Em Aguas Calientes, por ordem dos guias peruanos todos do grupo deixaram suas mochilas no restaurante de um argentino. O dono do restaurante cuidava das mochilas, pois sabia que no retorno de Machu Picchu o pessoal ficava no restaurante consumindo até a hora da partida do trem para Cuzco, o que era um bom negócio para ambas as partes. Fomos para o ponto de ônibus, que era bem próximo ao restaurante. Tinha um ônibus estacionado e muita gente embarcando. Nosso guia achou melhor esperar o próximo ônibus e embarcar todo o grupo junto. Não demorou muito e estávamos todos acomodados dentro do ônibus, seguindo para Machu Picchu. Essa não era a forma que todos nós do grupo gostaríamos de chegar a Machu Picchu. Desde o início o plano era chegar caminhando, mas em razão dos problemas que ocorreram na trilha, o importante agora era chegar. O ônibus leva cerca de meia hora para chegar até a entrada de turistas em Machu Picchu. Ele segue um pouco por uma estrada ao lado do rio Urubamba e depois começa a subir a montanha, fazendo muitas curvas por uma estrada relativamente perigosa.
Ao desembarcar em frente ao portão de entrada de Machu Picchu e passar pela catraca após entregar meu ingresso, eu estava realizando um sonho de quase trinta anos. Foi em 1982 nas aulas do Professor Jader, no Colégio Estadual de Campo Mourão que vi pela primeira vez no livro de Estudos Sociais da 5ª série, uma foto de Machu Picchu coberta por nuvens. Depois o Professor Jader contou que conhecia tal lugar e fez um breve relato. Eu, então com 11 anos senti uma vontade enorme de um dia conhecer tal lugar. Os anos foram passando, cheguei a planejar tal viagem algumas vezes, e nunca dava certo. E eis que quase trinta anos depois eu estava realizando o antigo sonho. Ainda na entrada fui até uma sala onde peguei um mapa e ganhei um carimbo no passaporte. O carimbo é mais para enfeitar o passaporte, pois não é obrigatório. A chuva tinha parado fazia mais de uma hora e o sol surgiu quente. A primeira visão que tive das ruínas logo após subir algumas escadas que ficam após o portão de entrada, foram de tirar o fôlego. A sensação foi estranha. Realizar sonhos antigos pôde ser estranho. Ao mesmo tento que vem aquela sensação de missão cumprida, de sonho realizado, também surge uma sensação de vazio. De qualquer forma eu estava feliz. Eram 10h30min quando nossos guias separaram nosso grupo, para que ficasse mais fácil de caminharmos pelo lugar. Meu irmão logicamente ficou no meu grupo e já começamos a bater muitas fotos.
Uma outra decepção foi não poder subir até Huayna Picchu, que é aquela montanha que aparece atrás das ruínas nas fotos clássicas de Macchu Picchu. A subida até Huayna Picchu é limitada a 200 pessoas por dia. São distribuídas senhas; 100 para ás 07h00min e mais 100 para ás 10h00min. Se tivéssemos chegado a Machu Picchu pela Trilha Inca, teríamos conseguido as senhas para subir a Huayna Pichu. Infelizmente termos tido que descer a montanha e seguir até Aguas Calientes para pegar o ônibus, acabou nos atrasando e perdemos a chance de conseguir as concorridas senhas. Isso mostrou que realmente devo retornar a Machu Picchu mais uma vez, pois subir até Huayna Picchu era uma de minhas metas iniciais.
Não vou contar detalhes sobre Machu Picchu e sua história, pois já fiz isso em outras postagens. Também não vou me demorar detalhando as várias partes do local que visitamos, pois muitos nomes não recordo direito. Resumindo, visitamos as construções mais importantes, onde os guias paravam e contavam detalhes sobre a funcionalidade e história das construções ou outros locais. Segui sempre caminhando junto com meu. Por ser domingo o lugar estava cheio de turistas vindos de todas as partes do mundo. Em muitos lugares era preciso fazer fila para entrar. Lá do alto a vista é muito bonita, existem muitas montanhas em volta e abaixo o rio Urubamba percorre o pé de outras montanhas. Uma vista inesquecível sem dúvida!
O sol não ficou muito tempo nos fazendo companhia e logo a chuva voltou forte. Isso fez com que os guias antecipassem o fim da excurção guiada. Fizeram a última reunião, entregaram as passagens do trem e se despediram de todos. Para finalizar o grupo foi reunido para tirar uma foto. Meu irmão foi escolhido como fotográfo oficial e ficou com as mãos cheias de câmeras fotográficas. Depois da foto eu e meu irmão ficamos caminhando sozinhos por Machu Picchu, entrando em várias construções. Fomos até um local que parece um pasto, para tirar fotos com as Lhamas. Evitamos uma grande aproximação, para evitar levar uma cuspida. A chuva aumentou e muitos turistas foram embora. Minha câmera molhou e parou de funcionar, fato que não me agradou. Ainda bem que isso aconteceu praticamente no final da viagem e após ter terminado de percorrer a Trilha Inca.
Olhei para a montanha de Huayna Picchu e vi que ela estava coberta pela neblina. Quem subiu até ela no horário das 10hmin00 acabou se dando mal. Além de não verem muita coisa lá de cima por culpa da chuva e da neblina, devem ter tido sérias dificuldades para subir e depois descer pelas escadas molhadas. Normalmente se leva em média duas horas para subir e uma hora e meia para descer de Huayna Picchu. A chuva só aumentava e caminhar por Machu Picchu acabou ficando ruim. Ás vezes encontravámos alguém do nosso grupo e trocavámos algumas palavras. Chegou um momento em que a chuva aumentou tanto que resolvemos parar ao lado de uma construção que fica na parte mais alta e dali ficams observando Machu Picchu. Vez ou outra as nuvens se dicipavam e tentavámos tirar alguma foto. Mas chegou um ponto em que não deu mais, pois além da chuva o frio começou a incomodar. Então resolvemos ir embora. Meu irmão tinha passagem marcada no trem das 17h00min e eu no trem das 19h00min, junto com a maior parte do pessoal do meu grupo. A chuva diminuiu um pouco quando pegamos o ônibus e descemos a montanha rumo Aguas Calientes. Tinhamos acabado de visitar uma das atrações turisticas mais visitadas do mundo. Eu tinha acabado de realizar um antigo sonho…