Pedal de Tiradentes

Aproveitando o feriado de Tiradentes, fui com alguns amigos do Grupo Sou Bike fazer um pedal de nível médio. Fomos até a cidade de Mamborê, distante 35 quilômetros de minha cidade. Saímos com chuva fina e um pouco de frio, pegamos sol, mais chuva, vimos arco-íris e no final do dia um belo por do sol. O plano era voltar antes de escurecer, mas por culpa de dois pneus furados de amigos do grupo, acabou atrasando a volta, que aconteceu no escuro. No total foi 70 km de pedal, o que me deixou com ameaça de câimbras. Passei frio, pois não estava vestido adequadamente para pedalar a noite e no frio. Mas mesmo assim valeu muito a pena! Foi um pedal divertido e fazia pouco mais de um ano que não fazia um pedal tão longo. E o principal foi poder curtir um feriado me movimentando e não ficando dentro de casa vendo TV. E o arco-íris e o por do sol que pude admirar, serviu para ver como a natureza é bela, como Deus nos presenteia com coisas maravilhosas e que pouca gente vê ou admira.

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Quem pedala seus males espanta.

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Pit stop na Praça de Pedágio.

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Trevo de entrada da cidade de Mamborê.

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Amigos do Grupo Sou Bike.

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Arco-íris e por do sol, presentes de Deus.

Circuito Vou de Bike 2017 – Etapa Campo Mourão

Aconteceu em Campo Mourão neste domingo, 26, a Terceira Etapa do Circuito Vou de Bike 2017. E também foi a terceira vez que o Circuito Vou de Bike é realizado em Campo Mourão. Participaram pouco mais de 700 ciclistas, vindos de 46 cidades do Paraná, Mato Grosso do Sul e São Paulo. O evento foi um sucesso de público e organização.  Quem organizou essa etapa foi o grupo Sou Bike, de Campo Mourão.

Essa foi a terceira vez que participei do Circuito Vou de Bike em Campo Mourão, minha cidade. Tinham dois percursos, de 30 km e de 50 km. Optei por fazer o percurso menor, pois estava voltando de uma contusão de menisco. E no fim o percurso foi de 33 km, pois o pessoal errou na medição. O trajeto escolhido foi muito legal, principalmente o trecho que passava por uma grande plantação de eucaliptos próxima a represa da cidade. O clima ajudou, pois o sol estava fraco, a temperatura estava amena, ficou nublado a maior parte do tempo e não choveu. Esse ano tem mais dez etapas do Circuito e pretendo participar de mais algumas, de preferencia em cidades onde ainda não fui pedalar em outros anos.

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Estrada Real – 10° Dia

Aparecida/Cunha/Paraty

(Resumo)

Mesmo com metas bem definidas e difíceis, já dei bobeira logo no início. Eu deveria ter acordado mais cedo, tipo umas seis horas e iniciado a viagem antes das sete da manhã. Eu já tinha feito isso antes em dias de trechos difíceis. Acontece que eu estava excessivamente confiante, me sentia bem fisicamente e estava empolgado em terminar logo a viagem. Nisso acabei menosprezando um pouco o trecho que teria para percorrer nesse último dia. Para completar, a soma de atrasos que tive durante o dia, fizeram meu planejamento inicial ruir.

Vi muitos ciclistas vindo em sentido contrário descendo a serra, a maioria de bicicleta speed. Pelo jeito o pessoal costuma acordar cedo para pedalar, ainda mais sendo sábado. Muitos desses ciclistas ao me verem acenavam ou gritavam um olá. Eu acenava de volta e respondia os cumprimentos também. Perto das 11h00min eu já tinha percorrido 22 quilômetros desde minha saída de Aparecida. E os últimos 10 quilômetros tinham sido quase todos em subida. E finalmente cheguei numa das subidas mais difíceis da viagem. Seriam seis quilômetros de uma subida forte, praticamente escalando um morro. Por mais que estivesse preparado fisicamente e psicologicamente para encarar tal subida, a dificuldade me surpreendeu. Foi mais difícil do que eu imaginava e em muitos trechos tive que empurrar a bike, fazendo bastante força. O peso do alforje parecia que tinha dobrado. E o sol estava forte demais, aumentando meu desgaste físico. Acabei ficando sem água e empurrar a bike morro acima com a boca seca não foi nada agradável. E para piorar eu tinha que ficar atravessando de um lado para outro da estrada, toda vez que chegava numa curva. Era mais seguro seguir na contramão nas curvas, pois eu podia ver os carros vindo de frente e me espremia no canto da estrada. Em boa parte desse trecho de subida, praticamente não existia acostamento para eu seguir em segurança.

Vencida uma longa descida que serviu para eu descansar enquanto seguia no embalo, parei em um bar na beira da estrada para lanchar. Comi dois pastéis e bebi um litro de Guaranita. Esse foi o último lugar onde encontrei o saboroso refrigerante. Descansei dez minutos e voltei para a estrada, pois estrava bastante atrasado e não podia perder mais tempo. Estava me sentindo muito cansado e não tinha mais vontade nem de tirar fotos. Esse foi o dia em que tirei menos fotos em toda a viagem. Levei uma hora para percorrer 15 quilômetros alternando subidas e descidas medianas, até que cheguei no trevo de entrada da cidade de Cunha. Tinha um posto de informações turísticas logo na entrada da cidade. Fui até ele na esperança de conseguir o carimbo para o passaporte da Estrada Real. Para ganhar o certificado de conclusão da Estrada Real, são necessários 14 carimbos, incluído o último, que no meu caso seria o de Paraty. Eu estava com 12 carimbos e precisava carimbar meu passaporte em Cunha de qualquer jeito. Falando com a moça do posto de informações, descobri que o carimbo ficava em outro posto de informações, localizado no centro da cidade. Tive que entrar na cidade e após percorrer algumas ruas, precisei empurrar a bike numa ladeira monstruosa até chegar na praça central. Lá perguntei para meio mundo e ninguém sabia onde era a rua em que ficava o posto de informações turísticas. E para piorar existiam poucas placas informando o nome das ruas. Estava acontecendo uma festa na cidade, e tinham turistas por todo canto. Perdi meia hora para cima e para baixo, até encontrar o posto de informações. Para meu azar ele estava fechado para almoço e só abriria dali 15 minutos. E para piorar ainda mais, a funcionária atrasou 20 minutos para chegar e abrir o tal posto de informações turísticas. Ela estava substituindo a funcionária do posto e não sabia onde guardavam o carimbo. Ela teve que ligar para a funcionária que estava de férias para então saber o que fazer. Minha paciência estava no limite e fiquei me segurando para não ser rude ou mal educado. Finalmente consegui o 13° carimbo no passaporte. Só que nessa brincadeira de ter que entrar no centro da cidade, de procurar o local para carimbar o passaporte e mais os atrasos da funcionária do posto, me fizeram perder uma hora do meu precioso tempo. E essa uma hora iria fazer muita falta depois.

Por culpa do esforço físico demasiado e do forte calor, logo fiquei sem água. Felizmente encontrei uma lanchonete numa região muito bela. Parei comprar água e dei azar de ter pela frente uma atendente enrolada, que demorou um século para trazer minha água e depois para trazer meu troco. Na saída da lanchonete um rapaz que estava entrando puxou conversa. Ele disse que era ciclista e que um dia queria ter coragem para fazer uma viagem igual à que eu estava fazendo. Quando soube que eu pretendia dormir em Paraty, ele disse que eu não ia conseguir chegar lá antes de escurecer. Me aconselhou a dar meia voltar e dormir em Cunha, 15 quilômetros de onde estávamos. A mãe dele estava perto e ao ouvir nossa conversa se aproximou e me disse que era muito arriscado passar pela serra no escuro, pois tinha o risco de assaltos. Todo mundo me falava isso e eu teimoso não dava bola e só queria seguir em frente. Não sei se isso é excesso de fé, excesso de coragem, ou excesso de burrice. Não alonguei a conversa, me despedi e voltei para a estrada. O trecho seguinte foi muito difícil, e em alguns momentos tive que descer da bike e empurrar, de tão inclinada que a estrada era. Em uma curva acabei passando por um acidente que tinha acontecido há pouco tempo. Um carro que descia a serra velozmente acabou se perdendo na curva e bateu de frente com um carro que subia. O choque foi feio, mas felizmente ninguém se feriu. Com os dois carros parados no meio da pista, a mesma ficou bloqueada. E tinha risco de incêndio, pois vazou combustível de ambos os carros no asfalto quente. Passei rapidinho pelo canto da pista e tomando cuidado com o combustível que formava uma pequena enxurrada. Depois de me distanciar do acidente, olhei para o céu e agradeci por não estar passando por ali na hora do acidente, pois fatalmente seria atingido pelos carros. Pelos meus cálculos o que me livrou de estar no local do acidente no momento em que os carros bateram, foi ter parado conversar com o rapaz na lanchonete quando parei comprar água.

Passaram cinco rapazes de moto por mim. Eles estavam em três motos e ficaram me olhando de um jeito estranho. Senti muito medo e achei que seria assaltado. Parei num canto da estrada e esperei que o casal de ciclistas passasse por mim e seguissem na frente. Esperei 15 minutos e voltei a pedalar. Como estava em um ritmo mais forte do que o casal de ciclistas, achei que antes de chegar em Paraty passaria por eles novamente. Mas não vi mais o tal casal. E o motivo foi que minha bike quebrou faltando oito quilômetros para chegar na cidade. Dessa vez a corrente se rompeu e nada podia ser feito para resolver o problema. O jeito foi empurrar a bike até Paraty.

