Viagem Europa 2025: Portugal – Dia 13

Hoje foi o dia de fazer meu último passeio por Lisboa, e escolhi um lugar que há muito queria conhecer: o Mosteiro de São Vicente de Fora. A construção do mosteiro teve início em 1147, sendo posteriormente reconstruído em 1580, e, nos séculos XVII e XVIII, recebeu seu rico acervo artístico e decorativo.

O mosteiro é deslumbrante. Subi até seu telhado e tive a oportunidade de contemplar uma vista panorâmica de 360 graus da cidade de Lisboa. Entre os principais atrativos, destacam-se: a Cisterna, uma construção do século XII que é o principal vestígio do mosteiro medieval fundado por D. Afonso Henriques; o Panteão Real, onde estão sepultados quase todos os membros da Dinastia de Bragança, a última e mais longa da história de Portugal. Dom Pedro I também foi sepultado ali, mas seu túmulo está vazio, pois, em 1973, seus restos mortais foram exumados e enviados para o Brasil, onde repousam no Memorial da Independência, em São Paulo. Outro ponto de destaque é a Capela de Santo Antônio. Foi nesse mosteiro que Santo Antônio iniciou sua vida religiosa, após entrar no mosteiro como monge. Acredita-se que a capela esteja no local exato onde ficava o aposento do santo durante sua permanência no mosteiro. Aproveitei a visita para tocar no pé de Santo Antônio e ter uma conversa séria com ele. Tenho uma situação delicada que vem se arrastando há muito tempo e pedi ajuda para ele: se não resolver este ano tal situação, vou desistir definitivamente de casar. Ou resolvo tal situação e caso esse ano, ou desisto de vez de casamento e filhos. Agora o Santo que lute, para resolver tal problema…

O Mosteiro de São Vicente de Fora tem muitas outras áreas interessantes, por isso, farei uma postagem exclusiva sobre ele e seus principais atrativos. Após a visita ao mosteiro, retornei a Carcavelos, onde comi meu último prato de carbonara no restaurante da faculdade. Já estou sentindo saudades desse delicioso macarrão! Depois, organizei minhas coisas e arrumei as malas. No final da tarde seguimos para um hotel, próximo ao aeroporto de Lisboa. Carcavelos ficava para trás, mas sempre levarei boas lembranças dos dias que passei na simpática cidade litoranêa.

Ônibus que pegavámos pra ir da Nova até a estação de trem.
Entrada do Mosteiro de São Vicente de Fora.
Rua ao lado do Mosteiro.
Parte da Cisterna medieval.
Vendo fantasmas, no Panteão dos Bragança.
A sepultura vazia de D. Pedro I (também conhecido com D. Pedro IV, Rei de Portugal).
Vista do alto do telhado do Mosteiro.
Capela de Santo Antonio.
Lisboa.

Viagem Europa 2025: Portugal – Dia 12

Hoje foi um dia tranquilo, dedicado ao trabalho e ao encerramento do curso da VCW. Aproveitei para descansar bastante, pois não estava me sentindo muito bem. Ter tomado chuva e passado frio no dia anterior, durante a visita ao Palácio de Queluz, não me fez muito bem. Estava com receio de pegar um resfriado, então, em vez de sair para passear à tarde, preferi ficar descansando.

À noite, fomos jantar fora e comemos comida brasileira, da qual eu já estava sentindo falta. Para acompanhar, experimentei uma Coca-Cola alemã. Uma das vantagens de estar em um país que faz parte da União Europeia é a facilidade de encontrar produtos fabricados em diversos países do bloco. Eu já conhecia a Coca-Cola alemã de anos atrás, mas não lembrava mais do sabor – que, na minha opinião, perde para a Coca-Cola portuguesa.

Ainda falando sobre produtos fabricados e comercializados dentro da União Europeia, vou compartilhar uma curiosidade. Sou fã do chocolate Smarties, que não é produzido no Brasil. Ele lembra bastante o Confeti, que por muitos anos foi fabricado pela Lacta. Conheci o Smarties quando morei nos Estados Unidos e, confesso, me viciei. Nos últimos anos, tenho encontrado a versão americana no Paraguai, mas aqui em Portugal achei Smarties em vários supermercados e aproveitei para fazer um pequeno estoque.

Mais tarde, descobri que os Smarties que comprei vieram de quatro países diferentes: Portugal, Alemanha, Itália e Irlanda. Foi divertido provar um de cada caixa para comparar os sabores, já que há pequenas diferenças entre eles. Depois de degustar todos, cheguei à conclusão de que o Smarties mais gostoso ainda é o fabricado nos Estados Unidos.

Junto com o Pastel de Nata e os Smarties, algo que comi quase todos os dias aqui em Portugal foi o flan de baunilha. Conheci esse flan na Espanha em 2017, quando percorri o Caminho de Santiago de Compostela. Depois, ainda em 2017, também o encontrei nos supermercados de Portugal. Agora, nesta viagem, estou comendo quase uma bandeja de flan por dia. Sorte que são baratos!

Os flans vendidos no Brasil, que são semelhantes a esse, têm um sabor muito inferior. Aliás, em outras viagens, percebi que muitos produtos vendidos no Brasil, como iogurtes e sorvetes, também são de qualidade inferior. São mais “aguados” e menos cremosos. Os sorvetes brasileiros, por exemplo, contêm muita gordura hidrogenada, excesso de água e pouco leite.

Voltamos cedo para o alojamento. Comecei a arrumar minhas coisas, pois o dia de ir embora de Portugal está se aproximando. Percebi que preciso dar um destino (comendo) aos alimentos que ainda tenho no balcão e no frigobar.

Ainda me sentindo um pouco mal, com princípio de resfriado, resolvi ir dormir logo. O curioso é que, do lado de fora, a temperatura está perto de zero graus, enquanto dentro do quarto permanece sempre em 23°C. Confesso que, no próximo inverno no Brasil, em casa vou sentir falta desse sistema de aquecimento do nosso alojamento, que o mantém quente 24 horas por dia.

Encerramento do VCW.
Posando para o foto oficial do curso.
Smarties, uma de minhas perdições.
Confeti, que era vendido no Brasil.
Flan de baunilha.
Sempre tenho algum alimento no quarto.

Viagem Europa 2025 – Palácio de Queluz

O Palácio de Queluz, localizado em Sintra, Portugal, é um dos palácios mais emblemáticos do país e um dos melhores exemplos da arquitetura rococó em Portugal. Construído no século XVIII, foi inicialmente uma residência de verão da família real portuguesa e, mais tarde, tornou-se a residência oficial de D. João VI e da corte portuguesa antes da fuga para o Brasil em 1807.

📜 História do Palácio

  • Construção (1747-1789): Encomendado pelo Infante D. Pedro de Bragança, futuro marido e rei consorte de D. Maria I, o palácio foi projetado pelo arquiteto Mateus Vicente de Oliveira e, mais tarde, por Jean-Baptiste Robillon, que introduziu um estilo mais elaborado e inspirado em palácios franceses.
  • Residência Real: Durante o reinado de D. Maria I, tornou-se um importante centro da vida da corte portuguesa.
  • Declínio e Preservação: Após a ida da corte para o Brasil (1807), o palácio perdeu importância, mas foi restaurado no século XX e hoje é um dos monumentos históricos mais visitados de Portugal.

🏛 Arquitetura e Decoração

O palácio combina estilos barroco, rococó e neoclássico, destacando-se por:

  • Salão do Trono: Rico em talha dourada e espelhos.
  • Sala dos Embaixadores: Um dos espaços mais luxuosos, com decorações douradas e teto pintado.
  • Jardins de Queluz: Inspirados nos jardins franceses, com lagos, fontes e estátuas, destacando-se o Canal dos Azulejos.
  • Quarto de D. Quixote: Onde nasceu e faleceu D. Pedro I, Imperador do Brasil e Rei de Portugal como D. Pedro IV.

🎭 Curiosidades

  • Apelidado de “Versailles Português”, devido à sua arquitetura e jardins requintados.
  • Foi cenário de bailes e festas luxuosas da corte portuguesa no século XVIII.
  • Atualmente, além de museu, é usado para cerimônias oficiais do governo português.
O Palácio de Queluz, pelo lado de fora.
Sala de Dança.
Capela.

Parte das louças do Palácio.

Sala dos Embaixadores (ao fundo os tronos do Rei e da Rainha).
Sala dos Embaixadores.
Quarto onde Dom Pedro I nasceu, em 1798, e morreu em 1834.
Canal dos Azulejos.
Fundos do Palácio.
Parte dos Jardins do Palácio.

Parte interna do Palácio de Queluz.

Viagem Europa 2025: Portugal – Dia 11

Mais uma manhã fria e chuvosa, com atividades na NOVA. À tarde, decidi passear e, antes de sair, juntei todas as moedas de euro espalhadas pelo quarto. Se no Brasil as moedas são escassas, aqui em Portugal, sobram. Em qualquer lugar que você vá, ao pagar em dinheiro, recebe uma porção de moedas de troco. Como minha partida de Portugal se aproxima, quero me livrar das moedas o quanto antes.

Em minhas experiências gastronômicas locais, experimentei um iogurte de melancia e melão. Fui mais pela curiosidade, mas, para minha surpresa, o sabor era agradável.

Após pegar dois ônibus e rodar quase uma hora, cheguei a Sintra, uma cidade turística no sopé da serra de Sintra, perto de Lisboa. Durante muito tempo, Sintra foi um refúgio da realeza, e sua paisagem arborizada é pontuada por quintas e palácios em tons pastéis. Meu destino na cidade era um palácio: fui visitar o Palácio de Queluz, residência de três gerações da Família Real portuguesa. Foi lá que Dom Pedro I nasceu e, anos depois, faleceu no mesmo quarto em que veio ao mundo. Não me estenderei muito sobre o palácio nesta postagem, pois ele vai merecer uma publicação à parte.

Passei o resto do dia explorando o Palácio de Queluz, que é imenso e belíssimo. Seus jardins são enormes, mas a chuva atrapalhou bastante meu passeio. Chovia e parava, parava e chovia… Acabei me molhando um pouco, mesmo com minha jaqueta corta-vento. O que mais sofreu foram meus pés. Tenho bastante resistência ao frio, mas, quando os pés se molham, essa resistência desaparece. Ainda assim, a visita valeu muito a pena—o Palácio de Queluz foi um dos lugares que mais gostei nesta viagem a Portugal.

Aqui tem o equivalente a R$ 109,25.
Iogurte de Melancia e Melão.
Em Sintra.
Entrada do Palácio de Queluz.
No interior do Palácio.
No quarto em que Dom Pedro I, nasceu e morreu.
Vista de parte dos jardins do Palácio.
Nos fundos do Palácio de Queluz.
Esperando o ônibus próximo ao Palácio de Queluz.

Viagem Europa 2025: Portugal – Dia 10

Mais uma manhã de atividades na Nova, e à tarde consegui ir a Lisboa dar uma volta. Mas, na verdade, eu deveria ter ficado no alojamento. Primeiro, porque mal saí começou a chover e a temperatura caiu bastante. E segundo, porque o trem quebrou e fiquei mais de uma hora na estação esperando que o problema fosse resolvido.

Andei um pouco pelo centro de Lisboa, me perdendo pelas ruas e conhecendo novos lugares. A chuva caiu forte, e eu já estava me preparando para ir embora, quando ela deu uma trégua e consegui visitar uma velha amiga. A Maria Helena é da minha cidade, estudamos juntos o ensino médio, e ela mora em Portugal há quase 20 anos. A visita foi rápida, mas foi muito agradável, e ainda pude conhecer uma de suas netas.

Decidi voltar antes que a chuva recomeçasse. Depois de pegar dois metrôs, um trem e um ônibus, finalmente cheguei ao alojamento. Já estava tarde, fazia muito frio e, após um banho demorado e um lanche rápido, fui direto para a cama.

Esperando o trem que quebrou.
Entrada de uma estação do Metrô.
Vander, Maria Helena e Nicole.
Rua estreita.
No Metrô.

Viagem Europa 2025: Portugal – Dia 9

O dia amanheceu com sol e pouco frio. No entanto, conversando mais tarde com algumas pessoas que acordaram antes de mim, descobri que o dia tinha começado com chuva forte e até granizo. O clima daqui é realmente meio imprevisível! Pela manhã, assisti às aulas do curso de certificação VCW. Teve até um coffee break, onde aproveitei para comer alguns pastéis de nata. No almoço, comi um sanduíche no quarto e passei boa parte da tarde trabalhando no meu notebook.

Quase no final da tarde, fui com meu irmão até Carcavelos. Fomos de Uber e voltamos de patinete. Lá, visitamos uma loja de informática e depois passamos no supermercado próximo à estação de trem, onde fizemos algumas compras. Aproveitei para comprar uma Fanta, pois estava curioso para saber se, assim como a Coca-Cola, a versão portuguesa da Fanta seria mais saborosa que a brasileira.

À noite, lanchei no quarto e passei um bom tempo fazendo a inscrição para um mestrado em História em uma faculdade da minha cidade. Para ser sincero, nem sei se realmente quero fazer esse mestrado, caso seja aprovado. Hoje foi só a inscrição; no próximo mês, haverá duas etapas de provas e outras avaliações antes de eu saber se fui aceito.

