Darwin no Brasil

Em 2008, comemorou-se 150 anos da teoria da seleção natural, proposta em conjunto pelos naturalistas britânicos Charles Darwin (1809-1882) e Alfred Wallace (1823-1913). A efeméride é a ocasião de relembrar a passagem dos dois naturalistas pelo Brasil e a contribuição das observações feitas por ambos em nosso país para a formulação da teoria que mudou a biologia.

A passagem de Darwin pelo Brasil foi o foco da conferência do físico e historiador da ciência Ildeu de Castro Moreira na reunião anual da SBPC. Moreira, que dirige o Departamento de Popularização e Difusão da Ciência do Ministério da Ciência e Tecnologia, está tentando reconstituir os diferentes passos da passagem do naturalista inglês pelo país e está envolvido na organização de vários eventos comemorativos dos 150 anos da teoria da seleção natural.

Darwin passou pelo Brasil a bordo do Beagle, navio encarregado de dar a volta ao mundo fazendo medições importantes para a marinha britânica. Recém-formado, aos 24 anos, Darwin era o naturalista de bordo, incumbido de fazer observações geológicas e biológicas durante a expedição. Na viagem, que durou quase cinco anos, o inglês coletou material e fez observações que, mais tarde, o colocariam na trilha da seleção natural.

Algumas das primeiras escalas do Beagle foram feitas na costa brasileira, em Fernando de Noronha, Salvador, Abrolhos e no Rio de Janeiro, onde Darwin passou quatro meses. “Darwin ficou hospedado em Botafogo, que era então um bairro nobre e tranqüilo, onde nobres e embaixadores tinham sítios”, conta Moreira. “Estamos tentando identificar a localização exata da casa em que ele ficou, provavelmente na atual rua São Clemente.” Em 1836, após completar a circunavegação, o Beagle fez novas escalas no Brasil, em Salvador e Recife, em seu caminho rumo à Inglaterra.

A deslumbrante natureza foi o que mais chamou a atenção de Darwin em sua passagem pelo Brasil. Seu diário de bordo e as notas de viagem reunidas anos mais tarde em livro (A viagem do Beagle, disponível em português) refletem o encanto do jovem inglês com a luxuriante paisagem tropical.

“Delícia é um termo fraco para exprimir os sentimentos de um naturalista que, pela primeira vez, se viu perambulando por uma floresta brasileira”, escreveu Darwin sobre sua passagem por Salvador. Seu relato é repleto de adjetivos deslumbrados que exaltavam “a exuberância geral da vegetação”, “a elegância da grama”, “a beleza das flores” ou “o verde lustroso da folhagem”.

Humanismo e preconceito

As notas de viagem de Darwin refletem também sua visão sobre a sociedade brasileira. Em várias passagens, elas manifestam o humanismo do naturalista, que recrimina reiteradas vezes a escravidão contemplada por ele no país. Mas Ildeu Moreira lembra também que as observações do inglês denotam certo preconceito em algumas passagens.

Sua impaciência com a burocracia brasileira, por exemplo, ou sua decepção com os modos rudes com que foi tratado por certos habitantes locais motivaram comentários pouco simpáticos à população brasileira em suas anotações. “Darwin fez algumas generalizações sobre os brasileiros e às vezes julgava as pessoas pela sua aparência ou pela forma como se vestiam”, diz Moreira.

O historiador da ciência chama a atenção também para outro aspecto interessante que se sobressai das anotações feitas por Darwin em sua passagem pelo Brasil. Esses relatos mostram como o inglês foi ajudado por habitantes locais em suas incursões pela mata e nas expedições para coleta de material biológico. Moreira lembra que esses guias, geralmente omitidos nos relatos científicos dos naturalistas, aparecem mais claramente nos relatos de viagem, escritos em estilo mais solto.

“Os índios, escravos e crianças que ajudavam os naturalistas do século 19 tinham um conhecimento que, depois de catalogado e registrado, foi incorporado ao acervo da ciência mundial”, afirma Moreira. “Isso não representa um demérito para esses cientistas, mas nada teria sido feito sem a ajuda desses guias. Não podemos perder a perspectiva de que a ciência dependia do conhecimento das populações nativas.”

Bernardo Esteves 

Ciência Hoje On-line / 16/07/2008

Darwin jovem, quando passou pelo Brasil.
Darwin jovem, quando passou pelo Brasil.
Darwin, idoso.
Darwin, idoso.
Livro: A Viagem do Beagle.
Livro: A Viagem do Beagle.
Navio HMS Beagle.
Navio HMS Beagle.

Férias 2009 – Petropólis

De Cabo Frio segui de ônibus para Petrópolis. O chato foi levantar de madrugada em plenas férias para pegar o único ônibus que liga estas duas cidades e que sai ás 06h15min. Por sorte a pousada onde estava hospedado ficava distante somente 200 metros da Rodoviária.

Estive em Petrópolis em julho de 96, numa visita rápida que durou menos de um dia. Daquela vez ficou uma sensação de quero mais, pois não foi possível visitar todos os pontos turísticos e principalmente a parte de cima do Palácio Imperial, que estava em reformas na época. Dessa vez iria dedicar quase dois dias para visitar a cidade e já tinha agendado uma visita ao acervo do Palácio Imperial, para obter informações e colher material para um projeto futuro.

