Cuzco é uma cidade muito alta, com 3.310 metros de altitude. Seu nome significa “umbigo”, no idioma quíchua (língua Inca) e por isso é chamada pelos locais de “umbigo do mundo”. Sua população atual é de cerca de 300 mil habitantes. Sua principal característica é ter a cidade colonial espanhola assentada sobre a cidade inca, feita com as maiores pedras do império e as mais arredondadas, preservando seu traçado e sua engenharia e hidráulica. Um dos pontos turísticos mais visitados da cidade é o Templo do Sol dos Incas, ou Coricancha. Esse templo foi um dos mais importantes lugares de culto do Império Inca, edificado em honra ao sol. Muitas de suas paredes eram revestidas em ouro na direção ao sol nascente. Em seu interior haviam muitos tesouros, saqueados na colonização espanhola. Hoje abriga o Convento de Santo Domingo. Outra visita obrigatória na cidade é a pedra dos 12 ângulos e uma torre reconstruída após o terremoto de 1650. A Plaza de Armas ou Plaza Mayor, ladeada por construções que abrigam nos recuos corredores de lojas de artesanato, é o ponto de encontro da cidade. Ajardinada, ampla, festiva, com cenários inesquecíveis vistos de qualquer de seus quatro lados.
Cuzco se expande pelo vale que forma o rio Huatanay e pelos montes vizinhos. Seu clima é geralmente seco e temperado. Tem duas estações definidas: uma de secas entre abril e outubrro, com dias ensolarados, noites frias e temperatura média de 13 °C; e outra chuvosa, de novembro a março, temperatura média de 12 °C. Nos dias ensolarados a temperatura alcança 20 °C. Por sua antiguidade e importância histórica, o centro da cidade conserva muitos edifícios, praças e ruas de épocas pre-hispânicas assim como construções coloniais, o que motivou ser declarada Patrimônio Mundial em 1983, pela UNESCO.
Cuzco era o mais importante centro administrativo e cultural do Império Inca. Depois do fim do império, em 1532, o conquistador espanhol Francisco Pizarro, invadiu e saqueou a cidade. A maioria dos edifícios incas foi arrasada pelos clérigos católicos com o duplo objetivo de destruir a civilização inca e construir com suas pedras e tijolos as novas igrejas cristãs e demais edifícios administrativos dos dominadores, desta forma impondo sua pretensa superioridade européia. A maioria dos edifícios construídos depois da conquista é de influência espanhola com uma mistura de arquitetura inca, inclusive a igreja de Santa Clara e San Blas. Freqüentemente, são justapostos edifícios espanhóis sobre as volumosas paredes de pedra construídas pelos incas. De forma interessante, o grande terremoto que ocorreu na cidade em 1950, destruiu uma construção de padres dominicanos, expôs que esta fora erigida em cima do Templo do Sol, que curiosamente resistiu firmemente ao terremoto. Esta teria sido a segunda vez que aquela construção dos dominicanos fora destruída, sendo que a primeira vez fora no terremoto de 1650 quando a construção espanhola era bem diferente.
Outros exemplos da arquitetura inca são: a fortaleza de Machu Picchu que se situa no final da Estrada Inca (Trilha Inca), a fortaleza Ollantaytambo, e a fortaleza de Sacsayhuaman que fica aproximadamente a dois quilômetros de Cuzco. A área circunvizinha, situada no vale de Huatanay, tem uma agricultura forte, com o cultivo de milho, cevada, quinino, chá e café, além da mineração de ouro. Por dados arqueológicos e antropológicos estudou-se o verdadeiro processo da ocupação de Cuzco. O consenso aponta a que, devido ao colapso do reino de Taypiqala, produziu-se a migração de seu povo. Este grupo de cerca de 500 homens teria se estabelecido paulatinamente no vale do rio Huatanay, processo que culminaria com a fundação de Cuzco. É desconhecida a data aproximada, porém, graças a vestígios, há um consenso que o local onde se localiza a cidade já se encontrava habitado há 3000 anos. Porém, considerando unicamente seu estabelecimento como capital do Império Inca (meados do século XIII), Cuzco aparece como a cidade habitada mais antiga de toda América. Foi a capital e sede de governo do Reino dos incas e seguiu sendo ao iniciar-se a época imperial, tornando-se a cidade mais importante dos Andes. Esta posição lhe deu proeminência e a converteu no principal foco cultural e eixo do culto religioso. Atribui-se ao governante Pachacuti ter feito de Cuzco um centro espiritual e político. Pachacuti chegou ao poder em 1438, e ele e seu filho Túpac Yupanqui dedicaram cinco décadas à organização e conciliação dos diferentes grupos tribais sob seu domínio, entre eles os Lupaca e os Colla. Durante o período de Pachacuti e Túpac Yupanqui, o domínio de Cuzco chegou até Quito, ao norte, e até o rio Maule, ao sul, integrando culturalmente os habitantes de 4.500 quilômetros de cadeias montanhosas.
Os conquistadores espanhóis souberam desde sua chegada ao que é hoje território peruano que sua meta era tomar a cidade de Cuzco, capital do império. Logo ao capturar o inca Atahualpa em Cajamarca, iniciaram sua marcha até Cuzco. No caminho fundaram muitas cidades. A luta pela capital foi encarniçada, porém, da mesma forma que nos demais combates, os conquistadores obtiveram a vitória. Em 15 de novembro de 1535, Franscico Pizarro estabeleceu o domínio espanhol na cidade de Cuzco, estabelecendo como Praça de Armas, o local que ainda mantém a cidade moderna e que era também a praça principal durante o império inca e que se encontrava rodeada dos palácios dos soberanos incas. No lado norte iniciou-se a construção da Catedral. Pizarro outorgou a Cuzco a denominação “Cuzco, Cidade Nobre e Grande” em 23 de março de 1534..
A cidade se converteu em um importante centro comercial e cultural dos Andes centrais, já que se encontrava nas rotas entre Lima e Buenos Aires. Porém, a administração do vice-reinado preferiu a povoação de Lima (fundada dois anos depois da tomada de Cuzco, em 1535) e principalmente a proximidade desta com o porto natural que seria Callao para estabelecer a cabeceira de seus domínios na América do Sul. A cidade já é mencionada no primeiro mapa conhecido sobre o Peru. Cuzco tornou-se o centro da administração do Vice-reino do Peru no sul do país, sendo no início a povoação mais importante, em detrimento das cidades recentemente fundadas de Arequipa e Moquegua. Sua população era principalmente de indígenas pertencentes à aristocracia inca a quem se respeitou alguns de seus privilégios. Também se radicaram alguns espanhóis. Nessa época iniciou-se o processo de mestiçagem cultural que hoje marca a cidade. O desenvolvimento urbano viu-se interrompido por vários terremotos que, em mais de uma ocasião, atingiram a cidade. Em 1650 um terremoto violento destruiu quase todos os edifícios coloniais. Em 1780 a cidade de Cuzco viu-se convulsionada pelo movimento iniciado pelo cacique José Gabriel Condorcanqui, Tupac Amaru II que levantou-se contra a administração espanhola. Seu levantamento foi sufocado depois de vários meses de luta, quando foram postas em xeque as autoridades espanholas estabelecidas em Cuzco. Tupac Amaru II foi vencido, feito prisioneiro e executado cruelmente junto com toda sua família na Praça de Armas de Cuzco. Ainda hoje existe, na lateral da Igreja da Companhia de Jesus, a capela que serviu de prisão ao líder. Este movimento se expandiu rapidamente por todos os Andes e marcou o início de processo de emancipação sulamericano.
O Peru declarou sua independência em 1821 e a cidade de Cuzco manteve sua importância dentro da organização político-administrativa do país. De fato, criou-se o departamento de Cuzco que abrangia inclusive os territórios amazônicos até o limite com o Brasil. A cidade foi a capital deste departamento e a cidade mais importante do sudeste andino. A partir do século XX, a cidade iniciou um desenvolvimento urbano num ritmo maior que o experimentado até esse momento. A cidade estendeu-se aos vizinhos distritos de Santiago e Wanchaq. Em 1911, partiu da cidade a expedição de Hiran Bingham que o levou a descobrir as ruínas incas de Mchu Picchu.
Em 1950 um terremoto sacudiu a cidade causando a destruição de mais de um terço de todos seus edifícios. A cidade começou a constituir-se como um foco importante de turismo e começou a receber um maior número de turistas. Desde os anos 1990, a atividade turística tomou um especial papel na economia da cidade com a consequente ampliação de atividades hoteleiras. Atualmente Cuzco é o principal destino turístico do Peru.
A catedral de San Blas, na Plaza de Armas.Uma das belas ruas de Cuzco.Nos becos de Cuzco.Plaza de Armas.Ruas de Cuzco.
Caminhando sob chuva e a cada minuto mais aliviado por ter recuperado minha mochila, fui seguindo meio sem rumo pelas ruas da cidade. Resolvi entrar numa lan house para fugir da chuva e também pra dar notícias ao pessoal de casa. Perguntei onde ficava a Plaza de Armas, que é o centro da cidade e em cuja região pretendia me hospedar. E junto perguntei sobre a rua onde ficava a agência onde eu devia fazer o pagamento da segunda parcela do pacote para a Trilha Inca. No Brasil eu havia pago 50% do valor para a empresa Brasil de Mochila e agora deveria quitar o restante junto a agencia local e obter informações para a partida rumo a Trilha Inca no dia seguinte. Descobri que estava bem próximo de ambos os endereços que procurava, então resolvi seguir a pé. Primeiro passei na agencia do senhor Rimber, mas o mesmo não estava. Então resolvi seguir para a Plaza de Armas. Após caminhar alguns metros senti uma forte tontura e então me lembrei do mal de altitude, mais conhecido como soroche. Os sintomas do soroche são: dor de cabeça, tontura, dores de estômago e cansaço. A cidade de Cuzco fica a 3.400 metros acima do nível do mar, nessa altitude o ar tem baixa pressão atmosférica e conseqüentemente menos oxigênio. Com baixa pressão de oxigênio, os glóbulos vermelhos (hemácias) não conseguem pegar a quantidade mínima de oxigênio para o correto funcionamento do metabolismo e não “rendem” o que deveriam. Resumindo, fiquei com dor de cabeça e dificuldade para respirar, no popular, me faltava ar. Também fiquei meio tonto, parecia que minha antiga labirintite tinha vindo fazer uma visita. Diante de tal quadro acabei não conseguindo encontrar o hotel que tinha visto na internet e acabei entrando em um que achei simpático e cujo preço era igual ao que pesquisei na net. O hotel estava bem localizado, muito próximo a Plaza de Armas, que é o point da cidade.