Antes de dormir, resolvi experimentar a Fanta portuguesa. Achei o sabor horrível, parecia Cebion, e a cor é amarelada, diferente da brasileira, que é alaranjada. Pelo menos matei minha curiosidade. Daqui para frente, vou manter distância da Fanta de Portugal!

Curso de certificação VCW.
Equipe VCW Brasil.
Prestando atenção na aula.
Fachada de uma casa, achei bonito.
No centro de Carcavelos.
Vendo o por do sol no centro de Carcavelos.
Liberando o patinete.
Fanta portugesa (ruim a beça!).

Viagem Europa 2025: Portugal – Dia 8

Depois do almoço, fui lavar roupas. Como não trouxe meias, camisetas e cuecas suficientes para todos os dias da viagem, já sabia que precisaria encontrar uma lavanderia self-service em algum momento. Dei sorte, pois no subsolo do alojamento onde estava hospedado havia uma lavanderia. Já utilizei lavanderias desse tipo em outras viagens, sempre no esquema de colocar moedas para que a máquina de lavar e a secadora funcionassem. No entanto, a lavanderia do alojamento funcionava por aplicativo. Tive que baixar um app, adicionar créditos, escolher a máquina que iria utilizar (identificada por números em uma lista) e, só depois disso, a máquina foi liberada para uso. Se eu não tivesse um celular com acesso à internet, teria ficado com minhas roupas sujas.

Enquanto esperava as roupas lavarem, fui para uma sala de repouso ao lado da lavanderia e fiquei lendo um guia sobre Lisboa, confortavelmente sentado em um puff. O aplicativo enviou uma mensagem avisando que o processo de lavagem tinha terminado. Voltei à lavanderia e coloquei as roupas na secadora. O problema dessas máquinas de secar é que elas costumam encolher roupas feitas no Brasil, especialmente as de algodão de baixa qualidade. Quando morei nos Estados Unidos, entre 2002 e 2003, o apartamento onde vivia não tinha varal nem espaço para instalar um. Ele era equipado com máquinas de lavar e secar, e, após um mês lavando as roupas que trouxe do Brasil, tive que jogar fora todas as meias, cuecas e camisetas de algodão porque encolheram demais. Acabei comprando roupas de algodão fabricadas nos Estados Unidos, e, mesmo após dezenas de lavagens, elas não encolhiam. Curioso, não!

Com as roupas lavadas e secas, fui esperar meu irmão na portaria do alojamento. Havíamos combinado de dar uma volta na praia e ver o pôr do sol. Alugamos patinetes em uma central que ficava dentro da faculdade e seguimos até a beira-mar. O dia estava ensolarado, mas ventava muito e fazia bastante frio. Ficamos cerca de meia hora andando de patinete e, depois de ver o pôr do sol, que aqui é no lado oposto ao que vemos no Brasil, resolvemos encerrar o passeio, pois o frio estava intenso. Minhas mãos estavam duras e vermelhas de segurar o guidão do patinete.

Devolvemos os patinetes em uma central de autoatendimento em frente à praia. O esquema de aluguel e devolução funcionava via aplicativo de celular. Seguimos rumo à faculdade e atravessamos o túnel que liga a praia até ela. Mesmo sendo cedo, por volta das 18h, resolvemos ir direto jantar. Fomos ao restaurante onde costumamos jantar quase todos os dias. Fomos os primeiros clientes da noite e comemos um delicioso calzone.

Depois do jantar, voltei para o meu quarto e fui direto me deitar. O vento frio tinha me causado uma dor de cabeça. Acabei pegando no sono e só acordei quase três horas depois, com o celular tocando. Era minha irmã reportando um problema com meus gatos. Atendi o celular assustado e meio sonolento. Confesso que estou um pouco traumatizado com ligações da minha mãe e da minha irmã em horários incomuns, pois, no ano passado, as chamadas delas “fora de horário” eram sempre para me informar sobre notícias ruins.

Depois de despertar, resolvi tomar banho e ler um pouco. Por fim, vim escrever no blog. Agora estou esperando o sono voltar para ir para a cama…

Lavando roupas.
Rolezinho na beira mar.
Um belo por do sol.
Mãos congelando de frio…

Viagem Europa 2025: Portugal – Dia 7

Domingo, o plano era dormir até mais tarde. Acordei às 11h, olhei pela janela e vi que o tempo estava ruim, com vento e chuva fina. Voltei para a cama, onde fiquei mais um tempo. Depois, levantei, tomei banho, me arrumei e, às 13h30, mandei uma mensagem para o meu irmão para saber se estava tudo bem com ele. Combinamos de nos encontrar na portaria às 14h30.

No horário combinado, nos encontramos na portaria e decidimos almoçar em um restaurante em frente, do outro lado da avenida e próximo à praia. Fomos caminhando até lá e, conforme nos aproximávamos da praia, o vento aumentava. O lado bom de ter ido almoçar mais tarde foi que não havia fila, algo comum nos restaurantes daqui nos finais de semana.

Escolhemos uma mesa e, após olhar o cardápio, pedimos risoto de funghi e um calzone. Íamos almoçar comida italiana em Portugal. Para acompanhar, pedimos a deliciosa Coca-Cola de garrafa. A comida demorou um pouco para chegar, mas valeu a espera, pois estava muito saborosa.

Depois de comer, fomos caminhar pela praia em frente e tiramos algumas fotos. O mar estava revolto, e o vento, cada vez mais forte. A chuva caía fraca às vezes, parava por um momento e logo voltava. Com o tempo ruim, não tínhamos a mínima vontade de passear por Lisboa ou outra cidade próxima. Meu irmão sugeriu alugar patinetes, pois havia uma central de aluguel próxima de onde estávamos. Usando um aplicativo de celular, foi muito fácil alugar os patinetes.

Andamos um pouco com os patinetes pela beira-mar e depois fomos até a Nova, pois meu irmão queria pegar algo no seu quarto. Ao atravessar a estrada em frente à faculdade, achei melhor empurrar o patinete. As pessoas respeitam muito a faixa de pedestres por aqui; é só se aproximar dela que os carros param. Cheguei a andar com o patinete em um trecho da rua, ao lado dos carros, mas não gostei da experiência. Achei inseguro andar muito perto de carros em movimento.

Após uma breve parada na faculdade, decidimos ir de patinete até o centro de Carcavelos. Foi uma experiência legal seguir pela ciclovia, mas não dava para se empolgar muito e correr, pois a ciclovia molhada fazia com que fosse fácil derrapar e cair. Devolvemos os patinetes em um local autorizado, próximo à estação de trem. Íamos ao supermercado onde sempre vamos, mas meu irmão sugeriu irmos a um supermercado maior, que ficava cerca de um quilômetro de onde estávamos. Caminhamos pela cidade até chegar nesse outro supermercado, que era grande e cheio de produtos diferentes. Fizemos algumas compras, basicamente de comida, e pegamos um Uber de volta para nossos alojamentos na faculdade.

Quando cheguei ao alojamento, já era quase fim de tarde e estava começando a escurecer. Fiquei no quarto escrevendo, assistindo a vídeos no notebook, comendo, usando o celular e, assim, terminou meu domingo, que foi mais voltado ao descanso. Alguns podem achar estranho uma pessoa de férias precisar descansar, mas prefiro assim: alternar momentos de passeios pela cidade com momentos de descanso. Principalmente em dias frios e chuvosos, quando não vejo razão para sair e enfrentar o mau tempo. Em dias assim, nada melhor do que um quarto quente, comida farta e uma cama gostosa.

Almoço italiano.

Esperando o Uber.

Viagem Europa 2025: Portugal – Dia 6

O dia amanheceu ensolarado e com pouco frio. Já que era sábado, eu e meu irmão decidimos passear. Pegamos um ônibus até o centro de Carcavelos, onde almoçamos em um restaurante em frente à estação de trem. Pedimos um bife na mostarda, com batatas fritas, que estavam deliciosas. Para acompanhar, tomamos Coca-Cola em garrafas de 350 ml. Como são difíceis de encontrar, sempre que vamos a um lugar que as vende, aproveitamos para beber o que é considerada a melhor Coca-Cola da Europa.

Fomos de trem para Lisboa e desembarcamos na Estação Cais do Sodré, que, aliás, é o ponto final do trem que parte de Carcavelos. Ao sair da estação, atravessamos a grande avenida em frente e fomos ao Time Out Market, uma espécie de mercado municipal moderno. Lá, aproveitamos para comer pastéis de nata — o nome correto dos pastéis que não são produzidos pela famosa Fábrica de Pastéis de Belém. Já estou viciado: como pelo menos um pastel de nata por dia. Ao sair do Time Out, seguimos para um passeio descompromissado na tranquila tarde de sábado, deixando o roteiro livre para explorar a cidade.

Seguimos caminhando em direção à Praça do Comércio, onde sentamos em um banco numa esquina para observar o movimento. Depois passeamos pela praça, tiramos fotos e subimos a Rua Augusta. Paramos em algumas lojas para dar uma olhada, mas os preços proibitivos em euros nos desanimaram de comprar qualquer coisa. Passamos pelo Hard Rock Café, onde meu irmão comprou algumas camisetas para sua coleção.

Continuamos nosso passeio, já que meu irmão queria visitar um shopping que ele conheceu na última viagem a Portugal. Ele queria pegar um Uber, mas o convenci a irmos a pé, pois assim poderíamos explorar de perto algumas áreas de Lisboa que ainda não conhecíamos. Ele topou, e seguimos caminhando. O problema é que boa parte do percurso era de subida. Fizemos uma pausa para descansar em um banco e, ao levantar, senti uma dor forte nas costas, como se fossem choques. Parece que meu ciático está querendo inflamar. A última vez que tive problemas com ele foi em 2017, quando estive na Espanha e precisei até ir ao hospital. Pelo jeito, meu ciático não gosta da Europa, porque no Brasil ele não tem me incomodado nos últimos anos. Acho que o verdadeiro motivo das dores é a cama que tenho dormido, que apesar de confortável, não tem feito bem para minhas costas, pois todo dia acordo com dores. E, principalmente, o clima frio e úmido daqui. De qualquer forma, fiz alguns alongamentos e consegui continuar a caminhada.

Chegamos a uma parte da cidade que muitos chamam de “Nova Lisboa”. É como se fosse outra cidade: os prédios são novos e têm um estilo moderno, nada que lembre as construções antigas que se vê no restante de Lisboa. Quando finalmente chegamos ao shopping, meu irmão ficou aliviado. Havíamos caminhado pouco mais de seis quilômetros desde o Cais do Sodré. Ele não está acostumado a caminhar tanto e ficou bem cansado. Eu não me cansei, já que quase todos os dias caminho três quilômetros na esteira da academia. Mesmo com as dores nas costas, a caminhada foi tranquila para mim.

No shopping, que é enorme, passeamos por várias lojas, fizemos algumas compras e decidimos jantar. Escolhemos um restaurante simpático na praça de alimentação. Ambos pedimos hambúrgueres, que estavam deliciosos. O pão era especialmente gostoso. Como no almoço, tomamos as famosas Coca-Colas portuguesas nas garrafinhas de 350 ml. Aqui, quase todos os lugares oferecem a opção de beber a Coca-Cola com limão e gelo, mas diferente do Brasil, aqui o limão é siciliano. Prefiro não comentar o preço do lanche, porque, se convertido para reais, assusta. A Coca-Cola saiu por volta de R$ 19,00 cada.

Quando saímos do shopping, já estava escuro e fazia frio. Brinquei com meu irmão perguntando se ele queria caminhar até a estação de trem. Ele quase me xingou! Pegamos um Uber direto para a Faculdade Nova. Estávamos a vinte quilômetros de distância, mas o trânsito estava tranquilo, e vinte minutos depois já estávamos em nossos quartos.

Fiquei no quarto, acordado até tarde, escrevendo no blog, lendo e, quando o sono finalmente chegou, fui dormir na cama, que, embora não seja tão confortável para minhas costas, é bem aconchegante e quente.

Trem para Lisboa.

Manteigaria.
Pastéis de nata.

Praça do Comércio.

Wagner e Vander.

A nova Lisboa.

Cantores na Rua Augusta.

Viagem Europa 2025: Portugal – Dia 5

O dia amanheceu com tempo fechado, com uma garoa fina e muito frio. No meio da tarde fui até o centro de Carcavelos, onde peguei o trem rumo a Cascais, no fim da linha, na direção oposta a Lisboa. Quase todo o percurso, de cerca de 11 quilômetros, segue próximo ao mar.

Em Cascais, caminhei bastante pelo centro da cidade e fui até a praia, que estava completamente deserta. A água estava congelante, e entrar nela seria arriscar uma hipotermia. Achei a cidade muito bonita e bem organizada, claramente voltada para o turismo. Poderia ser comparada a uma versão portuguesa de Balneário Camboriú, mas sem os enormes edifícios. A cidade tem origem no distante ano de 1364 e, hoje, é um dos principais destinos turísticos de Portugal.

Depois de explorar tudo o que achei interessante em Cascais, peguei o trem novamente, no sentido Lisboa. Após cerca de três quilômetros, desci em Estoril. A cidade faz parte do município de Cascais, mas seu centro não tem o mesmo apelo turístico. O que vi foram mais prédios e construções comerciais. No alto de uma grande praça está o Cassino Estoril, muito famoso e considerado o maior cassino da Europa.