Foi um pouco tenso empurrar a bike no escuro, mas felizmente logo cheguei em ruas iluminadas e um pouco movimentadas. No fim das contas não tive nenhum problema com relação a assaltos. Não sei se por sorte, destino ou proteção divina. Dei uma olhada no guia e com o mapa da cidade em mãos não foi difícil encontrar o Hostel Paraty, local onde eu ficaria nos dias que permaneceria na cidade. Tinha feito a reserva pela internet, atraído pelo preço baixo e pela boa localização. O hostel ficava próximo ao Centro Histórico, que é o point local. O bairro era meio estranho e sujo, e depois ouvi dizer que era perigoso. Mas não tive nenhum problema.

Encontrei o hostel e parei em frente ao seu portão. Eu estava sujo e meu fedor naquele momento era extraordinário. Precisava urgentemente de um banho, pois nem eu estava aguentado meu próprio cheiro. Apertei a campainha, me identifiquei e abriram a porta. O hostel funcionavam em um sobrado, com uns puxadinhos ao lado. Deixei a bike encostada num canto nos fundos e subi até a recepção. Fui atendido por um rapaz com sotaque hispano. Ele me explicou rapidamente o funcionamento do lugar e me levou até o meu quarto. Era um quarto coletivo, com três beliches.

Como todos tinham saído, fiquei sozinho no quarto ouvindo o barulho do ar condicionado poucos centímetros acima de minha cabeça. E até o sono chegar fiquei pensando e remoendo os problemas que tinha tido nesse último dia de viagem. Era para ter terminado a viagem durante o dia à beira bar, onde eu tiraria a foto final da cicloviagem. Terminar a viagem no escuro e empurrando a bike, foi bastante frustrante, principalmente por culpa dos erros de estratégia que tinha cometido durante o dia. E somado a isso os atrasos e as quebras fizeram ruir meu planejamento. Mas esse final meio melancólico não tirava o brilho da viagem num todo, pois pedalar 600 e poucos quilômetros pelos lugares em que passei, não é uma tarefa para qualquer um. E as viagens por mais que sejam planejadas, sempre existem imprevistos que fogem ao nosso controle e a nossa vontade. Então eu podia ficar chateado e frustrado por um tempo, mas logo isso ia passar e eu me sentiria um vitorioso por ter conseguido finalizar a viagem tão esperado pelo Caminho Velho da Estrada Real. E foi em meio a tais pensamentos que peguei no sono e dormi profundamente.

*Para ler o relato completo sobre esse dia de viagem, ou sobre toda a viagem pela Estrada Real, adquira o livro “Estrada Real Caminho Velho”, autor Vander Dissenha.

À venda a partir de 01/11/2016 

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Estrada Real – 5° Dia

São João del Rei/Caquende/Capela do Saco/Carrancas

(Resumo)

Acordei 06h00min em ponto, com ajuda do despertador do celular. Tomei um longo banho para despertar, arrumei minhas coisas e saí. Na noite anterior tinha combinado com a Lua, que jogaria por baixo da porta a chave do hostel. Mesmo sendo cedo, o sol estava alto no céu, prometendo um dia de muito calor. Tirei uma foto da frente do hostel, olhei o guia para saber que rumo tomar e parti. No caminho parei em frente uma igreja e fiz uma oração na calçada.

Saí de São João del Rei pedalando por uma longa avenida e então cheguei numa estrada que me levaria até a rodovia.  Logo de cara tinha uma longa subida e fui pedalando devagar, ainda aquecendo as pernas. Após vencer a longa subida, resolvi parar na beira da estrada e tomar meu café da manhã, que consistia de duas bananas. Depois de comer, notei que o pneu da frente estava um pouco murcho. Peguei a bomba de encher e a encaixei no bico do pneu. E ao começar a bombear, em vez de encher o pneu murchou ainda mais. Foi aí que vi que o bico da bomba estava quebrado. O pneu ficou muito vazio e não tinha como pedalar. Eu não queria voltar até a cidade para procurar algum lugar onde encher o pneu. Resolvi arriscar e segui em frente na esperança de encontrar algum posto de gasolina onde pudesse encher o pneu. Empurrei a bike por cerca de um quilômetro, quando vi uma pessoa vindo pelo outro lado da estrada. A imagem era meio surreal, pois se tratava de uma moça vestindo uma justíssima roupa de ginástica toda colorida, caminhando pelo acostamento e ouvindo música com fones de ouvido. Quando ela chegou perto de mim, notei que a roupa era extremamente justa e destacava de forma exagerada as curvas da moça. Dei bom dia e perguntei se ela sabia de algum posto de gasolina próximo dali. Ela respondeu que mais uns 500 metros eu chegaria na rodovia, e que seguindo para o lado direito demoraria muito para eu encontrar um posto. E que para o lado esquerdo da rodovia ela nunca tinha ido e não sabia responder se existia algum posto. E falou que na casa dela tinha uma bomba de encher pneus e que se eu quisesse ela me emprestava. Ela morava na cidade, distante cerca de cinco quilômetros de onde estávamos. Agradeci a oferta e disse que preferia arriscar e seguir em frente. Nos despedimos e segui pensando se não era perigoso a tal moça caminhar sozinha ao lado da estrada deserta. E se eu não devia ter aceitado a oferta da moça e ido até a casa dela encher o pneu.

A rodovia estava muito movimentada e por segurança fui pedalando pelo acostamento. Mas ele era horrível, com muitos buracos e pedras soltas, sem contar o mato que muitas vezes arranhava minha canela e tornozelo direito. E o pior é que pedalando pelo acostamento ruim eu não conseguia andar muito veloz. Esse seria um dia em que precisava pedalar dezenas de quilômetros, e ganhar tempo era necessário para conseguir chegar em Carrancas, cidade onde planejava pernoitar. E no meio do caminho teria que atravessar uma balsa, e caso ocorresse mais algum contratempo eu corria o risco de perder a balsa e ter que dormir na rua. Pensando em tudo isso, segui pedalando sob um sol que ficava cada vez mais quente, até que um caminhão passou por mim buzinando de forma estridente. Era o caminhoneiro que tinha me ajudado com o pneu da bike. Acenei para ele e em pensamento agradeci pela ajuda recebida.

Após superar um longo trecho de curvas e subidas, finalmente cheguei em um trecho com sombra, retas e descidas. E passei por dois outros puteiros ao lado da estrada. Um deles tinha o nome “Capa de Revista” pintado na fachada. “Capa de Revista” foi uma música de sucesso nos anos oitenta, cantada pela dupla Gilberto & Gilmar. Segui pedalando forte pelas retas e descidas da estrada, enquanto cantava… ♫♪Capa de revista, exposta na banca pra todos verem. Um dia a tarde, andando na rua me surpreendi. Quando numa banca vi um corpo nu, queimado do sol. Conhecido meu a tempos atrás me pertenceu. Como eu era feliz… ♫♪ Pedalei muitos quilômetros cantarolando esse trecho da música. Sabe quando você começa a cantar uma música e não consegue parar? Acho horrível quando isso acontece, quando a música vem à mente sem eu querer e eu não consigo deixar de cantar, por mais que me concentre e tente não cantar.

Vi uma placa ao lado da estrada que indicava a entrada para o Circuito das Águas. Por essa estrada seriam 135 quilômetros para chegar na cidade de Caxambu. Fiquei bastante tentado a seguir por essa estrada, pois seria um bom atalho, já que Caxambu estava em meu roteiro. Mas se fizesse isso eu estaria deixando grande parte da Estrada Real de lado e isso faria minha viagem perder o sentido. Me mantive fiel à Estrada Real, apenas deixando muitas vezes de seguir por estradas de terra, e optando por seguir por estradas asfaltadas. E vale lembrar que muitos trechos originais da Estrada Real foram asfaltados e hoje fazem parte de grandes rodovias. O que acontece é que muitas vezes acabam existindo trechos alternativos de terra, que são mais seguros.

Pouco antes do meio dia e sob um sol escaldante, cheguei em São Sebastião da Vitória. Estava com pouca água e ela estava quase fervendo. Vi um posto de gasolina e nele um bebedouro. Fui pedalando todo alegrinho na esperança de encontrar água gelada, mas o bebedouro estava quebrado. Mesmo assim consegui matar a sede com uma água pouco mais fresca que a minha. Voltei a pedalar e segui pela rodovia, que atravessava toda a pequena cidade. Me lembrei de que estava sem dinheiro e fui olhando atentamente a procura de uma Casa Lotérica, onde eu pudesse sacar dinheiro de minha conta da Caixa Econômica Federal. Parei em uma farmácia pedir informação e a atendente contou que tinha uma loja onde era possível fazer saques, mas que a dona não estaria lá naquela hora do dia. Segui em frente olhando para os lados a procura de um local para lanchar e que aceitassem cartão de débito. Vi uma panificadora e quando ia entrar nela, do outro lado da rua vi um pequeno restaurante com uma placa anunciando “comida caseira”. Não resisti e fui até o restaurante. Meu plano desde o início era nunca fazer refeições na hora do almoço, mas apenas lanches leves, pois pedalar com o estômago muito cheio não é nada produtivo. Mas estava cansado de comer lanches nos últimos dias e minha fome era grande.

Cheguei no pequeno povoado de Caquende. Fui até a pequena igreja do povoado, tirei uma foto em frente a ela e me informei sobre o caminho a seguir até o local onde deveria pegar a balsa. Não era longe e em poucos minutos parei na margem do rio, no exato local onde a balsa costuma parar. No mesmo local estava o motoqueiro que tinha passado por mim há pouco. Começamos a conversar, ele era paulista de Ribeirão Preto. Me contou que já foi ciclista e que já tinha viajado de bike. Daí comprou a moto e resolveu percorrer a Estrada Real. Ele tinha sofrido uma queda pouco antes de passar por mim na estrada e além de sofrer alguns esfolados, também ralou a moto e quebrou um pisca traseiro. Próximo de onde estávamos tinham alguns caras pescando e nos informaram que a balsa demoraria cerca de meia hora para voltar, pois ela tinha acabado de atracar em Capela do Saco, no outro lado do rio. Tirei algumas fotos, conversei mais um pouco com o motoqueiro, cujo nome não anotei e não consigo lembrar. O sol estava muito quente, eu estava todo molhado de suor e cheio de poeira. Olhei o rio em volta, sua água era clara, pois o fundo era de areia grossa. Vi que próximo onde a balsa atracava era raso e não resisti, tirei meu tênis, meias e camisa, ficando de bermuda somente e entrei na água.

