Santiago de Compostela

A cidade de Santiago de Compostela atualmente é uma cidade meio grande, com cerca de 150 mil habitantes. Ela é a terceira cidade mais importante para o Cristianismo, ficando atrás apenas de Roma e  Jerusalém.

De bike pelo Caminho de Santiago – dia 6

Palas del Rei / Melide / Boente / Arzúa / Monte do Gozo / Santiago de Compostela

De bike pelo Caminho de Santiago – dia 3

Santo Domingo de la Calzada/Villamayor del Rio/Belorado/Burgos  //  Ponferrada

Vander e Pedro (um curitibano que conheci pelo Caminho).
Pequeno museu em Belorado.
Convento de Santa Clara de Bretonera (Belorado)
Rodoviária de Burgos.

Estella-Lizarra

Estella (em espanhol) ou Lizarra (em basco), fica em uma zona de transição entre a montanha e o planalto. A cidade nasceu no entorno do Caminho de Santiago e tem 16.000 habitantes. É uma cidade que mantém muitas construções antigas e históricas. No século XV, era conhecida como “Estella la bella” e hoje continua a honrar esse ditado. É uma cidade românica (estilo artístico vigente na Europa entre os séculos XI e XIII), que valoriza palácios, casas senhoriais, igrejas, conventos, pontes e belos edifícios. A cidade mantém ruas antigas de francos e judeus, e a frase que Aymeric Picaud disse no século 11 ainda é atual: “Estella é uma cidade de bom pão, excelente vinho, muito vinho. Carne e peixe, e todo tipo de felicidade”. A influência do Caminho de Santiago e do bairro judeu circunda toda a cidade. Fundada em 1090 por Sancho Ramírez, viveu seu esplendor máximo nos séculos XII e XIII. Na cidade você encontra a ponte gótica de Azucarero e o portão medieval de Castilla, o único remanescente dos muros que circundavam os bairros medievais. Um passeio pela cidade o levará a descobrir belos palácios e mansões dos séculos XVI e XVII. Entre os edifícios religiosos, são importantes as ruínas da igreja medieval de San Pedro de Lizarra, que mantém a estrela romana anexada em uma de suas paredes. A igreja de San Pedro de la Rúa, em estilo românico tardio, tem uma fachada do século XIII e um claustro do século XII. Na de San Miguel, séculos XII a XIV, destaca-se o belo pórtico românico tardio, considerado o melhor da Espanha em seu estilo.

Rota Hemingway – Pamplona

Adoro ler, e um dos meus escritores favoritos é Ernest Hemingway. Não li todas as suas obras, que são cerca de 20, mas li as principais. Em 2017 estive na Espanha, e na cidade de Pamplona me chamou atenção a Rota Hemingway. Pesquisando descobri que o escritor estivera nove vezes na cidade, onde fez muitos amigos e usou como inspiração em um de seus livros mais famosos a Festa de San Fermín, que acontece anualmente em Pamplona, onde touros são soltos pelas estreitas ruas do centro da cidade e muitos corajosos correm na frente dos touros. Muitas mortes já aconteceram em razão disso.

Romancista e vencedor do Prêmio Nobel, Ernest Miller Hemingway nasceu em 1899 nos Estados Unidos. Considerado um dos melhores escritores do século XX, ele deu vida a numerosos personagens em cerca de vinte obras literárias. Entre eles, O sol também se levanta (Fiesta). Um romance definitivo para a internacionalização da Festa de San Fermín. Hemingway foi a Pamplona nove vezes e, em sua primeira visita, caminhou pelas ruas, ​​bebeu em suas tabernas e cafés, ficou deliciado com a comida nativa, a corrida de touros, touradas e a alegria presente na cidade.