Em Estoril, há também um autódromo que, entre 1984 e 1996, recebeu corridas de Fórmula 1. Foi lá, em 1985, que Ayrton Senna conquistou sua primeira pole position e sua primeira vitória na categoria, pilotando a icônica Lotus preta e dourada. Pensei em visitar o autódromo, mas descobri que ele fica no lado oposto e um pouco distante de onde eu estava. Como o dia já estava escurecendo, mesmo sendo pouco mais de 17 horas, decidi voltar para Carcavelos.

Embarquei novamente no trem e logo desci na estação de Carcavelos. Aproveitei para ir ao mercado próximo. Fiz algumas compras e segui para o alojamento da Nova. Meu irmão saiu para jantar com o pessoal do curso, então fiz um lanche no quarto e dormi cedo.

Cascais.

Cassino Estoril, o maior da Europa.

Estação de Estoril.
No trem para Carcavelos.

Viagem Europa 2025: Portugal – Dia 4

Saí para fazer alguns passeios. Peguei o micro-ônibus ao lado da faculdade e dei sorte: o caixa estava com defeito, então não precisei pagar os 2 euros da passagem. Desci na estação de Carcavelos e, de lá, peguei o trem rumo a Lisboa. O trem não demorou muito a chegar e, mais uma vez, estava quase vazio. Após 20 minutos de viagem, desembarquei na estação Belém.

Comecei minha caminhada pela margem do rio Tejo até chegar ao Padrão dos Descobrimentos (também chamado de Monumento aos Descobrimentos ou Monumento aos Navegantes). Trata-se de uma caravela estilizada “zarpa ao mar”, levando na proa o Infante D. Henrique, acompanhado por 32 figuras que marcaram a expansão ultramarina e a cultura da época: navegadores, cartógrafos, guerreiros, evangelizadores, cronistas e artistas, todos retratados com os símbolos que os representam.

No local onde hoje está o monumento (ou, pelo menos, nas proximidades), saíram as caravelas de Pedro Álvares Cabral, em 1500, rumo ao Brasil. A ideia de que “descobriram” o Brasil é discutível, pois eles já sabiam da existência dessas terras. Esse discurso de “descobrimento” é algo mais para os livros de história. Na realidade, a expedição de Cabral foi mesmo para tomar posse das terras brasileiras.

Depois de observar o local e tirar algumas fotos, segui caminhando pela margem do Tejo. O sol brilhava e o frio deu uma trégua, o que me permitiu ficar só de camiseta. Notei que eu era o único sem blusa por ali. Alguns minutos depois, cheguei à Torre de Belém. Tinha comprado o ingresso pela internet para visitar o interior da torre, mas a fila estava tão grande que acabei desistindo. Tirei algumas fotos do lado de fora e decidi voltar mais tarde para ver se a fila diminuía.

Continuei minha caminhada e cheguei ao Museu do Combatente, um museu militar. Olhei o exterior, mas não vi nada no interior que justificasse uma visita. Mais adiante, encontrei o Monumento aos Combatentes do Ultramar, uma homenagem aos soldados portugueses mortos nas guerras coloniais de 1961 a 1974. Passei algum tempo ali, observando e contando cerca de 1.700 nomes gravados em paíneis de mármore que formavam um enorme muro.

Atravessei uma passarela que passa sobre uma larga avenida e os trilhos do trem e segui rumo ao Mosteiro dos Jerónimos. O mosteiro é gigantesco. Sua construção começou em 1502 e levou cem anos para ser concluída. Anexa ao mosteiro, há uma igreja, onde logo na entrada estão os túmulos de Vasco da Gama e Luís de Camões. Passei mais de uma hora visitando o mosteiro e a igreja, embora esta última estivesse em restauração, o que dificultou bastante a visão de seu interior.

Próximo ao mosteiro, fui experimentar os famosos e originais Pastéis de Belém. Esses pastéis de nata, que podem ser encontrados por todo Portugal (e até em alguns lugares do Brasil), têm uma diferença: são os autênticos, feitos na fábrica localizada na rua Belém, no bairro Belém. Havia fila para sentar nas mesas, então comprei dois pastéis para viagem e os comi encostado em uma grade, na calçada em frente ao estabelecimento, como várias outras pessoas faziam. Junto com os pastéis, vieram dois envelopes: um com açúcar de confeiteiro e outro com canela. Eles estavam quentes, e o sabor… simplesmente indescritível! Foi uma experiência gastronômica incrível. Tenho certeza de que jamais comerei outros pastéis de nata tão saborosos. É triste pensar que talvez nunca volte ali para provar novamente os pastéis, mas só de ter experimentado uma vez já valeu a pena.

Atravessei a praça em frente ao Mosteiro dos Jerónimos e segui novamente rumo à Torre de Belém. Descobri que há um túnel sob a praça que leva à calçada em frente ao Tejo. Atravessando o túnel, cheguei à torre, e dessa vez dei sorte: apenas 16 pessoas na fila. Após cinco minutos, entrei e explorei tudo o que era possível dentro da torre. Subi até o quarto andar, tirei várias fotos e aproveitei a visita. Originalmente, a torre ficava a 250 metros da margem do rio e era cercada por água. Hoje, a área nos fundos foi aterrada, permitindo o acesso a pé por uma passarela de madeira.

Passei mais de uma hora explorando a torre e fui um dos últimos a sair, já ao final do horário de visitação. Caminhei até a estação de trem Belém e peguei o trem até o Cais do Sodré. Já estava escuro. Segui caminhando para a Praça do Comércio, onde andei por cerca de uma hora e meia pelas redondezas, até que o frio começou a apertar. Decidi que era hora de ir embora. Caminhei até a estação Cais do Sodré e peguei o trem para Carcavelos.

Cheguei ao alojamento da faculdade pouco antes das 21 horas. Foi o dia em que voltei mais tarde. Depois de tomar banho e descansar um pouco, meu irmão me chamou para jantar no restaurante da faculdade. Mais uma vez, pedi o carbonara de 11 euros. Desta vez, experimentei uma Pepsi, e achei o sabor muito melhor que o da versão brasileira.

Soube que a Coca-Cola portuguesa é considerada uma das mais saborosas do mundo porque a única fábrica no país usa água de uma região específica. Um amigo que foi diretor da Coca-Cola já me disse que o que mais interfere no sabor do refrigerante é a qualidade da água utilizada. Curiosamente, é raro encontrar Coca-Cola portuguesa por aqui; geralmente, é mais fácil achar a versão fabricada na Espanha. A produção local, ao que parece, é mais cara e acaba sendo exportada para outros países da União Europeia. Dizem que a Coca mais gostosa é a de 290 ml na garrafa de vidro. Ainda não encontrei essa versão aqui, mas lembro de ter tomado uma em 2017, na Espanha, e realmente era deliciosa.

De volta ao meu quarto, passei algum tempo vendo notícias no celular e acabei perdendo o sono. Só consegui dormir depois das três da manhã. Isso era sinal de que, no dia seguinte, acordaria mais tarde do que de costume.

Em frente ao Padrão dos Descobrimentos.
Padrão dos Descobrimentos.
Torre de Belém.
Museu dos Combatentes.
Monumento dos Combatentes do Ultramar.
Travessia da Passarela.
Preça em frente ao Mosteiro dos Jerónimos.
Mosteiro dos Jerónimos e sua igreja.
Claustro do Mosteiro dos Jerónimos.
No antigo refeitório do Mosteiro.
Fabrica de Pastéis de Belém.
Interior de um dos andares da Torre de Belém.
Torre de Belém.

 

Viagem Europa 2025 – Pastéis de Belém

No início do século XIX, em Belém, próximo ao Mosteiro dos Jerónimos, funcionava uma refinaria de cana-de-açúcar associada a uma pequena loja de comércio variado. Com a Revolução Liberal de 1820, todos os conventos e mosteiros de Portugal foram fechados em 1834, resultando na expulsão do clero e dos trabalhadores.

Buscando uma forma de sobrevivência, alguém ligado ao Mosteiro começou a vender na loja alguns pastéis doces, que rapidamente passaram a ser chamados de “Pastéis de Belém”.

Naquela época, Belém era uma área afastada da cidade de Lisboa, e o trajeto até lá era feito por barcos a vapor. Apesar disso, a grandiosidade do Mosteiro dos Jerónimos e da Torre de Belém atraía muitos visitantes, que logo se acostumaram a saborear os deliciosos pastéis originários do Mosteiro.

Em 1837, teve início a produção dos “Pastéis de Belém” em instalações anexas à refinaria, seguindo a antiga “receita secreta” vinda do Mosteiro. Essa receita, transmitida exclusivamente aos mestres pasteleiros que os preparam artesanalmente na chamada “Oficina do Segredo”, permanece a mesma até os dias de hoje.

Atualmente, a única fábrica legítima dos “Pastéis de Belém” preserva o sabor autêntico da antiga doçaria portuguesa, graças à criteriosa seleção de ingredientes e ao rigoroso processo de fabricação. O único pastel de nata que pode ser chamado de “Pastel de Belém” é o feito na fábrica de pastéis localizada próximo ao Mosteiro dos Jerónimos, na Rua Belém, no atual Bairro Belém.

Balcão histórico.

Viagem Europa 2025 – Igreja Santa Maria de Belém

A Igreja do Mosteiro dos Jerónimos, também conhecida como Igreja de Santa Maria de Belém, apresenta uma planta em cruz latina, composta por três naves de igual altura, configurando uma imponente igreja-salão.

Logo à entrada, destacam-se os túmulos de Vasco da Gama e de Luís de Camões, esculpidos no século XIX pelo artista Costa Mota. Avançando pelo interior, na parede norte encontram-se confessionários trabalhados, enquanto no lado sul sobressaem grandes janelas decoradas com vitrais concebidos por Abel Manta.

A abóbada do cruzeiro, com uma largura impressionante de 30 metros, cobre o espaço de forma contínua, exemplificando a ambição tardomedieval de criar amplos vãos com o mínimo de suportes. Neste espaço grandioso, onde se concentram símbolos régios, a ornamentação atinge o seu auge, refletindo a riqueza e a sofisticação da época.

No transepto, os túmulos de figuras históricas reforçam a relevância do monumento. No braço esquerdo estão sepultados o Cardeal-Rei D. Henrique e os filhos de D. Manuel I. Já no braço direito encontram-se os restos mortais do Rei D. Sebastião e dos descendentes de D. João III.

A Igreja é reconhecida como monumento nacional e está classificada como Património Mundial pela UNESCO, um testemunho da sua importância histórica, artística e cultural. Atualmente passa por restauro e reforma, o que atrapalha um pouco a visita ao seu interior.

Trabalho de restauro.

Túmulo de Vasco da Gama.

Viagem Europa 2025 – Mosteiro dos Jerónimos

Obra-prima da arquitetura portuguesa, o Real Mosteiro de Santa Maria de Belém, comumente conhecido como Mosteiro dos Jerónimos, foi originalmente destinado à Ordem de São Jerónimo. Classificado como Monumento Nacional desde 1907, o mosteiro foi inscrito na Lista do Património Mundial da UNESCO em 1983.

Atualmente, a igreja, que ainda abriga serviços religiosos e está aberta para visitas patrimoniais, juntamente com o claustro, secularizado no século XIX, compõem o conjunto patrimonial mais visitado de Portugal.

O edifício foi construído por iniciativa do rei D. Manuel I, cujo reinado decorreu entre 1495 e 1521, e dependeu de meios financeiros avultados e de recursos artísticos exigentes, que este poderoso mecenas disponibilizou. Situa-se numa das zonas mais qualificadas de Lisboa, um cenário histórico e monumental junto ao rio Tejo, local de onde partiram as naus e caravelas no tempo das descobertas.

D. Manuel I mandou construir a Torre de Belém com a finalidade de proteger, não apenas o porto de Lisboa, a barra do Tejo, mas também o Mosteiro dos Jerónimos, então em construção. Na época, a configuração da barra do Tejo proporcionava efetiva proximidade e ligação visual entre os dois empreendimentos régios – a Torre construiu-se no rio, a 250 metros da margem, sobre um afloramento basáltico, e o Mosteiro foi erigido na margem, em frente da praia do Restelo.

A excelência do edificado é devedora da experiência do primeiro mestre, Diogo de Boytac, e de outros notáveis arquitetos e escultores provenientes de diferentes regiões da Europa. Entre estes, destacam-se o biscainho João de Castilho, que dirigiu as obras a partir de 1517, após ter concluído o portal sul da igreja – ricamente decorado, onde se destacam as imagens do Santo Patrono de Portugal, Arcanjo S. Miguel (ao cimo), e a imagem de Santa Maria de Belém (ao centro) –, e o escultor francês Nicolau Chanterene, a quem se deve o portal ocidental. Este portal ostenta com visível aparato os retratos dos reis patronos, D. Manuel I e D. Maria de Castela, referidos pelos cronistas como sendo “tirados do natural”.

O conjunto monástico conserva, além da igreja manuelina, grande parte das magníficas dependências conventuais que contribuíram para a sua fama internacional, incluindo o claustro quinhentista, o antigo refeitório dos monges e a sala da antiga livraria.

Claustro.

Capela.
Túmulo do poeta Fernando Pessoa.

Antigo refeitório dos monges.