Fiz os tramites burocráticos e me hospedei no Hotel Sol Plaza Inn. O hotel era simpático e mais tarde descobri que o local tinha sido o antigo Palácio Qasana, residência do Inca Pachacuteca. Descansei um pouco e logo saí para comprar alguns itens que faltavam para levar para a Trilha Inca. Também aproveitei para passar em uma farmácia e comprar algumas Sorojchi Pills, pílulas que ajudam a combater o mal de altitude. Não precisei comprar uma caixa, me venderam quatro pílulas a granel. Liguei para o dono da agência e ele mandou uma funcionária até o hotel receber o restante do pagamento pela Trilha Inca e também me explicar os detalhes finais do que estava contratando. Voltando para meu quarto, no caminho vi duas moças e notei sobre uma mesa onde uma delas separava alguns papéis, uma identidade brasileira. Puxei conversa e descobri que eram quatro amigas viajando juntas, todas do Rio de Janeiro. Três estava fazendo aniversário meio juntas e me convidaram pra mais tarde comer o bolo. Saí mais algumas vezes do hotel para conhecer as redondezas e também para comprar água e um bastão para caminhada, o que seria muito útil na trilha.
Sentia-me cada vez mais tonto e tomei um pouco de chá de coca e masquei algumas folhas de coca. O gosto era horrível, mas deu uma boa aliviada na tontura. Andei mais um pouco pelas proximidades do hotel, comprei água, chocolate e um casaco. Estava fazendo frio em Cuzco e fiquei com receio de que na Trilha Inca estivesse muito frio e os casacos que trouxera do Brasil não fossem suficientes. Voltei ao hotel e encontrei ás quatro cariocas: Renata, Alessandra, Patrícia e Fabiana. Cantamos parabéns, comemos bolo e conversamos um pouco. Elas iam embora de Cuzco naquela noite, rumo à cidade de Puno. Despedi-me delas, deixei o endereço do blog e fui para o quarto descansar e arrumar minha mochila para no dia seguinte encarar a Trilha Inca. Arrumar a mochila foi complicado, pois não podia levar muito peso pra carregar na trilha, pois além do peso tornar a caminhada mais difícil, venho de duas hérnias de disco e não posso arriscar a exagerar no peso e machucar minha coluna novamente. Sei que fiquei um longo tempo colocando e tirando coisas da mochila, até que cheguei numa definição do que levaria. No final a mochila pesava uns 12 quilos e como nesse peso estavam computados duas garrafas de água e alguns biscoitos e chocolate, a tendência era que o peso da mochila fosse ficando menor a cada dia de caminhada. Levei água suficiente para o primeiro dia e meio e algumas pílulas bactericidas para colocar na água que pegaria nas montanhas após meu estoque de água engarrafada acabar.
Antes de ir dormir resolvi ir fazer um lanche e como não sou fã de comidas locais, me garanti indo no único McDonalds da cidade, que ficava a pouco mais de 100 metros do hotel. Na fila do caixa um cara ficou me olhando e perguntou se eu era brasileiro ao me ouvir falar “obrigado” e não “gracias” para a atendente do caixa. Esse brasileiro estava com mais quatro amigos e fiquei um pouco conversando com eles. Na hora de sair vi minhas quatro amigas cariocas numa mesa e fui me sentar com elas. Elas iam pegar o ônibus para Puno, na praça em frente ao Mac. Fui com elas até o local do embarque, nos despedimos e voltei para o hotel dormir. Os próximos dias seriam difíceis, três noites dormindo em barraca, comida que não seria das melhores, frio, chuva, calor, mosquitos, altitudes acima de três, quatro mil metros. Resumindo, um grande desafio, uma grande aventura, ao mesmo tempo que era excitante pensar nos próximos dias, dava um certo frio na barriga ao pensar em tudo o que poderia acontecer. Mas ia fazer algo que desejava fazer havia vários anos, realizar uns dos sonhos pendentes de minha lista de sonhos e vontades a realizar antes de morrer. E nesse turbilhão de pensamentos adormeci. Acordei algumas vezes com falta de ar e tive uma noite horrível sofrendo com o mal de altitude.
Chegando em Cuzco, com frio e chuva, e eu de chinelo...A fachada e a rua do hotel onde me hospedei.Na esquina do hotel fotografei essas estátuas.Catedral na Plaza de Armas, no final da tarde e a noite com lua cheia.Uma das praças do centro de Cuzco.Comendo bolo com ás novas amigas cariocas.Fabiana, Renata, Alessandra, Patricia e Vander, no MacDonalds.
Acordei ás 7h00min, com os pés congelados. Olhei pela janela e vi infinitas montanhas, de uma beleza sem fim. Logo chegamos a um pequeno povoado e foi feita a primeira parada na viagem onde os passageiros podiam descer do ônibus. Era um local com vários banheiros um ao lado do outro, todos mal cuidados, sujos. Ao lado tinha uma pequena lanchonete. Escovei os dentes e quando senti o perfume vindo dos banheiros achei melhor me manter longe deles. Preferi olhar a paisagem ao lado. Revi a australiana loira, que ao passar por mim deu um oi, com cara de quem tinha tido uma péssima noite. Ela ficou uns dois minutos na porta de um dos banheiros, acho que criando coragem pra entrar. Em dado momento algo falou mais alto e ela entrou no fedorento banheiro. Quando deu dez minutos de parada, o motorista entrou no ônibus, deu um grito de partida e foi saindo. Ele ainda foi camarada e deixou a porta aberta e foi devagar por alguns metros, assim alguns passageiros puderam correr atrás e entrar no ônibus em movimento. Eu e os canadenses do meu lado nos acabamos de rir vendo o desespero de alguns passageiros correndo atrás do ônibus.
Logo serviram o café da manhã, que consistia num sanduíche de queijo e um bolinho doce. Em vez de café preferi Coca-Cola, que sempre era servida na temperatura ambiente, o que não me agradava, pois prefiro bem gelada. Paramos numa cidade, onde alguns passageiros desembarcaram. Em seguida começamos a subir uma serra e levamos cerca de três horas pra subir a tal serra, circundando um vale. A paisagem era muito bonita, eu não me cansava de olhar pela janela. Conforme nos aproximávamos da cidade de Cuzco o tempo ia ficando ruim e logo começou a chover. Os vidros ficaram sujos de barro e não foi mais possível observar a paisagem. Então fiquei vendo um filme na tv, e com meia hora de atraso chegamos a Cuzco, ás 13h30min. O desembarque foi numa pequena rodoviária da empresa de ônibus. Encontrei novamente a australiana e conversamos um pouco. Ela ia para o centro da cidade e combinamos de dividir um taxi. Ficamos em frente a um balcão onde todos esperavam suas bagagens. O processo era desorganizado e lento. As bagagens foram chegando e nada da minha. Depois de meia hora a australiana disse que precisava ir e nos despedimos. Fiquei mais um tempo ali e quando me dei conta só estava eu em frente ao balcão e nada de minha mochila aparecer. O funcionário que entregava as bagagens já estava saindo do local quando o chamei e perguntei da minha mochila. Daí começou uma série de perguntas e fala com um, fala com outro. Fiquei muito preocupado, pois se minha mochila se extraviasse, eu podia dar adeus a fazer a Trilha Inca no dia seguinte. Todo meu equipamento e roupas estavam naquela mochila e ficaria muito caro comprar tudo novamente ali em Cuzco. Sei que me pediram pra entrar num local reservado, daí olhamos num ônibus, em outro e dali um tempo me chamaram na sala da gerência. Do nada encontraram minha mochila atrás de um armário na sala da gerência. Como ela foi parar ali é um mistério que nem me preocupei em descobrir. Apenas conferi pra ver se faltava algo e como estava tudo certo agradeci com cara de poucos amigos, coloquei a mochila nas costas e saí caminhando pela rua, debaixo de chuva. Estava bravo com a quase perda da mochila, mas ao mesmo tempo aliviado. O maior prejuízo foi perder o contato com a australiana, pois preocupado que estava com a mochila nem perguntei onde ficaria hospedada, ou endereço de email e etc. Encontrá-la novamente seria muito difícil. E foi dessa forma meio problemática e chuvosa que cheguei a Cuzco, antiga capital do Império Inca e um dos roteiros turísticos mais procurados e famosos do mundo.
Local da parada matinal e a australiana criando coragem para ir ao banheiro.Uma das muitas paisagens vistas pela janela do ônibus.
Fiquei cerca de três horas esperando na rodoviária da empresa Cruz del Sur. Estava a vinte e quatro horas sem banho e resolvi tomar um banho de gato no banheiro da rodoviária. O banho consistia em molhar uma pequena toalha, passar por todo o corpo e depois passar uns lencinhos umedecidos e perfumados pelo corpo. Pra completar, cueca e meias limpas. Fazia muito calor e por sorte minha passagem leito dava direito a utilizar a sala vip da empresa, com ar condicionado. Na sala vip tive o primeiro contato com o famoso chá de coca, que é feito com as folhas da coca, ás mesmas folhas que utilizam para produzir cocaína. Esse chá é parte da cultura peruana e muito usado nas regiões mais altas do país, principalmente para combater o mal da altitude, ou seja, as tonturas e mal estar provocados pelo ar rarefeito nas altitudes elevadas. Em Lima não existe o problema da altitude, pois se está ao nível do mar, mas mesmo assim provei o tal chá. Achei horrível, mas nos dias seguintes tive que consumir muitas xícaras desse chá. O preço da passagem leito para meu trecho que era de 1.200 quilômetros custou o equivalente a R$ 140,00. A passagem de ônibus leito entre Campo Mourão e Curitiba, numa distância de 490 quilômetros, custa os mesmos R$ 140,00. Ou seja, viajar de ônibus no Peru é barato para nós brasileiros e ainda temos algumas mordomias.