Comecei a me sentir muito cansado e isso não ajudava muito, pois o cansaço deixa nosso raciocínio lento. E por culpa do cansaço e da preguiça de pegar o guia e olhar mais detalhadamente as indicações do caminho, passei a seguir os marcos da Estrada Real. Até que numa encruzilhada não prestei muita atenção na direção que o marco indicava e acabei seguindo pela estrada errada. O problema é que demorei muito para perceber o erro. Enquanto ainda achava que estava no caminho certo, comecei a pedalar por um trecho com muita areia e mato dos dois lados da estrada. O sol estava se pondo e era um pouco assustador pedalar ali, pois da mata vinham ruídos estranhos. E a areia ficou tão fofa, que tive que descer e empurrar a bike. Até cheguei a pensar que tinha finamente chegado na famosa subida da “cruz das almas”, mas quando cheguei no final da subida vi pelo aplicativo do celular que ela tinha somente um quilômetro de extensão. Então não poderia ser a famosa e assustadora subida de quatro quilômetros.

O dia estava começando a escurecer e passei a seguir por uma estrada longa, com pasto dos dois lados. Eu subia quase o tempo todo, mas não era uma subida íngreme. E cada vez eu ficava mais perto das montanhas que tinha visto antes. Foi aí que tive certeza de que estava no caminho errado. E tinha quase certeza de que tinha errado o caminho quando passei pelo último marco da Estrada Real, já que depois disso não vi mais nenhum marco. Tentei me localizar olhando o guia, mas não consegui chegar a nenhuma conclusão objetiva. Na verdade eu não sabia ao certo onde estava e nem para onde a estrada seguia. Voltar ao local onde tinha errado o caminho era algo fora de cogitação, pois já tinha percorrido mais de dez quilômetros depois disso e tinha passado por muita areia. Resolvi confiar na sorte e seguir em frente. A noite foi chegando e passou um ônibus escolar por mim. Mas ele chegou tão silencioso que me assustei quando percebi ele atrás de mim. E no susto acabei não dando sinal para o motorista parar para eu pedir informação sobre o caminho. Parei e fiquei olhando o ônibus seguir pela estrada, e quando ele já estava bem distante vi ele virar na direção da montanha, que ficava cada vez mais perto. E notei que ele passou a andar mais veloz e comecei a ver luzes de carros. Ou seja, ali tinha uma estrada, possivelmente asfaltada. Ganhei um animo extra e pedalei mais forte até que uns dois quilômetros depois cheguei numa rodovia. Parei e fiquei pensando para qual lado deveria seguir. Não tinha nenhuma placa indicando o caminho e após pensar um pouco cheguei à conclusão de que a cidade de Carrancas ficava na direção das montanhas. Tinha ficado escuro e peguei a lanterna que ficava guardada na bolsa de guidão. A lanterna ainda não tinha sido usada na viagem e estava com a bateria cheia, o que me dava cerca de duas horas de autonomia de luz. Ela era bem forte, tinha sido comprada especialmente para a viagem, para o caso de alguma emergência noturna. E naquele momento eu estava numa emergência, no escuro, seguindo por uma estrada que eu não sabia ao certo para onde ia.

Para piorar minha situação fiquei sem água. E empurrar a bike montanha acima me fazia suar em bicas. Teve um trecho onde eu passei bem próximo a um alto paredão de rocha. E vi que recentemente tinham caído algumas pedras enormes ao lado da estrada. Era o que me faltava, cair uma pedra na minha cabeça! Passei o mais rápido que consegui por aquele trecho e quando me senti mais seguro parei para descansar. Aproveitei para guardar o guia na bolsa de guidão e fechá-la totalmente com o zíper, pois no escuro tinha receio de algo cair da bolsa e eu não ver. E ao mexer na bolsa de guidão, acabei encontrando o bombom que a Lua tinha deixado em meu travesseiro, na noite anterior no hostel em São João del Rei. Comi aquele bombom com um prazer indescritível. E todo aquele açúcar me deu nova energia para seguir empurrando a bike montanha acima. E nisso gritei bem alto um “obrigado Lua!”. E por falar em lua, ela surgiu (não a Lua do hostel) no céu, iluminando meu caminho. Não sei ao certo quanto tempo empurrei a bike morro acima, pois estava tão cansado que nem tinha vontade de pegar o celular no bolso traseiro da camisa para ver o horário ou a distância.

A descida era radical e com uma curva atrás da outra. E minha lanterna foi ficando fraca, até quase não iluminar nada. O que ajudava um pouco era a luz da lua. No começo ia segurando no freio, com medo de cair em algum buraco da estrada Mas notei que tinham algumas marcas mais escuras no asfalto, resultado de um recape recente. Isso me fez sentir mais seguro, e criei confiança e passei a descer rápido pela estrada. Não passavam carros e eu seguia pelo meio da pista. Comecei a sentir frio, mas nem ligava e seguia no embalo, sem precisar pedalar. Aquilo era muito radical, perigoso e gostoso. Com certeza esse foi um dos melhores e mais perigosos pedais que já fiz na vida. Foi um momento, uma aventura inesquecível, mas que espero não precisar mais repetir, pois foi perigoso demais. Descer aquela serra em alta velocidade, com peso traseiro e mal conseguindo enxergar a estrada direito é algo de gente maluca. Mas eu estava seguro do que estava fazendo e o risco era calculado. E também sou um cara de fé e meu anjo da guarda, coitado, sempre está ao meu lado. Costumo brincar que meu anjo da guarda não tem mais penas nas asas, que é manco e tem muitas fraturas e pontos pelo corpo. Vez ou outra ele falha e eu me estrepo, mas quase sempre ele está a postos e me livra dos perrengues.

Não sei dizer quanto tempo durou a descida, mas quando chegou no fim passei a pedalar por uma longa reta e sentia muita dor nas pernas. Eu não estava tendo mais forças para pedalar, mas precisava seguir em frente, pois estava cada vez mais perto de Carrancas. Nesse trecho passaram muitos carros por mim. Parecia que os carros estavam esperando eu descer a montanha, para então passarem. Cheguei num pequeno trevo e achei que era a entrada para Carrancas, mas lendo uma placa descobri que o caminho não era aquele. Pedalei mais uns dois quilômetros e logo comecei a ver luzes e algumas casas. Finalmente eu tinha chegado em Carrancas. Segui por uma longa avenida e após uma pequena descida vi uma praça e uma igreja. Como a cidade não era muito grande, sabia que ali era o centro da cidade. Ao meu lado parou um carro e quando me virei para olhar o que era, vi uma bela e jovem mulher ao volante. Antes que eu dissesse algo, ela perguntou se eu precisava de ajuda. Respondi que estava procurando a Pousada da Mica. Ela disse que a pousada ficava perto, e que eu deveria subir duas quadras e virar à direita, que mais 100 metros eu chegaria na pousada. Agradeci a informação e ela respondeu que ao me ver percebeu que eu era um viajante e que fatalmente precisava de ajuda.

Antes de me ajeitar para dormir, liguei para casa dar noticiais e fiz algumas anotações em meu diário de viagem. Em seguida apaguei as luzes e deixei a janela aberta, pois a noite estava um pouco quente. Me deitei e mal sentia meu corpo, e minhas pernas doíam muito. Resolvi tomar um Dorflex e quando estava quase pegando no sono, ouvi vozes debaixo da janela do meu quarto. Discretamente fui espiar e vi que era um casal, sendo que a garota era muito jovem e bonita. Voltei para a cama e fiquei ouvindo a conversa dos dois, que nem imaginavam que eu estava próximo a eles, escutando tudo o que falavam. O rapaz era bom de papo e estava tentando levar a garota para a casa dele, pois seus pais tinham viajado. A garota estava se valorizando, dizia que era virgem e que ele estava indo rápido demais. Mas o cara era muito bom de papo e após uns 15 minutos de conversa a garota estava quase cedendo.  Atento a conversa dos dois esqueci as dores e o cansaço, mas acabei pegando no sono e jamais saberei se a garota foi ou não para a casa do rapaz.

*Para ler o relato completo sobre esse dia de viagem, ou sobre toda a viagem pela Estrada Real, adquira o livro “Estrada Real Caminho Velho”, autor Vander Dissenha.

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Preparativos para a Estrada Real

Nos dias que antecederam a viagem, peguei forte nos treinamentos com bicicleta, principalmente em trechos de subida. Já fazia dois meses que fazia aulas de spinning duas vezes por semana. A professora pegava pesado, então eu estava até que bem fisicamente. E vez ou outra também fazia algum pedal com os amigos do Grupo Sou Bike, de Campo Mourão, cidade onde vivo e que fica no Oeste do Paraná. Estava ciente de que não iniciaria a viagem cem por cento preparado, mas sabia que a cada dia de pedalada iria me condicionar melhor fisicamente. Iniciaria a viagem percorrendo trechos menores e fazendo algumas pausas maiores para descanso. E na metade final da viagem, percorreria trechos mais longos e descansaria menos. A estratégia era essa e durante a viagem se mostrou correta, sendo que cometi somente um erro de estratégia, justamente no último dia de viagem.