Viagem Europa 2025 – Torre de Belém

A Torre de Belém, originalmente chamada de Torre de São Vicente a Par de Belém e oficialmente denominada Torre de São Vicente, é uma fortificação situada na margem direita do rio Tejo, onde outrora existia a praia de Belém. Inicialmente, a torre era completamente cercada pelas águas do rio em todo o seu perímetro. No entanto, ao longo dos séculos, o recuo das águas e a sedimentação fizeram com que a torre passasse a integrar a terra firme.

Com o tempo, a torre foi perdendo a sua função original de defesa da barra do Tejo. Durante a ocupação filipina, os antigos paióis militares foram convertidos em calabouços. Internamente, a torre mantém uma divisão clássica em quatro pisos: a Sala do Governador, a Sala dos Reis, a Sala de Audiências e, no topo, a Capela, com suas características abóbadas quinhentistas.

A Torre de São Vicente, cuja construção teve início em 1514, fazia parte de um sistema de defesa idealizado por João II de Portugal para proteger a entrada da bacia do Tejo. Esse sistema incluía ainda a Torre de São Sebastião da Caparica (1481), localizada na margem sul do rio, e a Torre de Santo António de Cascais (1488), situada a oeste.

O monumento é um exemplo marcante de nacionalismo, evidenciado pelas decorações que o adornam: brasões de armas de Portugal, inscrições com cruzes da Ordem de Cristo nas janelas do baluarte e outros elementos que remetem à época áurea do país como potência global durante o início da Idade Moderna.

A construção da torre foi iniciada em 1514, durante o reinado de D. Manuel I (1495–1521), sob a supervisão do arquiteto Francisco de Arruda. Erguida sobre um afloramento rochoso no leito do rio Tejo, em frente à antiga praia de Belém, a estrutura foi concebida para substituir uma nau artilhada que anteriormente exercia funções defensivas na área e marcava o ponto de partida das frotas para as Índias. Diogo Boitaca, responsável pelas obras do vizinho Mosteiro dos Jerónimos, também colaborou nos trabalhos iniciais da torre. A obra foi concluída em 1520, tendo como seu primeiro alcaide Gaspar de Paiva, nomeado em 1521.

Com a evolução das tecnologias de guerra, a torre foi gradualmente perdendo sua utilidade militar. Ao longo dos séculos, desempenhou diversas funções: registo aduaneiro, posto de sinalização telegráfico, farol e até prisão. Durante o reinado de Filipe II de Espanha (1580–1598), os seus paióis foram transformados em calabouços usados para deter presos políticos, função que também exerceu no reinado de D. João IV de Portugal (1640–1656). Um dos detidos mais notáveis foi o Arcebispo de Braga, D. Sebastião de Matos de Noronha, opositor do movimento restauracionista de D. João IV.

A torre passou por diversas remodelações ao longo dos séculos, destacando-se as intervenções do século XVIII, que incluíram a renovação das ameias, do varandim do baluarte, do nicho da Virgem voltado para o rio, e do claustrim. O design arquitetônico e volumétrico da torre, que remete à forma de uma nau, reflete uma síntese de beleza, originalidade e inovação.

Juntamente com o Mosteiro dos Jerónimos, a Torre de Belém foi classificada como Património Mundial da UNESCO em 1983 e eleita uma das Sete Maravilhas de Portugal em 2007.

Lareira.

 

Viagem Europa 2025 – Padrão dos Descobrimentos

De autoria do arquiteto Cottinelli Telmo (1897–1948) e do escultor Leopoldo de Almeida (1898–1975), o monumento representa uma caravela estilizada, avançando ao mar com o Infante D. Henrique à proa, ladeado por um conjunto de 32 figuras históricas, personagens emblemáticos da expansão ultramarina e da cultura portuguesa da época. Entre os representados encontram-se navegadores, cartógrafos, guerreiros, evangelizadores, cronistas e artistas, cada um caracterizado pelos símbolos que os individualizam.

Um mastro estilizado, orientado no eixo Norte–Sul, exibe em cada uma das suas faces dois escudos portugueses com cinco quinas, circundados por uma faixa com 12 castelos. Ao centro, diversas flores-de-lis adornam o conjunto. Adossadas ao mastro encontram-se três estruturas triangulares curvas, que dão a ilusão de velas enfunadas pelo vento, reforçando o simbolismo marítimo do monumento.

A face norte é marcada por dois gigantes de cantaria, que contêm as seguintes inscrições em letras metálicas:

  • À esquerda, sobre uma âncora:
    AO INFANTE D. HENRIQUE E AOS PORTUGUESES QUE DESCOBRIRAM OS CAMINHOS DO MAR;
  • À direita, sobre uma coroa de louros:
    NO V CENTENÁRIO DO INFANTE D. HENRIQUE 1460–1960.

O acesso ao interior é feito por uma escadaria central de nove degraus, que conduz a um átrio com vista privilegiada sobre a área circundante. Um segundo lanço, com cinco degraus, leva a um portal com arco de volta perfeita, decorado por uma moldura formada por aduelas.

O monumento é ladeado por duas esferas armilares metálicas, posicionadas sobre plataformas paralelepipédicas que reforçam a ligação ao tema da navegação.

Características técnicas:

  • Altura: 56 m
  • Largura: 20 m
  • Comprimento: 46 m
  • Fundações: 20 m
  • Figura central (Infante): 9 m
  • Figuras laterais (32): 7 m

Atualmente o acesso ao interior do monummento não é permitido, pois o mesmo passa por reforma e restauro.

Viagem Europa 2025: Portugal – Dia 3

O dia amanheceu frio, mas desta vez com sol. No início da tarde, saí, peguei o ônibus até o terminal e de lá um trem para Lisboa. Sentei-me do lado direito do trem, que estava com poucos passageiros. Há um trecho em que o trem passa próximo à praia, oferecendo uma vista bonita. Desci na última estação, chamada Cais do Sodré, localizada no bairro que leva o mesmo nome. O Cais do Sodré é um animado destino de vida noturna e gastronomia em Lisboa.

Vi no mapa do celular que a Praça do Comércio ficava a apenas 800 metros de onde eu estava e fui caminhando até lá. Na minha viagem anterior a Portugal, em 2017, visitei a Praça do Comércio e seus arredores, mas naquela ocasião jamais imaginei que um dia voltaria a pisar naquele lugar. A Praça do Comércio está localizada junto ao rio Tejo, numa área que foi o local do palácio dos reis de Portugal durante cerca de dois séculos. Hoje, a praça é parcialmente ocupada por departamentos governamentais. É uma das maiores praças da Europa, com aproximadamente 36.000 m² (180m x 200m). Durante muito tempo, foi a entrada nobre de Lisboa. Nos degraus de mármore do cais em frente à praça, vindos pelo rio, desembarcaram chefes de Estado e outras figuras importantes.

A praça é enorme, cercada por construções antigas e embelezada por um portal monumental. Lembrei-me das aulas de história na faculdade: foi na Praça do Comércio que, em 1º de fevereiro de 1908, o rei D. Carlos (penúltimo rei de Portugal) e seu filho, o Príncipe Real D. Luís Filipe, foram assassinados enquanto passavam pelo local.

Depois de dar uma volta e tirar algumas fotos na praça, subi pela Rua Augusta, uma via fechada ao trânsito, famosa por sua concentração de lojas, muitas delas de grandes marcas internacionais. A rua é frequentemente tomada por turistas, artistas de rua, artesãos e vendedores ambulantes. Já conhecia a Rua Augusta e continuei caminhando até o final dela. A partir dali, tudo era novidade para mim. Comecei a explorar lugares desconhecidos, caminhando sem rumo por cerca de duas horas, subindo e descendo ladeiras, observando o que podia e tirando fotos do que achava interessante. Em alguns momentos, sentia-me completamente perdido, sem saber se estava me afastando ou me aproximando do rio Tejo, a região que conhecia melhor.

Gosto de me perder assim quando visito cidades novas ou pouco conhecidas. É uma forma de conhecer melhor o lugar e descobrir atrações e locais interessantes que não aparecem nos guias turísticos. Passei por uma parte da cidade com ruas estreitas, habitada majoritariamente por pessoas de origem árabe. Em uma das ladeiras, havia uma enorme escada rolante que usei para subir. Bem no meio da subida, começou a chover, e não havia onde me abrigar. Felizmente, a chuva foi fraca e rápida.

Voltei para a região mais próxima ao rio Tejo e continuei caminhando, descendo ladeiras. Passei em frente à Santa Casa da Misericórdia, que fica em um prédio antigo com uma igreja ao lado. Em frente, havia uma estátua do Padre Antônio Vieira e, na base da estátua, uma placa contando sobre seus anos de catequização de índios no Brasil. O Padre Antônio Vieira era jesuíta. Trabalhei por sete anos com padres jesuítas em Curitiba, em um colégio mantido por uma associação religiosa chamada Associação Antônio Vieira.

Quando começou a escurecer e esfriar mais, resolvi seguir em direção ao terminal de trens e metrô do Cais do Sodré. Recebi uma mensagem do meu irmão dizendo que estava no apartamento do Luís, amigo dele. Como o apartamento ficava perto de onde eu estava, decidi passar por lá. Chegando em frente ao prédio, sentei-me em um banco e mandei uma mensagem avisando onde estava. Mal enviei a mensagem e meu irmão e o Luís apareceram. Começou a chover, então resolvemos voltar para a faculdade, em busca do conforto e calor de nossos quartos. Em vez de pegar o trem, meu irmão achou melhor chamar um Uber. Assim que entramos no carro, a chuva apertou. Daquele ponto até nosso alojamento na Universidade NOVA eram 16 quilômetros. Mesmo sendo horário de pico e com chuva, a viagem foi rápida.

De volta ao meu quarto, descansei, tomei banho, escrevi um pouco e depois fui jantar com meu irmão. Mais uma vez comi o carbonara de todas as noites. Conversamos um pouco, e cada um foi para o seu quarto. Acabei dormindo cedo mais uma vez.

Caminho que fiz entre o Cais do Sodré e Praça do Comércio.

Praça do Comércio.
Elevador de Santa Justa.

Subindo ladeira de escada rolante.
Santa Casa de Misericórdia.
Estátua do Padre Antonio Vieira.

Ao fundo o rio Tejo.

Viagem Europa 2025: Portugal – Dia 2

Acordei cedo, após uma merecida noite de sono. Me ajeitei e fui encontrar meu irmão na portaria. Pegamos um ônibus ao lado da faculdade e fomos até o centro de Carcavelos. No ônibus encontramos alguns brasileiros que também estão fazendo o curso do VCW na faculdade NOVA Sbe. Estava sol, mas fazia um pouco de frio. A viagem de ônibus durou cerca de cinco minutos.

Demos uma volta pelo pequeno centro da cidade e paramos numa padaria para tomar café da manhã. A padaria era atendida por uma brasileira. Aliás, brasileiros víamos por toda parte. Nosso café da manhã foi misto quente e Pepsi. Depois do café, fomos até um supermercado próximo, chamado Pingo Doce, onde fizemos algumas compras. Pegamos o ônibus de volta para o nosso alojamento na faculdade. Meu irmão foi encontrar o pessoal do curso, e eu fui trabalhar no quarto.

Passei boa parte do dia trabalhando, pois esse era o dia de enviar a parte final do faturamento mensal para os clientes. Felizmente, levando meu notebook junto, consigo trabalhar em qualquer lugar que tenha conexão com internet. Meu plano era terminar o trabalho logo após o almoço e ir passear em Lisboa. No entanto, tive alguns problemas técnicos e, por conta disso, deixei o passeio para o dia seguinte.

Quase no final da tarde consegui passear pela praia, onde cheguei atravessando um túnel que sai da faculdade e leva até a praia do outro lado. Ventava muito e fazia frio, mas mesmo assim consegui caminhar cinco quilômetros, indo pela pista de caminhada ao lado da praia e voltando por uma calçada ao lado da estrada, onde ventava menos.

Voltando da caminhada, peguei o ônibus que leva até o centro da cidade e fui fazer mais compras no Pingo Doce. Como tinha pago a passagem de ônibus pela manhã, guardando o comprovante você tem direito a andar no mesmo ônibus várias vezes no mesmo dia. Quando saí do mercado já estava escuro e logo peguei o ônibus de volta para a faculdade.

De volta ao meu quarto, trabalhei mais um pouco enquanto esperava meu irmão voltar. À noite, fomos jantar no mesmo restaurante da noite anterior e comi novamente um prato de carbonara. Começou a chover e, mesmo sendo dentro da faculdade, o restaurante fica no lado contrário do nosso alojamento. Tivemos que voltar para o alojamento debaixo de chuva, que estava muito gelada e chegava a doer as orelhas quando a água batia nelas.

No meu quarto, arrumei algumas coisas, conversei com minha mãe e irmã pelo celular e WhatsApp e fui dormir cedo. Chuva e frio do lado de fora, cama quente do lado de dentro. Fico com a cama…

Em frente ao alojamento.
Brasileiros no busão.
Carcavelos.
Café da manhã.
No centro de Carcavelos.
Forte próximo a faculdade.
Caminhada a beira mar.
Trabalhando no quarto.
O carbonara de 11 Euros.

