Novo caos aéreo…

Minha semana em Porto Alegre acabou sendo bem difícil. Após o longo atraso na viagem de ida, tive problema de intoxicação alimentar, gripe (não suína) e uma volta com vôos cancelados, atrasos e desvios de rota. Foi uma verdadeira odisséia conseguir voltar pra casa. Eu deveria embarcar para Curitiba na quinta-feira a tarde, num vôo da Tam que vinha de Buenos Aires. Meu horário de embarque estava marcado para 17h30min. Cheguei no aeroporto com bastante antecedência, fiz o chekin, dei uma volta e fui pra sala de embarque. Estava chovendo e nada de liberarem o embarque. Quando deu 17h40min o painel avisou que o vôo tinha sido cancelado, pois em razão do mal tempo o avião não conseguiu pousar em Porto Alegre. Para quem estava com um pouco de febre e dores pelo corpo, sonhando com uma cama, a noticia não foi nada agradável.

Após enfrentar meia hora numa fila, consegui remarcar meu vôo para 21h40min. Então aproveitei o tempo vago para lanchar e ir no cinema do aeroporto. Assisti “A Proposta”, com Sandra Bullock. O filme até que é bonzinho, mas estava muito cansado e acabei cochilando um pouco. Após sair do cinema fui para o embarque torcendo que não cancelassem o vôo novamente. A chuva aumentou e quando deu o horário de embarque, nada do avião aparecer. Esperamos por mais uma hora e finalmente apareceu no painel que o vôo tinha cancelado. Dois cancelamentos num mesmo dia, para mim foi inédito. O jeito foi correr para a fila do chekin junto com mais umas duzentas pessoas.

Após uma hora de fila e de recuperar minha mala, ao fazer o novo chekin descobri que teria que dormir em Porto Alegre, embarcar para São Paulo na manhã seguinte e de lá para Curitiba. A essa altura tinha muita gente brava na fila, xingando, querendo brigar. Eu me mantive calmo, pois nada que fizesse iria mudar a situação. A única coisa estranha foi perceber que aviões da Gol e da Web Jet conseguiam pousar e decolar. Somente a Tam não conseguia. Após mais uma longa espera e alguns desencontros de informações, finalmente embarquei num micro ônibus e me deixaram com mais dez pessoas num hotel no centro da cidade. O hotel era antigo, mas mesmo assim ainda mantinha um certo ambiente luxuoso. Colocaram-me em um quarto de luxo, por falta de outro mais simples. Claro que não reclamei, pois a Tam é que ia pagar a conta. Até tomar banho, desfazer parte da mala e conseguir deitar pra dormir, já passava da uma da manhã. E o pior é que teria que levantar ás 05h00min para voltar ao aeroporto. Acabou sendo meio irônico ficar num quarto de luxo e poder dormir menos de quatro horas.

Acordei a duras penas e ás 05h30min saímos atrasados por culpa do micro ônibus e sob chuva seguimos para o aeroporto. Lá nos passaram para a frente da fila de chekin, que era gigatesca e embarcamos num avião que seguia para São Paulo, aeroporto de Congonhas. Pra variar o vôo saiu um pouco atrasado e foi uma viagem meio esquisita. Estava fazendo exatamente dois anos do acidente com o Airbus da Tam em Congonhas. E tinha sido num vôo na mesma rota e num aparelho igual ao que estávamos. Apenas o horário era diferente, mas mesmo assim o clima era muito esquisito. Pousar em Congonhas no sentido contrário ao avião acidentado dois anos antes e passamos por cima do local do acidente. Uma visão nada agradável logo pela manhã.

Em São Paulo aguardei por pouco mais de três horas na sala de embarque, para então seguir num vôo com destino a Curitiba, onde desembarquei ao meio dia. Foram 16 horas de atraso para chegar em Curitiba, após enfrentar muitos cancelamentos, filas, falta de informação e desorganização por parte do pessoal da Tam. Eles demoraram para solucionar o problema e a solução não era a melhor possível, pois desagradou a todos os passageiros. Depois dessa a Tam que era minha companhia aérea favorita, caiu muito em meu conceito.

