Viagem ao Peru e Bolívia (17° Dia)

31/05/2012 

Downhill na Estrada da Morte

Levantei às 6h00min me sentindo melhor do problema da garganta, que tinha desinchado. Pelo visto os remédios bolivianos e o antibiótico que o Enrico me deu estavam dando resultado. Para garantir coloquei na mochila uma cartela de pastilhas para garganta. Fui ao banheiro, voltei ao quarto me arrumar e logo desci. No hostal seria servido um café da manhã gratuito para o grupo que faria o downhill pela Estrada da Morte. No local do café fiquei conhecendo o guia e os outros três caras que fariam o downhill (um espanhol, um israelense e um suíço) e também um casal de chilenos, que iria conosco de carona até CoRoico, cidade próxima ao final do downhill. No café da manhã comi pão com doce de leite e bebi um copo de Tampico de manga. Argh, que coisa ruim!! Gosto de Tampico de laranja, mas não gosto de manga e o tal Tampico sabor manga que eu nunca tinha visto antes, era horrível demais. Após o café o guia entregou nossas roupas, que todos vestiram ali mesmo e fez uma reunião, sempre falando em inglês. Mesmo com meu inglês sofrível eu conseguia entender bem as explicações, então não pedi que ele traduzisse tudo para o espanhol. E durante todo o dia as explicações e avisos foram em inglês.

Embarcamos numa van, que levava em cima algumas bicicletas e partimos. Seguimos pelo centro de La Paz e depois pela periferia até uma região de serra. O motorista colocou umas músicas locais para tocar e num volume altíssimo. Foi a maior tortura e numa situação daquelas dava vontade de ser surdo. Após uma hora de viagem chegamos ao La Cumbre (o cume) local onde teria início o downhill. Fazia muito frio mesmo com sol. Eu vestia uma calça de ciclismo e por cima dela uma calça de agasalho que fazia parte do uniforme da agencia. E também uma camiseta, uma blusa e por cima o casaco da agencia. E para completar dois pares de meias e luvas. O guia nos entregou o equipamento de segurança, que consistia de capacete, perneiras e joelheiras de plástico. Usar toda aquela proteção era desconfortável, mas um mal necessário. O começo do downhill seria na parte asfaltada da Estrada da Morte. Na estrada passavam carros, então teríamos que tomar muito cuidado e não exagerar na velocidade. Depois de alguns quilômetros embarcaríamos na van e seguiríamos até a parte antiga da Estrada da Morte, que não é asfaltada e está quase que totalmente desativada. A partir de 1996 quando a estrada asfaltada foi inaugurada, esse trecho de terra passou a ser somente utilizado na época da colheita e para turismo, principalmente os passeios de bicicleta. Antes de ser asfaltada, a média de mortes anuais na Estrada da Morte era de duzentas. E desde que os passeios de bicicleta começaram a ser feitos na Estrada da Morte, vários ciclistas morreram ali, principalmente ao cair nos precipícios que existem de um dos lados da estrada. O nome Estrada da Morte é merecido, pois ela é estreita, toda em terra e cascalho, cheia de curvas, tendo de um lado um precipício que termina na mata e do outro lado um paredão de pedra.

Mais uma reunião foi feita, onde o guia explicou os cuidados com segurança que deveríamos ter. Tiramos fotos e o guia mostrou no fundo do abismo os restos de um ônibus que tinha caído ali três anos antes e que matou muitas pessoas. Não foi nada animador ver os pedaços do ônibus pouco antes de iniciar a descida pela estrada. Partiríamos de La Cumbre numa altitude de 4.700 metros (meu novo recorde de altitude) e no final do downhill em Yolosa, a altitude seria de 1.185 metros. Ou seja, seria o tempo todo descendo e como downhill significa “descida”, aquele era o lugar ideal para descer e descer… O início do downhill foi com muito frio, em razão da alta altitude e seu final seria numa região de mata e quente. Então no meio da descida faríamos uma parada para tirar a roupa de frio e colocar uma roupa para temperaturas altas. Do jeito que tinha me vestido, isso seria fácil. Bastava tirar as luvas, a calça de agasalho e os dois casacos.

Quando seguimos rumo a estrada para iniciar a descida, chegou outro grupo de ciclistas. Esse grupo era formado por umas vinte pessoas. O que me chamou a atenção foi que o único tipo de proteção que eles usavam era o capacete. E também usavam um colete amarelo, com o logo da agencia de turismo pela qual estavam fazendo o downhill. Achei que seria bem mais interessante fazer a descida com um grupo pequeno igual eu estava fazendo, do que num grupo tão grande igual o da outra agencia.