Logo chegou meu horário de embarcar e fui despachar minha mochila. O sistema é diferente do que se faz no Brasil. Tive que ir num local próprio pra despachar a bagagem, parecido com o sistema utilizado nos aeroportos. As bagagens são pesadas e se passar de 20 quilos, você é obrigado a pagar excesso. Na fila de embarque tinha uma loira em minha frente e logo ela se virou e sorriu. Daí começou a puxar conversa em inglês, ela era australiana. Meu inglês está sofrível, mas mesmo assim deu pra manter um certo diálogo. Preciso urgentemente voltar a estudar inglês, pra poder xavecar as estrangeiras em viagens internacionais, rs… Pra embarcar no ônibus as bagagens de mão são revistadas, os passageiros também, inclusive com detector de metais e todos são fotografados. Achei o sistema interessante e bem que podia ser adotado algo similar no Brasil, onde ocorrem muitos roubos a ônibus. O ônibus era de dois andares e minha poltrona leito era no andar inferior. Fiquei torcendo para que a loira australiana fosse no mesmo andar, mas ela acabou indo no andar de cima. Acabei ficando numa poltrona individual e ao lado em uma poltrona dupla iam dois canadenses. Pelo caminho embarcaram mais alguns estrangeiros no andar de baixo.
Nos primeiros quilômetros após sair de Lima a estrada segue margeando o litoral. É uma região feia, praias feias e povoados muito pobres. O ônibus tinha internet e consegui ficar um tempo lendo emails e conversando pelo MSN, até que a bateria de meu not book acabou. Então para passar o tempo fui alternando cochiladas, algumas olhadas pela janela e depois vi dois filmes na tv do ônibus. De ponto negativo é que no banheiro do ônibus só é permitido fazer xixi. Se precisar fazer um cocozinho básico, você precisa avisar uma das rodo moças para que peçam ao motorista parar em algum posto de gasolina ou na beira da estrada se for algo urgente. Se levar em consideração que a viagem tem uma duração de 21 horas e só tem uma única parada de 10 minutos, esse caso do banheiro pode ser um grande problema. Eu felizmente consegui me agüentar durante toda a viagem. Outro detalhe chato é que você é obrigado a ficar atado ao cinto de segurança durante toda a viagem. Eu não atei o meu e uma das rodo moças me deu uma bronca, inclusive me advertindo de que caso eu recusasse a atar o cinto, ela faria uma notificação as autoridades locais do meu destino final e eu teria que me justificar perante as autoridades peruanas. Diante de tão amável ameaça achei melhor atar o cinto, mas bom brasileiro que sou deixei o cinto bastante frouxo e podia me virar pra todos os lados sem problema algum. Também descobri que era terminantemente proibido ficar em pé durante a viagem e muito menos ir de um andar a outro do ônibus. Ou seja, papear mais com a loira australiana estava totalmente fora de cogitação. Logo que anoiteceu as duas rodo moças vieram servir o jantar. Eu estava com muita fome e quando vi a comida não fiquei muito encorajado a comer. O cardápio era frango cozido em pedaços e um arroz amarelo, Coca-Cola e de sobremesa um pudim de leite. Não sei se foi a fome, mas a comida estava boa. Após o jantar aconteceu um bingo. O prêmio era uma passagem de volta, no mesmo trecho da ida. Não fui o vencedor, me faltaram três números. Após o bingo apagaram as luzes e passaram mais dois filmes. Assisti apenas um deles e dormi.
Acordei pouco antes da meia noite quando o ônibus fez uma parada na cidade de Nasca, para trocar o motorista, que no Peru chamam de piloto. A partir de Nasca é que começa a subida para a região alta do Peru, onde existem centenas de montanhas e pouco oxigênio no ar. Voltei a dormir e após uma hora acordei me sentindo mal, sentindo algo parecido aos meus antigos ataques de labirintite. Logo descobri o motivo, estávamos subindo uma enorme serra e eram tantas curvas fechadas que o ônibus balançava muito e deixava todos meio tontos. Fazia lua cheia e era possível ver as enormes montanhas, uma paisagem deslumbrante. Fiquei um bom tempo olhando pela janela do ônibus e em alguns trechos passávamos tão próximos ao abismo ao lado da estrada que dava um frio na barriga. Pude ver dezenas de pequenas cruzes ao lado da estrada, sinal de que ali ocorrem muitos acidentes. A temperatura despencou e logo voltei a dormir. Quando olhei no relógio pela ultima vez eram 2h35min. No horário do Brasil seriam 5h35min.
Continua…
Rodoviária (Terrapuerto) da Cruz del Sur.Sala vip e meu primeiro chá de coca.Paisagem logo após sair de Lima.Suculento jantar no ônibus.
Lima é a capital do Peru e sua maior e mais populosa cidade. Está situada na costa central do Peru, as margens do Oceano Pacífico. Sua fundação hispânica foi em 18 de janeiro de 1535, como a Cidade dos Reis. Passou a ser a capital do Vice-Reino do Peru durante o regime espanhol e depois da independência passou a ser a capital da República do Peru. A Região Metropolitana de Lima tem aproximadamente 8,5 milhões de habitantes – mais de 7,6 milhões são residentes da Província de Lima–, representando aproximadamente 30% da população peruana, pelo que é a maior metrópole do Peru, assim como a quinta mais populosa da América Latina e uma das 30 maiores áreas metropolitanas do mundo.
A história da cidade de Lima inicia-se com sua fundação espanhola em 1535. O território formado pelos vales dos rios Rímac, Chillón e Lurín estava ocupado por assentamentos pré-incas. A cultura Maranga e a cultura Lima foram as que se estabeleceram e forjaram uma identidade nestes territórios. Durante essas épocas se construíram os santuários de Lati (atual Puruchuco) e Pachacámac. Estas culturas foram conquistadas pelo Império Wari durante o apogeu de sua expansão imperial. Foi durante esta época que construiu-se o centro cerimonial de Cajamarquilla. Junto à declinação da importância Wari, as culturas locais voltaram a adquirir autonomia, destacando a cultura Chancay. Posteriormente, no século XV, estes territórios foram incorporados no Império Inca. Desta época podemos encontrar grande variedade de huacas ao largo de toda a cidade, algumas das quais se encontram em investigação. As mais importantes ou conhecidas são as de Huallamarca, Pucllana, Mateo Salado e Pachacamac.
Em 1532, os espanhóis e seus aliados indígenas, sob comando de Francisco Pizarro, tomaram prisioneiro o inca Atahualpa em plena cerimônia religiosa na cidade de Cajamarca, e mesmo com o pagamento de um resgate, este foi assassinado após um julgamento simulado em que foi acusado de heresia e condenado a morte. Este acontecimento é considerado o primeiro assassinato político na nascente sociedade peruana. Logo após algumas batalhas os espanhóis conquistaram seu império, e com isto a coroa espanhola nomeou Francisco Pizarro como governador das terras que conquistou. Assim decidiu fundar a capital no vale do rio Rímac logo após a intenção falhada de constituir uma capital em Jauja. Em 18 de janeiro de 1535, a Lima espanhola foi fundada como a “Cidade dos Reis” sobre os territórios do cacique Taulichusco. Em agosto de 1536, a cidade foi sitiada pelas tropas de Manco Capac II. No entanto, os espanhóis e seus aliados indígenas derrotaram os incas. Nos anos seguintes, Lima ganhou prestígio ao ser designada capital do Vice-reino do Peru e sede de uma Real Audiência em 1548. Durante o século seguinte, Lima prosperou como o centro de uma extensa rede comercial que integrava ao vice-reino com a América, Europa e Ásia Oriental. Mas a cidade não esteve livre de perigos, violentos sismos destruíram grande parte dela em 1687. Uma segunda ameaça foi a presença de piratas e corsários no Oceano Pacífico, o que motivou a construção das Muralhas de Lima entre os anos de 1684 e 1687. O sismo de 1687 marcou um ponto de inflexão na história de Lima já que coincidiu com uma recessão no comércio pela concorrência econômica de outras cidades como Buenos Aires. Em1746, um forte sismo danificou severamente Lima e destruiu Callao, obrigando a um esforço de reconstrução em massa pelo vice-rei José Manso de Velasco. Durante este período, Lima resultou afetada pelas Reformas Borbônicas já que perdeu o monopólio sobre o comércio externo e seu controle sobre a importante região mineradora do Alto Perui. Este debilitamento econômico levou a elite da cidade a depender dos cargos outorgados pelo governo do vice-reino e pela Igreja e portanto se mostrou reticente a apoiar a independência.
Uma expedição combinada de patriotas argentinos e chilenos dirigidos pelo general José de San Martín, desembarcou ao sul de Lima em 1820, mas não atacou a cidade. Enfrentado um bloqueio naval e a ação de guerrilhas em terra firme, o vice-rei josé de la Serna e Hinojosa foi forçado a evacuar a cidade em julho de 1821 para salvar o exército realista. Temendo um levantamento popular e carecendo de meios para impor a ordem, o conselho da cidade convidou San Martín a entrar em Lima e assinou uma declaração de independência a seu pedido. No entanto, a guerra não tinha acabado e, nos dois anos seguintes, a cidade mudou de mãos muitas vezes, sofrendo abusos de ambos os lados. Proclamada a independência do Peru em 1821 pelo general José de San Martín, Lima converteu-se na capital da República do Peru. Assim, Lima foi a sede do governo do libertador e sede também do primeiro Congresso constituinte que teve o Peru. Os primeiros anos da historia republicana peruana se caracterizaram pelo constante confronto entre caudilhos militares, que tinham como objetivo governar o país e para o qual tentavam tomar a sede de governo. Assim, Lima sofreu vários assédios e confrontos armados em suas ruas.
Avenida próxima ao aeroporto de Lima.Avenida próxima ao centro da cidade.
O desembarque em Lima e os procedimentos de desembarque e migração foram tranquilos. Aproveitei para trocar dólares pela moeda local, Novo Soles, ainda dentro do aeroporto nuns ghiches existentes antes da passagem pela Receita Federal local. Descobri que também trocam Reais por Novo Soles. Um real está valendo 2,80 Novo Soles, o que não é ruim. Minha intenção não era ficar em Lima, mas sim ir para o interior, mais especificamente para a cidade de Cuzco, distante uns 1.200 quilômetros dali. Lima por ser uma cidade grande e ao meu ver sem muitas atrações turísticas interessantes e trânsito caótico, acabou não me despertando nenhum interesse em conhecê-la melhor.