Os turistas que seguem os passos do escritor procurando os lugares que ele frequentou, seguem a rota turística criada em sua homenagem:

Rota Hemingway em Pamplona :

  • Plaza del Castillo (Bar Txoko, Hotel Quintana, Café Bar Torino, Hotel La Perla, Café Iruña, Café Kutz, Café Suizo)
  • Paseo Sarasate (Restaurante Antigo Las Pocholas)
  • Avenida San Ignacio (Hotel Yoldi)
  • Rua do Mercado (Casa Marceliano)
  • Calle Eslava, 5 (Pensão antiga)
  • Praça de touros

O Café Iruña, ficou famoso por ser o lugar preferido de Hemingway. No Café existe uma estátua de Hemingway em tamanho real, que fica encostada junto ao balcão, como se ele estivesse pedindo mais uma cerveja gelada.

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Plaza del Castillo.

 

Pamplona

Pamplona é a capital da região de Navarra. Foi fundada em 74 A.C. pelo general romano Pompeu. Sua população é de quase 200 mil habitantes e contando a sua área metropolitana a população local chega próximo a 350 mil habitantes. A maior parte dos nacionalistas vascos, considera Pamplona uma das capitais do País Basco. Muitas festividades que ocorrem na cidade costumam atrair turistas espanhóis e do mundo todo. É famosa a Festa de São Firmino, que acontece todo ano no mês de julho e é mundialmente famosa. O ponto máximo da festa é quando touros são soltos nas estreitas ruas do centro histórico da cidade e correm feito loucos, e pessoas corajosas, em sua maioria homens vestidos de branco e com lenços vermelhos, correm na frente dos animais. Essa festa é bastante antiga e nela muitas pessoas já morreram pisoteadas ou chifradas pelos assustados touros. Também é famosa na cidade as touradas que acontecem em uma enorme arena próxima ao centro da cidade e que se parece com um estádio de futebol.

Albergue de Peregrinos.
Encierro.
Mesmo empalhado, ele impõe respeito.
Plaza del Castilho.

Roncesvalles

Roncesvales é uma pequena cidade na Espanha, localizada na província autônoma de Navarra. Em 2016 tinha 34 habitantes. Situa-se na margem do rio Urrobi a uma altitude de cerca de 900 metros, nos Pirineus, a 4 km em linha reta da fronteira com a França, ou a 21 km por estrada. Em Roncesvales existe uma antiga colegiada (conjunto de dignidades instituídas numa igreja paroquial e que a tornavam semelhante ao cabido de uma sé catedral; os seus dignitários eram conhecidos como raçoeiros, e os párocos detinham o título de priores ou reitores das colegiadas).

Roncesvales é famosa na sua história e tradição pela derrota de Carlos Magno e pela morte de Rolando (ou Roldão) em 778, durante a batalha de Roncesvales, onde a retaguarda das tropas de Carlos Magno foi destruída pelas tribos bascas. A batalha teria ocorrido no vale denominado Valcarlos, hoje ocupado por uma aldeia com o mesmo nome, e no vizinho passo Ibañeta.

Desde a idade Média que a colegiada de Roncesvalles tem sido local de descanso de peregrinos católicos que percorrem o Caminho de Santiago. Ela é o primeiro local de descanso após cruzar os Pirenéus franceses.

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Em Paris

Peguei minha mochila, que foi liberada rapidamente e segui para o saguão do aeroporto. Por culpa da perda do voo em Madri, eu tinha perdido horas preciosas que passaria em Paris. Isso ia me custar deixar de conhecer lugares que planejava visitar na cidade. Mas não podia reclamar, pois apesar dos pesares e com atraso, eu estava em Paris. Então o jeito era curtir ao máximo minha curta permanência na cidade. Paris não fazia parte do projeto original da viagem pelo Caminho de Santiago. Na verdade a cidade fica bem distante do Caminho, que inicia no sul da França, centenas de quilômetros dali. Mas como eu ia para a Europa, ia para a França e sempre quis conhecer Paris, não podia deixar de fora uma visita à cidade, mesmo que rápida. Num primeiro momento após ver o custo de tal visita, pensei em desistir e seguir para o sul da França direto de Madri. Mas graças ao meu irmão que me disse que sonhos não tem preço, resolvi gastar algumas dezenas de euros a mais e visitar Paris. E não me arrependo de tal decisão, pois mesmo tendo durado pouco mais de um dia, a visita à Paris foi maravilhosa e inesquecível. Paris é Paris! Então vale a pena mesmo que seja uma hora apenas na cidade. E pretendo voltar um dia com mais tempo, para conhecer o que não foi possível dessa vez.

