A manhã de minha partida de Cuzco foi sem chuva, o que me deixou mais tranqüilo, pois me preocupava algum problema ou atraso no vôo por culpa da chuva. Fechei a conta no hotel e logo embarquei num taxi rumo ao aeroporto. Os taxis na cidade são baratos e não existe taxímetro, é tudo na base da negociação. Não levou nem dez minutos para chegar ao aeroporto e pude conhecer um pouco mais da periferia da cidade, pela janela do carro.
Meu vôo seria pela Star Peru, uma companhia aérea de médio porte e com aviões de tamanho médio. Fiz os tramites para despachar bagagem e fui para a sala de embarque. Lá descobri que meu vôo atrasaria em pouco mais de uma hora. Então sentei no chão perto de uma tomada e fiquei usando o computador. Encontrei as duas australianas que faziam parte do outro grupo que fez a Trilha Inca. Conversamos rapidamente e mostrei a elas um pequeno vídeo que fiz delas dançando. Elas ficaram vermelhas de vergonha e pediram para que eu enviasse o vídeo para o email delas.
E finalmente chegou a hora do embarque e do adeus a Cuzco. Diferente das muitas horas de ônibus que levei de Lima até Cuzco, o retorno seria de apenas uma hora de vôo. O aeroporto de Cuzco é complicado para aterrissagens, pois fica entre muitas montanhas e o piloto tem que fazer uma manobra radical para pousar. Ele executa uma virada lateral de 180 graus, algo mais comum a aviões de guerra. Já para decolar não é necessário executar tal manobra, então embarquei mais tranqüilo. Por mais que eu viaje de avião, não consigo gostar de voar, prefiro sempre ter os pés no chão.
O vôo foi tranqüilo e comecei a ler o livro do Bingham que tinha comprado no dia anterior. Do meu lado foi uma peruana que começou a puxar conversa. Quando soube que eu era brasileiro, ela me encheu de perguntas. Disse que seu sonho é conhecer o Rio de Janeiro, o carnaval. Falei a ela que o Brasil tem lugares mais interessantes e menos violentos que o Rio de Janeiro, para ela conhecer. E entre a leitura do livro e a conversa com a peruana, o vôo transcorreu tranqüilo, ou melhor, quase tranqüilo. Um pouco antes de chegar a Lima, teve uma turbulência daquelas inesperadas e que assustam bastante. E para descer em Lima o piloto executou a manobra de 180 graus que ele está habituado a executar para descer em Cuzco. Foi assustador e minha labirintite deu as caras, fiquei tontinho. Com certeza essa foi uma das piores aterrissagens que já fiz.
No desembarque em Lima me despedi da peruana e liguei para o taxista que conheci dias antes. O telefone dele não atendia, acho que era seu dia de folga. Então o jeito foi encontrar outro taxista e seguir rumo ao centro da cidade. Ficaria em Lima até a manhã seguinte, quando então embarcaria para o Brasil.