Já no primeiro quilômetro de estrada começou a descida e era uma curva atrás da outra. Não era preciso pedalar, bastava deixar a bicicleta pegar embalo. Para ganhar mais velocidade era só baixar o corpo e encostar o queixo no guidão. Fazia muito frio e descendo em alta velocidade o vento deixava a sensação térmica muito baixa. Mesmo com luvas, comecei a sentir os dedos congelarem e doerem de frio. No início utilizei bastante o freio, até me acostumar com a bicicleta e com a estrada. Minha bicicleta era boa, bastante leve e fácil de controlar. O freio era forte e logo peguei o jeito de frear em segurança. Só não gostei do selim, que era duro. O que amenizava um pouco o desconforto era a calça de ciclismo que eu usava por baixo da calça de agasalho e que tinha espuma no traseiro e nas partes mais sensíveis próximas a ele (entendeu?). Logo peguei gosto pela coisa, perdi o medo e comecei a andar em alta velocidade. Aquilo era muito louco, adrenalina pura. Em razão do horário poucos carros passavam pela estrada, e os que passavam na maioria eram caminhões e ônibus que subiam a estrada. Segundo o guia, nossa velocidade ficava entre sessenta e setenta quilômetros por hora. Cair a uma velocidade dessas significava sérios ferimentos, mesmo utilizando equipamento de proteção. Meu maior receio era cair de boca na estrada.

A descida foi ficando divertida e fazer curvas era ainda mais divertido. O guia ficava próximo a nós, tirando fotos e dando algumas instruções. Jorge, o espanhol logo começou a andar na frente e fazia as curvas em alta velocidade. Eu e o suíço andávamos sempre próximos um do outro, nos alternado um na frente do outro. E o israelense seguia sempre no final do grupo. Logo atrás dele vinha nossa van, cujo motorista também era enfermeiro para o caso de algum acidente. E o casal de chilenos vinha na van curtindo a paisagem e tirando fotos. Eu tinha perdido totalmente o medo e me adaptado à bicicleta, então passei a tentar andar na mesma velocidade que o espanhol. Em alguns momentos consegui ultrapassá-lo. Mas cheguei numa curva que tinha pedriscos e perdi o controle da bicicleta. O pneu da frente derrapou nos pedriscos e para conseguir controlar a bicicleta não usei o freio, pois senão teria derrapado de vez e caído. Meu sangue frio e experiência em andar de bicicleta foi o que me livrou de um tombo, pois ao mesmo tempo em que olhei rapidamente para os dois lados para ver se não vinham carros, fui tocando de leve no freio traseiro e equilibrando a bicicleta, cujo pneu dianteiro seguia dançando de um lado para outro. Segui controlando a bicicleta com o pneu dianteiro dançando, até chegar à grama em frente um guard rail do outro lado da estrada. Ali apertei mais forte o freio traseiro, fiz uma curva brusca já em menor velocidade e toquei levemente o pé esquerdo no guard rail, para me equilibrar. Dessa forma consegui controlar a bicicleta e voltar para a estrada em segurança. Nossa van vinha logo atrás e pude ver a cara de assustados do pessoal que estava nela. Depois de o perigo ter passado foi que senti o coração disparado e um frio no estômago. Foi aí que caiu a ficha e vi do que tinha me livrado. Se tivesse vindo algum carro no momento em que perdi o controle da bike, eu teria que ter freado bruscamente e fatalmente teria caído e me machucado feio. E outra coisa que poderia ter acontecido, seria eu ter batido no guard rail e caído no precipício atrás dele. Como não queria correr mais riscos e nem levar novos sustos, passei a ir mais devagar e até o israelense me ultrapassou.

Dez minutos após meu quase acidente, chegamos num local onde tinham algumas lanchonetes, banheiro e um posto de fiscalização da polícia boliviana. Ali fizemos uma parada para lanche e banheiro. E também compramos um tíquete que dava direito a passar pela parte antiga da Estrada da Morte, que fica dentro de um parque ecológico. A chilena veio falar comigo e disse que na van todos acharam que eu ia cair quando perdi o controle da bicicleta na curva. Respondi a ela que eu também achei que ia cair. Após meia hora de descanso voltamos a pedalar e ao passar pelo posto policial me distrai, perdi o equilíbrio e bati de lado numa cerca de ferro. Por sorte eu estava numa velocidade muito baixa e não me machuquei mais seriamente, apenas fiquei o resto do dia com dor no cotovelo e joelho direito. E o equipamento de proteção aliviou a pancada. Só faltava isso, depois de escapar milagrosamente de cair numa curva estando em alta velocidade, eu me machucar de bobeira estando com a bicicleta quase parada. Descemos por mais algumas curvas e chegamos num túnel. O guia nos mandou parar e disse que era proibido passar por dentro do túnel e que ele não tinha iluminação. Existia um desvio não asfaltado que passava ao lado do túnel e passamos por ele. Logo em seguida paramos, colocamos as bicicletas em cima da van e entramos nela para seguir até o início do trecho antigo e não asfaltado da Estrada da Morte.