Segui para fora do aeroporto e logo encontrei uma rua lateral e um ponto de ônibus. Logo surgiu a primeira dúvida, para qual lado eu deveria pegar o ônibus. E para piorar, minha conexão de internet parou de funcionar e fiquei sem poder consultar o Google Maps. Antes de decidir sobre a direção a seguir, tratei de comprar a passagem para o ônibus. Ao lado do ponto tinha uma máquina, tipo caixa eletrônico de banco, que vendia as passagens. O valor era € 1,50 e o pagamento só era permitido utilizando cartão de crédito ou débito. Com a passagem comprada, fiquei esperando aparecer alguém para que eu pudesse pedir informação. Já sabia que franceses são mal humorados e evitam falar com estrangeiros em outro idioma. Logo surgiram duas jovens moças e me dirigi a elas perguntando em inglês, como deveria fazer para ir até a estação de Metrô mais próxima. Umas das moças era italiana e me respondeu misturando inglês e italiano. Não entendi completamente a informação, mas o mais importante foi descobrir que deveria pegar o ônibus no lado da rua onde estava. Fazia um pouco de frio e os minutos que fiquei esperando o ônibus foram um pouco desconfortáveis. Sem falar que o local era deserto e pouco iluminado, o que dava certa sensação de insegurança. Finalmente surgiu um ônibus pequeno e todo modernoso, que parou no ponto. Fiquei esperando as duas jovens embarcarem, para observar por qual porta deveria entrar e o que fazer com a passagem.

Andamos por ruas desertas e escuras e confesso que fiquei meio receoso com relação a assaltos. Andar por periferias de grandes cidades sempre é complicado. Mas com certeza se fosse a periferia de alguma grande cidade brasileira, o risco de algo ruim acontecer seria bem maior. Conforme íamos andando a paisagem em volta ia ficando mais cheia de casas e comércio, bem como mais pessoas iam embarcando no ônibus. Logo as duas moças que embarcaram junto comigo desceram em frente a uma grande loja do Supermercado Carrefour. Continuei atendo as paradas de ônibus e olhando em volta, em busca de alguma sinalização que indicasse o Metrô. Após cerca de meia hora de viagem, o ônibus parou em uma espécie de terminal e entendi que ali era seu ponto final. Esperei todos descerem e fui seguindo o fluxo de pessoas. Notei que a maioria seguia em direção a um corredor e fui atrás deles. Logo entraram numa pequena e escondida porta e finalmente vi uma placa dizendo que ali era uma estação do Metrô. Senti um misto de alivio e felicidade, pois não estava mais perdido. Talvez só um pouco perdido! Tive que comprar nova passagem em uma máquina parecida com a que vendia a passagem para o ônibus.

A estação de Metrô não era muito grande, mas tinha uns corredores vazios e um pouco assustadores. Olhando um mapa na parede descobri que pegando o Metrô ali onde estava, conseguiria chegar até perto do hotel em que tinha reserva, que ficava na região da Torre Eiffel. Mas teria que fazer uma troca um pouco mais à frente. Após dez minutos surgiu um trem do Metrô. Era bem antigo, na cor verde e branco. Quando parou fiquei observando que para entrar era preciso destravar uma espécie de tranca que fica do lado de fora da porta. Em países onde nunca estivemos, o segredo é observar ao máximo o que as pessoas fazem, e aprender com elas. Dentro o vagão era limpo, mas com aspecto de velho. Após algumas paradas chegou a estação onde eu teria que fazer baldeação. Após desembarcar, olhando o painel eletrônico da estação, descobri que teria que passar para o outro lado, para embarcar no Metrô que seguiria na direção que eu queria ir. Logo descobri que não tinha passagem direta para o outro lado. Eu teria que sair da estação, atravessar os trilhos por uma espécie de passarela e comprar nova passagem do outro lado. Nessa estação tinha bilheteria e tentei comprar a passagem, mas uma atendente mal humorada e exageradamente grossa, me fez entender falando em francês que eu teria que comprar a passagem utilizando a máquina de bilhetes ao lado, e pagando com cartão. Como não tinha outro jeito, peguei meu cartão e comprei a terceira passagem da noite. Se eu não tivesse cartão de crédito ou de débito, talvez estivesse até hoje perdido pela periferia de Paris!

