras às 23h00min e seguimos até o IAP para preencher a ficha de subida, pois isso nos garantia uma certa segurança em caso de nos perdermos ou nos machucarmos na montanha. Fazia frio mas o céu estava limpo, sem nuvens e com uma bela lua cheia iluminando a paisagem. Partimos do IAP às 23h18min e resolvemos seguir pela trilha que saí da Fazenda Pico Paraná. Nos primeiros minutos tentei manter um ritmo leve, dando passos curtos e respirando fundo. Sempre achei esse trecho inicial o mais difícil, pois o corpo ainda não está adaptado ao esforço e não se encontra devidamente aquecido. Em subidas anteriores que fiz, não somente ao Pico Paraná, como também ao Caratuva e ao Itapiroca, já vi pessoas querendo desistir justamente nesse trecho inicial.

Passada a primeira meia hora meu corpo foi aquecendo e a caminhada seguiu normal. Fizemos breves paradas para descanso e assim fomos avançando montanha acima. Utilizava um casaco sem mangas e levei um casaco mais quente na mochila, para quando começasse a sentir muito frio. Até o Getúlio nossa caminhada foi relativamente tranquila. Chegando no Getúlio o tempo fechou, ventava forte e chovia. Passámos rápido por essa região e logo entramos na mata novamente, o que nos protegia um pouco da chuva. Quando paramos na encruzilhada onde ficam as plaquinhas que indicam as trilhas para as várias montanhas do lugar, fizemos uma parada para descanso um pouco mais longa. A partir dali começaria a parte que menos gosto da subida, que é a parte da floresta. Nessa parte quase sempre estamos subindo e tem muitos galhos, pedras, cordas e grampos para transpor. Para piorar, o terreno ali estava muito molhado, com barro e em algumas partes um lamaçal de dar medo.

Nosso plano inicial era chegar ao cume do Pico Paraná até 06h30min, para ver o sol nascer lá do alto. Mas quando vi como estava difícil a trilha na parte da floresta, percebi que não daria tempo de chegar ao cume no horário previsto. Por culpa da dificuldade do terreno, avançávamos mais lentamente do que deveríamos. Para mim o importante era avançar e chegar ao cume, já não importando mais o horário, tanto fazia chegar antes ou depois do sol nascer. Queria era chegar no cume e me concentrei e foquei muito nisso. Os demais membros do grupo seguiam com raça e vontade. Apenas a Carla mostrava sinais de estar sofrendo um pouco, o que era compreensível, pois essa era a primeira vez dela numa montanha. Ali na floresta cheguei à conclusão de que tinha sido um erro escolher o Pico Paraná como a primeira montanha dela. Seria melhor ter escolhido uma montanha mais fácil para o debute da Carla. Mas estando ali não dava mais para mudar isso.

Seguimos avançando pela floresta, vencendo os lisos, molhados e escorregadios obstáculos. Essa era a quarta vez que subia por ali, desde minha primeira vez no local em 2008. E confesso que foi a vez mais difícil, devido ao estado do terreno, ao frio e a chuva. Minha lanterna ficou fraca muito antes do previsto e isso me deixou um pouco preocupado, pois tinha baterias extras que previa utilizar somente dali umas duas horas. Segui com a lanterna clareando pouco, procurando enxergar o caminho através da lanterna da Eliane e do André, que seguiam na minha frente. Fizemos algumas paradas para descanso, que não podiam ser muito demoradas para que o corpo não esfriasse.

Passava um pouco das 04h30min quando o Roberto informou que ele e a Carla iam voltar, que o terreno estava muito difícil e perigoso e que ela estava tendo muita dificuldade. Achei a decisão dele assertiva, pois eu que tenho uma boa experiência em montanhas estava sofrendo um pouco, imagina a Carla em sua primeira experiência. O André resolveu voltar também, pois estava sentindo dores no joelho machucado e achou melhor parar ali do que seguir em frente tendo o risco de machucar ainda mais o joelho. Os três retornaram e junto com a Eliane segui em frente. A Eliane estava me surpreendendo, pois seguia na frente sem medo, escolhendo sempre o melhor lugar para pisar ou se segurar. E assim seguimos por mais 40 minutos até sair da floresta. A chuva parou e o céu ficou limpo e cheio de estrelas. Chegamos na parte das caratuvas (uma planta abundante naquela região) onde era possível avistar o Pico Paraná e o dia clareando por trás dele, o que deixava uma visão muito bonita. Ali achei que o pessoal devia ter seguido mais um pouco e dado meia volta naquele local, após a Carla ver o Pico Paraná. Seria um prêmio para o esforço dela ao menos ver a montanha. Mas como só pensei nisso ali, era tarde para dar tal sugestão. Vida que segue!