Fiquei alguns dias pensando sobre qual bicicleta utilizar na viagem. Não sabia se utilizava minha bicicleta aro 26 ou se comprova uma bicicleta aro 29, para realizar a viagem com ela. Pesquisei sobre o assunto, li alguns relatos de cicloturistas que percorreram a Estrada Real nos últimos anos e somado com a experiência que adquiri na cicloviagem de 2011 pelo Caminho da Fé, optei por viajar com minha velha bike aro 26. Foram dois motivos principais que me fizeram decidir pela aro 26. O primeiro motivo foi que ela é mais resistente para as estradas ruins que eu iria percorrer, principalmente carregando doze quilos de bagagem. E segundo, em razão da manutenção, pois ela é mais fácil na aro 26. A aro 29 com freio hidráulico, tem uma manutenção mais difícil e especifica, que carece de algumas ferramentas especiais que não se encontra em qualquer oficina de bicicletas. Por experiência anterior sabia que na maioria das cidades pequenas do interior não existem mecânicos especializados, peças ou ferramentas próprias para bicicletas com freio a disco/hidráulico. Quando de minha viagem pelo Caminho da Fé, conheci dois ciclistas que desistiram da viagem antes da metade do caminho, por culpa de problemas de freio. Eles não encontraram nenhuma oficina de bicicletas que tivessem ferramentas para consertarem seus freios a disco. Por isso tiveram que cancelar suas viagens e voltar para casa.

Também em razão de leituras e experiência, optei por não levar mochila de hidratação, mais conhecida como Camel Back. Ela vai nas costas e nela cabem em média dois litros de água. O problema é que a mochila acaba esquentado as costas e te faz suar mais do que o normal. E no caso de cicloviagem, onde geralmente você pedala de seis a dez horas por dia, a mochila de hidratação acaba mais atrapalhando do que ajudando. Diante disso, minha escolha foi levar uma garrafa plástica de um litro, que vai no suporte da bike, e no caminho comprava garrafas de água mineral de 1,5 litro e amarrava ela na garupa da bike. Isso se mostrou muito prático durante a viagem, mesmo quando a água ficava morna dentro das garrafas. Mas na mochila de hidratação isso não seria muito diferente.

Eu já tinha quase todo o equipamento necessário para executar a viagem de bike. Tinha a bicicleta, o principal item. Também tinha o alforje, que é aquela mochila que vai numa garupa atrás na bike. Tinha uma bolsa para guidão e uma para o cano, ambas novas, que tinha comprado em minha última viagem aos Estados Unidos, em 2011 e nunca as tinha usado. Tinha roupas de ciclismo, ferramentas e todos os itens pequenos necessários para a viagem. A única coisa que faltava era a garupa para colocar na parte traseira da bike, e nela acondicionar o alforje com as roupas, remédios, material de higiene e outras coisas mais. A questão da garupa resolvi rapidamente, tendo encomendado a um amigo que foi ao Paraguai, que trouxesse uma para mim, com sistema de chaveta, que tornava fácil colocar e tirar a garupa da bike. E além de barata, essa garupa se mostrou prática e resistente. E também tinha a mala bike, uma espécie de bolsa enorme onde você coloca a bike dentro, depois de tirar as rodas e os pedais e daí pode carregar ela no ombro. A vantagem de carregar a bike numa mala bike, é que não reclamam da bike quando você vai pegar um ônibus ou um avião. Já cheguei a andar no Metrô de São Paulo com minha bike dentro da mala bike e não tive problema algum.

Na viagem eu teria autonomia para levar nove quilos no alforje traseiro e mais dois quilos na bolsa de guidão. Foi complicado escolher o que levar e que ficasse dentro dessa autonomia de peso. Primeiro separei os itens mais importantes e que não poderia deixar para traz. Depois separei os de meia importância e por último as miudezas. No final pesei tudo e o peso excedente eliminei tirando algumas roupas. Também separei o guia que utilizaria na viagem e um caderno onde faço anotações e que acaba sendo meu diário de viagem. É esse caderno que me ajuda a escrever, pois através das anotações que faço nele é que escrevo sobre a viagem no meu blog e depois utilizo tais informações para ajudar a escrever meus livros sobre viagens. E as informações do caderno são completadas com as muitas fotos que tiro e também com a memória, que por enquanto é boa.

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Equipamento pronto, seguindo para o aeroporto, rumo Belo Horizonte.

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Em Ouro Preto – MG, fazendo turismo.

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Hostel Imperial em Ouro Preto, ponto de partida para a Estrada Real.

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Primeiros quilômetros de Estrada Real, com muitas subidas e curvas.

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Antiga ponte, no Caminho Velho da Estrada Real.

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Belas paisagens e longas subidas.

História da Estrada Real

A Estrada Real é um conjunto de vias e caminhos criados pela Coroa Portuguesa durante o período do Brasil Colônia, cujo objetivo era o acesso a metais preciosos como ouro e diamantes do interior de Minas Gerais e o transporte para a metrópole portuguesa. A Estrada Real começou a ser construída no século XVII para ligar a região do litoral carioca às regiões produtoras de ouro do interior de Minas Gerais.

A Estrada Real ligava Ouro Preto (na época, Vila Rica), em Minas Gerais ao Porto de Paraty, no Rio de Janeiro. O caminho era usado para transportar o ouro e demais carregamentos da cidade mineira até o porto. Ao longo do caminho, foram sendo fundadas vilas e diversos pontos de parada para os tropeiros, mineradores e outros viajantes que faziam o percurso da Estrada Real. Na época, seu percurso levava sessenta dias para ser feito devido às dificuldades de percurso na estrada de terra que atravessa a Serra da Mantiqueira e da distância. Este caminho estendia-se por localidades como Caeté e Sabará também, recebendo por isso o nome de Caminho do Sabarabuçu.

No século XVIII a necessidade de um caminho mais seguro e rápido até o porto, fez com que a Coroa ordenasse a construção de uma outra rota que ficou conhecida como Caminho Novo. O Caminho Novo passou a ligar Vila Rica ao porto do Rio de Janeiro enquanto que a rota de Paraty passou a ser conhecida como o Caminho Velho, ou Caminho do Ouro.

Com a descoberta das pedras preciosas em Arraial do Tejuco (atual Diamantina), a estrada se estendeu até a região, deixando Vila Rica como o centro de convergência da Estrada Real. Tal via ganhou o nome de Caminho dos Diamantes. Essa rota tinha a intenção de conectar a sede da Capitania, Ouro Preto, à principal cidade de exploração de diamantes, Diamantina.

Com a grande movimentação de pessoas, mercadorias e riquezas, intensificou-se o processo de povoamento da região, dando origem a vilas e cidades criadas à beira do curso oficial. Paralelamente, outras vias clandestinas chamadas de descaminhos, começaram a ser abertas para que os mineradores conseguissem fugir da fiscalização e dos postos de inspeção, chamados Registros, e, desta forma, evitar o pagamento de tributos.

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Início do Caminho Velho da Estrada Real, saindo de Ouro Preto – MG.

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Antiga ponte de pedra, no Caminho Velho.

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Trecho entre Ouro Preto e Ouro Branco.

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Uma das muitas placas que sinalizam a Estrada Real.

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Ciclovia próximo a cidade de Conselheiro Lafaiete – Mg.

Estrada Real, um antigo sonho!

Não me lembro quando foi a primeira vez que ouvi falar na Estrada Real. A única coisa que lembro foi que há uns quinze anos li um livro, cujo nome e autor não lembro, onde um cara contava sobre sua experiência de percorrer a pé alguns trechos do Caminho Velho da Estrada Real. Depois de ler tal livro, sempre que via alguma notícia sobre a Estrada Real eu prestava mais atenção e foi aí que nasceu a vontade de algum dia percorrer tal estrada.

Em 2005 fiquei alguns meses sem trabalhar, pois tinha pedido demissão do meu emprego em Curitiba, onde vivia na época, e esperava abrir uma vaga na mesma empresa, para então voltar a trabalhar. Essa esperava durou cinco meses e nesse meio tempo fiz planos de percorrer um trecho da Estrada Real. Mas por razões pessoais acabei abortando a viagem alguns dias antes de partir.

No final de 2011 eu estava com tudo pronto para finalmente percorrer a Estrada Real. A passagem aérea até Belo Horizonte estava comprada, o equipamento estava pronto, a bike nova que tinha comprado para tal viagem estava desmontada e acondicionada na mala bike. Mas um dia antes de embarcar para Minas Gerais tive que cancelar tudo. Dessa vez o que impediu a viagem foi a chuva intensa que castigava Minas Gerais e até mortes causou na região onde eu ia pedalar. Depois disso acabei fazendo algumas viagens para fora do Brasil e não deu mais certo de ir para a Estrada Real.

Em 2016, após onze anos de espera e adiamentos, finalmente chegou o momento de realizar a sonhada viagem pela Estrada Real. Foi tudo muito rápido, sem muitos planos. Um mês antes de sair de férias pensei em fazer alguma viagem de aventura, que durasse poucos dias e que tivesse baixo custo. Então me veio à mente percorrer o Caminho Velho da Estrada Real, que possui cerca de seiscentos quilômetros de extensão.

Até então eu tinha feito uma única cicloviagem, que foi em março de 2011, quando percorri quinhentos e um quilômetros do Caminho da Fé, entre as cidades de Descalvado e Aparecida (que não se chama Aparecida do Norte, como a maioria pensa), no Estado de São Paulo, mas que tinha boa parte do percurso pelo interior de Minas Gerais. Nessa viagem demorei treze dias, pois peguei sete dias de muita chuva, o que atrasou a viagem, principalmente o longo trecho de serras em Minas Gerais.

Meu plano era percorrer a Estrada Real entre sete e dez dias, se não chovesse. Escolhi o Caminho Velho, que é o mais antigo e tradicional trecho da Estrada Real. Ele vai de Paraty, no Rio de Janeiro, até Ouro Preto, em Minas Gerais, passando por um trecho do Estado de São Paulo. Optei por fazer o caminho inverso, ou seja, saindo de Ouro Preto e terminando em Paraty. O motivo de tal escolha foi que ficava mais fácil minha logística, seguindo de avião até Belo Horizonte e de lá pegando um ônibus até Ouro Preto. Também foi fator decisivo em tal escolha, o fato de fazendo o caminho inverso ter doze por cento menos subidas. E por último, achei mais motivador e chique terminar a viagem no litoral. Estes três fatores foram decisivos na hora de escolher qual caminho e que direção seguir.