Após comprar o novo bilhete do Metrô e entrar na estação, fiquei quase dez minutos esperando o trem do Metrô. Novo embarque e dessa vez já sabia como destravar a porta e entrar no vagão. Finalmente cheguei na estação Cambronne, meu local de desembarque. O hotel onde eu tinha reserva era um Ibis e ficava quase em frente à estação Cambronne. O Ibis é uma cadeia de hotéis espalhados pelo mundo e não é dos mais caros, sendo que possui um bom padrão de qualidade. Mas estava em Paris, onde o barato não é tão barato assim para nós brasileiros, filhos do Real, uma moeda que anda bastante desvalorizada. Se no Brasil o quarto mais barato em um hotel Ibis fica na faixa dos R$ 160,00 em Paris o valor do quarto mais barato era € 160,00 o que dava aproximadamente R$ 570,00. O preço era bem salgado, principalmente se levar em consideração que eu utilizaria o hotel somente para tomar banho, dormir algumas horas e tomar o café da manhã no dia seguinte. Eu até podia ter tentando reserva em um hotel mais barato e mais afastado do centro, ou então buscado uma vaga em um hostel, onde os quartos compartilhados saem mais barato. Mas eu não ficaria muito tempo em Paris, então ficar num hotel bem localizado, próximo aos principais pontos turísticos que eu queria visitar, até que era um ótimo custo benefício, mesmo o hotel sendo caro.

Entrando no hotel fui direto a recepção e fiquei esperando em pé enquanto a recepcionista atendia um casal de indianos. Logo chegou minha vez de ser atendido e mostrei a recepcionista um papel com o número de minha reserva que tinha sido feita pela internet, ainda quando estava no Brasil. Ela perguntou se eu falava francês e diante de minha resposta negativa ela começou a falar comigo em inglês. Logo veio um rapaz me atender, e ele falava o português de Portugal, que é um pouco diferente do português falado no Brasil, mas que é fácil entender. O recepcionista me entregou um cartão que serviria como chave para entrar em meu quarto, me indicou como chegar até o quarto no terceiro andar e por último me deu um mapa dos pontos turísticos de Paris, que seria muito útil no dia seguinte. Finalmente entrei no quarto, joguei a mochila no chão e me atirei sobre uma das duas camas de solteiro existentes no quarto e nela fiquei por uns dez minutos deitado sem me mover.

Criei coragem para levantar e desfiz minha mochila, tirando tudo de dentro e espalhando por sobre a outra cama existente no quarto. Em seguida fui tomar banho e tive problema com a ducha, que na França não é fixa igual aos chuveiros que estamos acostumados a utilizar no brasil, que ficam fixos no alto, geralmente no meio e você tem espaço para ficar debaixo da água que caí. A ducha francesa tinha que ficar segurando o que acaba atrapalhando o banho. Existia a possibilidade de travar a ducha em um suporte existente no alto, mas o problema é que tal suporte ficava preso na parede e a ducha de forma fixa derrama a água muito próxima a parede. Tive que tomar banho encostado na parede do banheiro, enquanto a água da ducha caía do alto pouco acima de minha cabeça. Era algo desconfortável, principalmente ficar com a bunda colada na parede gelada. Mesmo assim tomei um longo e demorado banho.

Saí do banho já pensando no que ia jantar. Me vesti rapidamente e desci para a recepção do hotel. Como não vi nada de comer no hotel, saí a rua. Passava um pouco das 23h00min e a rua em frente estava deserta. Fazia ainda mais frio e caía uma fina garoa. Segui caminhando pela direita da rua olhando atentamente a procura de algum local que estivesse aberto e tivesse comida. Em frente ao hotel tinha uma lanchonete, que servia diversos tipos de sanduíches. Segui em frente e passei por um mercadinho que ficava aberto 24 horas. Segui uns duzentos metros caminhando, até chegar na esquina de uma larga avenida. Parei alguns minutos na esquina e fiquei olhando em volta e pensando no que fazer. Também dei uma olhada para o alto em todas as direções a procura da Torre Eiffel, pois sabia que ela ficava ali perto, mas não sabia para qual lado. Acabei não vendo a torre, pois a garoa deixava a visão limitada a poucos metros. No dia seguinte descobri que a Torre Eiffel ficava do lado contrário de onde eu estava.