Fizemos rápida parada para descanso e para observar a beleza da paisagem, que mesmo a noite era maravilhosa. Voltamos para a trilha e tive um pouco de dificuldade para encontrar o caminho. Voltamos a caminhar pelo meio do mato, que cada vez ficava mais molhado e com barro. Minha lanterna morreu de vez e achei melhor trocar a bateria. Seguimos durante cerca de 20 minutos pela trilha enlameada e molhada, até que fiquei na dúvida sobre estar seguindo pelo caminho correto. Tinha passado outras vezes ali durante o dia, mas no escuro da madrugada acabei ficando com receio de estar seguindo pela trilha errada. Sugeri a Eliane voltarmos até as caratuvas e ali esperar o dia nascer. E assim fizemos o caminho de volta, mais 20 minutos pelo meio do mato até chegar nas caratuvas. Procuramos um local um pouco mais protegido e sentamos numa pedra para esperar o dia amanhecer.

O local que escolhemos não era dos mais protegidos e de vez em quando batia um vento de congelar. A temperatura era de seis graus e quando tinha vento a sensação térmica baixava bastante. Tirei meu casaco e dei ele para a Eliane, peguei o casaco mais quente que estava na mochila e vesti. Assim conseguimos nos proteger um pouco melhor do frio, mas não totalmente. Peguei minha garrafa térmica e tomei o capuccino que ainda estava quente. Cerca de uma hora depois descobriria que beber o capuccino foi uma péssima escolha, pois ele me fez mal ao estômago e fiquei um longo tempo sofrendo com tal incomodo. Ficamos meia hora sentados esperando o dia amanhecer e mesmo sofrendo um pouco com o frio, valeu apena ver o sol nascendo por trás do Pico Paraná.

Para não passar mais frio resolvemos voltar a caminhar, dessa vez sem precisar usar as lanternas. Seguimos pelo mesmo caminho pelo qual tínhamos retornado e mais tarde descobrimos que esse era o caminho correto. Esse trecho pela mata também foi bem difícil, por conta do barro e da trilha molhada. Chegamos no acampamento A1 quando o sol já aparecia no céu e amenizava um pouco o frio. Tinham algumas pessoas acampando no A1 e falamos rapidamente com algumas delas. Tivemos um pouco de dificuldade para encontrar a trilha e recebemos ajuda, com pessoas indicando a trilha correta a seguir. Essa trilha seguia pelo meio das caratuvas e não estava tão molhada. Paramos tirar algumas fotos e também para observar a linda paisagem do amanhecer no meio das montanhas. Voltamos a caminhar, dessa vez descendo pela trilha até chegar na encosta do Pico Paraná.

Pela frente mais um trecho desafiador, que era passar pela Carrasqueira, que são dois paredões de rocha quase na vertical, com cordas e grampos. Quem tem medo de altura ou sofre com vertigens, não pode encarar tal desafio. Ao menos subir da menos medo que descer, pois você olha para cima a procura do próximo grampo ou corda e dessa forma não se preocupa tanto com a altura em que está. A Eliane seguiu na frente e se sentiu medo não demonstrou. Não gosto de altura, mas já fiz tantas aventuras em altura, que aprendi como dominar meu medo e seguir em frente. Vencida a Carrasqueira seguimos em frente, alternando trilhas sob sombra, quando sentíamos um pouco de frio, e sob sol, quando nos sentíamos aquecidos. Paramos algumas vezes para tirar fotos rápidas e seguimos em frente. E assim chegamos no acampamento A2.