Ainda no Brasil tinha tentado comprar a passagem aérea entre Lima e Cuzco pela internet. Não consegui fechar a compra pois o site da companhia aérea pedia uma validação do cartão de crédito internacional. Pelo que me informei é um processo novo de segurança e somente alguns cartões de crédito do Bradesco é que já possuem tal código. Para eu conseguir esse código do meu cartão que é do Itaú, teria que ligar pra operadora do cartão e resolver um processo burocrático. Eu não tinha tempo e paciência para isso, então embarquei sem ter o treho interno no Peru comprado. Tentei comprar a passagem no aeroporto, mas não sei por qual razão os voos para Cuzco saem quase todos na parte da manhã. Como cheguei quase na hora do almoço (o Peru tem três horas a menos em relação ao Brasil) só teria mais um voo no meio da tarde, mas estava muito caro. Queriam me cobrar U$ 380,00 por uma passagem que eu tinha visto na internet por cerca de U$ 110,00. Outro detalhe estranho é que a empresa aréa Lan, cobra de não residentes uma taxa extra de U$ 180,00. Já a outra empresa que pesquisei, Star Peru, não cobra tal taxa. Ou seja, se não pesquisar você corre o risco de pagar mais caro em tudo. Eu não estava nem um pouco afim de pagar caro numa passagem interna para um voo de cerca de uma hora, então optei por ir de onibus.
Tinha pesquisado muito sobre a viagem de ônibus entre Lima e Cuzco e apesar de serem 21 horas dentro do ônibus, tal forma de viagem me atraiu desde o início em razão de poder ver pela janela do ônibus muitas paisagens interessantes e bonitas do interior do Peru. Parte da viagem seria durante a noite, mas mesmo assim daria pra ver muita coisa pela janela do ônibus. Eu tinha em mãos todas as informações sobre a melhor empresa de ônibus, preços, horários e etc, então foi só encontrar um taxista que parecesse confiável e seguir para a rodoviária. Logo encontrei uma taxista que me parecdeu honesto e fechamos o valor para me levar até a rodoviária e antes fazer um pequeno city tour pela cidade. Pelas janelas do carro vi partes ricas e pobres da cidade, coisas bonitas e feias. As ruas eram meio sujas, o trânsito caótico, os motoristas não costumam dar a vez nem mesmo quando o outro motorista dava seta avisando que ia virar pra determinado lado ou então que ia mudar de pista. Por duas vezes cheguei a fechar os olhos achando que outro carro ia bater no nosso. De interessante foi a conversa com o Sr. Ricardo, motorista do taxi. Ele me contou sobre fatos históricos locais e tivemos um longo papo sobre a Guerra do Paraguai. Após 40 minutos o Sr. Ricardo me deixou na rodoviária da empresa Cruz del Sur. Lá não existe uma rodoviária única, mas sim cada empresa grande tem sua própria rodoviária, em menor tamanho. No caso da empresa Cruz del Sur, era um local novo e bem arrumado, melhor do que muita rodoviária de cidades importantes do Brasil. Comprei minha passagem, fiz um lanche e fui esperar o horário pra embarcar.
Sr. Ricardo, o taxista.Primeira refeição no Peru: Tampico e sanduiche de queijo.
A viagem ao Peru se iniciou no aeroporto de Londrina, onde peguei um vôo da Tam até São Paulo. Desembarquei em Congonhas e fui num ônibus da Tam até o aeroporto de Guarulhos. Minha intenção era alugar uma das cabines existentes lá para passar a noite, mas estavam todas locadas. Como não queria gastar com hotel, que ali são caros e seria pra ficar por poucas horas, a saída foi passar a noite acordado no saguão do aeroporto. Como preciso terminar meu TCC da pós graduação, aproveitei a noite no aeroporto pra para fazer isso e ao amanhecer o dia estava quase tudo pronto. Não fui o único que passou a noite no aeroporto, tinha muitas pessoas que fizeram o mesmo. Tinha um grupo de argentinas que estavam esparramadas perto de mim, deitadas nos bancos, pelo chão, como se estivessem em suas casas.
Ás 06h30min fui fazer o chekin, despachar bagagem, passar pela Policia Federal e depois ir pra fila de embarque. A fila estava enorme e logo fizeram a chamada para o meu vôo. Normalmente gosto de ser um dos últimos a embarcar, mas estava com tanto sono que resolvi utilizar meu cartão Fidelidade Platinum da Tam, que da prioridade no embarque e dessa forma furei fila legalmente e fui um dos primeiros a entrar no avião. Sentei em minha poltrona, peguei um travesserinho, encostei a cabeça na janela e não me lembro de mais nada. Acordei uma hora depois quando o avião estava começando a decolar. O vôo atrasou uma hora e eu fiquei dormindo, sem perceber nada. Logo peguei no sono novamente e dormi quase que todo o tempo de viagem, que foi de quatro horas. Acordei somente pra lanchar e quase chegando a Lima, quando aproveitei para ver a paisagem e tirar umas fotos. Sei que foi um vôo tranqüilo e que dormi no mínimo umas quatro horas e meia desde que entrei no avião. Pra quem tinha passado uma noite acordado no aeroporto, até que deu pra compensar um pouco do sono perdido.
Um dia ouvi um cara dizer que viajar era seu único objetivo de consumo. Dos outros ele abria mão sempre. Eu perguntei por que. Ele respondeu: se eu compro alguma coisa material, enjôo dela em um mês. Isso acontece porque sou humano e meus desejos sempre se transformam em indiferença depois de um tempo. Mas com viagem é diferente. Viagem é um produto que eu só posso usar durante um determinado tempo, o período em que fico viajando. Disso eu nunca enjôo, porque nunca vou guardar uma viagem na gaveta. Ela sempre vai ser minha por pouco tempo e depois vai embora. Por ser humano, a idéia de jamais poder possuí-la fará com que eu sempre me lembre dela com nostalgia, desejando viajar mais e mais”.
O Show é o gato de minha amiga Lilian, que vive em floripa. Quando vi umas fotos dele que ela postou no Orkut, na hora lembrei-me do Garfield. Além de terem a mesma cor, tanto o Show quanto o Garfield adoram uma árvore de natal.
Nos últimos meses, por várias razões acabei indo diversas vezes a cidade de Maringá. E já fazia um bom tempo que estava planejando fazer uma visita a Catedral da cidade, que é conhecida principalmente por sua forma e altura. Semana passada consegui realizar tal visita. Fazia mais de 30 anos que eu não entrava na Catedral e já nem lembrava mais como ela era por dentro. Já por fora eu tinha passado por ela muitas vezes nos últimos anos. A Catedral é mais bonita por fora do que por dentro. Seu espaço interno não é dos maiores para uma Catedral. Sua decoração é simples e por ser toda feita em concreto, algumas partes da igreja são bem rústicas. Ou seja, já visitei igrejas bem menores e menos importantes que são bem mais bonitas por dentro. Já por fora a Catedral é muito bonita, sua forma que vai afinando em direção ao céu é de uma beleza muito grande.
História: Monumento símbolo da cidade, a Catedral de Maringá ou Catedral Basílica Menor de Nossa Senhora da Glória, possui uma arquitetura moderna e arrojada e foi construída toda em concreto. É a mais alta igreja da América Latina. Foi idealizada pelo então Bispo, Dom Jaime Luiz Coelho e projetada pelo arquiteto José Augusto Bellucci. Sua forma cônica, possui um diâmetro de 50 metros e uma nave única, circular, com diâmetro interno de 38 metros. O cone possui uma altura externa de 114 metros, sustentando uma cruz de 10 metros, perfazendo um total de 124 metros de altura. Sua capacidade é de 3.500 pessoas, que podem ser distribuídas em duas galerias internas superpostas. A porta principal está voltada para o norte; a Capela do Santíssimo para o sol nascente e a do Batistério para o poente. Ao sul a grande porta que leva a cripta, onde serão sepultados os Bispos, e que está sob o altar mor. No interior dos dois cones a 45 metros de altura, encontra-se o ossário, com 1.360 lóculos, que os fiéis adquirem para guardar os restos mortais de seus entes queridos. Sua pedra fundamental que é um pedaço de mármore retirado das escavações da Basílica de São Pedro, pelo Papa Pio XII, foi lançada em 15 de agosto de 1958. A Catedral, dedicada a Nossa Senhora da Glória, foi construída entre julho de 1959 e maio de 1972, levando quase 14 anos para ser concluída.
Interior da Catedral de Maringá.Catedral de Maringá, 07/01/2011.Catedral de Maringá (07/01/2011)
“Two years he walks the earth. No phone, no pool, no pets, no cigarettes. Ultimate freedom. An extremist. An aesthetic voyager whose home is the road. Escaped from Atlanta. Thou shalt not return, ‘cause “the West is the best.” And now after two rambling years comes the final and greatest adventure. The climactic battle to kill the false being within and victoriously conclude the spiritual pilgrimage. Ten days and nights of freight trains and hitchhiking bring him to the Great White North. No longer to be poisoned by civilization he flees, and walks alone upon the land to become lost in the wild.” Alexander Supertramp (Christopher McCandless)
May 1992
Estou lendo ao mesmo tempo dois livros sobre a Disney. Um deles conta sobre a vida de Walt Disney e o começo do império Disney. O outro livro conta sobre a quase guerra que aconteceu alguns anos atrás quando da mudança de comando nas empresas Disney. Esse é um assunto de que gosto e estou me deliciando com as 1.300 páginas que tenho para ler. Já li muitos outros livros sobre a Disney, biografias autorizadas e não autorizadas sobre o criador do Mickey Mouse. Para mim esse é um assunto fascinante. Desde criança me encantava com as revistas em quadrinhos Disney, com os programas de TV Clube do Mickey e Disneylândia, com os desenhos animados, com os filmes produzidos pelos estúdios Disney. Depois trabalhei muitos anos em uma agência de turismo em Curitiba, onde o carro chefe era a venda de pacotes de viagens para a Disney. Na agência se falava muito na Disney, se respirava Disney. E anos depois fui morar em Orlando, cidade onde fica o Disney World e seus vários parques temáticos, bem como muitas outras atrações Disney.