Viagem Europa 2025: Portugal – Dia 1

Após algumas horas de sono profundo, a comissária de bordo me despertou. Faltava cerca de uma hora para aterrissarmos em Lisboa. Fui ao banheiro fazer o que é costume fazer em um banheiro pela manhã e, ao retornar ao meu assento, serviram o café da manhã: farto e saboroso. Depois disso, fiquei olhando o monitor à minha frente, observando os dados do voo, especialmente a quilometragem restante até Lisboa. Acabei me distraindo e, como estava em um local sem acesso a visão das janelas, tomei um grande susto quando o avião pousou com uma pancada forte no chão. Não percebi que estávamos na fase final de aterrissagem. Ficamos parados na pista por alguns longos minutos antes de seguirmos para nossa posição de desembarque.

Fui o quarto passageiro a sair do avião. Lá fora, o tempo estava escuro, chuvoso e frio. Era minha segunda vez em Portugal. Em setembro de 2017, passei apenas um dia em Lisboa, depois de ficar um dia na cidade do Porto vindo da Espanha. Naquela ocasião, conheci muito pouco da cidade. Desta vez, com mais dias disponíveis, pretendo explorar melhor Lisboa e seus arredores.

Eu e meu irmão passamos pela imigração sem qualquer problema. O policial fez as perguntas básicas e logo nos liberou. Só não gostei do carimbo no passaporte, que estava com a tinta fraca, mal dando para ler. Para viajantes, os carimbos são como uma espécie de coleção: guardamos como lembranças dos países por onde passamos. Tenho um carimbo bastante raro que poucos brasileiros possuem. Mesmo meu irmão, que viaja mais do que eu, não tem. Trata-se de um carimbo do Brasil, que é exclusivo para estrangeiros. No entanto, anos atrás, ao voltar ao Brasil pela Bolívia, um agente de imigração sonolento carimbou meu passaporte brasileiro com o carimbo oficial. Quando percebeu o erro, pediu desculpas, mas eu disse que não havia problema. Sabia que tinha ganhado uma raridade.

Nossas malas demoraram bastante para aparecer na esteira e estavam um pouco molhadas. Seguimos para fora do aeroporto, pegamos um táxi e fomos ao centro de Lisboa, onde mora um amigo e sócio do meu irmão. Saí do táxi me sentindo mal, bastante enjoado. Acho que a culpa foi dos vários “cheirinhos” artificiais pendurados no carro. Tenho sensibilidade a alguns aromas, e esses artificiais em especial sempre me fazem mal.

O Luís, amigo do meu irmão, nos recepcionou calorosamente e logo entramos no espaçoso apartamento. Havia mais duas pessoas por lá, recém-chegadas do Brasil, que participariam do mesmo curso que meu irmão. Quando comentei com meu irmão que estava enjoado, Luís ouviu e me levou até a sacada, onde me fez sentar numa poltrona. Ele disse para eu respirar ar puro e trouxe uma garrafa de água gaseificada. Eu, que adoro água com gás, provei e aprovei a versão portuguesa de água com gás. Depois de alguns minutos na sacada, comecei a me sentir melhor.

Luís havia preparado um almoço especial para os visitantes: algo bem português. O problema é que eu, o enjoado da história, não como nada que venha da água. O almoço era bacalhau e polvo assados. Acabei comendo apenas os acompanhamentos: batatas e vagens assadas, que estavam deliciosas. Após o almoço, descemos para a garagem do prédio e embarcamos na van que Luís havia alugado para transportar os participantes do curso.

Dentro da van estava quentinho, enquanto do lado de fora o frio e a chuva predominavam. Seguimos por uma estrada à beira-mar rumo a Carcavelos, a 16 quilômetros dali. No caminho, passamos por construções históricas e Luís, se mostrando o melhor guia turístico possível (mesmo não sendo guia), nos contou suas histórias. Vimos a Torre de Belém de longe, parcialmente escondida por árvores. Esse é o ponto turístico de Lisboa, que mais tenho vontade de conhecer. Em 2017, na minha primeira passagem por Lisboa, não tive tempo de visitá-la. Desta vez, vou voltar para uma visita completa, o que certamente renderá uma postagem exclusiva no blog.

Chegamos à NOVA School of Business & Economics, onde o curso será realizado. Eu e meu irmão ficaremos hospedados no alojamento da faculdade. Como muitos alunos estão de férias, os quartos vazios são alugados para turistas. O alojamento fica a cerca de 300 metros do mar, mas, com o inverno rigoroso, não haverá chance de ir à praia. Fizemos o check-in, preenchi a ficha de hospedagem e a recepcionista, uma portuguesa chamada Maria, elogiou minha letra (de forma), que, segundo ela, é bonita. Pelo que me lembro, essa foi a primeira vez que alguém elogiou minha letra.

Os quartos são confortáveis, com cama, mesa, cadeiras, armários, frigobar, micro-ondas, utensílios básicos de cozinha e um banheiro aquecido a gás. Não gostei muito do estilo europeu do chuveiro tipo ducha, que você tem que fixar num cano se não quiser tomar banho com a ducha na mão. E tembém não gostei da cortina de plástico, que sempre deixa água ir parar no chão. Prefiro os chuveiros fixos e os boxes de vidro, ou acrilico, no estilo brasileiro. O aquecimento do quarto é central e fica ligado quase o dia todo.

Depois de ajeitar nossas coisas, fomos conhecer a faculdade. O campus é moderno, com uma estrutura que eu nunca vi no Brasil: restaurante, lanchonetes, mercado, academia, espaços de estudo e até um túnel que leva à praia. Passei a tarde sendo apresentado a pessoas e tentando ser discreto, pois não farei o curso que meu irmão e os demais brasileiros farão, então deixava o pessoal do curso trocar informações e conversar, evitava me intrometer na conversa deles. Ser discreto, ou seja, ficar quieto, só aumentava meu sono. No final do dia, nos levaram num local onde acontecem recepções e jantares. Duas máquinas de café gratuitas salvaram minha vida: três cappuccinos e um mocha resolveram o problema do sono sem fim.

Aqui escurece às 17h30min nessa época do ano, e estamos três horas à frente do horário do Brasil. Isso me deixa meio confuso: meu estômago fica maluco, sinto sono em horários errados. Demoro alguns dias para me acostumar com a mudança de horários e rotina. Daí, quando me acostumo, já estará na hora de voltar para o Brasil, e lá vou sofrer mais alguns dias para me adaptar à antiga rotina.

Após tomar banho e descansar um pouco, encontrei meu irmão na recepção, e fomos jantar em um restaurante que fica dentro da faculdade. Mesmo não sendo época de aulas normais, o lugar estava cheio. Sentamos em uma mesa em um canto, e meu irmão pediu um prato de macarrão com camarão. Vi no cardápio que a maioria dos pratos tinha peixe ou frutos do mar. Acabei escolhendo um macarrão carbonara, que é um dos tipos de macarrão que mais gosto. A alimentação nas lanchonetes e restaurante dentro da faculdade é subsidiada, ou seja, mais barata do que em estabelecimentos fora dali. Mesmo sendo mais barato, meu macarrão à carbonara custou 11,00 euros, o que dá cerca de R$ 66,00. Pensando em euros, é barato; já em reais, é caro. Mas, se você começar a calcular o preço das coisas em reais, fica meio maluco e passa fome. Então é melhor pensar no custo 1 x 1 e deixar para passar mal quando for pagar as faturas do cartão de crédito nos próximos doze meses, já que quase tudo estou parcelando em 10 ou 12 vezes.

Depois de comer, ficamos conversando com o garçom que nos atendeu, que é brasileiro e está há pouco tempo em Portugal. A recepcionista também era brasileira, com sotaque do Nordeste, enquanto o garçom nos contou que era do Rio de Janeiro. Eu e meu irmão voltamos para o alojamento, e cada um foi para o seu quarto. Terminei de arrumar minhas coisas e logo fui para a cama. Esse clima de inverno costuma me dar sono, e, após ter dormido poucas horas nos últimos dias, o que mais queria era poder dormir algumas horas numa cama quentinha e confortável… ZZZZzzz…

Café da manhã no avião.
Desembarque.
Água que curou meu enjoo.
Na van, vendo a Torre de Belém.
Nova School of Business and Economics.
Nova School.
Nova School.
Nova School.
Alojamento dos estudantes.
Momento de repouso.

Viagem Europa 2025

Eu estava planejando tirar alguns dias de férias em janeiro e ir para a Serra do Mar paranaense. Pretendia subir o Pico Paraná mais uma vez. Nos últimos dois meses, vinha treinando intensamente quase todos os dias. Porém, precisei interromper os treinos duas vezes de forma não planejada: a primeira, por causa de uma cirurgia na boca, em que levei vinte pontos e fiquei vários dias sem poder fazer qualquer esforço físico; e a segunda, devido a uma forte gripe causada pelo vírus da influenza.

No entanto, os planos mudaram de última hora quando recebi um convite do meu irmão para viajar a Portugal com ele. Cancelei a ida a Curitiba e à Serra do Mar e comecei a me preparar para atravessar o Atlântico. Seria a minha terceira viagem à Europa. Meu irmão estava indo para Portugal para cursar a segunda fase de um programa em uma faculdade de negócios em Cascais, uma cidade litorânea próxima a Lisboa. Dois anos atrás, ele já havia concluído a primeira etapa do curso e agora retornaria para finalizá-lo.

Embora não fosse o momento ideal para visitar a Europa, especialmente com o euro nas alturas, não resisti ao convite. Eu tinha algumas economias guardadas e planejei parcelar os custos extras em suaves prestações no cartão de crédito. Além disso, senti que merecia uma viagem dessas após o terrível ano de 2024, que quase não me permitiu viajar.

Com tudo acertado, e depois de passar uma noite em claro por ter ido a uma festa, finalizei os preparativos, ajeitei minhas coisas e saí de madrugada de carro rumo a Maringá. Lá, deixei meu carro na garagem do meu irmão e seguimos juntos para o aeroporto. Pegamos um voo da Gol direto para Guarulhos, onde passamos o dia aguardando nosso voo para Lisboa. Optamos pelo primeiro voo do dia para evitar problemas com os temporais previstos para o dia, já que não queríamos correr o risco de o aeroporto fechar ou o voo atrasar.

No aeroporto de Guarulhos, almoçamos e demos uma volta pelo terminal. Acabei me deparando com a Mariana Becker, a repórter de Fórmula 1 da Band, que também trabalhou muitos anos na Globo cobrindo o mesmo esporte. Como fã de Fórmula 1 e acompanhando as corridas desde 1980, não resisti e, educadamente, pedi para tirar uma foto. Ela foi muito simpática e até se desculpou por estar com os olhos inchados.

Seguimos para a sala VIP da Latam, onde passamos a maior parte do dia cochilando, mexendo no celular e, principalmente, comendo. O espaço oferecia muitas opções de comidas, lanches, doces, sorvetes e bebidas, tudo de graça. Por volta das 21h, deixamos a sala VIP e fomos procurar nosso portão de embarque. Fazia muito calor, e parecia que parte do aeroporto estava sem refrigeração. O embarque começou às 22h30 e foi tranquilo. Graças a algumas milhas acumuladas, eu teria a chance de viajar pela primeira vez na classe executiva. Para um voo de quase 10 horas, o conforto extra seria muito bem-vindo. Só preciso tomar cuidado para não me acostumar mal, porque, no futuro, provavelmente terei que voltar à classe econômica.

O início da viagem foi tranquilo, e, mesmo estando acordado há quase 40 horas, eu não sentia sono. Aproveitei para assistir a um filme e, em seguida, jantar, com direito a um sorvete Häagen-Dazs de sobremesa. Mais luxo, impossível! Após cerca de três horas de voo e algumas turbulências ao sobrevoar a Bahia, o sono finalmente chegou. Ajustei minha poltrona, que ficava completamente horizontal, e dormi quase o resto da viagem.

Tietando a Mariana Becker no aeroporto.
Descansando na sala vip.
Fui sentando na última fileira da classe executiva.
Meu irmão foi sozinho na janela.

Carta ao meu pai

Oi, velhinho!

Hoje faz seis meses que o senhor se foi. Às vezes parece que foi ontem; outras, parece que já faz tanto tempo… Seis meses, 180 dias, meio ano… Não importa como eu conte, a saudade é a mesma. Antes, eu achava que sabia o que era sentir saudade, mas descobri que não sabia nada. Não sabia sobre a falta que dói no peito, nem sobre como é perder para sempre alguém que amamos tanto. É uma dor parecida com a de amor, mas, ao mesmo tempo, diferente. Tem suas semelhanças, como lembrar da pessoa em momentos aleatórios, quando uma música, um filme ou uma comida trazem de volta tantas memórias.

Nunca imaginei que sentiria tanto a sua falta. O que me consola é saber que fiz a escolha certa anos atrás, quando decidi não sair de Campo Mourão novamente. Escolhi ficar porque sabia que o senhor e a mãe não viveriam muitos anos mais, e eu queria aproveitar esse tempo perto de vocês. Queria compensar os vinte anos que fiquei longe, perdendo festas, comemorações em família e o convívio diário.

Quem mais sofre com sua ausência é a Dona Vanda. Para ela, não tem sido fácil, principalmente porque está cercada de lembranças suas. Ela tentou se desfazer rapidamente de muitas das suas coisas. Talvez tenha sido uma maneira de aliviar um pouco a dor. Mas seu sofá continua vazio. Ninguém mais senta nele — nem os gatos. Às vezes, vejo um deles parado perto do sofá, olhando fixamente para o cantinho onde costumavam ficar com o senhor. Parece que eles também sentem sua falta e tentam entender por que o senhor não voltou mais para casa.