O A2 não estava muito cheio, mas tinha bastante gente acampada por lá. Fizemos uma breve parada para descanso e seguimos em frente. Nas outras vezes em que estive no Pico Paraná, do A2 até o cume levei uma hora. Mas dessa vez por culpa do terreno ruim fizemos o trecho até o cume em um tempo maior. Em algumas partes da trilha tinha um barro preto, fedido e em algumas partes muito fundo. Nunca tinha visto algo igual, tal barro fazia lembrar da areia movediça que vemos nos filmes. Teve um momento em que pisei nesse barro e minha bota do pé esquerdo quase ficou perdida no meio do barro. Pela trilhas fomos encontrando pessoas subindo e descendo, na verdade mais pessoas descendo do cume do que subindo. Esse pessoal devia ter subido na madrugada para ver o nascer do sol e agora estava descendo. Sempre que encontrávamos alguém, tanto descendo quando subindo, parávamos para dar passagem a eles. Dessa forma podíamos descansar um pouco e continuar seguindo no ritmo em que estávamos.

Nesse trecho da trilha existem alguns grampos e num deles ergui demais a perna para alcançar o próximo grampo e acabei dando mal jeito nas costas. Tenho duas hérnias de disco, que quando submetidas a esforço extremo costumam reclamar e doer e foi isso o que aconteceu. A partir desse momento em que senti dor nas costas, meio que perdi o encanto pela subida do PP. A partir daí segui na raça, superando as dores que sentia e cuidando para que o problema não ficasse mais grave. As dores, somadas ao cansaço, mais uma certa tremedeira que normalmente tenho, fez que em alguns trechos que demandavam mais esforço, minhas mãos tremessem muito. Isso fez com que uma moça que descia a montanha e me viu tremendo, ficasse preocupada achando que eu estava passando mal. Ela me ofereceu um carbogel, mas recusei e agradeci educadamente a oferta. Legal isso de um tentar ajudar o outro. Tal coisa é comum nas montanhas, mas sempre existem as exceções, aquelas pessoas que não estão nem aí para as outras, que não são nada gentis ou educadas. Felizmente isso é minoria!

Seguimos em frente e exatamente às 10h40min chegamos no cume do Pico Paraná. Estávamos no ponto culminante do sul do Brasil, sob um sol que se não era dos mais quentes, servia para queimar um pouco nossa pele. Era minha terceira vez no cume do PP e a primeira vez da Eliane. Estava mais cansado do que ela e com as dores nas costas não curti tanto estar ali no cume, como curti das outras duas vezes que ali cheguei. Nos sentamos numa pedra e enquanto descansávamos ficamos curtindo a linda paisagem em volta. Também aproveitamos para lanchar, beber água e dividir um Gatorade. E registramos nossos nomes no caderno de cume, que fica numa caixinha em cima de uma pedra. Estava preocupado com minhas dores, já pensando na descida. Sabia que descer com dor seria complicado e nos atrasaria. Outra preocupação era com relação a minha lanterna, pois sabia que ela não teria bateria suficiente para descer no escuro caso nosso atraso na descida fosse grande e o escuro nos alcançasse antes do previsto. Não externei muito minhas preocupações para a Eliane, pois não tinha porque deixá-la preocupada naquele momento. Queria que ela curtisse sua conquista e aproveitasse ao máximo os minutos que ficaria ali no cume. A descida e seus problemas, deixaria para me preocupar conforme eles acontecessem.

Continua na próxima postagem…

Prontos para sair no frio e encarar a montanha.
Vander, Carla, André, Roberto e Eliane.
Eliane chegando no Getúlio.
O dia nascendo por trás do Pico Paraná.
Frio de 6 graus.
Amanhecer com o Pico Paraná ao fundo.
No acampamento A1.
O sol apareceu para aquecer um pouco.
O sol surgindo ao lado do PP.
André, Carla e Roberto no retorno a Fazenda Rio das Pedras.
Já é possível ver pessoas no cume.
Último esforço antes de chegar ao cume…
Após quase 12 horas, finalmente chegamos no cume do Pico Paraná.