Decidi que ia comer algo na lanchonete em frente ao hotel e voltei pela rua escura por onde tinha caminhado. O local era pequeno, mas simpático. Tinha apenas duas mesas e me sentei a mesa que ficava mais distante da porta de entrada. Rapidamente optei por um hamburguêr com fritas, pois era melhor pedir algo que conhecia do que arriscar a pedir outro lanche que não sabia bem o que era e ter problema. Junto com o lanche vinha um refrigerante em lata, que eu podia escolher entre várias opções em uma geladeira no canto dos fundos da lanchonete. Abri a geladeira e vi alguns refrigerantes conhecidos e outros que não tinha a menor ideia do que eram. Como gosto de 7UP, que é um refrigerante de limão e não é mais fabricado no Brasil, essa foi minha opção. Mas vi que existia também 7UP de outro sabor, a 7UP Mojito. Eu sábia que Mojito era uma bebida cubana, mas não tinha ideia de que sabor tinha. Resolvi arriscar e me dei mal! O sabor era horrível e não consegui beber todo o conteúdo da latinha.

Meu lanche chegou e parecia apetitoso. Na bandeja vinha uma porção grande de batata frita e junto, sobre um guardanapo, um molho parecido com ketchup e que era um delicia. Saí da lanchonete  e atravessei a rua em direção ao meu hotel. Entrei no meu quarto e a primeira coisa que fiz foi acessar a internet pelo celular e mandar notícias para casa, conversando com meu irmão pelo WhatsApp. Em seguida fui me ajeitar para dormir, mas antes tive a brilhante ideia de lavar a pouca roupa suja que eu tinha.  Lavei tudo na pia do banheiro, usando sabonete e estendi no box do banheiro e em uma cadeira. Antes de me deitar tive a curiosidade de abrir a persiana e olhar pela janela. Descobri que a lanchonete onde tinha jantado, ficava exatamente em frente meu quarto. Até então eu nem tinha me dado conta de que meu quarto ficava de frente para a rua.  Deitado na cama fiquei pensando sobre os acontecimentos das últimas vinte quatro horas e não parecia ser verdade que eu estava em Paris. E como disse meu irmão, sonhos não tem preço!

* Você leu um resumo…

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Um dos antigos trens do Metrô de Paris.

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A deserta e assustadora Estação Nation.

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Meu quarto no Hotel Ibis.

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Rápido passeio pelas proximidades do hotel.

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Minha primeira refeição em Paris. Estava uma delícia!

Madri / Paris

Acordei pouco depois das 06h00mim no horário local, que é de quatro horas à frente do horário oficial de Brasília. Os meus vizinhos de poltrona espanhóis estavam acordados e antes que eu pedisse licença para poder sair de minha poltrona, eles se levantaram e me deixaram passar. Fui até o fundo do avião, e mesmo com boa parte dos passageiros ainda dormindo, tinha fila para utilizar os quatro banheiros do fundo. Aproveitei para me alongar, na esperança de que minha dor nas costas melhorasse um pouco. Fiz meu xixizinho matinal e escovei os dentes o mais rápido possível, pois estava ficando difícil ficar dentro do banheiro. Ao sair do banheiro tinha uma dona de meia idade esperando para entrar. Olhei para ela com uma cara de pena, pois ela mal sabia o que a esperava dentro daquele banheiro.