Sua TV nunca mais foi ligada. Seu carro continua exatamente no mesmo lugar e do jeito que o senhor deixou há seis meses. Quando vou à sua casa, evito entrar na sala ou olhar para o sofá. Foi nele que te vi pela última vez bem, sentado com um dos gatos no colo, conversando comigo. Mas também foi nesse sofá que te vi após o AVC, numa agonia que nunca vou esquecer.

Na noite de Natal, entrei na sala cheio de saudade e, ao ver o sofá vermelho, não resisti: me deitei nele. Foi impossível conter as lágrimas. Senti sua presença de alguma forma.

Aqui seguimos a vida, tentando cuidar da Dona Vanda da melhor forma possível. Tem dias que são difíceis. Dia dos Pais, seu aniversário, Natal, Ano Novo… Foram datas especialmente dolorosas porque a saudade apertou ainda mais.

O Tande continua fujão, mas a Dona Vanda está tentando segurá-lo um pouco. Ele, que não gostava de mim, agora vem pedir carinho e colo quando me vê. Talvez eu lembre o senhor de alguma forma, e isso o ajude a matar a saudade.

Às vezes, sinto sua presença. Sei que a mãe e meus irmãos também já passaram por situações parecidas. Dentro do que acredito, sei que o senhor pode nos visitar. Espero estar certo nas minhas crenças.

A maior dor não foi te ver nos seus últimos dias, agonizando até partir. Não foi te ver na UTI dentro de um saco plástico, escolher seu caixão, participar do velório ou do enterro. A maior dor acontece no dia a dia, de forma aleatória. É quando vejo algo que o senhor gostava, como uma comida, ou quando algo acontece e eu quero te contar — e aí lembro que o senhor não está mais aqui.

Fiquei com sua camisa do Santos, mesmo não sendo santista. Guardei como lembrança, porque sei o quanto o senhor gostava dela. Também fiquei com a camisa verde do grupo de caminhadas. Lembro de quando comprei aquela camisa e o senhor gostou tanto que acabei te dando a minha, pois não tinha mais delas a venda. Brinquei que era para cuidar bem dela, porque quando o senhor morresse, eu queria ela de volta. Nunca imaginei que isso realmente aconteceria, e que seria tão cedo. Na última terça-feira, usei a camisa e senti algo estranho que não consigo explicar.

Desde que o senhor partiu, tentamos resolver tudo que ficou pendente. Pagamos as contas, fomos às lojas onde o senhor tinha costume de assinar notas. Não queríamos que nada ficasse para trás. Se o senhor manteve o nome limpo em vida, não seria depois da morte que isso mudaria. Ainda falta cumprir uma promessa sua: levar uma muda de fruta-do-conde para sua otorrino. Em breve faremos isso.

Lembrei que, há quase um ano, o senhor veio me visitar pela última vez (foto no final da carta). Sentou ao meu lado, aqui onde estou escrevendo agora, e ficamos conversando. Não imaginei que seria sua última visita. Da mesma forma, não sabia que nossa conversa na sala de sua casa, no dia do AVC, seria a última. Agora percebo que, de alguma forma, o senhor sabia, pois não queria me deixar ir embora. Se pudesse imaginar que seria nossa última conversa, teria me sentado e passado a tarde contigo, conversando e vendo futebol na TV.

Não sei se um dia nos encontraremos novamente. Talvez sim, talvez não. Espero que o que acredito sobre espiritualidade seja verdade, mas não tenho certeza. Se eu demorar muito para partir, talvez o senhor já não esteja mais aí. Pode ser que tenha retornado ao mundo dos vivos, talvez até na mesma cidade ou na mesma família. Mas o que acredito pode estar completamente errado, porque ninguém sabe exatamente como são as coisas depois que morremos. O que temos são suposições e crenças, mas a verdade permanece desconhecida. Um dia eu vou saber. Mais cedo ou mais tarde, também terei que partir, e então descobrirei se existe um reencontro ou não. Seja como for, foi um privilégio te encontrar nesta vida.

Quero te agradecer por tudo, especialmente pela minha vida. Tivemos nossas diferenças, mas as resolvemos. Nos últimos anos, nossa convivência foi harmoniosa e amorosa. Conversando com a mãe e meus irmãos, percebemos que, nos últimos meses, o senhor parecia saber que sua hora estava chegando. Agora, algumas coisas que o senhor me falou e pediu nas suas duas últimas semanas de vida, fazem todo sentido.

Acredito que o senhor tenha visto, aí do outro lado, que não consegui chorar ao saber da sua morte. Também não chorei no velório nem no enterro. Eu queria chorar, mas não conseguia. De alguma forma, me fechei para encontrar forças e superar aquele momento de extrema dor. Só consegui chorar 29 dias depois, justamente no dia do seu aniversário. E foi assistindo a um filme! Não poderia ser diferente, já que os filmes, por alguma razão que desconheço, sempre foram a maneira mais fácil de me fazer chorar. Depois daquele primeiro choro, as lágrimas não pararam mais. Choro sempre que lembro do senhor ou vejo algo que me traz sua memória. Outro dia, chorei no Paraguai, ao olhar para um pacote de balas da marca que o senhor gostava e que eu sempre lhe trazia quando ia até lá.

Estou chorando agora, enquanto escrevo esta carta. Mas não me importo. Chorar é a minha forma de mostrar o quanto o senhor foi importante para mim.

Sinto muito a sua falta.

Até um dia (ou não)!

JVD

José Amilton e Vander (25/01/2024).

Vídeo que viralizou…

Em 11 de setembro passado, estava na cama, certa noite, sem sono, pensando numa conversa que tive pouco mais de um mês antes com uma pessoa que foi, e ainda é, muito importante para mim. Sentia uma enorme saudade dela e uma vontade imensa de entrar em contato, mas me segurava, pois havia decidido não incomodá-la mais.

Na insônia, resolvi assistir a vídeos no Instagram. Foi então que encontrei um vídeo com uma música que me tocou profundamente. Decidi repostar o vídeo no meu perfil e incluir uma mensagem dedicada à pessoa de quem sentia tanta falta. Não tinha nenhuma esperança de que ela visse o vídeo ou a mensagem, afinal, ela não me segue nas redes sociais e acredito que também não fique me stalkeando.

Dois meses depois, notei que o vídeo começou a viralizar. Agora, quatro meses após a postagem, ele já acumulou 43.679 curtidas e quase um milhão e oitocentas mil visualizações. Sinceramente, nunca esperei que isso fosse acontecer.

O mais irônico é que, apesar de o vídeo ter sido visto por quase 1,8 milhão de pessoas, acredito que a pessoa para quem ele foi dedicado ainda não o tenha visto. Coisas da internet. Coisas da vida!

Fonte: Instagram vander_dissenha

 

 

Adeus 2024!

Houve um tempo em que o blog funcionava como uma terapia para mim. Quando eu não estava bem, escrevia aqui, especialmente em 2010, um ano marcado por uma terrível depressão. Apaguei muitos textos daquela época e, hoje, não sei se fiz certo ou não ao apagá-los.

Agora, com o fim de 2024 se aproximando, percebo que esse ano não deixará saudades. Ainda estou em dúvida se 2024 foi o pior ano da minha vida ou se 2010 ocupa esse posto, ou se os dois empatam em termos de dificuldade. A principal diferença entre esses anos é que, em 2010, quase perdi a vontade de viver e, por muito pouco, não tomei uma decisão drástica. Já em 2024, apesar de todos os desafios e acontecimentos tristes, senti uma vontade ainda maior de viver. Talvez isso tenha ocorrido porque consegui resolver dúvidas, traumas e complexos que me acompanharam por quase toda a vida. Finalmente deixei essas coisas para trás e, hoje, tenho clareza sobre o que quero para meu futuro.

Este foi um ano muito difícil, repleto de situações complicadas e problemas de saúde, tanto meus quanto de familiares. Minha mãe quase morreu, meu pai morreu, minha irmã se acidentou, e até a cachorrinha que esteve conosco por 16 anos se foi. Nunca vou esquecer a cena de enterrá-la debaixo de um pé de manga no quintal da casa dos meus pais, com minha mãe e meu pai chorando ao meu lado. Foi um momento profundamente triste e simbólico de como 2024 acabou sendo marcado de forma negativa.

Passei o ano de mãos dadas com a resiliência e, sem dúvida, termino 2024 sendo uma pessoa diferente da que começou o ano. Posso afirmar que sou uma pessoa melhor, porque não é possível enfrentar tantas situações difíceis sem ser transformado por elas. Algumas das decisões e escolhas que fiz ao longo do ano não tiveram o resultado esperado, mas isso é parte da vida. Nem tudo acontece como desejamos, e estou em paz com isso. Não vou lamentar ou chorar pelo que deu errado. Sou do tipo que levanta, sacode a poeira, enxuga as poucas lágrimas e segue em frente sem olhar para trás.

Apesar dos pesares, 2024 também trouxe momentos bons. Como sempre acontece, pessoas entraram e saíram da minha vida. Algumas entraram e saíram no mesmo ano, enquanto outras permaneceram nos momentos mais complicados, ajudando-me a atravessar as dificuldades. Também houve pessoas que eu acreditava que nunca se afastariam, mas se foram. Talvez tenha sido melhor assim.

Neste ano, minha família se tornou ainda mais unida, especialmente diante das dificuldades que enfrentamos juntos. Sempre fomos próximos e solidários, mas em 2024 nos superamos. O amor entre nós prevaleceu e cresceu. Meu pai esteve ao nosso lado quando minha mãe enfrentou uma grave doença, e, após a morte inesperada de meu pai, minha mãe encontrou forças para nos ajudar a seguir em frente e eu e meus irmão ajudamos ela a seguir em frente. Quando nos reunimos para tomar decisões importantes, não houve brigas por herança como acontece em tantas famílias. Pelo contrário, todos estavam dispostos a abrir mão de qualquer coisa para que os laços de amor e união permanecessem intactos. Isso nos uniu e nos fortaleceu ainda mais. Hoje, sinto ainda mais orgulho de ser filho da Dona Vanda e do Seu Amilton, e irmão da Vanerli e do Wagner. Apesar de tudo, o amor venceu e cresceu, e é isso que levo comigo ao encerrar 2024.

Este ano enfrentei situações para as quais não estava preparado, coisas pelas quais não queria ter passado, mas que foram inevitáveis. Presenciei acontecimentos que jamais gostaria de ter visto e vi cenas que nunca vou esquecer. Foram muitas coisas tristes, mas que, de certa forma, contribuíram para que eu amadurecesse ainda mais. Sempre me considerei uma pessoa forte, mas, durante um período, me senti enfraquecido. Contudo, neste ano, recuperei minha força, porque, se não tivesse sido forte, não teria conseguido lidar com tantas coisas ruins que aconteceram.

Foi estranho passar pelo primeiro Natal e Ano-Novo sem meu pai. Além disso, nunca fui a tantos velórios em um só ano como fui em 2024. Parece que todos que conheço estão partindo. Já vinha sentindo algo parecido nos últimos anos, mas, neste ano, essa sensação se intensificou. Talvez seja algo natural à medida que envelhecemos: as pessoas que conhecemos, principalmente as mais velhas, acabam nos deixando. Mas isso é muito triste!

O ano de 2024 me judiou até o final, pois os dois últimos dias do ano passei doente, não conseguindo comer. Enquanto pôde 2024 me testou, me desafiou, me fez sofrer, mas ele morre daqui poucas horas e eu continuo vivo e mais forte do que nunca. No fim quem venceu fui eu!

Vou encerrar por aqui, pois o que era para ser uma retrospectiva de 2024 acabou se transformando em um desabafo. Vou postar isso, mas talvez, depois de dez minutos ou um dia, eu me arrependa e apague…

Desejo, do fundo do coração, que 2025 seja melhor que 2024. Historicamente, anos ímpares costumam ser melhores para mim. Embora tenha nascido em um ano par, os anos pares geralmente me trazem mais desafios e tristezas.

Feliz 2025!

 

LIVRO: Muito Além do Grid

O jornalista especializado em Fórmula 1, Reginaldo Leme, lança oficialmente hoje a sua autobiografia, “Muito Além do Grid”. O livro explora mais de 50 anos de uma trajetória marcante no jornalismo esportivo e na Fórmula 1. Reginaldo Leme, atualmente comentarista na Band é um dos maiores nomes da cobertura esportiva no Brasil. Com 436 páginas divididas em 30 capítulos, o livro narra episódios memoráveis, como os títulos mundiais de Emerson Fittipaldi, Ayrton Senna e Nelson Piquet, e bastidores de grandes escândalos do automobilismo, como a batida proposital de Nelsinho Piquet no GP de Singapura de 2008.

O livro foi escrito em colaboração com o jornalista Alfredo Bokel e editado por Tiago Mendonça, fruto de cinco anos de depoimentos e pesquisas. O livro também inclui um caderno de fotos e reflexões sobre a vida pessoal e profissional de Reginaldo Leme, que descreve os momentos difíceis e as grandes vitórias de sua carreira com a honestidade e a paixão que marcaram sua trajetória.