Desembarcamos da van logo no início da parte original da Estrada da Morte. A paisagem era de tirar o folego. O guia fez nova reunião e explicou que ali era utilizada mão inglesa, ou seja, teríamos que descer pelo lado esquerdo da estrada, bem próximo ao precipício. Ele explicou que funciona dessa forma ali por que em razão da estrada ser estreita, quando dois carros se encontram fica mais fácil para o motorista que está subindo ver até onde ele pode se aproximar em segurança do morro e o motorista que está descendo pode ver até onde ele pode se aproximar da beira do precipício. Outro aviso que o guia deu foi que ao encontramos algum veículo pelo caminho, a preferencia seria dele. Que por segurança deveríamos parar e descer da bicicleta e só voltar a pedalar após o veículo ter passado. Avisos dados e começamos a descer pela estrada cheia de pedras. O guia acostumado que estava em passar por ali quase todos os dias, desceu em alta velocidade e desapareceu de nossa vista. Eu fui com calma, pois queria pegar o jeito da coisa, já que descer pela estrada de terra e cheia de pedras era bem diferente de descer pela estrada de asfalto. A velocidade que alcançávamos era menor, mas em compensação o risco de sofrer algum tipo de acidente era bem maior. Andávamos muito próximo da beira do precipício e cair ali era morte quase certa. Nas curvas o cuidado tinha que ser redobrado, principalmente em curvas muito fechadas e sem área de escape, onde a estrada passava rente ao precipício. Senti um pouco de medo no início, mas logo peguei gosto e jeito pela coisa. E não achei necessário andar sempre pelo lado esquerdo da estrada, pois quase não passavam carros e em muitas partes era possível ver um bom pedaço de estrada à frente. Então eu olhava para ver se não vinham carros e seguia pelo lado direito da estrada. Em curvas fechadas onde eu não tinha muita visão da estrada, eu reduzia a velocidade e seguia com cuidado pelo lado esquerdo. E os poucos carros que passaram por nós vinham buzinando para alertar eventuais motoristas e ciclistas que estivessem seguindo pela estrada.

Fizemos algumas paradas durante a descida, que serviram para tirar fotos e também admirar a beleza do lugar. Paramos em uma curva e o guia nos mostrou lá no fundo do precipício um carro todo retorcido. Esse carro tinha caído ali cinco dias antes, quando o motorista se perdeu na curva. Morreram quatro pessoas nesse acidente. Seguimos em frente, sempre descendo e o frio foi ficando para trás e a temperatura começou a subir. Fizemos uma nova parada, dessa vez numa curva onde ano passado (ou retrasado, não lembro mais!) aconteceu o último acidente com morte de ciclista na Estrada da Morte. Foi um israelense que se perdeu numa curva e caiu no precipício morrendo na hora. Um pouco mais a frente e chegamos numa curva que é o local mais conhecido da Estrada da Morte e onde todo ciclista que passa por ali, tem que obrigatoriamente parar para tirar fotos. A curva é bem fechada, não tem área de escape ou outro tipo de proteção lateral e a estrada passa bem na beira do abismo. Você olha para baixo e demora para ver o fundo. Cair ali é morte certa!

Mais alguns quilômetros descendo velozmente estrada abaixo e levando alguns pequenos sustos, e chegamos num local onde existe um monumento. Esse monumento foi construído pela família de uma ciclista israelense, que morreu ali em 2001. A guria na época tinha 23 anos, se perdeu numa curva e caiu no abismo. O Barack, o israelense do grupo não tinha prestado atenção ao monumento, então mostrei a ele a placa que está escrita em hebraico. Daí o guia contou que dos ciclistas mortos na Estrada da Morte desde que ela foi aberta aos ciclistas, o recorde de mortos por país é de israelenses, com doze mortes. O Barack fez cara de espanto e brinquei com ele perguntando se os israelenses são ruins de visão, ou não aprendem a andar de bicicleta quando crianças. E também falei que a estrada é nazista, pois mata principalmente judeus. Sei que foram piadas idiotas e sem graça, mas ao menos serviram para quebrar o clima ruim que tinha sido criado e para deixar o Barack mais relaxado. Depois disso, ele que já vinha o tempo todo mais devagar e no final do grupo, passou a pedalar ainda mais lentamente e com cuidado redobrado. Nessa parada em frente ao monumento da garota israelense, aproveitamos para tirar as roupas de frio e guardá-las na van.

Voltamos a pedalar e logo passamos por um trecho da estrada onde caía água da montanha por sobre a estrada. Tentei desviar da água, mas não consegui. Ter água gelada caindo sobre mim não foi nada agradável. Dali para baixo passamos a pedalar mais distante da beira do precipício, então comecei a correr mais. E por duas vezes fui parar no mato baixo ao lado da estrada, mas não cheguei a cair. Também atravessamos alguns trechos onde rios atravessavam a estrada. Eu passava com cuidado para não cair na água gelada e levantava os pés para não molhar o tênis. Chegamos num trecho onde tinha muitas pedras soltas na estrada. Na velocidade que estávamos algumas pedras voavam para os lados, outras batiam no pedal ou no quadro da bicicleta, fazendo barulho. Teve uma pedra que bateu no pedal e depois no meu queixo. Não chegou a machucar, mas que levei um susto enorme, isso levei! Comecei a sentir muita dor no pulso direito e parei para ver o que estava acontecendo. Meu pulso estava inchando, creio que em razão do esforço de horas pedalando e apertando o freio. Com o pulso inchado a pulseira do relógio ficou apertada (uso relógio no pulso direito, sempre usei desse lado!) e acabou cortando meu pulso, o que provocou a dor. Tirei o relógio, o coloquei no bolso e voltei a pedalar.