O ano de 2010 foi péssimo e o último dia do ano foi ruim. Um acontecimento desagradável me deixou muito pra baixo. Mas 2010 ficou para trás e 2011 começou bem, passei as primeiras horas do ano em companhia de pessoas queridas e animadas. Então o humor melhorou e o primeiro dia do ano foi muito bom e agradável. E tomara que os demais dias de 2011 também sejam tão bons.
Um brinde a 2011.Acho que uma estava enviando mensagem para a outra…Eu que não bebo, sofri pra beber uma única tequila.
O ano está terminando e por isso é o momento de fazer um breve balanço de tudo o que aconteceu em 2010. Foi um ano difícil, muito difícil. Com certeza foi o pior ano de minha vida, se levar em consideração tudo o que sofri, chorei, ás dores que senti, tanto físicas quanto psicológicas. E boa parte disso tudo foi bem descrito neste blog. Cheguei ao fundo do fundo do poço, me perdi na vida e em alguns momentos perdi a razão, quase enlouqueci de vez. Também quase encontrei a morte. Na verdade busquei a morte, pois descobri que existe algo pior do que morrer, que é a falta de vontade de viver. A vida me deu um baile, me tirou para dançar e eu mal dançarino que sou acabei dançando mal a música da vida e quase sucumbi. Olhei nos olhos da morte, mas ressurgi e lutei bravamente para me reencontrar. Quando não tinha mais forças, consegui rastejar até encontrar um apoio para conseguir me levantar. E esse apoio foi importante, ele foi firmado em minha fé em Deus, na ajuda de minha família e de amigos, bem como de pessoas que estavam desaparecidas de minha vida e retornaram para dar uma força e também o apoio de pessoas que de repente surgiram em minha vida.
Iniciei o ano já depressivo, sem vontade de fazer nada, me isolei, fugia dos amigos. Sentia que precisava tomar uma importante decisão que mudaria radicalmente meu futuro, mas não tinha certeza do que queria e o que realmente queria. E assim passou meu mês de janeiro, onde fiquei recluso, lendo livros sem parar e trabalhando muito. Nem mesmo um aumento substancial de salário me deixou animado ou motivado com meu trabalho. Eu cada dia me sentia mais sem vontade de continuar a fazer o que estava fazendo, me sentia cansado. Em fevereiro decidi tomar uma decisão importante, mas já era tarde. Quando finalmente me decidi, descobri que tinha perdido um grande amor. Não foi o primeiro grande amor que perdi na vida, mas com certeza foi o mais dolorido. Eu que já não estava nada bem, fui para o buraco de vez e ganhei uma bela depressão, que pra piorar veio acompanhada de uma hérnia de disco que me causava muitas dores. Durante um bom tempo não podia caminhar direito, não conseguia dormir, comer, trabalhar. Perdi vários quilos e fui me perdendo cada vez mais na vida. Foram vários meses de sofrimento e quando achava que tinha chegado ao fundo do poço, algo acontecia e me mostrava que o fundo do poço ainda não tinha sido alcançando. Procurei tratamento para meus problemas. Pra hérnia foram sessões e mais sessões de fisioterapia que não fizeram nenhum efeito. Depois parti para meses de doloridas sessões de acupuntura, onde por muitas vezes chorei feito criança, tamanha a dor que sentia. E foi isso que me trouxe a cura. Não a cura total, pois essa nunca será alcançada, mas uma cura que me permite viver quase normalmente e com um pouco de dor. Da depressão me curei graças a tratamento psicológico e principalmente por minha força de vontade, ao lutar contra o que me deixava mal, me entristecia. Cheguei a tomar tarja preta por uns dias, mas não quis mais, tinha receio de ficar dependente de medicamentos.
Mas o que mais ajudou em minha cura foi minha fé. Ela foi provada como nunca antes tinha sido. Consegui me agüentar e por muitas vezes pude sentir Deus agindo em minha vida. Recuperei minha fé plena e descobri que não preciso ir na igreja toda semana pra me encontrar com Deus, mas sim que Ele está presente ao meu lado em todos os momentos. O apoio incondicional da família também foi muito importante em minha recuperação. E pra completar o quadro de ajuda, o apoio de muitas pessoas próximas, distantes, algumas muito amigas, outras que mal conhecia. Muita gente me ajudou, me deu um conselho, uma palavra de apoio, um abraço, orou por mim. Isso me deu forças para lutar e superar meus problemas. E a cura começou a surgir quando tomei a decisão radical de largar tudo e mudar minha vida completamente. Resolvi dar um tempo e fui me exilar em minha cidade natal, ao lado de minha família. E foi a partir daí que fui encontrando a cura plena, que voltei a sorrir e redescobri a alegria nas pequenas coisas da vida que sempre me deram prazer. Ao mesmo tempo fiz um balanço de minha vida e mudei os valores que dava ás coisas. Algumas coisas passei a valorizar mais, outras nem tanto e muita coisa exclui de minha vida. Meses se passaram e a cada dia fui me sentindo mais feliz. Surgiram novos amores, que foram passageiros, mas que ajudaram muito em meu processo de cura. Não foi nada fácil voltar a ser feliz, tinha dias que sair da cama era complicado. Mas segui um conselho que me foi dado no início de meus problemas e passei a viver uma hora por vez, um dia por vez. E isso me ajudou, pois fui criando uma rotina que não me deixava pensar nas coisas que me entristeciam. E a cada dia fui me sentindo melhor.
Agora chego ao final do ano me sentindo muito bem, feliz como há muito tempo não me sentia. E fisicamente também estou bem como há muitos anos não ficava. E hoje vejo que precisava ter passado por tudo o que passei. Foi sofrido, dolorido, triste, mas foi um grande aprendizado. Esse ano de 2010 ao mesmo tempo que quero esquecer, também não quero esquecer, pois preciso lembrar dos muitos ensinamentos que tive. Minha vida agora se divide em antes e depois de 2010, o ano que completei 40 anos, o ano ao qual sobrevivi.
Obrigado de coração a todos que de uma forma ou de outra me ajudaram nesse ano. Sem o apoio de vocês possivelmente eu não estaria aqui nesse momento escrevendo esse monte de bobagens. Sem a ajuda de vocês eu fatalmente teria desistido da vida e me entregado pelo caminho em 2010.
Estive no show do Munhoz & Mariano, que aconteceu em Campo Mourão. A dupla é nova, venceu o concurso “Garagem do Faustão” e agora tem tudo para fazer muito sucesso. Eles cantam bem e algumas de suas músicas são muito boas. De negativo foi que o show estava marcado para ás 23h00min e iniciou quase três da manhã. Outra coisa interessante foi que o Juizado de Menores estava na porta barrando os menores de idade. Daí quando o show começou o pessoal do juizado foi embora e todo mundo entrou. Ou seja, o negócio não é sério, é tudo um faz de conta…
O dia de Natal foi bastante divertido. Passei o dia na fazenda de um tio onde se reuniu parte da família. O mais chato foi enfrentar os 300 km de estrada pra ir e voltar, mas mesmo assim valeu à pena. Foi um dia interessante, com muita conversa, comida e animação.
Desejo Feliz Natal a todos que acessaram o Blog esse ano, tenha sido uma, dez, cem vezes… Obrigado pelas palavras de apoio, pelos comentários e pelas poucas críticas.
Hoje nosso Rottweiler, Jack, fugiu. Ele passou por duas portas, dois portões e ninguém viu ele indo pra rua. Por sorte uma pessoa viu ele na rua, reconheceu que era nosso e telefonou avisando. Daí eu, meu irmão e minha sobrinha saímos pelas ruas do bairro e o encontramos. O coitado está velho e gordo, então não conseguiu ir muito longe. O difícil foi levá-lo de volta pra casa, pois ele cansou e empacou. Sei que entre mortos e feridos somente minha sobrinha saiu com o joelho esfolado, pois ao tentar colocar a coleira no cachorro ele a empurrou contra o muro. No final o Jack voltou pra casa cansado e feliz. Essa foi sem duvida a maior aventura de seus doze anos de vida, pois foi a primeira vez que ele saiu sozinho pela rua.
A última caminhada do ano foi em Rosário do Ivaí, uma cidadezinha que eu não conhecia. Pra dizer a verdade nunca tinha ouvido falar dela. Fui pra lá com o pessoal de Maringá. Fomos em 17 pessoas num micro ônibus, tudo organizado pelo Jair, caminhante das antigas. O difícil foi levantar de madrugada, pra pegar o ônibus ás 05h00min. Parece algo insano para se fazer num domingo, acordar de madrugada, viajar 180 km e caminhar 10 km sob sol. Mas tem certas coisas que mesmo insanas são prazerosas, então não da pra reclamar. De Maringá até Rosário do Ivaí foram quase três horas de viagem e consegui dormir o tempo todo.
Estava acontecendo a Festa da Uva na cidade e o local marcado para o início da caminhada era justamente no local onde acontecia a festa. Antes de caminhar fomos tomar café da manhã, que entre outras coisas tinha bolo de uva, suco de uva, doce de uva e também… uva. O início da caminhada foi tranqüilo, sem muito esforço e por um lugar muito bonito. Depois atravessamos um rio por uma espécie de pinguela e enfrentamos uma subida brava. Em seguida atravessamos um pasto, uma região de mata fechada e saímos ao lado de um parreiral. Era bonito ver tanta uva no pé. Pelo caminho fomos encontrando postos de apoio com água gelada, frutas e muita uva. Em alguns sítios por onde passávamos era possível comprar produtos locais. Pelo caminho comprei apenas um litro de suco natural de uva. Não dava pra comprar muita coisa e ficar carregando na mochila, pois quanto mais peso pior fica pra caminhar.
Das caminhadas que fiz esse ano, essa foi a que teve as paisagens mais bonitas. Quase no final da caminhada passamos por uma ponte pênsil e depois encontramos um pessoal com cavalos, fazendo churrasco ao lado de um rio. Aceitei o convite que fizeram e subi em um dos cavalos pra tirar foto. Duas coisas que não gosto muito é cavalo e moto, pois caí de ambos e nunca mais me senti seguro em cima deles. Fiz boa parte da caminhada num ritmo rápido, para testar meu preparo físico. Quase no final fiquei esperando algumas meninas do grupo e caminhei com elas. Teve um morador local, plantador de uva, que caminhou um tempo ao meu lado e foi me contando sobre a cidade e sobre a arte de cultivar uvas.