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Um dos marcos da Estrada Real.

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Placa da Estrada Real, na entrada de Queluzito – MG.

Estrada Real

HISTÓRIA

A Estrada Real (ER) é a maior rota turística do país. São mais de 1.630 quilômetros de extensão, passando por Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. Hoje, ela resgata as tradições do percurso valorizando a identidade e as belezas da região.

A sua história surge em meados do século 17, quando a Coroa Portuguesa decidiu oficializar os caminhos para o trânsito de ouro e diamantes de Minas Gerais até os portos do Rio de Janeiro. As trilhas que foram delegadas pela realeza ganharam o nome de Estrada Real.

Histórias e memórias permeiam cada canto da Estrada Real. Os caminhos são ricos não só das histórias que contam nos livros, mas daquelas que são passadas no boca a boca por gerações. As rotas da ER estão intimamente ligadas à própria história do Brasil e quem percorrê-la terá a chance de levar na bagagem séculos de lutas, conquistas e descobertas que foram fundamentais para o desenvolvimento do país.

CAMINHOS

CAMINHO VELHO

Também chamado de Caminho do Ouro, foi o primeiro trajeto determinado pela Coroa Portuguesa e liga Ouro Preto a Paraty.

CAMINHO NOVO

Criado para servir como um caminho mais seguro ao porto do Rio de Janeiro, principalmente porque as cargas estavam sujeitas a ataques piratas na rota marítima entre Paraty e Rio.

CAMINHO DOS DIAMAMANTES

O caminho tinha a intenção de conectar a sede da Capitania, Ouro Preto, à principal cidade de exploração de diamantes, Diamantina.

CAMINHO SABARABUÇU

Distrito de Ouro Preto, o lugar é cercado por esplêndidas paisagens de montanha e lendas que permeiam o imaginário popular.

PASSAPORTE DA ESTRADA REAL

O Passaporte da Estrada Real é um documento voltado para os viajantes que querem percorrer os Caminhos da Estrada Real. Esse documento deve ser carimbado nos pontos oficiais e apresentado no final para a retirada do Certificado.

FONTE: Instituto Estrada Real

http://www.institutoestradareal.com.br

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Um dos muitos marcos da Estrada Real, espalhados pelo caminho.

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Placa existente entre as cidade de Ouro Preto e Ouro Branco, em Minhas Gerais.

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Passaporte da Estrada Real.

Circuito Vou de Bike – Etapa Roncador/Pr

Domingo de chuva e frio, foi dia de levantar de madrugada e viajar cem quilômetros para participar de mais uma etapa do Circuito Vou de Bike. Dessa vez a etapa ocorreu na cidade de Roncador.

O tempo ruim atrapalhou um pouco e muitos ciclistas inscritos desistiram de participar do evento. Mesmo assim a etapa de Roncador foi um sucesso, pois foi bem organizada e o pessoal que trabalhou no apoio era muito simpático.

A princípio seriam dois percursos, sendo um de 35 km e outro de 50 km. Mas o barro deixou os percursos ruins e optaram por deixar de lado alguns trechos e acabou ficando somente um percurso de 30 km.

Dessa vez fiquei no final do pelotão, junto com amigos do Grupo Sou Bike. Foi muito divertido, pois rimos muito, paramos muitas vezes para tirar fotos e conversar. Sem dúvida essa etapa do Circuito vou de Bike será inesquecível!

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Parte do Grupo de Campo Mourão.

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Momento da Largada.

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Pedalando na chuva.

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Chegada…

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Circuito Vou de Bike – Cianorte

Hoje estive em Cianorte, participando de mais uma etapa do Circuito Vou de Bike. O difícil foi acordar às 05h40min numa manhã de domingo, num frio de sete graus. Somente malucos e apaixonados por ciclismo para fazer algo assim! Os 85 quilômetros de estrada até Cianorte foram tranquilos, pois parte da estrada está bem conservada e foi duplicada recentemente.

Em Cianorte encontrei os amigos do Grupo Sou Bike, de Campo Mourão, que estavam presentes em grande número no evento. Pouco após às 08h00min foi dada a largada do evento. Estavam presentes cerca de seiscentos ciclistas. Percorremos muitas ruas do centro da cidade, tendo a Polícia Militar como batedores. Depois ao chegar na área rural da cidade, o pessoal foi dispersando, alguns indo mais rápidos e isso facilitou o pedal. Tinha muita areia na estrada, o que tornava um pouco perigoso o pedal e exigia atenção dobrada.

O percurso foi muito bacana, passamos por locais bonitos. Teve algumas subidas, mas nada de dar medo. Vi alguns acidentes pelo caminho, mas nada grave. Teve um que foi engraçado, onde uma colega do nosso Grupo conseguiu cair dentro de uma poça d’agua. Outra colega de nosso grupo passou mal após dezesseis quilômetros de pedal e tivemos que socorre-la. Ela teve problema de pressão e acabou seguindo num carro de apoio e depois teve socorro médico. Felizmente não foi nada grave e dessa experiência foi legal a ajuda que muitos ciclistas desconhecidos deram. Como o Circuito Vou de Bike não é uma competição, os ciclistas acabam se preocupando com os demais e param para auxiliar sempre que possível. Eu tive um pequeno problema com o protetor solar que entrou em meu olho e fui socorrido por uma ciclista que eu não conhecia e que meu viu tentando lavar o olho. Então ela veio em minha direção e ofereceu um toalhinha limpa, para eu limpar meu olho.

Tinham dois percursos, um com 35 quilômetros e outro com 58 quilômetros. Optei pelo percurso menor, pois estava com muita dor no tornozelo direito, em razão de ter virado o pé na noite anterior, ao pisar num buraco. De complicado apenas a temperatura, pois iniciamos o Circuito com nove graus e terminamos com vinte e um graus. Ou seja, passámos frio no início do pedal e sofremos com o sol e o calor no final. Após o pedal foi servido um delicioso almoço, teve entrega de troféus para as equipes participantes e sorteio de prêmios, inclusive de uma bike nova.

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Aquecimento…

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Pedalando na areia.

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Passando pela pequena cidade de Vidigal.

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Gysele e seu tombo histórico.

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Com a galera!

Longa subida.
Longa subida.

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Ponto de apoio.

Quase no fim do circuito.
Quase no fim do circuito.

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Foto ridícula na chegada.

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Identificação…

Circuito Vou de Bike

Aconteceu no último domingo mais uma etapa do Circuito Vou de Bike, dessa vez na cidade de Campo Mourão. Esse circuito de ciclismo que acontece no interior do Paraná, tem crescido a cada ano e novas cidades estão realizando etapas do circuito. Foi a primeira vez que o Circuito Vou de Bike aconteceu na cidade de Campo Mourão, onde foi organizado pelo grupo de ciclismo, Sou Bike.

Cerca de 700 ciclistas de 25 cidades se inscreveram, mas por culpa da chuva e o frio intenso, alguns desistiram de participar. Mesmo assim a etapa ocorrida na cidade de Campo Mourão foi um sucesso, tanto de participantes, quanto de organização. A princípio seriam duas rotas, uma de 30 e outra de 50 quilômetros, quase toda passando por estradas rurais. Mas por culpa da chuva os percursos foram abreviados, sendo que o de 30 passou para 22 quilômetros e o de 50 para 42 quilômetros. O barro, a chuva e o frio foi um diferencial nessa etapa do Circuito Vou de Bike. Mesmo criando dificuldades para os ciclistas, o desafio maior foi bem recebido pelos participantes.

Participei do circuito, voltando a pedalar em estradas rurais após sete meses e meio, desde que tive uma queda de bike, sofri uma fratura no ombro e passei por uma cirurgia e um longo período de recuperação. A queda que sofri tinha sido em uma estrada rural, durante um pedal noturno. Então pedalar novamente em estradas rurais e com muito barro, foi um grande desafio para mim. Mas no fim deu tudo certo, tomei bastante cuidado, principalmente nas descidas e algumas curvas que estavam extremamente lisas por culpa do barro.

Mesmo sujo, molhado e com frio, foi muito bom ter chegado ao final do circuito de bike. Vencer esse desafio foi um estimulante para continuar pedalando e agora tomando certos cuidados para não sofrer nenhum outro acidente. Que venha agora a próxima etapa do Circuito Vou de Bike, que será no final de setembro, na cidade de Cianorte.

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Aquecimento.
Aquecimento.

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Vander e Samuel.

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Início do circuito.

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Primeira subida.

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Frio e garoa.

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Muita neblina pelo caminho.

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Estrada lisa demais. (Foto: Jornal Tribuna do Interior)

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Muito Barro.

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Estrada muito lisa.

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Mais barro…

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Acumulando barro na bike.

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Mais uma subida…

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Na chegada ganhando a medalha de “finisher”.

http://https://youtu.be/EKVuRD1LmhM

Voltando a pedalar

Após sete meses sem pedalar, por culpa de uma fratura de ombro (causada por uma queda de bicicleta), voltei a andar de bicicleta nesse final de semana. Os primeiros quilômetros foram estranhos, eu estava inseguro e com um pouco de medo. Mas logo o medo e insegurança passaram e o passeio de bike foi tranqüilo e prazeroso.

Após o acidente de bike em outubro, passei por uma cirurgia, uma longa fase de recuperação e dor, dois procedimentos para retirada de pinos do ombro e muita fisioterapia. Ganhei vinte e um pontos e algumas cicatrizes. Ainda não estou cem por cento recuperado, pois meu braço esquerdo está com os movimentos comprometidos,  não consigo levantá-lo totalmente. Mas com o tratamento nos próximos meses espero recuperar os movimentos do braço. E agora é pedalar normalmente, mas tomando certos cuidados, como evitar pedalar a noite.