Na parte final da estrada as pedras desapareceram e passamos a percorrer uma região com muita poeira. A descida deixou de ser tão inclinada como fora desde o início e tivemos que pedalar o tempo todo e não mais andar no embalo. Ali fazia muito calor, nem parecia que tínhamos iniciado a descida com frio quase abaixo de zero. Chegamos num posto de controle, onde tivemos que mostrar os ingressos que tínhamos comprado horas antes. Aproveitamos para descansar e tirar fotos. No local uma equipe de reportagem da BBC de Londres, estava gravando parte de um documentário com uma equipe de resgate boliviana que trabalha na Estrada da Morte. Tirámos fotos com o pessoal e quando um dos caras da equipe de resgate soube que eu era brasileiro, veio falar comigo. Ele contou que é casado com uma brasileira e que sua esposa mora no interior da Bahia. Ele fica três meses na Bolívia trabalhando e três meses no Brasil com a esposa. O cara era muito gente boa e engatamos uma conversa animada. Ele contou que atualmente mesmo existindo a estrada nova, ainda ocorrem muitas mortes na parte da Estrada da Morte pela qual tínhamos descido. E que somando as mortes atuais na parte antiga da estrada e na parte nova, ocorrem em média cem mortes por ano. Encerramos a conversa quando o chamaram para almoçar.

Voltamos a pedalar e seguimos por um trecho sem graça, onde não existia curvas perigosas ou descida inclinadas. E exatamente às 13h30min chegamos ao final da estrada, num local com alguns bares e casas, próximo ao trevo que levava a cidade de CoRoico, que ficava ali perto. O guia disse que tínhamos percorrido de bicicleta algo em torno de 60 quilômetros. Entramos num bar e o pessoal foi tomar cerveja e bater papo. Tinha uma TV ligada onde passavam clips internacionais. E logo começou a passar um clip do Michel Teló, com a música “Ai se eu te pego”. Michel Teló e Gustavo Lima também fazem sucesso na Bolívia e não somente no Peru, igual eu tinha visto (e escutado) em muitos lugares. Pedi para usar o banheiro e o dono do bar foi me mostrar onde era. Na verdade não existia um banheiro propriamente dito, mas sim um local atrás do bar, que o pessoal utilizava como banheiro. Papel higiênico, absorventes e outras coisas mais espalhadas pelo chão, deixavam claro que aquele local era utilizado frequentemente como banheiro. Voltei para dentro do bar e conversei um bom tempo com o suíço do grupo. Ele falava bem o espanhol, pois tem uma namorada peruana.

Embarcamos na van e seguimos para o local do almoço, que seria num hotel fazenda no meio da mata. O lugar era exótico e bonito. Quando chegamos tinha um pessoal de saída e vi que tinham brasileiros no meio, mas não falei com nenhum deles. Estava com muita fome e queria comer o quanto antes. O sistema era self servisse e tinha muita salada e macarrão. Como de costume peguei pouca comida, pois onde quer que eu vá costumo provar um pouco da comida e se gostar pego mais. A comida estava muita boa, foi a melhor comida que provei em toda a viagem por Peru e Bolívia. Acabei repetindo três vezes e achei que ia passar mal mais tarde. Depois de almoçar ficamos conversando à mesa e o casal de caronistas chilenos contou sobre sua viagem. Eles tinham saído do Chile e pretendiam chegar até o México, gastando pouco, dormindo em barraca e pegando carona sempre que possível. O dono do hotel fazenda veio conversar conosco e contou brevemente sua história. Ele é húngaro e resolveu há seis anos vir tentar a vida na América do Sul. Passou pelo Brasil, mas não conseguiu se estabelecer no país e então seguiu para a Bolívia, onde tudo deu certo e ele vive feliz com a família, sem vontade de um dia voltar para a Hungria. Na mesa começou a encher de mosquitinhos, daqueles cuja picada coça e saí sangue. O interessante é que eles atacaram principalmente o suíço. Brinquei com ele dizendo que ele tinha sangue doce em razão de comer muito chocolate suíço. Fui o único que não foi picado pelos mosquitos, que não se aproximavam de mim. Acredito que isso em razão dos remédios que eu estava tomando, que devia causar algum cheiro imperceptível para os humanos, mas que funcionava como repelente para mosquitos.