Terminamos a caminhada no mesmo local que iniciamos, mas no sentindo contrário. Foi cansativo, mas prazeroso caminhar os 10 km debaixo de sol meio forte. Quando chegamos já estavam servindo o almoço, um churrasco que também fazia parte da Festa da Uva. Então o jeito foi encher a pança e recuperar as energias e calorias perdidas durante a caminhada. Aproveitei para comprar um caixa de uva pra levar pra casa, já que a qualidade da uva era boa e o preço também. A única coisa chata do dia foi ter que usar banheiro químico debaixo de sol. Aquilo além de mal cheiroso e sujo, parecia uma sauna. Antes de ir embora tirei uma foto com três conhecidos de Campo Mourão que também participaram da caminhada. Pouco antes das três embarcamos em nosso ônibus e retornamos a Maringá. Mais uma vez dormi o tempo todo. Pra quem não sabe, sou especialista em dormir em ônibus e sempre acho um jeitinho de me acomodar e pegar no sono.
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Caminhada em Rosário.
Ponte pênsil, cabeça de boi e rio.
Diversos momentos da caminhada.
Paisagens da caminhada e com as meninas de Maringá.
Uva no pé, uva no café da manhã e levando uva para casa.
Almoçando, com o pessoal de Campo Mourão e na estrada.
Meu tio tem uma chácara numa represa (Usina Mourão) que fica próxima de Campo Mourão. O local é bonito e agradável, principalmente em dias quentes, o que é algo constante por aqui. Meu pai sempre está por lá, muitas vezes passa dias lá pescando, descansando… Então numa dessas temporadas que meu pai passa na represa, eu e meu irmão fomos fazer uma visita a ele, que nesse dia preparou um almoço caprichado.
Estava passeando de bike pela rua quando ouvi miados de gato. Procurei de onde vinham os miados, mas não descobri. Dei meia volta e então vi que os miados vinham de dentro de um bueiro. Algum fdp tinha jogado gatinhos no bueiro. Eram dois, um rageado e um preto. Deitei na calçada e tentei tirar os gatinhos, mas não dava, pois o bueiro era fundo, meu braço quase não passava pelas grades e a tampa do bueiro era lacrada com cimento. Pra piorar o tempo estava com cara de chuva e se chovesse os bichanos fatalmente morreriam afogados. Então fui em casa e peguei uma pá de lixo com cabo comprido e um pano, pra ver se com eles eu conseguiria retirar os gatinhos do bueiro.
Quando retornei ao bueiro, tinha duas moças tentando tirar os gatinhos. Elas estavam caminhando, ouviram os miados e tentaram salvar os bichinhos. Unimos nossas forças e logo foi possível tirar o gato rageado. Já o pretinho deu o maior trabalho pra tirar, pois diferente do irmão dele que era espertinho, ele era meio burrinho, o que dificultou o trabalho de salvamento. Mal acabamos de tirar os gatos do bueiro e parou um carro da TV e nos gravou junto com os gatos, para uma reportagem. No fim os gatos ficaram com as meninas, que iam tentar encontrar um lar para eles. A história teve um final feliz para os gatinhos e para nós salvadores sobraram joelhos e braços esfolados, mas valeu à pena a boa ação de salvar os bichanos. É lamentável que pessoas sem coração judiem dos bichos, muito lamentável…
Bueiro onde estavam os gatinhos.
Eu com as moças que ajudaram e com os gatos que salvamos.
Ontem participei de um churrasco em comemoração aos 26 anos do Maico. O Maico sendo um dos fãs declarados do Blog e que costuma reclamar quando demoro em colocar novas postagens, merece uma postagem especial relativa ao seu aniversário. Amigo, que Deus te abençoe e que possamos no futuro fazer novas viagens juntos e festar bastante.
Três semanas após participar da Caminhada da Lua em Apucarana, voltei à cidade hoje, dessa vez para participar de uma Caminhada Rural. Encontrei a Elissandra, coordenadora da caminhada e alguns dos caminhantes, bem cedo, no centro da cidade. Fiz minha inscrição e fui me arrumar para caminhar dez quilômetros, tomando cuidando com meus dedões do pé que estão machucados e roxos. Para protegê-los e não piorar os ferimento coloquei muito algodão e microporo nos dedos. Notei que alguns dos participantes também tinham feito comigo a Caminhada da Lua. Logo embarcamos num ônibus da prefeitura e fomos para a periferia da cidade, num Pesque e Pague. Ali foi servido um delicioso café da manhã. O local é bem simpático e pra quem gosta de pescaria e de comer peixe (que não é meu caso) é uma boa opção de diversão. Éramos cerca de 40 pessoas.
Iniciamos a caminhada por volta das 09h00min. O início da caminhada foi por dentro do próprio Pesque Pague. Depois atravessamos um pasto, passamos por algumas cercas de arame farpado, atravessamos um riacho duas vezes, o que deu um pouco de trabalho para muitos dos caminhantes, mas felizmente sem incidentes e quedas. Atravessamos um pequeno trecho de mata, mais um pasto, outra cerca de arame farpado, uma plantação de milho, outro pasto e logo pegamos uma pequena estrada de terra. Alguns trechos dessa estrada tinha barro e ajudei algumas pessoas a atravessarem esse barro. Teve uma senhora que escorregou, quase caiu e quase me levou junto para o barro. Mas no fim foi somente um susto que gerou boas risadas. Caminhei boa parte do percurso com minha amiga Miralva. Essa foi a quarta caminhada que fazemos juntos, desde outubro último. Teve um trecho que caminhei ao lado de duas senhoras orientais e a filha de uma delas. Uma das senhoras era boa de papo e fomos falando sobre caminhadas e viagens. O legal das caminhadas é justamente conversar com um, com outro e fazer novas amizades, trocar experiências. O percurso da caminhada era muito bonito, com bastante descidas e algumas subidas não muito difíceis. O que me chamou a atenção foi que em muitos trechos caminhamos sob a sombra de árvores, o que ajudou aliviar o calor, pois o sol da manhã estava muito quente. Uma brisa fresca e constante também ajudou a aliviar o calor, mas mesmo assim minha camiseta ficou o tempo todo encharcada de suor.
Dessa vez não caminhei num ritmo muito ligeiro, acabei indo no “final da fila”. Fiz algumas paradas para tirar fotos, beber água e admirar uma ou outra paisagem. O pior trecho acabou sendo o último quilômetro e meio, que era uma subida que não tinha fim. Mesmo parte da subida sendo sob árvores, foi terrível vencer aquele trecho. O prêmio veio logo em seguida, pois a subida acabava no portão de uma chácara onde seria o fim da caminhada e onde o almoço seria servido. Passava um pouco das 11h00min e o grande prêmio para mim foi ver que o lugar tinha uma convidativa piscina. Não demorou muito e eu estava dentro da piscina descansando e me recuperando da caminhada. Foram poucos que desfrutaram da piscina, pois o pessoal não sabia que teria piscina e não levou roupa apropriada pra entrar na água. Felizmente minha calça de caminhadas vira facilmente uma bermuda e acabei sendo um dos que mais aproveitou a piscina. Sempre é bom terminar uma longa e cansativa caminhada em algum rio, cachoeira e pela primeira vez em uma piscina. Não demorou muito e o almoço foi servido. A comida estava muito saborosa e tive que me conter pra não exagerar no tamanho do prato. Com o calor que estava fazendo não era aconselhável comer muito, principalmente no meu caso que iria pegar a estrada de volta pra casa logo em seguida. Depois do almoço passei um tempo conversando com algumas pessoas e logo embarcamos no ônibus de volta para o centro da cidade.
O programa de domingo acabou valendo muito a pena, foi uma caminhada agradável e mais uma vez muito bem organizada pelo pessoal de Apucarana. Espero voltar outras vezes à cidade e participar de novas caminhadas. Esse é o novo esporte ao qual tenho me dedicado após o problema grave de hérnia de disco que tive esse ano. Como não posso mais correr ou pedalar como fazia antes, a opção é caminhar. E participar de caminhadas em comunidades rurais, no meio do mato, conhecer outros caminhantes e etc, acabou sendo o clássico unir o útil ao agradável. E depois que descobri que existe uma Federação de Caminhadas, que existe um calendário, ficou ainda mais convidativo participar dessas caminhadas organizadas. E cada vez conhecendo mais caminhantes acaba existindo um intercâmbio e fico sabendo de caminhadas que estão programadas na região onde moro e até mesmo um pouco mais longe de casa, como é o caso de Apucarana, distante 180 km de Campo Mourão.
Minha irmã trabalha nos Correios e já faz alguns anos que aqui em casa temos o costume de “adotar” algumas cartinhas que crianças (geralmente carentes) escrevem para o Papai Noel dos Correios, pedindo algum presente de natal. É interessante ler algumas dessas cartas e mais interessante e triste é o que elas pedem de presente de natal. É comum pedirem material escolar, uma muda de roupa nova, um calçado, comida, “alguma coisa gostosa” para comerem no dia de natal, algum presente para o irmãozinho mais novo, emprego para os pais… Então peço a você que está lendo isso, que passe na agencia dos Correios mais próxima de sua casa e adote ao menos uma dessas cartinhas. Dessa forma você estará contribuindo para fazer uma criança feliz nesse natal. Lembre-se que Natal não é somente festa, presentes e consumismo exagerado, mas sim uma data para perdoar, para fazer o bem, ajudar o próximo.
Ontem fez sete anos e um mês que voltei ao Brasil, após um ano vivendo em Orlando, USA. Daquele ano vivendo fora tenho boas recordações. Foi um ano difícil em alguns sentidos, mas muito interessante em outros. E algo que demorei pra me dar conta é que foi um dos melhores anos de minha vida, e que vou lembrar dele para sempre com muito carinho e saudade. Então esse “Túnel do Tempo” é para relembrar esse ano fora do Brasil, que foi de novembro de 2002 até novembro de 2003.
“O importante não é o que pensamos, mas sim o que fazemos.”
A frase acima vi num filme que assisti sábado. O nome do filme é “O Leitor”, e conta a história de um adolescente que se envolve por acaso com uma mulher que tem o dobro de sua idade. Apesar das diferenças, os dois vivem uma bonita história de amor. Achei a frase interessante e passei o domingo pensando nela. Durante os últimos anos fui muito teórico e pouco prático em minha vida. Depois dos problemas que tive esse ano, passei a ser mais prático e comecei a deixar a teoria um pouco de lado. E isso tem me feito muito bem. Acho que a vida é pra ser mais “vivida” do que “pensada”. E o importante é ser feliz… e eu estou sendo, finalmente!