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Sou Bike

Foi criado um novo grupo de ciclismo aqui em Campo Mourão, chamado Sou Bike. Já existia o Bike Vida e com a criação do novo grupo, as opções de dias e horários para pedalar em grupo, bem como a quilometragem do pedal, ficou maior. Isso beneficia quem não tem muito tempo disponível, como no meu caso.

Já fiz vários pedais muito divertidos com o pessoal do Sou Bike. Foram pedais diurnos e noturnos, principalmente por áreas rurais, com paisagens muito bonitas. E o melhor de tudo são as novas amizades que vão surgindo.

Abaixo algumas fotos de pedais com o Sou Bike:

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Pedal diurno.
Pedal diurno.

Pedal noturno.
Pedal noturno.

Pedal na chuva.
Pedal na chuva.

Pedal no barro.
Pedal no barro.

Pedal na natureza.
Pedal na natureza.

Belas paisagens.
Belas paisagens.

Pit stop para o xixi.
Pit stop para o xixi.

Sábado de sol.
Sábado de sol.

Pedal em grupo.
Pedal em grupo.

Ciclistas felizes...
Ciclistas felizes…

Ciclistas descontraídos...
Ciclistas descontraídos…

Pedal em área rural.
Pedal em área rural.

Bike Vida

Sou ciclista das antigas e desde que voltei a viver em Campo Mourão em meados de 2010, costumava pedalar sozinho, ou então na companhia do meu amigo Luís Cesar. Mas nos últimos meses tinha deixado minha bicicleta um pouco de lado, parte por culpa de alguns problemas físicos e parte por pura preguiça. Isso até conhecer um grupo de ciclistas aqui de Campo Mourão, chamado BIKE VIDA.

Fiquei conhecendo o grupo através de meu amigo Rodrigo “Alemão” e já me tornei participante constante no pedal das terças-feiras. Nesse dia o pedal é mais para aqueles que não costumam pedalar muito, então o trecho por onde o grupo anda não é dos mais difíceis e nem tão puxado. O pessoal também se reúne para pedalar às quintas e sábados, mas daí quem participa é o pessoal mais experiente e acostumado a fazer altas quilometragens. Aos poucos vou entrando em forma e logo pretendo pedalar com esse pessoal mais “barra pesada” (ou seria “barra-forte” em alusão a um antigo modelo de bicicleta da Caloi?).

O grupo BIKE VIDA foi idealizado pelos ciclistas Diogo Moura e Patricia Birkheuer. Eles começaram a organizar os passeios no final de 2013 e chegou a contar com mais de cem participantes em alguns passeios. Agora que às aulas das faculdades da cidade reiniciaram, muitos ciclistas não estão podendo participar, mas mesmo assim o grupo continuam grande, pois muitos novos ciclistas estão aderindo ao BIKE VIDA, convidados por amigos.

O grupo está fazendo tanto sucesso na cidade, que esse mês já foi tema de duas reportagens televisivas. Uma delas feita por uma TV local e a outra pela Rede Globo, que mostrou a reportagem em nível estadual. Em março deve ser publicada uma reportagem sobre o BIKE VIDA, na revista Metrópole (http://metropolerevista.com.br/).

Espero que o BIKE VIDA tenha vida longa e que eu possa pedalar muitos quilômetros com o pessoal, sempre fazendo novas amizades…

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Grupo reunido para o pedal do dia 04/02/2014.
Grupo reunido para o pedal do dia 04/02/2014.

Subidinha básica... 04/02/2014
Subidinha básica… (04/02/2014)

Momento de descanso. (04/02/2014)
Momento de descanso. (04/02/2014)

Luciele e Alemão. (04/02/2014)
Luciele e Alemão. (04/02/2014)

Vander descansando. (04/02/2014)
Vander descansando. (04/02/2014)

Pedalando e vendo o pôr do sol. (04/02/2014)
Pedalando e vendo o pôr do sol. (04/02/2014)

Foto para a revista Metrópole. (11/02/2014)
Foto para a revista Metrópole. (11/02/2014)

Alongamento antes do pedal... (11/02/2014)
Alongamento antes do pedal… (11/02/2014)

Colegas de pedal: Gilmar, Rosângela e Vander. (11/02/2014)
Colegas de pedal: Gilmar, Rosângela e Vander. (11/02/2014)

Fim de tarde! (11/02/2014)
Fim de tarde! (11/02/2014)

Viagem ao Peru e Bolívia (17° Dia)

31/05/2012 

Downhill na Estrada da Morte

Levantei às 6h00min me sentindo melhor do problema da garganta, que tinha desinchado. Pelo visto os remédios bolivianos e o antibiótico que o Enrico me deu estavam dando resultado. Para garantir coloquei na mochila uma cartela de pastilhas para garganta. Fui ao banheiro, voltei ao quarto me arrumar e logo desci. No hostal seria servido um café da manhã gratuito para o grupo que faria o downhill pela Estrada da Morte. No local do café fiquei conhecendo o guia e os outros três caras que fariam o downhill (um espanhol, um israelense e um suíço) e também um casal de chilenos, que iria conosco de carona até CoRoico, cidade próxima ao final do downhill. No café da manhã comi pão com doce de leite e bebi um copo de Tampico de manga. Argh, que coisa ruim!! Gosto de Tampico de laranja, mas não gosto de manga e o tal Tampico sabor manga que eu nunca tinha visto antes, era horrível demais. Após o café o guia entregou nossas roupas, que todos vestiram ali mesmo e fez uma reunião, sempre falando em inglês. Mesmo com meu inglês sofrível eu conseguia entender bem as explicações, então não pedi que ele traduzisse tudo para o espanhol. E durante todo o dia as explicações e avisos foram em inglês.

Embarcamos numa van, que levava em cima algumas bicicletas e partimos. Seguimos pelo centro de La Paz e depois pela periferia até uma região de serra. O motorista colocou umas músicas locais para tocar e num volume altíssimo. Foi a maior tortura e numa situação daquelas dava vontade de ser surdo. Após uma hora de viagem chegamos ao La Cumbre (o cume) local onde teria início o downhill. Fazia muito frio mesmo com sol. Eu vestia uma calça de ciclismo e por cima dela uma calça de agasalho que fazia parte do uniforme da agencia. E também uma camiseta, uma blusa e por cima o casaco da agencia. E para completar dois pares de meias e luvas. O guia nos entregou o equipamento de segurança, que consistia de capacete, perneiras e joelheiras de plástico. Usar toda aquela proteção era desconfortável, mas um mal necessário. O começo do downhill seria na parte asfaltada da Estrada da Morte. Na estrada passavam carros, então teríamos que tomar muito cuidado e não exagerar na velocidade. Depois de alguns quilômetros embarcaríamos na van e seguiríamos até a parte antiga da Estrada da Morte, que não é asfaltada e está quase que totalmente desativada. A partir de 1996 quando a estrada asfaltada foi inaugurada, esse trecho de terra passou a ser somente utilizado na época da colheita e para turismo, principalmente os passeios de bicicleta. Antes de ser asfaltada, a média de mortes anuais na Estrada da Morte era de duzentas. E desde que os passeios de bicicleta começaram a ser feitos na Estrada da Morte, vários ciclistas morreram ali, principalmente ao cair nos precipícios que existem de um dos lados da estrada. O nome Estrada da Morte é merecido, pois ela é estreita, toda em terra e cascalho, cheia de curvas, tendo de um lado um precipício que termina na mata e do outro lado um paredão de pedra.

Mais uma reunião foi feita, onde o guia explicou os cuidados com segurança que deveríamos ter. Tiramos fotos e o guia mostrou no fundo do abismo os restos de um ônibus que tinha caído ali três anos antes e que matou muitas pessoas. Não foi nada animador ver os pedaços do ônibus pouco antes de iniciar a descida pela estrada. Partiríamos de La Cumbre numa altitude de 4.700 metros (meu novo recorde de altitude) e no final do downhill em Yolosa, a altitude seria de 1.185 metros. Ou seja, seria o tempo todo descendo e como downhill significa “descida”, aquele era o lugar ideal para descer e descer… O início do downhill foi com muito frio, em razão da alta altitude e seu final seria numa região de mata e quente. Então no meio da descida faríamos uma parada para tirar a roupa de frio e colocar uma roupa para temperaturas altas. Do jeito que tinha me vestido, isso seria fácil. Bastava tirar as luvas, a calça de agasalho e os dois casacos.

Quando seguimos rumo a estrada para iniciar a descida, chegou outro grupo de ciclistas. Esse grupo era formado por umas vinte pessoas. O que me chamou a atenção foi que o único tipo de proteção que eles usavam era o capacete. E também usavam um colete amarelo, com o logo da agencia de turismo pela qual estavam fazendo o downhill. Achei que seria bem mais interessante fazer a descida com um grupo pequeno igual eu estava fazendo, do que num grupo tão grande igual o da outra agencia.

Já no primeiro quilômetro de estrada começou a descida e era uma curva atrás da outra. Não era preciso pedalar, bastava deixar a bicicleta pegar embalo. Para ganhar mais velocidade era só baixar o corpo e encostar o queixo no guidão. Fazia muito frio e descendo em alta velocidade o vento deixava a sensação térmica muito baixa. Mesmo com luvas, comecei a sentir os dedos congelarem e doerem de frio. No início utilizei bastante o freio, até me acostumar com a bicicleta e com a estrada. Minha bicicleta era boa, bastante leve e fácil de controlar. O freio era forte e logo peguei o jeito de frear em segurança. Só não gostei do selim, que era duro. O que amenizava um pouco o desconforto era a calça de ciclismo que eu usava por baixo da calça de agasalho e que tinha espuma no traseiro e nas partes mais sensíveis próximas a ele (entendeu?). Logo peguei gosto pela coisa, perdi o medo e comecei a andar em alta velocidade. Aquilo era muito louco, adrenalina pura. Em razão do horário poucos carros passavam pela estrada, e os que passavam na maioria eram caminhões e ônibus que subiam a estrada. Segundo o guia, nossa velocidade ficava entre sessenta e setenta quilômetros por hora. Cair a uma velocidade dessas significava sérios ferimentos, mesmo utilizando equipamento de proteção. Meu maior receio era cair de boca na estrada.