O café da manhã até que foi saboroso, sanduíche de presunto e queijo, mamão, biscoitos e suco de laranja. Após o café da manhã comecei a ver um filme no monitor a minha frente e dei uma rápida olhada pela janela. O GPS informava que estávamos entrando no espaço aéreo espanhol. Passou algum tempo e deram o aviso para apertar cintos e voltar ao lugar as poltronas que estavam inclinadas, pois logo começaria o procedimento para aterrissagem. Sabiamente a aterrissagem é a parte mais perigosa do voo e a que menos gosto. Até hoje não consigo acreditar como algo tão pesado igual ao avião consegue voar. Para mim isso sempre será algo insano. Parabéns aos irmãos Wright, os inventores do avião! Você vai discordar de mim e dizer que foi Santos Dumont que inventou o avião. Mesmo sendo brasileiro, discordo que tenha sido Santos Dumont. Eu e a maior parte do mundo discordamos, e damos o crédito da invenção do avião aos norte-americanos. Poucos países dão crédito pela invenção do avião a Santos Dumont. Entre eles estão Brasil, França, Portugal e a maioria dos países sul americanos. E só! Se você quiser saber mais sobre essa história e então tirar sua própria conclusão, pesquise, leia livros sobre o assunto. Tem livros interessantes sobre o tema.

Pouco antes das 10h00min horário do Brasil e 14h00min horário local (a partir daqui vou usar como referência somente a hora local), pousamos na cidade de Madri. A Espanha era o décimo país que eu ficava conhecendo, sem contar o Brasil. Avião parado na pista e uma eternidade para poder descer. Aquele monte de gente espremida no corredor, outros muitos sentados por não terem espaço para ficar em pé. Sempre acho essa parte chata e demorada, e em um avião com mais de trezentas pessoas a bordo, a demora é terrível. O desembarque em voos internacionais, sempre acontecem pela porta da frente. Fiquei imaginando se no caso de um pouso de emergência o pessoal seria tão lento para desembarcar igual estavam sendo naquele momento. Finalmente pés no chão! Ficar mais de dez horas trancado dentro de um avião é cansativo e desgastante. Após uma longa caminhada pelos corredores do aeroporto, cheguei ao local da imigração. A fila estava longa e eu começando a me preocupar com o horário de minha conexão. Eu não ficaria em Madri, seguiria para Paris, com escala em Barcelona.

Finalmente pude passar pela imigração, onde fui atendido por um funcionário bastante simpático. Sabendo da fama da imigração espanhola que costuma barrar brasileiros quando tem a mínima suspeita de que vão ficar ilegalmente na Europa, eu fui bem preparado para passar pela imigração. Levei cópia de minhas reservas de voos internos pela Europa, do hotel em Paris, de dois albergues no Caminho de Santiago, onde já tinha feito reserva. E levei meu passaporte vencido, que é cheio de carimbos e possui o visto norte americano valido, o que abre portas em quase todos os países pelo mundo. O funcionário da imigração perguntou qual eram meus planos na Europa. Respondi que seguiria dali para Paris e depois voltaria a Espanha para percorrer o Caminho de Santiago, sendo que posteriormente sairia da Europa via Portugal. Ele fez um sinal de afirmativo com a cabeça e carimbou meu passaporte. Agradeci e segui em frente!

Próximo passo for seguir para o setor de bagagens, para retirar minha mochila. E aí começou o pesadelo. Demorou muito para que as bagagens fossem liberadas. Por culpa do atraso, quando peguei minha mochila tive que sair correndo para pegar minha conexão rumo Barcelona. Mas por oito minutos apenas perdi o voo. Talvez devesse ter marcado passagem com uma folga maior de horário, já prevendo possíveis atrasos. Perguntei quem vendia passagem para Paris e fui atrás me informar. Só achei a Ibéria, mas eles não tinham mais voos naquele dia. Então entrei em contato via WhatsApp com meu irmão no Brasil e pedi ajuda. Ele rapidamente conseguiu marcar uma passagem pela internet, numa empresa de baixo custo, direto de Madri para Paris. O preço da passagem achei melhor nem perguntar. Precisava seguir para Paris de qualquer jeito, pois senão perderia também a reserva do hotel para aquela noite, e todo meu planejamento para os dias seguintes estaria comprometido.