Passei o final de semana em Maringá. Ontem estive em um churrasco muito legal, na companhia de algumas amigas. Hoje era pra ter caminhada em Faxinal, mas foi cancelada em razão do excesso de chuva, o que foi um pena.
Domingo eu pretendia subir o Pico Paraná, que é das montanhas mais conhecidas da Serra do Mar aqui no Estado, a única que falta no meu currículo. Um amigo que era para ir junto teve que trabalhar e o outro deu o cano. Como é perigoso subir o Pico Paraná sozinho, tive que mudar os planos. O dia estava bonito, com sol forte e fiquei pensando o que fazer. Então decidi fazer uma caminhada sozinho pela Estrada da Graciosa, no trecho que saí de Quatro Barras (cidade distante 21 km de Curitiba) e vai até o início da descida da serra, sentido Morretes. Peguei um ônibus no centro de Curitiba e desembarquei no centro de Quatro Barras, em frente a um Centro de Informações Turísticas. No Centro de Informações fui atendido por um rapaz cujo nome não recordo e que foi muito atencioso. Pedi algumas informações, ganhei um mapa da estrada e iniciei minha caminhada. O trecho que iria percorrer eu conhecia, já tinha caminhado por ele, mas tinha sido 20 anos antes, nos tempos de Exército, quando fazíamos marchas por esse trecho da estrada. Naquela época a estrada não era asfaltada, hoje está em obras, quase toda asfaltada. Imaginei que muita coisa tivesse mudado nesses 20 anos ao longo da estrada e fui descobrindo que quase tudo mudou, poucos foram os locais que reconheci daquela época e que se mantém intocados.
A Estrada da Graciosa foi concebida a partir de 1825 para ligar o litoral a Curitiba, subindo a Serra do Mar. Ela foi construída sobre o antigo Caminho da Graciosa, que juntamente com o Caminho do Itupava, ligava Curitiba ao litoral do Paraná, mais especificamente a Morretes, Antonina e Paranaguá. Construída entre 1854 e 1873, foi durante muitos anos a estrada mais importante do Paraná. O trecho que percorri é parte do traçado original e parte não. Esse trecho saí de Quatro Barras e muitos quilômetros depois vai encontrar o trecho mais conhecido da Estrada da Graciosa, que inicia no Portal da Graciosa, ao lado da BR 116 e desce até Porto de Cima e Morretes, atravessando a Serra do Mar.
Iniciei a caminhada ás 10h00min. O sol estava muito forte e fazia calor. Meu plano inicialmente era caminhar uns 13 quilômetros e retornar, para pegar o ônibus de volta para Curitiba. Na mochila levava dois litros de água, barrinhas de cereais, castanhas de caju e um pacote de biscoitos recheados. Ou seja, comida calórica para matar a fome e repor energia rapidamente. Os primeiros três quilômetros de caminhada foram dentro do perímetro urbano da cidade, passando em frente de residências e casas comerciais. Passei pelo Marco de Dom Pedro II, que marca a passagem do Imperador pela cidade, em 1880 a caminho de Curitiba. Nesse local existia um pinheiro e a comitiva do Imperador parou sob sua sombra. O pinheiro não existe mais, foi destruído por um raio há muitos anos. No local hoje existe um obelisco contando tal fato. Fiz uma breve parada para tirar fotos, pois como muitos sabem sou admirador de Dom Pedro II e estudo sua história. Como de costume quando passo por lugares históricos, fiquei parado tentando imaginar como era aquele local há 130 anos, quando Dom Pedro II passou por ali. Mas são tantas ás mudanças ocorridas ali desde aquela época, que fica impossível tal exercício. A única coisa que deve estar igual é o vento fresco vindo da serra e o barulho dos pássaros. Por sinal, durante toda a caminhada ouvi o canto de muitos pássaros. Segui com minha caminhada e fui descendo e subindo a estrada, por um trecho onde tanto as subidas quanto as descidas eram leves. Pela primeira vez eu estava caminhando com bota de caminhada. Sempre caminhei de tênis de caminhada ou tênis de corrida. Tenho a bota faz alguns anos, mas nunca caminhei com ela por achá-la pesada. Então os primeiros quilômetros foram de adaptação ao calçado. No fim gostei da experiência, o conforto é bom e não viro tanto o pé como de costume. E serviu para eu descobrir onde ela faz bolha no pé, pra que eu proteja o local em próximas caminhadas.
O mapa que ganhei era bem detalhado e mostrava a quilometragem dos trechos a percorrer, o que ajuda muito, principalmente para poder calcular minha velocidade de deslocamento e projetar a duração da caminhada. Ao meio dia fiz uma parada de dez minutos na Igreja do Bom Jesus, num local chamado Campininha. Sentei na escada da pequena igreja e ali fiz um lanche rápido. Não me demorei muito, pois não queria deixar meu corpo esfriar. Ainda não estou curado totalmente da hérnia de disco (na verdade nunca ficarei curado totalmente) e em razão disso sinto dores. Quando o corpo esquenta as dores diminuem e quando o corpo esfria eu meio que travo e sinto dores fortes. Então melhor me manter aquecido, sem dores e seguindo em frente. Continuei subindo e descendo pela estrada, sendo que poucos trechos de subida eram íngremes. O trecho que percorri estava todo asfaltado, o que facilitava a caminhada, pois caminhar por pedras soltas é mais complicado. Só precisava prestar atenção nos carros que passavam, pois alguns abusavam da velocidade. Minha segunda parada foi em um boteco ao lado da estrada, num trecho deserto. Tomei uma Coca-Cola estupidamente gelada e bati papo com o dono do boteco e um cliente. Logo retomei a caminhada e um cliente do boteco que mora pela redondeza me acompanhou por cerca de um quilômetro. Fomos conversando sobre como é viver num lugar deserto e tranqüilo como aquele, até que ele pegou uma estradinha à direita e foi para sua casa. A vantagem de andar a pé é o contato com as pessoas, que fica facilitado. Outra vantagem é ouvir o ruído dos pássaros, do vento soprando na mata, sentir o cheiro do mato, ouvir o ruído dos rios. Ou seja, sentir e ouvir tudo o que acontece ao seu redor enquanto caminha. Isso você não sente quando passa por um local de carro, ônibus ou moto. De bicicleta você sente um pouco, mas não é igual o que sente ao caminhar.
Pelo caminho pude observar muitas árvores que foram derrubadas, muitas construções novas. Em razão do asfaltamento da estrada, o progresso está chegando ao lugar e junto o capitalismo selvagem e a degradação do meio ambiente. Também vi muito lixo jogado na beira da estrada e era impressionante a quantidade de latinhas vazias de cerveja e refrigerante, que provavelmente foram arremessadas pela janela de carros. Será que esse povinho que joga lixo pela janela do carro não percebe que se todos que passarem por ali fizerem isso, em pouco tempo aquilo deixará de ser um local bonito para passear e se transformará um lixão? Cada vez mais tenho certeza de que existem muitas pessoas que não sabem e não merecem viver em sociedade, pois elas são prejudiciais ao meio que vivem. Mas não serei eu que vou mudar as coisas. Faço minha parte e sou chato com pessoas próximas que agem assim. Cabe a cada um ter consciência do que faz de errado e mudar suas atitudes.
Teve dois lugares que passei que merecem ser mencionados e onde parei mais demoradamente para tirar fotos. Um dos lugares foi a Ponte de Arco, sobre o rio Capivari Mirim. A ponte é bem antiga, não sei precisar a data. Nesse trecho a estrada mantém seu capeamento original, o que da um charme especial ao lugar. Outra parada mais demorada fiz no Oratório Anjo da Guarda. O Oratório é uma pequena capela que foi construída em 1957. Ao lado da capela tem uma espécie de estátua de anjos. Queria entrar no Oratório pra orar, mas tinham muitas abelhas na parte de cima da porta e achei mais prudente orar do lado de fora. Do outro lado da estrada tem um riacho de águas límpidas e um gramado com muitas árvores. Para tirar fotos do riacho, pulei uma cerca e torci para que não aparecesse o dono do terreno ou algum cachorro bravo. O oratório era o local escolhido para dar meia volta e retornar a Quatro Barras, para pegar o ônibus de volta a Curitiba. Pensei por uns minutos e não achei interessante a idéia de caminhar por onde tinha acabado de passar, pois isso é muito chato. Até ali tinha percorrido cerca de 15 quilômetros. Então achei mais sensato seguir em frente e caminhar mais 12 quilômetros até o Portal da Graciosa. Eu sabia que aos domingos saí de Morretes um ônibus no final da tarde, com destino a Curitiba e que esse ônibus faz uma rápida parada no Portal da Graciosa. Então eu seguiria em frente e tentaria pegar esse ônibus. O risco era perder o tal ônibus. Se isso acontecesse à solução seria tentar pegar carona.
Continuei minha caminhada e agora a paisagem ia ficando mais bonita, pois eu ia me aproximando cada vez mais da Serra do Mar e de seus morros. Logo passei por outra capela, a Capela São Pedro. Tirei algumas fotos meio de longe e segui em frente, preocupado com o horário do ônibus. Peguei um trecho forte de subida. O sol cada vez mais quente e uma bolha no calcanhar direito começando a incomodar. Mas segui firme em frente, pois se tinha chegado até ali não ia desistir. Cheguei na Ponte do Rio Taquari, que está sendo reformada. Por baixo da ponte passa um rio raso de água transparente. Parei alguns segundos para tirar uma foto e segui em frente. A água era convidativa, mas o receio de perder o ônibus me fez seguir em frente. Logo mais passei por uma entrada que leva a um trecho original do Caminho da Graciosa, trilha muito anterior a Estrada da Graciosa. Andei algum tempo ao lado de um rio num trecho sem asfalto e margeado pela Mata Atlântica. Cheguei ao entroncamento que leva a esquerda para o Portal da Graciosa e BR116, e a direita para Morretes, pelo trecho de paralelepípedos e de serra da Estrada da Graciosa. Do entroncamento até o Portal foram pouco mais de 3 quilômetros de caminhada, dessa vez por trechos de sombra, sob árvores. Dei uma parada pra tirar fotos em frente ao Campo de Instruções do 20 BIB. Freqüentei esse campo de instruções nos anos de 1989 e 1990, quando estava no Exército. Sei que deixei muito sangue, suor e lágrimas nesse local. Agora tantos anos depois era estranho estar ali, do lado de fora da cerca. Mais algumas dezenas de metros e finalmente cheguei ao Portal da Graciosa. Passava um pouco das 16h00min. Levei seis horas pra percorrer 27 quilômetros, sendo que de caminhada efetiva foram 04h42min, tempo que controlei parando o cronômetro do relógio toda vez que eu parava.