Na Unisinos, treinamento do "Projeto Sinergia". (14/07/2009)
No Hotel em POA tentando dormir e embarque em Congonhas. (17/07/2009)
No Hotel em POA tentando dormir e embarque em Congonhas. (17/07/2009)

Caos aéreo…

Ao levantar ás 05h30min da madrugada e olhar pela janela do banheiro, o que vi me fez desanimar. Estava um nevoeiro forte e como tinha vôo marcado para Porto Alegre ás 07h00min, tudo indicava que o mesmo seria cancelado. Mas o jeito foi me arrumar e seguir para o aeroporto. La chegando me assustei com o caos que encontrei. Filas e mais filas, todos os vôos da manhã tinham sido cancelados. O jeito foi ir pra fila do chekin, onde permaneci por duas horas até chegar ao balcão. Com meu vôo cancelado fui remanejado para outro, sem previsão de embarque.

O nevoeiro não baixou e até ás 10h00min não dava pra enxergar a pista do aeroporto. Cada vez chegava mais gente e já não tinha lugar pra sentar e ficava difícil até mesmo caminhar. Pra circular um pouco o ar deixaram as portas de entrada totalmente abertas e como fazia muito frio o saguão parecia um freezer. O jeito foi ter paciência e tentar matar o tempo. Encontrei meus companheiros de trabalho, Henrique e Luis e ficamos andando, conversando e vez ou outra olhando o painel de embarque para saber noticias de nosso vôo.

Somente pouco antes do meio-dia é que nosso vôo foi confirmado e seguimos para a sala de embarque. O embarque demorou quase uma hora e a decolagem só foi realizada ás 13h00min, ou seja, com seis horas de atraso. Já estávamos cansados, stressados e com fome. A única noticia boa para mim foi que seguiríamos num vôo da Tam que ia para Buenos Aires, onde existem seis poltronas de classe executiva e fui colocado numa delas. Ao procurar meu lugar até achei que tinha me enganado, mas logo tive a confirmação que ia mesmo na executiva. Já voei muitas vezes, tanto para dentro do Brasil, como para o exterior, mas sempre expremido na classe econômica. Após seis horas de espera em pé, foi uma maravilha poder sentar na espaçosa e confortável poltrona da classe executiva. Meus amigos não tiveram a mesma sorte e foram se sentar no fundão da classe econômica.

O vôo até Porto Alegre foi tranqüilo, o dia estava bonito, com poucas nuvens e fui lendo e observando a paisagem. Após cinqüenta minutos de vôo chegamos a Porto Alegre e fomos de carro até a Unisinos, em São Leopoldo, para mais uma série de treinamentos do Projeto Sinergia. Acabei almoçando as 16h00min e não via à hora de tudo terminar e poder ir para o hotel descansar. E por falar em hotel, pra terminar bem o dia cheio de atrasos, ao chegar no hotel descobri que o elevador estava quebrado e tive que carregar minha mala até o quinto andar. Ao entrar no quarto fui direto pra cama e finalmente pude descansar após um dia que começou muito cedo e que foi bastante conturbado.

Saguão lotado e nevoeiro na pista. (13/07/2009)
Saguão lotado e nevoeiro na pista. (13/07/2009)
Painel com vôos cancelados e poltrona da classe executiva. (13/10/2009)
Painel com vôos cancelados e poltrona da classe executiva. (13/10/2009)

Corinthians Campeão

Ontem foi uma noite feliz para nós corinthianos, após a conquista da Copa do Brasil. Para mim teve um sabor especial ser campeão sobre o Internacional, em pleno estádio do Beira-Rio. A razão disso é que comecei a torcer pelo Corinthians na final do Campeonato Brasileiro de 1976, quando o timão foi derrotado pelo Inter no Beira-Rio, por 2×0. Então desde aquela época esperava “a vingança”, que aconteceu ontem á noite, após 36 anos de espera. Agora é comemorar e esperar a Libertadores de 2010, ano do centenário corinthiano.timao