Embarcamos na van e seguimos para o trevo de CoRoico. Ali os chilenos desembarcaram e nós subimos a serra. O guia foi no banco da frente com o motorista e na parte de trás existiam quatro bancos e quatro passageiros. Cada um ficou num banco e meus colegas logo deitaram e pegaram no sono. Eu preferi ficar olhando a estrada e a bela paisagem. A trilha sonora da volta foi bem melhor do que a da ida. Tocou o tempo todo músicas de uma banda mexicana chamada Coquetel Molotov. Teve uma das músicas que inclusive foi gravada em português pelo Capital Inicial.  Subimos o tempo todo e após uma hora chegámos na parte da estrada onde tínhamos descido de bicicleta pela manhã. De dentro da van, vendo a estrada, suas curvas, precipícios, veículos passando, cheguei à conclusão de que descer de bicicleta por ali igual nós tínhamos feito era muita loucura. O final da tarde foi chegando e na parte final da subida da serra o tempo fechou e ficou com neblina. Passámos por alguns lugares onde existiam pequenas cachoeiras descendo da montanha ao lado da estrada e em muitas partes a água estava congelada. Pena que o motorista não parou nesses locais, pois daria belas fotos. Saímos da serra e o sol reapareceu. Mais uma hora e estávamos circulando pelo centro de La Paz. Pela janela da van pude conhecer um pouco mais da cidade. E passámos em frente ao belo estádio Hernando Siles, local onde em 1993 a Seleção Brasileira perdeu sua primeira partida de eliminatórias de Copa do Mundo.

Chegamos ao hostal e passei na agencia de viagens para ver se tinha algum grupo formado para ir à Huayna Potosi nos próximos dias. A moça da agencia disse que não, mas que no dia seguinte poderia ter novidades. Acabei fechando com ela um passeio para o Chacaltaya, no dia seguinte. O Chalcaltaya é uma montanha, onde funciona uma estação de esqui semi desativada. A altitude dessa montanha é de 5.421 metros e ir até lá fazia parte do meu plano de aclimatação para subir Huayna Potosi. O pacote de dia inteiro, com van e guia para o Chalcaltaya e Vale de La Luna custava $ 50,00 bolivianos. Antes de sair da agencia ganhei de brinde um CD com as fotos do downhill e uma camiseta alusiva ao passeio, com uma bandeirinha da Bolívia pregada na manga direita.

Subi para meu quarto, tomei banho, deitei um pouco para descansar e quando já era noite saí à rua. Novamente ao passar pelas várias barbearias da vizinhança o pessoal me convidava para entrar e fazer a barba. Fui jantar na lanchonete da esquina e novamente comi um prato com arroz, frango frito e batata frita. Paguei $ 4,50 bolivianos, o que dá R$ 1,42. Era muito barato comer ali. Dei uma volta pelas redondezas e parei numa lan house para usar a internet. Voltei ao hostal pouco depois das 21h00min. Na porta encontrei Elisa, minha amiga italiana. Ela estava indo embora, seguiria para o interior da Bolívia. Conversámos um pouco, nos despedimos e subi para meu quarto. Arrumei a mochila para o passeio do dia seguinte, baixei as fotos do dia no net book e fui dormir, com os braços e mãos doendo em razão das horas em cima da bicicleta. E agora posso dizer que sobrevivi à Estrada da Morte!!!

Barack (Israel), Vander (Brasil), Jorge (Espanha), Stefan (Suiça).
Fazendo graça!!
Início do downhill.
Pegando velocidade.
Sempre descendo.
Pouco antes de quase cair numa curva.
Parada para descanso.
Trecho antigo da Estrada da Morte.
Um dos trechos mais perigosos da estrada.
Trecho da Estrada da Morte onde a parada para fotos é obrigatória.
Essa paisagem é clássica.
Cadê o final do abismo?
Estrada da Morte.
Trecho onde ocorreu a última morte de ciclista na Estrada da Morte.
Monumento a uma ciclista israelense que morreu ao cair no precipício.
Parada para trocar de roupa.
Pela estrada afora eu vou bem contente…
Parada no posto de controle.
Vamos pular, vamos pular, vamos pulaaaaarrrr!!!!
Com os repórteres da BBC de Londres e a equipe boliviana de salvamento.
Pedalando na poeira.
Atravessando o rio.
O banheiro no fundo do bar.
O delicioso almoço hungaro.
Com meus companheiros de downhill e o casal de chilenos.
A direita recado que deixei no livro de visitantes.
Na van, retornando à La Paz.
A bela paisagem na estrada que leva à La Paz.

Viagem ao Peru e Bolívia (16° Dia)

30/05/2012 

Copacabana

Acordei com a camareira batendo na porta do quarto e quando olhei no relógio me assustei, tinha dormido por doze horas a fio. Arrumei minhas coisas e desci fazer o chekout. Perguntei sobre minhas amigas e o recepcionista disse que elas já tinham saído do hotel. Achei que elas tinham ido embora no ônibus que segue às 9h00min para La Paz. Deixei minhas mochilas guardadas no depósito do hotel e saí, fui visitar algumas empresas de ônibus e comprar minha passagem para La Paz. Todas as empresas só tinham ônibus às 13h30min e o preço mudava pouca coisa de uma empresa para outra. Vi na rua alguns ônibus menores e algumas pessoas anunciando que eles saíram em 15 minutos. Fui pedir informações e descobri que estes ônibus não iam até a rodoviária, mas somente até um cemitério na entrada de La Paz. Voltei ao hotel e comprei a passagem do recepcionista, paguei $ 20,00 bolivianos.