O livro “Muito Além do Grid” está disponível para compra por R$ 79,90 no site da editora Oficina 259:  www.automotoresporte.com/loja ou pelo e-mail vendas@oficina259.com.br. O lançamento oficial está marcado por uma noite de autógrafos hoje, dia 11 de dezembro, na Livraria da Vila, que fica na Rua Fradique Coutinho, 915, Vila Madalena, São Paulo, a partir das 19h00min.

Reginaldo Leme.

 

O Vampiro morreu

Hoje faleceu aos 99 anos, Dalton Trevisan, “O Vampiro de Curitiba”. Maior escritor paranaense, deixou muitas obras publicadas. Li algumas de suas obras e gosto de seu estilo literário. Vi ele na rua uma vez, em meados da década de 1990.

 

O paranaense Dalton Trevisan, um dos maiores escritores brasileiros do século XX, morreu nesta segunda-feira, 9, aos 99 anos. A informação foi confirmada pela agente do autor.

Conhecido pelo apelido de “Vampiro de Curitiba”, ele morreu em casa. Segundo a agente, informações sobre a causa da morte e o velório do autor não foram reveladas para manter a privacidade.

Nascido em Curitiba, no Paraná, em 14 de junho de 1925, filho de um proprietário de fábrica de vidros, Trevisan cresceu sonhando em ser atleta, mas se descobriu mesmo nos livros – e, em especial, no conto, gênero do qual é considerado um dos grandes mestres no país.

Em suas quase oito décadas de carreira, venceu todos os grandes prêmios da literatura brasileira (Jabuti, Machado de Assis, Biblioteca Nacional) e lusófona (como o prestigioso Camões, pelo conjunto da obra, em 2012). Entre 1945 e 2023, publicou cerca de 50 obras, marcadas pelas repetição de temas como a solidão, a angústia e a complexidade da vida urbana.

Em seus livros e em sua imagem pública, Trevisan construiu uma mitologia particular, que passa por uma Curitiba anacrônica e idealizada, um espaço em ruínas que já não existe nem mais nos cartões-postais. Assim como o autor que buscava a economia narrativa até o limite do desaparecimento, o homem Trevisan parecia desejar a invisibilidade.

Além do minimalismo, que podia se manifestar em microcontos de poucas linhas, suas marcas são o pastiche e a metaficção. Sua linguagem peculiar se apropria de termos populares e chulos, explorando artifícios como o kitsch e o grotesco. A obsessão pela síntese alcançou sua mais perfeita expressão na coletânea “Ah, é?”, de 1994. De tão reduzidos, os textos da publicação foram comparados a haikais pelo próprio autor. Trevisan, por sinal, costumava dizer que seu vocabulário não ultrapassava 80 palavras. Seu único romance publicado é “A polaquinha”, de 1985, sobre uma moça de classe média que se prostitui para pagar seus estudos.

Em 2025, ano de seu centenário, a Todavia passará a publicar toda a sua obra. Além disso, a editora prepara também uma antologia de contos, organizada por Felipe Hirsh e Caetano Galindo. O livro será lançado em junho e ainda não tem título.

O apelido “Vampiro de Curitiba” surgiu por conta de um de seus personagens, que aparece pela primeira vez em uma obra homônima publicada em 1965. Mas a alcunha também tem origem na sua personalidade folclórica, com aversão a fotos e entrevistas. Nos anos 1970, uma repórter de televisão tentou uma entrevista com o escritor e foi recebida por um senhor atencioso e gentil, que a mandou esperar por Trevisan. Durante a longa conversa com a jornalista, o homem sempre reforçava que o escritor estava a caminho. No fim, era o próprio Trevisan, pregando uma peça na imprensa.

Quando lançou “A trombeta do anjo vingador”, em 1977, Trevisan conversava com a jornalista paranaense Adélia Maria Lopes quando a orientou a não publicar nada do que estava dizendo. Para comprovar a seriedade do assunto, avisou que cortaria relações com quem descumprisse o seu pedido. “Não falo mais com quem trair o compromisso de não divulgar minhas conversas”, teria dito. Depois disso, os amigos mais fiéis passaram a dedurar os repórteres que tentavam se aproximar do autor através de sua “entourage”.

A distância da mídia alimentou a fama de “recluso”, sempre rechaçada por amigos e próximos. Trevisan circulava a pé pelas ruas de Curitiba. Alguns dizem que ele só andava em público disfarçado com boné e cavanhaque, mas há fotos em que ele aparece de cara limpa. O autor, por sinal, costumava espalhar pistas falsas sobre os seus hábitos, o que torna impossível dizer hoje se realmente almoçava em restaurantes vegetarianos ou se batia ponto no Clube de Xadrez da cidade. Seu endereço, por outro lado, era bem conhecido e frequentado por muitos amigos.

Durante 68 anos, viveu em uma casa centenária, simples e sem muros, no Centro da capital paranaense. O autor não gostava de fazer obras e não se preocupava sequer em camuflar as pichações na fachada. Nos anos 2000, ele protestou contra o barulho de uma sala gay que havia se instalado na vizinhança. O episódio inspirou o poema “Amintas 749”, do livro “Rita Ritinha Ritona”.

Apesar do aspecto decadente e das marcas do tempo, que davam ela uma aura de mistério, estava longe de ser uma fortaleza onde o “Vampiro” ia se esconder. Em 2021, Trevisan se mudou para um apartamento em uma área agitada do centro da capital paranaense.

Formado em direito pela Universidade Federal do Paraná, ele abandonou a profissão após sete anos e passou a trabalhar na fábrica da família. Liderou, entre 1946 e 1948, o grupo literário responsável pela publicação da revista “Joaquim”, que tornou-se símbolo e porta-voz daquela geração de artistas. O próprio Trevisan controlava a tipografia, a montagem e a distribuição da revista, que reunia escritos de autores como Antonio Cândido, Mário de Andrade e Carlos Drummond de Andrade, além de ilustrações de Di Cavalcanti e Heitor dos Prazeres.

A publicação chegava por mala direta aos amigos de Trevisan no Rio de Janeiro, como Rubem Braga, Ledo Ivo e Vinicius de Moraes, tornando pela primeira vez Curitiba uma cidade conhecida no meio literária. Mais do que isso: graças a “Joaquim”, a cidade se tornou uma espécie de “meca da vanguarda” na época. Junto com outras publicações artesanais do gênero, como a carioca “Orpheu” e a paulista “Revista Brasileira de poesia”, consolidou a Terceira Geração Modernista, conhecida como “Geração de 45”.

Foi na “Joaquim” que Trevisan publicou seus dois primeiros livros (“Sonata ao luar”, de 1945; e “Sete anos de pastor”, de 1948), que depois foram renegados pelo autor. Sua estreia “oficial” seria em 1959, com a coletânea de contos “Novelas nada exemplares”, pela qual ganhou o Prêmio Jabuti, o mais tradicional do país, no ano seguinte. Ele venceria o Jabuti outras três vezes ao longo da carreira: em 1965 (“Cemitério de elefantes”), 1995 (“Ah, é?”) e 2011 (“Desgracida”).

Em 2012, o escritor foi eleito por unanimidade vencedor do Prêmio Camões. No mesmo ano, recebeu o Prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras.

Fonte: https://oglobo.globo.com/cultura/noticia/2024/12/09/morre-o-escritor-dalton-trevisan-aos-99-anos.ghtml 

Dalton Trevisan.
Algumas obras de Dalton Trevisan. (Brazil Journal)

FILME: Aumenta que é Rock’n Roll

Não sou muito de ver filmes nacionais, pois é raro algum que preste. Mas acabei assistindo ao filme, Aumenta que é Rock’n Roll, em razão da temática Rock Nacional dos anos 80 e adorei o filme. O filme, que é baseado em acontecimentos reais, conta a história do jovem Luiz Antônio, responsável por criar a primeira rádio de rock brasileira na década de 1980: a Rádio Fluminense, que ficou popularmente conhecida como “A Maldita”. Luiz, de forma inesperada acaba no comando de uma rádio falida e faz dela um grande sucesso, se não comercial, ao menos de público. Foi a Rádio Fluminense que abriu as portas para muitas bandas nacionais que estavam em começo de carreira e eram pouco conhecidas. Blitz, Paralamas do Sucesso, Legião Urbana, Barão Vermelho (com Cazuza) e outras bandas, começaram a ficar conhecidas pelo público ao terem suas músicas tocadas pela Rádio Fluminense. Também foi através de uma votação entre os ouvintes da rádio, que foram escolhidas as bandas e cantores que participaram do primeiro Rock in Rio, em 1985.

Um personagem importante no filme e melhor amigo de Luiz Antônio, é Samuel Wainer Filho, que foi produtor musical e jornalista. Ele foi repórter da Rede Globo e faleceu em um acidente de carro, ao voltar da cobertura da morte de um outro repórter da Globo, que tinha morrido num acidente de avião ao voltar da gravação de uma reportagem. O filme não menciona que Samuel trabalhava para a Rede Globo, então somente quem conhece um pouco da história do jornalismo brasileiro nos anos 1980 é que vai entender um pouco mais sobre Samuel. Em breve pretendo fazer aqui no Blog uma postagem sobre ele.

E por falar sobre entender, acredito que somente a minha geração é que vai curtir o filme tanto quanto eu curti, pois vai coneguir entrar na atmosfera do filme e com certeza vai ter muitas lembranças de sua vida na primeira metade da década de 1980. Os mais novos não vão entender muito bem o filme, não vão conseguir linkar muitas passagens que acontecem no filme e que não são tão explicitas.

Umas da atrizes do filme é Flora Diegues, filha do cineasta Cacá Diegues. Flora, entre outros trabalhos fez novelas na Rede Globo e morreu em 2 de junho de 2019, aos 34 anos, em decorrência de um câncer no cérebro. O que me chamou atenção foi que Flora faleceu em junho de 2019 e o filme foi lançado nos cinemas em abril de 2024, ou seja, quase cinco anos após sua morte. Isso mostra que o filme demorou muitos anos entre sua produção e lançamento.

Luis Antônio e Samuel.
Rádio Fluminense: A Maldita.
Elenco do filme.
Flora Diegues.

Família Dissegna/Dissenha

A origem da família Dissegna/Dissenha é a cidade de Romano d´Ezzelino, que fica no norte da Itália. Os primeiros Dissegna/Dissenha chegaram no Brasil em 1870, e depois de rodarem por algumas regiões do Paraná, próximas ao litoral, se estabeleceram na Colônia Italiana do Barro Preto, onde hoje fica o bairro Barro Preto, na cidade de São José dos Pinhais, próxima a Curitiba.

Os italianos (inclusive os Dissegna / Dissenha), deixaram seu país basicamente por motivos econômicos. A emigração, que era muito praticada na Europa, aliviava os países de pressões socioeconômicas, além de alimentá-los com um fluxo de renda vindo do exterior, em nada desprezível, pois era comum que imigrantes enviassem economias para os parentes que haviam ficado. Entre 1870 e 1930, vigorou no Brasil a imigração subvencionada pelo governo com o objetivo de estimular a vinda de estrangeiros. Nesse período, cerca de sete milhões de italianos deixaram sua terra de origem em busca de uma nova vida.  Na Itália, depois de um longo período de mais de 20 anos de lutas para a unificação do país, sua população, particularmente a rural e mais pobre, tinha dificuldade de sobreviver quer nas pequenas propriedades que possuía ou onde simplesmente trabalhava, quer nas cidades, para onde se deslocava em busca de trabalho. Nessas condições, portanto, a emigração era não só estimulada pelo governo italiano, como era, também, uma solução de sobrevivência para as famílias. A imigração subvencionada se estendeu de 1870 a 1930 e visava a estimular a vinda de imigrantes: as passagens eram financiadas por fazendeiros e pelo governo brasileiro, bem como o alojamento e o trabalho inicial no campo ou na lavoura. Os imigrantes se comprometiam com contratos que estabeleciam não só o local para onde se dirigiriam, como igualmente as condições de trabalho a que se submeteriam.

Como a imigração subvencionada estimulava a vinda de famílias, e não de indivíduos isolados, nesse período chegavam famílias numerosas, de cerca de uma dúzia de pessoas, e integradas por homens, mulheres e crianças de mais de uma geração. Muitos desses imigrantes italianos vieram ao Brasil para trabalhar nas lavouras de café, substituindo a mão de obra escrava, após a abolição da escravatura no Brasil, em maio de 1888.

Meu trisavô, Antonio Dissegna, juntamente com sua esposa e seus oito filhos, embarcaram no porto de Genova rumo ao Brasil,  em 7 de dezembro de 1886. Viajaram no vapor Righi e após uma longa e sofrida viagem, desembarcaram no Brasil em 22 de janeiro de 1887. Como a maioria dos imigrantes italianos que chegaram ao Brasil, eles desembarcaram na Ilha das Flores, em São Gonçalo, Rio de Janeiro. O vapor atracava na Bahia de Guanabara e barcos menores iam buscar os imigrantes e os levava até a Hospedaria de Imigrantes, que funcionava na Ilha das Flores. No local os imigrantes ficavam de quarentena por um tempo e depois seguiam para os locais que constavam em seus contratos de trabalho.