Feriado na Fazenda Rio das Pedras

Aproveitando o feriado da sexta-feira santa, peguei dispensa do trabalho na quinta-feira a tarde e junto com Eliane, André, Roberto e Carla, segui para a região de Campina Grande do Sul, cerca de 50 quilômetros após Curitiba. Nosso destino era a Fazenda Rio das Pedras, que fica ao lado da Fazenda Pico Paraná. As duas fazendas são o portão de entrada para as altas e belas montanhas que existem na região. As principais são o Pico Paraná e o Caratuva, respectivamente as duas maiores montanhas do sul do Brasil.

A viagem foi tranquila e conversamos e rimos muito. O mais difícil foi suportar a trilha sonora que o André colocou para tocar. Como o carro era dele, tinha direito de escolher as músicas. Fizemos uma parada no meio do caminho, pouco antes de chegar em Ponta Grossa. Nossa parada foi numa lanchonete especializada em pão de queijo. Depois dessa parada assumi a direção do carro e seguimos em frente, chegando em Curitiba quando já estava escuro. Por ser véspera de feriado o trânsito estava lento e atrasou um pouco nossa viagem.

Já quase no final da viagem, logo após sairmos da Rodovia Régis Bitencourt e entrarmos numa estrada de terra com muitas subidas e buracos, tivemos o primeiro problema da viagem. O carro morreu no meio de uma subida e para sair do lugar os passageiros tiveram que descer e alguns ajudarem a empurrar o carro, que por muito pouco não caiu em uma valeta ao lado da estrada. Felizmente deu tudo certo e chegamos em segurança na Fazenda Rio das Pedras. Passava um pouco das 21 horas, fazia frio e garoava.

Tiramos as bagagens do carro, nos ajeitamos nos três quartos do chalé de madeira que alugamos e nos reunimos para decidir o que fazer. O plano inicial era chegar e logo depois partir para o ataque ao Pico Paraná. Como estávamos cansados da viagem, que demorou mais que o planejado e fazia frio e chuviscava, por votação foi decidido adiar o ataque para a noite seguinte. Depois disso o jeito foi tomar banho e jantar uma deliciosa lasanha feita pelo Roberto. Em seguida cama, um merecido descanso após pouco mais de 500 quilômetros de viagem.

Na manhã seguinte cada um levantou num horário diferente. Após o café da manhã fomos passear pelo lugar, que é muito bonito. Fizemos uma rápida parada numa lanchonete para usar o wi-fi e depois fomos andar ao lado do rio que passa atrás do chalé. O rio é raso, a água transparente e muito gelada. Algumas fotos e voltamos para o chalé. Teve roda de chimarrão e bate papo e logo voltamos ao rio, dessa vez para entrar na água. Foi preciso muita coragem para entrar na água congelante. Era difícil entrar, mas após um minuto dentro da água o corpo acostumava com o frio e ficava relaxante a experiência.

De volta ao chalé teve almoço e a tarde foi de descanso. Aproveitei para dormir um pouco e depois deu até para assistir um filme da Netflix, devidamente baixado no aplicativo instalado no celular. Depois foi banho, janta e mais um pouco de descanso visando o ataque ao Pico Paraná logo mais tarde. Sobre tal ataque você pode ler na próxima postagem…

Pé na estrada…

Entrada da Fazenda Rio das Pedras e a direita o IAP.

Relaxando na água extremamente fria.
Roberto e o dog.
Vander e Eliane

Curitiba

Não visitava Curitiba há dois anos e meio. Morei 20 anos em Curitiba e desde 1988 que não ficava tanto tempo sem ir na cidade. E me assustei com o que vi. Cidade suja, cheia de pichações, muitos moradores de rua, tráfico correndo solto a luz do dia em algumas praças do centro da cidade.

Andei pela cidade a noite e aí sim me assustei. Em algumas regiões existem pedintes em todo semáforo. Nada contra os pedintes, mas é que não tem como você saber quem é realmente pedinte e quem está querendo te assaltar.

Definitivamente Curitiba é uma cidade decadente, que nada lembra os tempos em que morei por lá. Tão cedo não volto!

Mirante da Oi.

 

Bosque do Papa.

 

Passeio Público.
UFPR.