Fui dar uma volta pela cidade e após caminhar por algumas ruas próximas ao centro, fui novamente até a Basílica Nossa Senhora de Copacabana. Depois fui numa praça em frente e um cara vestido com a camisa do Grêmio pediu para eu bater uma foto dele. Quando ele descobriu que eu era brasileiro, começou a falar sem parar e me deu algumas dicas sobre o que fazer em La Paz. Caminhei mais um pouco pelo centro, fui até o lago e voltei ao hotel. Fiquei lendo na recepção até próximo ao horário de meu ônibus partir. Fui pegar minhas mochilas no depósito e quem me levou até o depósito e abriu a porta foi uma garotinha de uns quatro anos. Entrei no depósito e peguei minhas mochilas, dei uma olhada em volta e tinham dezenas de mochilas. Algumas de marcas europeias que custam cerca de U$ 300,00. Se eu fosse um cara desonesto podia escolher qualquer mochila ali e sair tranquilamente, pois não existia nenhum tipo de controle e a garotinha nem sabia o que estava fazendo.

Fui para o local do embarque, que era na esquina do hotel. Passou por mim um casal e vi que a moça tinha uma capa da Náutica em sua mochila, igualzinha a minha. E o cara tinha uma mochila da Trilhas & Rumos, que é uma marca brasileira. A dedução foi de que eram brasileiros. Embarquei no ônibus e ao sentar em minha poltrona quase que não consigo me encaixar nela, de tão pequena que era. E não existia encosto no meio dos bancos. Ao meu lado foi uma norte americana e ficamos quase sentados um sobre o outro de tão apertada que era a poltrona. No banco da frente ia duas outras norte americanas, amigas da guria que ia ao meu lado. Fui reclinar minha poltrona e a moça de trás pediu para eu não fazer isso, pois senão as pernas dela não caberiam onde estavam. Primeiro achei que era frescura dela, daí olhei para ela de cima a baixo e vi que além de alta ela era gordinha e realmente não ia caber na poltrona se eu reclinasse a minha. Então o jeito foi ficar meio espremido e para minha sorte a guria da frente não reclinou a poltrona dela.

O ônibus partiu e após passarmos pela periferia da cidade, passamos a percorrer uma estrada que seguia ao lado do Lago Titicaca. A paisagem era bonita, o contraste de cores entre a terra árida e marrom e o azul das águas do lago. Em alguns trechos da estrada o lago surgia dos dois lados. Em algumas partes era possível ver montanhas nevadas que ficavam a quilômetros de distância. Passaram uma relação para todos os passageiros assinarem e também preencher sua nacionalidade e idade. Vi que no ônibus tinha gente de todas as partes do mundo. E também vi que a americana que estava do meu lado tinha apenas 18 anos, bem como as duas amigas dela.

Chegamos a um pequeno pueblo as margem do lago e a estrada acabava ali. Teríamos que desembarcar e atravessar o lago de lancha, enquanto o ônibus atravessaria numa pequena balsa. A passagem para atravessar de lancha custava $ 1,50 bolivianos. A lancha não era das maiores e vi que era bem velha. Começou a entrar gente e não parava mais, alguns sentando na parte da frente bem no fundo. E muita gente ficou em pé. Achei aquele excesso de lotação perigoso e fiquei nos fundos da lancha, pois em caso de naufrágio teria mais chances de me salvar. Logo que a lancha partiu duas americanas abriram espaço entre elas e disseram para eu sentar ali. Uma era a guria que estava ao meu lado no ônibus e a outra era amiga dela. Sentei-me e fiquei olhando nosso ônibus atravessar numa balsa. Fiquei pensando no que aconteceria com minhas mochilas que estavam no bagageiro do ônibus, caso ele caísse da balsa e afundasse no lago. A travessia durou cinco minutos e ao desembarcar do outro lado aproveitei para caminhar e esticar as pernas.

Enquanto esperava o ônibus aparecer, vi o casal de brasileiros que tinha embarcado em Copacabana e fui falar com eles. Olivia e Enrico eram do interior de São Paulo. Já tinham passado pelo Peru e agora iam passar uns dias em La Paz e de lá seguir para Buenos Aires de avião. Conversámos um pouco e quando o ônibus apareceu embarcamos e seguimos viagem. A paisagem não mudava muito e após nos afastarmos do Lago Titicaca ela ficou menos bonita, se resumindo a pequenas casas e algumas plantações e criações de ovelhas. Acabei dormindo e só fui acordar quando chegamos à La Paz, quase no final da tarde.