O sobrenome original de minha família é Dissegna. Por muito tempo se pensou que ele foi mudado para Dissenha, quando da chegada ao Brasil, onde tinham mudado a escrita do nome para ficar igual a sua pronúncia. Mas verificando registros antigos, descobri que ainda na Itália, em 1877, meu trisavô Antonio registrou seu quinto filho (no caso filha), como Margherita Dissenha. Esse é o primeiro registro do sobrenome Dissenha que encontrei. Posteriormente (já no Brasil) meu trisavô registrou mais dois de seus filhos com o sobrenome Dissenha, inclusive meu bisavô José Benjamin. Dos doze filhos que meu trisavô teve, nove filhos ele registrou com o sobrenome Dissegna e três filhos com o sobrenome Dissenha. O meu bisavô José Benjamin registrou todos os seus treze filhos (oito  do primeiro casamento e cinco do segundo casamento, pois ficou viúvo) com o seu sobrenome, com a escrita Dissenha. E a partir daí toda a minha família levou o sobrenome Dissenha. O motivo da mudança da escrita do sobrenome de Dissegna para Dissenha é um segredo que ninguém sabe e acredito que tal segredo morreu com meu trisavô.

Após longa pesquisa consegui cópias de vários documentos de minha família e consegui montar a Árvores Genealógica de nove gerações, chegando a cerca de trezentos anos no passado. Ainda continuo minhas pesquisas, procurando mais informações para preencher as lacunas que faltam na Árvore Genealógica e na história da Família Dissegna/Dissenha.

Primeiros registros com o sobrenome DISSENHA.
Lista de passageiros do Vapor Righi.
Na lista de passageiros, os nomes de meus Trisavós e seus oito filhos.
Documento de embarque (frente). Aqui constavam as informações de saída da Itália. É como se fosse um passaporte para todos os membros da família em um único documento.
Documento de embarque (verso). Aqui contavam as informações da chegada ao Brasil. Observe o carimbo do Império, pois chegaram ao Brasil ainda no tempo da Monarquia, pouco antes da Proclamação da República.
Desembarque de imigrantes na Ilha das Flores.
Ilha das Flores.
Recepção aos imigrantes na Ilha das Flores.
Refeitório na Ilha das Flores.
Alojamento na Ilha das Flores.
Ilha das Flores.
Árvore Genealógica – parte 1.
Árvore Genealógica – parte 2.
Árvore Genealógica – parte 3.
Árvore Genealógica – parte 4.
Romano d´Ezzelino.
A marca vermelha indica Romano d´Ezzelino.

 

*Atualmente na Ilha das Flores, no local onde funcionava a Hospedaria de Imigrantes, funciona um Batalhão dos Fuzileiros Navais.

Dia de Nossa Senhora Aparecida

Não sou católico, mas já estive três vezes no Santuário de Nossa Senhora Aparecida, sendo que duas vezes fui até lá de bicicleta em viagens de mais de 500 km. Em todas às vezes senti uma energia muita forte no lugar e chorei ao ver a imagem de Nossa Senhora Aparecida. Não sei explicar o motivo do choro…

Concurso de Fotografia Imagens da Cidade – Edição 2024

Participei mais uma vez do Concurso de Fotografia Imagens da Cidade, promovido pela Fundação Cultural de Campo Mourão. Dessa vez fiquei em sexto lugar e minha irmã ficou em nono.

Eu e minha irmã…
Minha foto que ficou na sexta colocação.
Vanerli, em nono lugar.

Palestra com Flávia Alessandra

 

 

Flávia Alessandra Martins da Costa nasceu em Arraial do Cabo, região dos lagos do Rio de Janeiro, no dia 7 de junho de 1974. Aos sete anos ela começou a estudar teatro e participou das primeiras edições das oficinas de atores da Globo, quando fez figuração em algumas produções. A sorte começou a mudar em 1989, quando ela participou de um quadro do Domingão do Faustão que escolheria uma jovem atriz para participar da novela Top Model.

Palestra com Orkut Büyükkökten

 

Cristhiane, Tefa, Alemão e Vander.

 

Orkut foi uma rede social filiada ao Google, criada em 24 de janeiro de 2004 e desativada em 30 de setembro de 2014. Seu nome é originado no projetista chefe, Orkut Büyükkökten, engenheiro turco do Google. O alvo inicial do Orkut era os Estados Unidos, mas a maioria dos usuários foram do Brasil e da Índia. No Brasil a rede social teve mais de 30 milhões de usuários, mas foi ultrapassada pelo líder mundial, o Facebook. Na Índia também foi a segunda rede social mais visitada.

 

Show com Bruna Viola

Após seis anos, voltei a assitir show com a Bruna Viola. Dessa vez foi em praça pública, na cidade de Peabiru. Apesar de ter começado com duas horas de atraso, por culpa do padre da cidade que não queria o show antes da missa, o show foi muito bom e teve pouco mais de duas horas de duração. De negativo foi a Bruna ter cantado poucas músicas dela. Cantou mais músicas de outros cantores famosos do que muitas de suas músicas de sucesso.

Vala dos 21

Aconteceu na noite de 22 de outubro de 1912, o confronto entre as tropas do Regimento de Segurança Pública do Paraná, comandado pelo coronel João Gualberto e os caboclos, comandados pelo monge José Maria. Este confronto entrou para a história como sendo o primeiro combate da Guerra do Contestado (1912 – 1916) denominado de Combate do Irani (ou Batalha do Irani). Na ocasião morreram, entre outros, o coronel João Gualberto e o monge José Maria. Ali foram enterrados o coronel e outros 21 corpos, entre caboclos e militares, no que foi chamado de “vala dos 21”. O monge José Maria foi enterrado em separado. O corpo do coronel João Gualberto permaneceu enterrado por apenas três dias e logo após foi transladado para Curitiba.

Guerra do Contestado

Com a criação da Província do Paraná no ano de 1853, o Governo dessa nova Província passou a contestar junto ao Supremo Tribunal Federal uma área de 48 mil quilômetros quadrados da área territorial catarinense, alegando pertencer primeiro à Província e com a proclamação da República ao Estado do Paraná, fato esse que ficou denominado como Questão Contestada.

Além da questão litigiosa entre os dois estados; Paraná e Santa Catarina, havia, nas primeiras décadas do século XX, a questão social no meio oeste catarinense, de um lado o capital estrangeiro representado pelos empreendimentos de Percival Farquhar: Estrada de Ferro e a Lumber em Três Barras – SC, e os interesses dos Coronéis fazendeiros, e do outro lado, os habitantes mais antigos da região, os Caboclos que contestavam as ações dos primeiros, os quais ancorados pelos governos federal e estaduai, exploravam as riquezas vegetais da área contestada, alijando do território o Caboclo. Assim visto, haviam duas questões contestadas, o litigio territorial entre os dois estados e a questão social no meio oeste catarinense.

Todavia, até que se chegasse a uma solução para o litígio entre os dois estados foi definido um limite territorial provisório, ficando o oeste catarinense sob a jurisdição do Paraná. E, no meio oeste, na região de Curitibanos, Caboclos e Coronéis disputavam terras. No linguajar caboclo, em conversa com o Capitão Matos Costa, enviado à região para apaziguar os ânimos: “Nóis só queremos um parminho de terra, porque os coroné querem tanto? ”

Em Curitibanos, nesse ano de 1912 estava ocorrendo uma grande concentração de caboclos aconselhados pelo monge José Maria. Os Coronéis temendo um grande conflito na região solicitam apoio armado do governo estadual catarinense, que de imediato os atende, enviando o contingente da Força de Segurança Pública de SC para prender o líder e desfazer o movimento. Tomando conhecimento dos fatos o monge decide sair da região seguido pelos seus “Pares de França” e outros caboclos, deslocando-se para os Campos do Irani, de domínio paranaense, para evitar derramamento de sangue. Entretanto, esse deslocamento foi visto como “Manobra de invasão”. O governo do Paraná, não aguardando a decisão do supremo Tribunal Federal, o qual estava a julgar o litígio entre Paraná e Santa Catarina, decidiu mandar suas tropas expulsarem os posseiros. Os caboclos que cercavam José Maria nos campos de Irani estavam em fase de exaltação mística, pois se ocupavam da reza a maior parte do tempo.

A 20 de outubro, o Coronel João Gualberto intima o Monge a comparecer a sua presença para explicar-lhe os motivos do agrupamento armado, alarmando os habitantes da região. José Maria prometeu ir, mas não foi. Os emissários do comandante, que haviam visto os homens do Monge, tentaram dissuadi-lo de atacar, com os poucos soldados que lhe tinha restado, um bando tão numeroso, mas João Gualberto não os atendeu. A 22 de outubro se deu o ataque. As primeiras horas do amanhecer, os soldados da vanguarda trocaram tiros com uma guarda supostamente dos fanáticos. A qual se retirou. A tropa chegou no lugar de nome Banhado Grande, onde se daria o combate. O regimento de Segurança do Paraná havia partido de Curitiba com aproximadamente 400 homens, dos quais o Coronel João Gualberto tirou 43. Reunidos estes ao contingente do Tenente Busse, somavam uma força de apenas 64 homens, que assim atacaram os fanáticos do Irani. Sob as ordens de João Gualberto, a tropa do governo enfrentou pouco mais de 200 sertanejos. Uns a cavalo, outros a pé, eles evitaram ao máximo o tiroteio e atravessando uma funda canhada onde desapareciam da vista das forças legais, caíram de supetão, a garrucha e a facão de pau sobre os soldados. O combate terminou com a morte do Coronel João Gualberto, com a morte de muitos soldados e com a morte do Monge José Maria. No Irani, o palco desse primeiro conflito ficou conhecido, nas palavras de Vicente Telles: “A vala dos 21”.

Para o Paraná foi o maior conflito armado do Contestado, porém houve um engano, pois não foi o Estado Catarinense que invadiu a área em litigio, mas sim pessoas simples correndo das Forças de Segurança de Santa Catarina. E, para muitos historiadores foi o Primeiro Grande Combate do Contestado.

Lembrando o Prof. Dr. Nilson Thomé “Em Canudos com a morte de Conselheiro acabou a guerra. No Contestado com a morte do Monge José Maria, começou a guerra”.

Prof. Ms Sandro César Moreira (Historiador)

No mapa aparece a região do Contestado.
O Coronel João Gualberto (o segundo da direita para a esquerda) embarcando em Curitiba, para dias depois morrer na primeira batalha da Guerra do Contestado.
Caboclos.
Pintura mostrando João Gualberto em batalha no Constestado.

Museu Histórico do Contestado

A Guerra do Contestado foi uma das maiores e mais sangrentas batalhas da história do Brasil. O confronto aconteceu em Irani, no Oeste catarinense. Para entender melhor essa história, existe um museu dedicado a contar como foi esse confronto no qual um dos resultados foi a mudança da divisa entres os estados do Paraná e Santa Catarina. O Paraná “encolheu” em 1916, ao perder a região do Contestado para Santa Catarina. A nova definição de limites tirou do território paranaense 28.000 km².

O Museu Histórico do Contestado está localizado próximo a cidade de Irani – SC, no Sítio Histórico e Arqueológico do Contestado, onde além do Museu, fazem parte o Local do Primeiro Combate da Guerra do Contestado (Combate do Irani), a Sepultura do Monge José Maria, o Cemitério do Contestado,  a Vala dos 21 e o Monumento do Contestado.

Monumento do Contestado

Museu Histórico do Contestado.

Cemitério do Contestado

O Cemitério do Contestado é um marco da história brasileira, principalmente no que diz respeito aos episódios que passaram a ser conhecidos como a Guerra do Contestado. O local onde hoje se encontra o cemitério era próximo a uma extensa área à margem direita do rio do Peixe, mais precisamente, no que era denominado por Banhado Grande. Neste terreno já existia um pequeno cemitério. A região era disputada pelos estados do Paraná, Santa Catarina e pela Argentina.

Houve, na noite de 22 de outubro de 1912, o confronto entre as tropas do Regimento de Segurança Pública do Paraná, comandado pelo coronel João Gualberto e os caboclos, comandados pelo monge José Maria. Este confronto entrou para a história como sendo o primeiro combate da Guerra do Contestado (1912 – 1916) denominado de Combate do Irani (ou Batalha do Irani). Na ocasião morreram, entre outros, o coronel João Gualberto e o monge José Maria. Ali foram enterrados o coronel e outros 21 corpos, entre caboclos e militares, no que foi chamado de “vala dos 21”. O monge José Maria foi enterrado em separado. O corpo do coronel João Gualberto permaneceu enterrado por apenas três dias e logo após foi transladado para Curitiba.

A partir deste episódio, o local entrou no esquecimento até ser reconstruído, no final da década de 1970, por ocasião da construção de uma rodovia. Nas escavações para esta obra foram encontrados, numa vala comum, os restos mortais dos personagens que tombaram na longínqua noite da primavera de 1912. Diversas cruzes de madeira, a maioria sem identificação, indicam as sepulturas de vítimas da guerra. Até meados da década de 1990, os moradores da região podiam sepultar seus entes no local; mas atualmente o cemitério é considerado campo histórico, não sendo mais permitida a abertura de novas sepulturas.

Mesmo sabendo que os corpos dos comandantes do episódio, de ambos os lados, não se encontravam entre as ossadas achadas na vala comum, foram instaladas lápides para o monge José Maria e para o coronel João Gualberto no cemitério.

Hoje o Cemitério do Contestado faz parte do Sítio Histórico do Contestado, que fica em frente à rodovia BR-153, km 64, precisamente, a 4 km de distância do centro da cidade de Irani no estado de Santa Catarina.