A descida foi ficando divertida e fazer curvas era ainda mais divertido. O guia ficava próximo a nós, tirando fotos e dando algumas instruções. Jorge, o espanhol logo começou a andar na frente e fazia as curvas em alta velocidade. Eu e o suíço andávamos sempre próximos um do outro, nos alternado um na frente do outro. E o israelense seguia sempre no final do grupo. Logo atrás dele vinha nossa van, cujo motorista também era enfermeiro para o caso de algum acidente. E o casal de chilenos vinha na van curtindo a paisagem e tirando fotos. Eu tinha perdido totalmente o medo e me adaptado à bicicleta, então passei a tentar andar na mesma velocidade que o espanhol. Em alguns momentos consegui ultrapassá-lo. Mas cheguei numa curva que tinha pedriscos e perdi o controle da bicicleta. O pneu da frente derrapou nos pedriscos e para conseguir controlar a bicicleta não usei o freio, pois senão teria derrapado de vez e caído. Meu sangue frio e experiência em andar de bicicleta foi o que me livrou de um tombo, pois ao mesmo tempo em que olhei rapidamente para os dois lados para ver se não vinham carros, fui tocando de leve no freio traseiro e equilibrando a bicicleta, cujo pneu dianteiro seguia dançando de um lado para outro. Segui controlando a bicicleta com o pneu dianteiro dançando, até chegar à grama em frente um guard rail do outro lado da estrada. Ali apertei mais forte o freio traseiro, fiz uma curva brusca já em menor velocidade e toquei levemente o pé esquerdo no guard rail, para me equilibrar. Dessa forma consegui controlar a bicicleta e voltar para a estrada em segurança. Nossa van vinha logo atrás e pude ver a cara de assustados do pessoal que estava nela. Depois de o perigo ter passado foi que senti o coração disparado e um frio no estômago. Foi aí que caiu a ficha e vi do que tinha me livrado. Se tivesse vindo algum carro no momento em que perdi o controle da bike, eu teria que ter freado bruscamente e fatalmente teria caído e me machucado feio. E outra coisa que poderia ter acontecido, seria eu ter batido no guard rail e caído no precipício atrás dele. Como não queria correr mais riscos e nem levar novos sustos, passei a ir mais devagar e até o israelense me ultrapassou.

Dez minutos após meu quase acidente, chegamos num local onde tinham algumas lanchonetes, banheiro e um posto de fiscalização da polícia boliviana. Ali fizemos uma parada para lanche e banheiro. E também compramos um tíquete que dava direito a passar pela parte antiga da Estrada da Morte, que fica dentro de um parque ecológico. A chilena veio falar comigo e disse que na van todos acharam que eu ia cair quando perdi o controle da bicicleta na curva. Respondi a ela que eu também achei que ia cair. Após meia hora de descanso voltamos a pedalar e ao passar pelo posto policial me distrai, perdi o equilíbrio e bati de lado numa cerca de ferro. Por sorte eu estava numa velocidade muito baixa e não me machuquei mais seriamente, apenas fiquei o resto do dia com dor no cotovelo e joelho direito. E o equipamento de proteção aliviou a pancada. Só faltava isso, depois de escapar milagrosamente de cair numa curva estando em alta velocidade, eu me machucar de bobeira estando com a bicicleta quase parada. Descemos por mais algumas curvas e chegamos num túnel. O guia nos mandou parar e disse que era proibido passar por dentro do túnel e que ele não tinha iluminação. Existia um desvio não asfaltado que passava ao lado do túnel e passamos por ele. Logo em seguida paramos, colocamos as bicicletas em cima da van e entramos nela para seguir até o início do trecho antigo e não asfaltado da Estrada da Morte.

Desembarcamos da van logo no início da parte original da Estrada da Morte. A paisagem era de tirar o folego. O guia fez nova reunião e explicou que ali era utilizada mão inglesa, ou seja, teríamos que descer pelo lado esquerdo da estrada, bem próximo ao precipício. Ele explicou que funciona dessa forma ali por que em razão da estrada ser estreita, quando dois carros se encontram fica mais fácil para o motorista que está subindo ver até onde ele pode se aproximar em segurança do morro e o motorista que está descendo pode ver até onde ele pode se aproximar da beira do precipício. Outro aviso que o guia deu foi que ao encontramos algum veículo pelo caminho, a preferencia seria dele. Que por segurança deveríamos parar e descer da bicicleta e só voltar a pedalar após o veículo ter passado. Avisos dados e começamos a descer pela estrada cheia de pedras. O guia acostumado que estava em passar por ali quase todos os dias, desceu em alta velocidade e desapareceu de nossa vista. Eu fui com calma, pois queria pegar o jeito da coisa, já que descer pela estrada de terra e cheia de pedras era bem diferente de descer pela estrada de asfalto. A velocidade que alcançávamos era menor, mas em compensação o risco de sofrer algum tipo de acidente era bem maior. Andávamos muito próximo da beira do precipício e cair ali era morte quase certa. Nas curvas o cuidado tinha que ser redobrado, principalmente em curvas muito fechadas e sem área de escape, onde a estrada passava rente ao precipício. Senti um pouco de medo no início, mas logo peguei gosto e jeito pela coisa. E não achei necessário andar sempre pelo lado esquerdo da estrada, pois quase não passavam carros e em muitas partes era possível ver um bom pedaço de estrada à frente. Então eu olhava para ver se não vinham carros e seguia pelo lado direito da estrada. Em curvas fechadas onde eu não tinha muita visão da estrada, eu reduzia a velocidade e seguia com cuidado pelo lado esquerdo. E os poucos carros que passaram por nós vinham buzinando para alertar eventuais motoristas e ciclistas que estivessem seguindo pela estrada.

Fizemos algumas paradas durante a descida, que serviram para tirar fotos e também admirar a beleza do lugar. Paramos em uma curva e o guia nos mostrou lá no fundo do precipício um carro todo retorcido. Esse carro tinha caído ali cinco dias antes, quando o motorista se perdeu na curva. Morreram quatro pessoas nesse acidente. Seguimos em frente, sempre descendo e o frio foi ficando para trás e a temperatura começou a subir. Fizemos uma nova parada, dessa vez numa curva onde ano passado (ou retrasado, não lembro mais!) aconteceu o último acidente com morte de ciclista na Estrada da Morte. Foi um israelense que se perdeu numa curva e caiu no precipício morrendo na hora. Um pouco mais a frente e chegamos numa curva que é o local mais conhecido da Estrada da Morte e onde todo ciclista que passa por ali, tem que obrigatoriamente parar para tirar fotos. A curva é bem fechada, não tem área de escape ou outro tipo de proteção lateral e a estrada passa bem na beira do abismo. Você olha para baixo e demora para ver o fundo. Cair ali é morte certa!

Mais alguns quilômetros descendo velozmente estrada abaixo e levando alguns pequenos sustos, e chegamos num local onde existe um monumento. Esse monumento foi construído pela família de uma ciclista israelense, que morreu ali em 2001. A guria na época tinha 23 anos, se perdeu numa curva e caiu no abismo. O Barack, o israelense do grupo não tinha prestado atenção ao monumento, então mostrei a ele a placa que está escrita em hebraico. Daí o guia contou que dos ciclistas mortos na Estrada da Morte desde que ela foi aberta aos ciclistas, o recorde de mortos por país é de israelenses, com doze mortes. O Barack fez cara de espanto e brinquei com ele perguntando se os israelenses são ruins de visão, ou não aprendem a andar de bicicleta quando crianças. E também falei que a estrada é nazista, pois mata principalmente judeus. Sei que foram piadas idiotas e sem graça, mas ao menos serviram para quebrar o clima ruim que tinha sido criado e para deixar o Barack mais relaxado. Depois disso, ele que já vinha o tempo todo mais devagar e no final do grupo, passou a pedalar ainda mais lentamente e com cuidado redobrado. Nessa parada em frente ao monumento da garota israelense, aproveitamos para tirar as roupas de frio e guardá-las na van.

Voltamos a pedalar e logo passamos por um trecho da estrada onde caía água da montanha por sobre a estrada. Tentei desviar da água, mas não consegui. Ter água gelada caindo sobre mim não foi nada agradável. Dali para baixo passamos a pedalar mais distante da beira do precipício, então comecei a correr mais. E por duas vezes fui parar no mato baixo ao lado da estrada, mas não cheguei a cair. Também atravessamos alguns trechos onde rios atravessavam a estrada. Eu passava com cuidado para não cair na água gelada e levantava os pés para não molhar o tênis. Chegamos num trecho onde tinha muitas pedras soltas na estrada. Na velocidade que estávamos algumas pedras voavam para os lados, outras batiam no pedal ou no quadro da bicicleta, fazendo barulho. Teve uma pedra que bateu no pedal e depois no meu queixo. Não chegou a machucar, mas que levei um susto enorme, isso levei! Comecei a sentir muita dor no pulso direito e parei para ver o que estava acontecendo. Meu pulso estava inchando, creio que em razão do esforço de horas pedalando e apertando o freio. Com o pulso inchado a pulseira do relógio ficou apertada (uso relógio no pulso direito, sempre usei desse lado!) e acabou cortando meu pulso, o que provocou a dor. Tirei o relógio, o coloquei no bolso e voltei a pedalar.