La Paz

A periferia de La Paz era muito feia, pobre e suja. Entramos pela parte alta da cidade e chamou atenção uma estátua de Che Guevara feita de sucatas. Essa estátua ficava numa pequena praça onde em frente dezenas de vans esperavam passageiros. A maior parte dos veículos de La Paz é formada por vans, pois em razão das muitas ladeiras e ruas estreitas existem poucos ônibus e muitas vans circulando pela cidade. Passamos por um pedágio e começamos a descer para a parte baixa da cidade, onde fica o centro. Eu já tinha passado por ali dias antes, quando fui ao Peru. Ao longe dava para ver o Illimani, que é uma montanha nevada com quase 6.500 metros. Logo chegamos á rodoviária e desembarcamos. Ao descer do ônibus vi um Iphone debaixo do banco e lembrei que o tinha visto nas mãos de umas das norte americanas. Fui atrás dela e a encontrei na saída do portão de embarque e devolvi o Iphone a ela, que ficou muito agradecida. Fui pegar minhas mochilas no bagageiro e ao sair pelo portão de embarque um cara veio atrás de mim e me entregou minha garrafinha de água, que segundo ele eu tinha derrubado na hora que peguei a mochila. Essa garrafinha é de alumínio e comprei no Canadá, então ela tem um valor sentimental para mim. Ainda dentro da rodoviária troquei dólares por bolivianos, numa casa de cambio. Antes de sair do Peru eu saquei todos os dólares que tinha na conta do meu cartão da Confidence, pois na Bolívia não tinha terminais ATM para fazer saques. Andar com todos os meus dólares era perigoso, mas não tinha outra solução. Parei num centro de informações turísticas na saída da rodoviária e peguei gratuitamente um mapa do centro da cidade.

Na frente da rodoviária fiquei pensando no que fazer, se pegava um taxi até o hostal El Solário, onde eu pretendia me hospedar, ou se ia a pé até lá. Eu sabia que ele ficava a cerca de um quilômetro da rodoviária. Como boa parte do caminho era descida, resolvi ir a pé. Passei em frente ao Hostal Pirwa, que era da mesma rede do hostals que eu tinha ficado em Cusco. Entrei e fui perguntar o preço. Achei caro $ 100,00 bolivianos por um quarto individual e resolvi ir para o El Solário, pois sabia que lá o quarto individual custava $ 35,00 bolivianos. Tinha que atravessar uma enorme avenida, que em razão do horário estava com trânsito intenso. Fiquei um tempão esperando e não conseguia uma brecha para atravessar. Por estar cheio de mochilas eu não podia correr igual os outros pedestres faziam para atravessar a avenida. Fiz uma tentativa de atravessá-la e antes de chegar na metade me vi cercado de carros, quase sendo atropelado. Consegui voltar para a calçada e fiquei pensando no que fazer para atravessar em segurança. Daí surgiu um guarda de trânsito não sei de onde e perguntou se eu queria atravessar a avenida. Respondi que sim e o guarda assoprou seu apito, levantou a mão direita, entrou no meio da avenida e todos os carros pararam. Atravessei a avenida me sentindo importante, com todos os motoristas me olhando. Nunca tinha passado por experiência igual, nem mesmo no Brasil. Ao passar pelo guarda agradeci e logo estava são e salvo do outro lado da avenida. Pedi informação a algumas pessoas sobre como chegar na rua do hostal e todos foram simpáticos ao dar informação. E logo encontrei o hostal, que fica num prédio antigo, quase nos fundos de uma igreja. Junto ao hostal funciona uma agencia de turismo, na qual eu pretendia contratar alguns serviços turísticos.

Subi até a recepção e pedi um quarto individual. O preço era mesmo de $ 35,00 bolivianos. Existiam quartos coletivos com quatro, seis e até oito camas. Estes quartos custavam de $ 20,00 a $ 30,00 bolivianos e eram mistos, com homens e mulheres misturados. Não achei vantagem ficar num quarto destes, pois a diferença de preço para o quarto individual não era muita. Eu preferia ficar sozinho, pois podia deixar minhas coisas espalhadas pelo quarto e também ficar a vontade para entrar, sair e dormir a hora que eu quisesse. No quarto ajeitei minhas coisas e fui tomar banho, num banheiro de uso coletivo que ficava no corredor. Ao voltar para meu quarto descobri que a Olivia e o Enrico estavam no quarto ao lado. Eles tinham vindo de taxi da rodoviária até o hostal. Então lembrei que eu tinha dado o endereço do hostal a eles. Conversamos um pouco e fui me ajeitar para sair jantar. Minha garganta tinha voltado a doer e a formar secreção. E uma tosse chata estava começando a incomodar. Isso me deixou preocupado, pois eu pretendia subir uma montanha nevada e com a garganta ruim isso seria um enorme problema.