Me informei sobre o horário do ônibus e fiquei tranqüilo ao saber que ele ainda não tinha passado. Fui num bar tomar uma Coca-Cola e comer um pastel. Estava quase acabando de comer, quando parou um carro e desceu um casal e sua filha. O rapaz viu minha camiseta do Caminho de Peabiru e puxou conversa. Contei sobre a caminhada que tinha acabado de fazer, trocamos algumas informações e na hora de ir embora ele me ofereceu carona até Curitiba. Isso foi melhor do que a encomenda e aceitei na hora a carona. O nome do rapaz é Ézio e no carro fomos conversando sobre viagens, caminhadas e outros assuntos similares. Ficamos de combinar alguma caminhada qualquer dia desses. E foi assim que terminou meu domingo e minha caminhada, que foi muito prazerosa. E caminhar 27 quilômetros sob sol, serviu para mostrar que estou cada dia melhor fisicamente, até melhor do que estava antes de ter a hérnia de disco. Na verdade fazia muitos anos que não tinha um condicionamento físico igual tenho agora. A parte chata são as dores que me acompanham, mas terei que aprender a conviver com elas. Para ter qualidade de vida e não ficar travado pela hérnia de disco, sempre terei que fazer atividades físicas. E fazer atividades físicas me ajuda a curar de vez a depressão. Ou seja, não posso mais parar. Se quiser viver bem e com qualidade, terei que viver me exercitando, pedalando, correndo, caminhando. E isso me causa dores. Estou naquela de que se correr a dor me pega e se ficar a dor me come… Mas com dor ou sem dor, quero é voltar a ser feliz e isso a cada dia estou conseguindo mais e mais. Que venham outras caminhadas!!!
Marco de Dom Pedro II.
Ponte de Arco.
Oratório Anjo da Guarda.
Aspectos da estrada.
Mais aspectos da caminhada.
Pela Estrada da Graciosa.
Últimos 2 km de caminhada.
Entroncamento da Estrada da Graciosa (vim pela direita).
“Aquele que nunca viu a tristeza, nunca reconhecerá a alegria.”
(Khalil Gibran)
Ontem (sábado) eu estava muito melancólico, sem vontade de fazer nada. E o programa da noite foi ver uma comédia no DVD e encher a cara de Coca-Cola, pipoca, biscoito, chocolate… Sei que a “noitada” valeu a pena e o humor melhorou.
Acabar. Não vês que acabas todo o dia. Que morres no amor. Na tristeza. Na dúvida. No desejo. Que te renovas todo dia. No amor. Na tristeza Na dúvida. No desejo. Que és sempre outro. Que és sempre o mesmo. Que morrerás por idades imensas. Até não teres medo de morrer. E então serás eterno.
Não ames como os homens amam.
Não ames com amor.
Ama sem amor.
Ama sem querer.
Ama sem sentir.
Ama como se fosses outro.
Como se fosses amar.
Sem esperar.
Tão separado do que ama, em ti,
Que não te inquiete
Se o amor leva à felicidade,
Se leva à morte,
Se leva a algum destino.
Se te leva.
E se vai, ele mesmo…
Não faças de ti
Um sonho a realizar.
Vai.
Sem caminho marcado.
Tu és o de todos os caminhos.
Sê apenas uma presença.
Invisível presença silenciosa.
Todas as coisas esperam a luz,
Sem dizerem que a esperam.
Sem saberem que existe.
Todas as coisas esperarão por ti,
Sem te falarem.
Sem lhes falares.
Sê o que renuncia
Altamente:
Sem tristeza da tua renúncia!
Sem orgulho da tua renúncia!
Abre as tuas mãos sobre o infinito.
E não deixes ficar de ti
Nem esse último gesto!
O que tu viste amargo,
Doloroso,
Difícil,
O que tu viste inútil
Foi o que viram os teus olhos
Humanos,
Esquecidos…
Enganados…
No momento da tua renúncia
Estende sobre a vida
Os teus olhos
E tu verás o que vias:
Mas tu verás melhor…
… E tudo que era efêmero
se desfez.
E ficaste só tu, que é eterno.
As poucas horas que passei em Cambé na casa de meu amigo Pierin, foram bem agradáveis. Nos conhecemos em 2007 durante o Caminho do Peabiru e desde então nos reencontramos algumas outras vezes em caminhadas. Sua esposa e seus filhos também são muito legais, me trataram super bem. E o ponto alto da visita foi um passeio de bike que fiz com o Pierin e seu filho Lucas. Pedalamos uns 10 km, entre cafezais, trilhos, estradas de terra e asfalto. O lugar era bonito e mesmo com o sol quente da manhã foi um passeio agradável que terminou em um bar, numa conversa regada a dois litros de Coca-Cola.
Sábado á tarde eu estava meio injuriado, triste e sem vontade de fazer nada. Fui ler meus emails e então vi um convite que tinham me enviado sobre uma caminhada noturna na cidade de Apucarana, distante 180 km de onde eu estava. Pensei um pouco, olhei no relógio e vi que faltavam duas horas para a saída da caminhada. Então arrumei minhas coisas correndo e peguei a estrada. Chegar em Apucarana foi o mais fácil, a estrada estava tranqüila e o dia bonito. O problema era encontrar o tal Parque da Redenção, local da caminhada. Parei bem no centro da cidade, desci do carro e saí caminhando e perguntando as pessoas sobre o tal parque. Não demorou muito e um cidadão me deu umas informações úteis, ao menos fiquei sabendo pra que lado ficava o parque. Faltavam apenas cinco minutos para o horário de partida da caminhada, mas como estamos no Brasil sei que poucas coisas realmente acontecem no horário marcado. Rodei mais uma hora e pedi informações pra muitas pessoas pelo caminho. Teve um cara que foi cômico, ele estava meio cozido na cachaça e falava pra eu virar a esquerda e mostrava para o lado direito da rua. Se eu fosse depender das informações dele, estaria até agora lá em Apucarana perdido. Sei que já estava escurecendo quando encontrei o tal parque, após quase uma hora rodando meio sem rumo. E como eu previa a caminhada ainda não tinha começado, estavam atrasados, terminando de fazer o aquecimento. Fiz minha inscrição rapidamente, troquei de roupa e consegui alcançar o pessoal que já estava pegando a estrada. Encontrei alguns amigos de caminhadas anteriores: Pierin, de Cambé; Miralva, Terezinha e Rosangela de Maringá. O Pierin me esperou trocar de roupa e fomos caminhar juntos.
O Parque da Redenção é um lugar muito bonito, cheio de esculturas enormes retratando imagens bíblicas, tipo Santa Ceia e Via Crucis. A noite estava bonita, com um lua cheia linda e o céu sem nuvens. Era possível caminhar em muitos trechos sem a utilização de lanterna, somente com o clarão da lua. Caminhei o tempo todo ao lado do Pierin, seguimos num bom ritmo e ultrapassamos muitas pessoas. Muitas vezes paramos pra tirar fotos e também íamos conversando com algumas pessoas, caminhando ao lado delas por alguns minutos. O percurso de 10 km não era dos piores, teve somente uma subida puxada. Além de caminhar por estradas, também percorremos trilhas no meio de uma plantação de milho e outra no meio da mata, seguindo um fio de nylon. Isso me fez lembrar os tempos de Exército, quando fazíamos patrulha a noite no meio do mato sem lanterna, seguindo um fio de pesca. Nesse trecho da mata o Pierin caiu um tombo e pra sorte dele estava com minha câmera em mãos no momento, pois senão eu teria conseguido tirar boas fotos do tombo. No meio do caminho teve uma parada para café, num sitio onde se planta café. O cheiro estava muito bom, mas como não gosto de café nem cheguei a provar pra ver o sabor também estava bom.
Após quase três horas de caminhada chegamos novamente ao Parque da Redenção. A janta estava pronta e eu faminto. Não me fiz de rogado e enchi o prato, com direito a repeteco. O momento infeliz da janta foi queimar a boca com uma batata quente, cozida. Eu não conseguia engolir a batata, não conseguia tomar refrigerante pra amenizar a dor e fiquei com vergonha de cuspir tudo, pois tinha muita gente em volta. Foi cômico, mas triste, minha boca ainda dói. Tinha musica e antes de ir embora ainda dancei um pouquinho com a Miralva. O Pierin me convidou pra dormir na casa dele, em Cambé, uma cidade distante 36 km dali. Achei o convite atrativo, pois estava cansado, estava tarde e seria bem melhor viajar 36 km até Cambé, do que quase 200 km pra voltar pra casa. Então nos despedimos do pessoal e fui seguindo o carro do Pierin até chegar em sua casa. Essa Caminhada da Lua foi minha primeira caminhada noturna e gostei da experiência. O desgaste é menor do que caminhar sob o sol e como sou admirador de noites de lua cheia, a caminhada foi muito legal.
E o Luau do Passarinho 2010 foi bastante animado, com grande presença de público e sem brigas (ao menos não vi nenhuma). E o show com João Bosco & Vinícius foi muito bom, os caras cantam muito.
A foto desse Túnel do Tempo foi tirada no dia 10/10/1985 durante o desfile de aniversário de Campo Mourão. Ela serve pra mostrar aos amigos que tiravam sarro de mim em razão de minha barba ser vermelha e o cabelo não, que meu cabelo já foi avermelhado. É que depois de 20 anos cortando o cabelo bem curtinho, meu cabelo escureceu e a barba não. O pq? Não sei!!!
…o correr da vida embrulha tudo; a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem. Ser capaz de ficar alegre e mais alegre no meio da alegria, e ainda mais alegre no meio da tristeza…
No fim tudo da certo… se não deu certo, é pq não chegou o fim!