Na parte final da estrada as pedras desapareceram e passamos a percorrer uma região com muita poeira. A descida deixou de ser tão inclinada como fora desde o início e tivemos que pedalar o tempo todo e não mais andar no embalo. Ali fazia muito calor, nem parecia que tínhamos iniciado a descida com frio quase abaixo de zero. Chegamos num posto de controle, onde tivemos que mostrar os ingressos que tínhamos comprado horas antes. Aproveitamos para descansar e tirar fotos. No local uma equipe de reportagem da BBC de Londres, estava gravando parte de um documentário com uma equipe de resgate boliviana que trabalha na Estrada da Morte. Tirámos fotos com o pessoal e quando um dos caras da equipe de resgate soube que eu era brasileiro, veio falar comigo. Ele contou que é casado com uma brasileira e que sua esposa mora no interior da Bahia. Ele fica três meses na Bolívia trabalhando e três meses no Brasil com a esposa. O cara era muito gente boa e engatamos uma conversa animada. Ele contou que atualmente mesmo existindo a estrada nova, ainda ocorrem muitas mortes na parte da Estrada da Morte pela qual tínhamos descido. E que somando as mortes atuais na parte antiga da estrada e na parte nova, ocorrem em média cem mortes por ano. Encerramos a conversa quando o chamaram para almoçar.

Voltamos a pedalar e seguimos por um trecho sem graça, onde não existia curvas perigosas ou descida inclinadas. E exatamente às 13h30min chegamos ao final da estrada, num local com alguns bares e casas, próximo ao trevo que levava a cidade de CoRoico, que ficava ali perto. O guia disse que tínhamos percorrido de bicicleta algo em torno de 60 quilômetros. Entramos num bar e o pessoal foi tomar cerveja e bater papo. Tinha uma TV ligada onde passavam clips internacionais. E logo começou a passar um clip do Michel Teló, com a música “Ai se eu te pego”. Michel Teló e Gustavo Lima também fazem sucesso na Bolívia e não somente no Peru, igual eu tinha visto (e escutado) em muitos lugares. Pedi para usar o banheiro e o dono do bar foi me mostrar onde era. Na verdade não existia um banheiro propriamente dito, mas sim um local atrás do bar, que o pessoal utilizava como banheiro. Papel higiênico, absorventes e outras coisas mais espalhadas pelo chão, deixavam claro que aquele local era utilizado frequentemente como banheiro. Voltei para dentro do bar e conversei um bom tempo com o suíço do grupo. Ele falava bem o espanhol, pois tem uma namorada peruana.

Embarcamos na van e seguimos para o local do almoço, que seria num hotel fazenda no meio da mata. O lugar era exótico e bonito. Quando chegamos tinha um pessoal de saída e vi que tinham brasileiros no meio, mas não falei com nenhum deles. Estava com muita fome e queria comer o quanto antes. O sistema era self servisse e tinha muita salada e macarrão. Como de costume peguei pouca comida, pois onde quer que eu vá costumo provar um pouco da comida e se gostar pego mais. A comida estava muita boa, foi a melhor comida que provei em toda a viagem por Peru e Bolívia. Acabei repetindo três vezes e achei que ia passar mal mais tarde. Depois de almoçar ficamos conversando à mesa e o casal de caronistas chilenos contou sobre sua viagem. Eles tinham saído do Chile e pretendiam chegar até o México, gastando pouco, dormindo em barraca e pegando carona sempre que possível. O dono do hotel fazenda veio conversar conosco e contou brevemente sua história. Ele é húngaro e resolveu há seis anos vir tentar a vida na América do Sul. Passou pelo Brasil, mas não conseguiu se estabelecer no país e então seguiu para a Bolívia, onde tudo deu certo e ele vive feliz com a família, sem vontade de um dia voltar para a Hungria. Na mesa começou a encher de mosquitinhos, daqueles cuja picada coça e saí sangue. O interessante é que eles atacaram principalmente o suíço. Brinquei com ele dizendo que ele tinha sangue doce em razão de comer muito chocolate suíço. Fui o único que não foi picado pelos mosquitos, que não se aproximavam de mim. Acredito que isso em razão dos remédios que eu estava tomando, que devia causar algum cheiro imperceptível para os humanos, mas que funcionava como repelente para mosquitos.

Embarcamos na van e seguimos para o trevo de CoRoico. Ali os chilenos desembarcaram e nós subimos a serra. O guia foi no banco da frente com o motorista e na parte de trás existiam quatro bancos e quatro passageiros. Cada um ficou num banco e meus colegas logo deitaram e pegaram no sono. Eu preferi ficar olhando a estrada e a bela paisagem. A trilha sonora da volta foi bem melhor do que a da ida. Tocou o tempo todo músicas de uma banda mexicana chamada Coquetel Molotov. Teve uma das músicas que inclusive foi gravada em português pelo Capital Inicial.  Subimos o tempo todo e após uma hora chegámos na parte da estrada onde tínhamos descido de bicicleta pela manhã. De dentro da van, vendo a estrada, suas curvas, precipícios, veículos passando, cheguei à conclusão de que descer de bicicleta por ali igual nós tínhamos feito era muita loucura. O final da tarde foi chegando e na parte final da subida da serra o tempo fechou e ficou com neblina. Passámos por alguns lugares onde existiam pequenas cachoeiras descendo da montanha ao lado da estrada e em muitas partes a água estava congelada. Pena que o motorista não parou nesses locais, pois daria belas fotos. Saímos da serra e o sol reapareceu. Mais uma hora e estávamos circulando pelo centro de La Paz. Pela janela da van pude conhecer um pouco mais da cidade. E passámos em frente ao belo estádio Hernando Siles, local onde em 1993 a Seleção Brasileira perdeu sua primeira partida de eliminatórias de Copa do Mundo.

Chegamos ao hostal e passei na agencia de viagens para ver se tinha algum grupo formado para ir à Huayna Potosi nos próximos dias. A moça da agencia disse que não, mas que no dia seguinte poderia ter novidades. Acabei fechando com ela um passeio para o Chacaltaya, no dia seguinte. O Chalcaltaya é uma montanha, onde funciona uma estação de esqui semi desativada. A altitude dessa montanha é de 5.421 metros e ir até lá fazia parte do meu plano de aclimatação para subir Huayna Potosi. O pacote de dia inteiro, com van e guia para o Chalcaltaya e Vale de La Luna custava $ 50,00 bolivianos. Antes de sair da agencia ganhei de brinde um CD com as fotos do downhill e uma camiseta alusiva ao passeio, com uma bandeirinha da Bolívia pregada na manga direita.

Subi para meu quarto, tomei banho, deitei um pouco para descansar e quando já era noite saí à rua. Novamente ao passar pelas várias barbearias da vizinhança o pessoal me convidava para entrar e fazer a barba. Fui jantar na lanchonete da esquina e novamente comi um prato com arroz, frango frito e batata frita. Paguei $ 4,50 bolivianos, o que dá R$ 1,42. Era muito barato comer ali. Dei uma volta pelas redondezas e parei numa lan house para usar a internet. Voltei ao hostal pouco depois das 21h00min. Na porta encontrei Elisa, minha amiga italiana. Ela estava indo embora, seguiria para o interior da Bolívia. Conversámos um pouco, nos despedimos e subi para meu quarto. Arrumei a mochila para o passeio do dia seguinte, baixei as fotos do dia no net book e fui dormir, com os braços e mãos doendo em razão das horas em cima da bicicleta. E agora posso dizer que sobrevivi à Estrada da Morte!!!

Barack (Israel), Vander (Brasil), Jorge (Espanha), Stefan (Suiça).

Fazendo graça!!

Início do downhill.

Pegando velocidade.

Sempre descendo.

Pouco antes de quase cair numa curva.

Parada para descanso.

Trecho antigo da Estrada da Morte.

Um dos trechos mais perigosos da estrada.

Trecho da Estrada da Morte onde a parada para fotos é obrigatória.

Essa paisagem é clássica.

Cadê o final do abismo?

Estrada da Morte.

Trecho onde ocorreu a última morte de ciclista na Estrada da Morte.

Monumento a uma ciclista israelense que morreu ao cair no precipício.

Parada para trocar de roupa.

Pela estrada afora eu vou bem contente…

Parada no posto de controle.

Vamos pular, vamos pular, vamos pulaaaaarrrr!!!!

Com os repórteres da BBC de Londres e a equipe boliviana de salvamento.

Pedalando na poeira.

Atravessando o rio.

O banheiro no fundo do bar.

O delicioso almoço hungaro.

Com meus companheiros de downhill e o casal de chilenos.

A direita recado que deixei no livro de visitantes.

Na van, retornando à La Paz.

A bela paisagem na estrada que leva à La Paz.

Pedalar faz bem!

No domingo fui pedalar com o Luis Cesar, meu parceiro de pedal. Fez um dia bonito, não estava nem frio e nem calor, o que fez o passeio ser bastante prazeroso. E escolhemos um caminho onde tínhamos ido pela última vez em agosto de 2005, logo que começamos a pedalar juntos. Eu estava melancólico desde sábado e o sol na cabeça, o vento no rosto me fizeram deixar a melancolia pelo caminho. Após 31 km de pedaladas a alegria voltou.

Domingo de sol.

Pedalando no milharal.

Vander.

Luis Cesar.

Brinquedinho novo

Tenho um novo “brinquedo” para me divertir. Acabo de adquirir uma bike, que foi montada de acordo com meu biotipo e também para que eu não force muito minhas hérnias de disco. Fiquei um bom tempo procurando uma bike para comprar, que estivesse de acordo com o que eu precisava. Não encontrava uma bike que tivesse tudo o que eu queria, até que descobri que era possível montar uma. Ou seja, comprei tudo separado, de acordo com o que buscava e montei a bike. Saiu um pouco mais caro, mas ficou perfeita, sob medida. E ela ficou bem leve, por ser quase toda em aluminio pesa a metade do que minha bike anterior pesava. Isso faz muita diferença, principalmente quando está toda equipada. Agora não vejo a hora de coloca-lá na estrada e pedalar muito. O problema é que estou machucado e vai demorar algumas semanas até eu poder estrear o novo brinquedo.

Nova companheira de aventuras.