Saí do hostal e caminhei pelas ruas próximas. Em volta existiam muitas barbearias e por onde eu passava pessoas na porta insistiam para eu entrar e fazer a barba. Foi então que notei que os bolivianos não usam barba. A todos que me abordavam eu agradecia educadamente e dizia que não queria fazer a barba. Encontrei uma farmácia e entrei para comprar alguns remédios para a garganta. A farmácia parecia aquelas farmácias antigas que vemos em novelas ou filmes de época, com balcões e prateleiras de madeira e potes com medicamentos por todos os lados.  Ali se vende remédios a granel, ou seja, você diz quantos comprimidos quer e a atendente vende a quantidade que você pediu. Esse sistema é bem melhor do que o sistema brasileiro, onde você compra a caixa toda e muitas vezes não utiliza tudo e acaba jogando fora o que sobrou. Também comprei algumas soroche phills, comprimidos que servem para combater o mal de altitude. Pretendia utilizar tais comprimidos quando fosse subir a montanha nevada dali uns dias. Antes de voltar ao hostal, entrei em uma lanchonete para jantar. Além de lanches eles também tinham refeição. Escolhi um prato com arroz, batata frita e frango frito. Na Bolívia não existe feijão e a carne vermelha é cara, então frango e arroz é à base da alimentação local.

Voltei ao hostal e encontrei a Elisa, a italiana que conheci na Isla del Sol. Ela veio para La Paz no mesmo horário que eu, mas por outra empresa de ônibus. A Audrey tinha ido para outra cidade no interior da Bolívia. Nosso desencontro ocorreu por que levantei tarde e elas saíram muito cedo para passear por Copacabana. Fui até a agencia de turismo que funciona no hostal e acabei fechando para o dia seguinte um passeio de dia inteiro pela estrada da morte. O passeio era um downhill de bike. Escolhi uma bicicleta intermediaria, com freio a disco e suspensão somente na dianteira. Provei roupas, capacete e acertei o horário de saída e outros detalhes para o dia seguinte. Pelo pacote que incluía bicicleta, roupas, equipamentos, guia, transporte, lanche e almoço, paguei $ 360,00 bolivianos. Subi para meu quarto e ao passar pelo corredor uma guria que estava sentada ficou me olhando de cima a baixo. Ela parecia a Angelina Jolie, mas numa versão loira e dez anos mais nova. Ao entrar no meu quarto vi que o quarto ao lado estava com a porta aberta e fui conversar com o Enrico e a Olivia. Acabei contando sobre meu problema de garganta e que se não melhorasse isso seria um problema para meus planos futuros. O Enrico falou que tinham alguns antibióticos, que ganhou de um tio que é médico. Ele disse que se eu não melhorasse, no dia seguinte era para falar com ele, que me daria alguns desses antibióticos. Voltei para meu quarto e fiquei descansando e lendo.

Depois de uma hora descansando fui usar o banheiro e resolvi dar uma volta pelo hostal, para conhecê-lo melhor. O hostal é antigo e enorme, com dois andares, cozinhas coletivas e muitos quartos. Vi que tinha muita gente hospedada ali, principalmente europeus. Quando estava subindo de volta para meu quarto que ficava no segundo andar, encontrei novamente a sósia da Angelina Jolie. Ela perguntou em inglês de onde eu era e quando disse que era brasileiro ela começou a falar em espanhol. Ela era francesa e disse que adorava homens com barba. A guria era muito bonita e enquanto conversava com ela comecei a sentir um cheiro estranho. Em um momento em que a francesa se virou para falar com outra guria, cheguei mais perto dela e disfarçadamente cheirei o seu pescoço. Quase caí de costas, o mau cheiro que estava sentido vinha dela. O que ela tinha de bonita tinha de porquinha e pelo cheiro fazia dias que não tomava banho. Com um fedor daqueles, nem que fosse a Angelina Jolie original eu encarava. Falei a ela que precisava ir dormir, pois tinha que acordar cedo no dia seguinte e subi para meu quarto. Que decepção! Ao menos fez bem ao meu ego ter uma guria bonita e jovem me olhando, vindo conversar comigo. Mas com aquele mau cheiro, sem chance!!! Eu já estava deitado quando bateram na porta do quarto. Fiquei com receio de que fosse a Angelina Jolie fedida e abri a porta com cuidado. Era o Enrico, que veio me dar alguns antibióticos, pois não sabia se ia me ver no dia seguinte. Agradeci pelos remédios, que eram amostras grátis e tomei um comprimido antes de voltar para a cama. Não sei se foi o remédio, mas logo peguei no sono e dormi feito um anjinho…

Meu quarto em Copacabana.
Lago Titicaca, em Copacabana.
Lojas em Copacabana.
Copacabana.
Basílica Nossa Senhora de Copacabana
Paisagem vista pela janela do ônibus.
A lancha lotada na travessia do lago.
Esperando o ônibus após atravessar o lago.
O ônibus na balsa.
Paisagem na estrada que leva à La Paz.
Estátua de Che Guevara feita com sucatas.
La Paz.