Meu novo voo para Paris seria pela Transavia, uma companhia aérea de baixo custo que opera como uma empresa independente do Grupo Air France – KLM. Fiquei mais tranquilo quando soube que a empresa pertencia a um grupo grande, pois tenho trauma de companhias aéreas de baixo custo. Os maiores sustos que já tomei em voos, foram com a Web Jet e a Ocean Air, companhias aéreas de baixo custo que operavam no Brasil utilizando aviões velhos.

Pedi informações num balcão e não demorei para encontrar o balcão da Transavia e logo entrei na fila. Enquanto esperava fiquei observando as pessoas ao redor. Tinha gente de todas as cores, tipos e nacionalidades. Logo fiz o chekin, despachei a mochila grande e corri para encontrar o portão de embarque, pois o embarque para meu voo já estava liberado. Fui o último a embarcar e minha poltrona ficava no meio, na terceira fila do lado direito de quem entra no avião. Ao meu lado esquerdo estava sentada uma jovem, bela e cheirosa francesa, que durante o voo de pouco mais de duas horas, em nenhum momento tomou conhecimento de minha existência ou olhou para mim.  Do meu lado direito ia sentado um francês jovem, feio e também cheiroso. Será que todos os franceses são cheirosos? Me lembrei da Florence, uma francesa que conheci no Peru em 2012, quando percorremos no mesmo grupo a Trilha Salkantay. Por ter morado na Guiana Francesa durante alguns anos e ter tido um namorado brasileiro, a Florence falava fluentemente o português e por isso conversávamos muito na trilha. Certa vez ela me disse que as francesas não precisam tomar banho, pois são cheirosas por natureza. Estava começando a acreditar na Florence!

O voo foi tranquilo e dormi quase todo o tempo, pois me sentia muito cansado. Devo ter roncado! Desceríamos no aeroporto de Orly, que fica no sul de Paris e é o segundo maior da França. O maior aeroporto francês também fica em Paris, é o Charles de Gaulle e fica do outro lado da cidade. Eu conhecia ambos os aeroportos somente de nome, principalmente porque trabalhei oito anos em uma agência de turismo em Curitiba. Mas o aeroporto de Orly eu tinha vivo na mente por outro motivo, algo bem trágico. Em julho de 1973, um voo da Varig partiu do Rio de Janeiro e seguia para Londres, na Inglaterra, com escala em Paris. Por culpa de um cigarro que um passageiro jogou aceso no lixo de um dos banheiros (naquela época era permitido fumar em aviões), um pequeno incêndio começou na parte traseira do avião, que foi todo tomado pela fumaça. Por culpa disso o ar ficou irrespirável dentro do avião e o piloto se viu forçado a fazer uma aterrissagem de emergência em uma plantação de repolhos existente há cerca de quatro quilômetros do aeroporto de Orly. O incêndio, a fumaça e a aterrissagem forçada causaram a morte de 123 pessoas, sendo sete tripulantes. Onze pessoas sobreviveram, sendo um passageiro e dez tripulantes.  Caso queira saber mais sobre essa história, recomendo a leitura do livro “Caixa Preta”, de Ivan Sant’Anna, que detalha em pormenores tal acidente.

Depois de lembrar do acidente com o avião da Varig ocorrido perto de Orly, ainda tive tempo de lembrar de mais bobagem. Estiquei o pescoço para tentar enxergar a Torre Eiffel pela janela do avião, mas não a vi, talvez por estarmos voando sobre os subúrbios de Paris e não sobre o centro da cidade. Nesse momento me veio à mente o filme Impacto Profundo, mais precisamente a cena que mostra Paris e um meteoro derruba a Torre Eiffel. Acho que sou campeão em lembrar de bobagens e tragédias quando estou dentro de um avião. De qualquer forma a aterrissagem foi tranquila e o desembarque rápido. Ao pisar em solo francês, estava conhecendo meu décimo primeiro pais, sem contar o Brasil. Era o segundo pais no mesmo dia! Junto com Nova York e Londres, Paris sempre foi uma das cidades que sonhava conhecer desde muito jovem. Em Nova York já estive duas vezes, e Londres fica para a próxima viagem à Europa.

* Você leu um resumo…

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Próximo destino: Paris!