Desembarquei em Petrópolis pouco antes das 10h00min e descobri que agora existe uma rodoviária nova que fica bem afastada da cidade. Por outro lado isso foi bom, pois tive que pegar um ônibus urbano que rodou por vários lugares da periferia da cidade e dessa forma pude ver muitas construções antigas e locais interessantes. Hospedei-me num hotel que fica em frente á antiga rodoviária, bem no centro da cidade. O hotel é de 1948 e parece não ter sofrido muitas reformas desde então. O ponto negativo foi o cheiro quase insuportável de cigarro no quarto.

Á tarde iniciei a visita pela cidade andando despreocupadamente pelo centro e depois passei por pontos turísticos que já conhecia e outros que não conhecia. Consegui um mapa num posto de informações turísticas e isso facilitou meu passeio, pois o mapa tinha boas indicações e principalmente porque a maioria dos locais que me interessava visitar ficavam próximos.

Os principais locais que visitei nesse dia foram:

Catedral de São Pedro de Alcântara = Sua pedra fundamental foi lançada em 1884 e sua construção é em estilo neogótico francês. Em seu interior, ao lado direito da porta de entrada fica a Capela Imperial, onde estão os restos mortais de D. Pedro II, de sua esposa Teresa Cristina, do Conde D´Eu e da Princesa Isabel. Quase fui preso ao visitar a Capela Imperial, pois ela é cercada por grades e ao tirar fotos resolvi subir na grade para ter um ângulo melhor. Alguns visitantes viram e foram dizer ao segurança que eu estava querendo pular a grade. Mas após as explicações tudo ficou bem.

Só pra constar, D. Pedro II e Dona Teresa Cristina morreram no exílio, na França. Foram sepultados em Portugal, no Panteão dos Bragança, no Convento de São Vicente de Fora, em Lisboa. Em 1922, com a Lei do Banimento sendo revogada, tiveram seus restos mortais enviados para o Brasil e em 1939 foram sepultados na Catedral de Alcântara. Um fato curioso é que D. Pedro II quando faleceu foi embalsamado e durante quase vinte anos seu corpo podia ser visitado do Panteão dos Bragança, pois o caixão tinha uma tampa de vidro. Em 1911 o corpo começou a se decompor e então resolveram cobrir a tampa de vidro.

Casa de Rui Barbosa = Residência onde Rui Barbosa escreveu muitas de suas obras e onde ele permaneceu até falecer.

Casa da Princesa Isabel = Comprada em 1876 pela princesa Isabel e o Conde D´Eu, nela residiram até a proclamação da República, quando então foram banidos do Brasil.

Casa do Barão de Mauá = Construção em estilo neoclássico foi residência do Barão de Mauá, importante empreendedor da época do Império e um dos mais famosos empresários na história do Brasil.

Palácio de Cristal = Foi construído na França em 1879, para a Associação Hortícola de Petrópolis, da qual era presidente o Conde D’Eu, marido da Princesa Isabel. Foi destinado a servir de local para exposições e festas. Foi inaugurado em 1884 e a mais bela festa realizada nele foi no domingo de Páscoa de 1888, na qual a princesa Isabel junto a seus filhos entregou cartas de alforria a escravos, a maioria indenizando os seus senhores com campanha de arrecadação desenvolvida na cidade. Tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, integra o conjunto arquitetônico e paisagístico da Praça da Confluência.

Palácio Rio Negro = Em 1889 o Barão do Rio Negro comprou o terreno onde seria erguido o seu palácio de verão. Em fevereiro de 1896, o Palácio e a casa ao lado, pertencentes a um dos filhos do Barão, foram vendidos ao Estado do Rio de Janeiro para servir de residência oficial do governante. Em 1903, o Palácio foi incorporado ao Governo Federal e passou a ser residência oficial de verão dos presidentes da República. Desde então, por ali passaram Rodrigues Alves, Afonso Pena, Nilo Peçanha, Hermes da Fonseca, Wenceslau Brás, Epitácio Pessoa, Artur Bernardes, Washington Luiz, Getúlio Vargas, Gaspar Dutra, Café Filho, Juscelino Kubitschek, João Goulart e Costa e Silva. No verão de 1996/1997, quando o Palácio estava completando 100 anos na função de residência oficial do governo, a tradição foi reinventada. Através de um gesto ritual, a presidência da República voltou a se instalar no Palácio Rio Negro.

 

Catedral de Alcântara, Palácio de Cristal e Casa de Mauá.
Catedral de Alcântara, Palácio de Cristal e Casa de Mauá. (11/05/2009)

 

Catedral de Alcântara.
Catedral de Alcântara. (11/05/2009)
Capela Imperial, onde no meio estão D. Pedro II e Dona Teresa Cristina, do lado esqeurdo a Princesa Isabel e do lado direito o Conde D´Eu.
Capela Imperial, onde no meio estão D. Pedro II e Dona Teresa Cristina, do lado esquerdo a Princesa Isabel e do lado direito o Conde D´Eu. (11/05/2009)
Acima a "Casa de Rui Barbosa"  e abaixo o "Palácio Rio Negro". (11/05/2009)
Acima a “Casa de Rui Barbosa” e abaixo o “Palácio Rio Negro”. (11/05/2009)
Casa da Princesa Isabel. (11/05/2009)
Casa da Princesa Isabel. (11/05/2009)