Baleia-Franca

Em meados de junho estive participando de um treinamento na Unisinos, em São Leopoldo/RS. O treinamento foi no bloco de Ciências Biológicas, onde na entrada existe algo bem inusitado, um esqueleto de Baleia-Franca. A dona do esqueleto foi encontrada morta em 1998, no Parque Nacional da Lagoa do Peixe. Então ela foi desossada e seu esqueleto doado para a Unisinos. Já na universidade, montaram o esqueleto e de um dos lados fizeram uma estrutura como se a baleia estivesse inteira. Então você olha de um lado e vê a baleia, do outro lado vê seu esqueleto. Ficou uma baleia quase perfeita, que desperta a curiosidade dos visitantes que passam por lá.

Esqueleto de Baleia-Franca. (18/06/2009)
Esqueleto de Baleia-Franca. (18/06/2009)
Esqueleto de Baleia-Franca. (18/06/2009)
Esqueleto de Baleia-Franca. (18/06/2009)

Revendo amigos

Sábado teve “Louvorzão da Jidu”, lá no Uberaba. Apesar do frio, da chuva fina e de estar meio gripado, acabei indo e foi muito bom. Revi muitos amigos, alguns com os quais não falava há muito tempo. E também tive um papo legal com a sobrinha da minha amiga Carmen, a qual conheci na barriga de sua mãe (Agnes) e que agora já está com 12 anos. O tempo passa, o tempo voa… e acho que estou ficando velho.

Com Carmen e sua sobrinha. (27/06/2009)
Com Carmen e sua sobrinha. (27/06/2009)
Com Alcimar e Sonia. (27/06/2009)
Com Alcimar e Sonia. (27/06/2009)

Vale Tudo: Tim Maia

vale_tudo_tim_maiaNunca fui fã do Tim Maia, e de suas musicas gostava de uma ou outra. Mas semana passada, num vôo para Porto Alegre, tinha um cara do meu lado lendo o livro que o Nelson Motta escreveu sobre o Tim. Acabei ficando curioso com relação ao livro, pois tempos atrás li um livro sobre o Roberto Carlos (que depois teve sua comercialização proibida) e no livro achei interessante saber dos bastidores, de como surgiam as idéias para a composição das musicas e etc.

 No avião acabei dando umas olhadas de lado e vi que o livro sobre o Tim Maia seguia o mesmo rumo do livro do Roberto Carlos. Ontem consegui o livro do Tim e comecei a ler. O livro é bom e fui lendo, lendo e lendo,  que quando dei por mim já tinha lido quase a metade de suas 392 paginas. Gosto muito de ler e quando tenho em mãos um livro bom, não sossego até chegar ao final. Hoje como está frio, chovendo e estou meio “pesteado”, o programa da noite vai ser ficar na cama, debaixo do edredom, comendo chocolate e lendo o livro sobre o Tim Maia, de preferência até chegar ao final.

Almoço no “Caminho do Vinho”

Domingo fui almoçar em um restaurante lá no “Caminho do Vinho”. Esse caminho é um roteiro turístico voltado a gastronomia. Essa é a quarta vez que fui para aqueles lados e mais uma vez valeu a pena. Almoçamos no mesmo restaurante das outras vezes, “Fruto da Terra”, com direito a comida caseira italiana, feita no fogão a lenha. É uma delicia e me acabei de tanto comer. Em frente ao restaurante existe um lago com pedalinhos e um belo gramado cheio de árvores. É um lugar bonito, feito para relaxar.

Quem ainda não conhece o “Caminho do Vinho”, fica a dica para conhecer. Para maiores informações, dica de restaurantes e mapa com a localização, acessar: http://www.sjp.pr.gov.br/caminhodovinho/

Restaurante "Fruto da Terra". (21/06/2009)

Nevoeiro

Ontem a noite estava tudo branco, graças a um forte nevoeiro. E hoje amanheceu com nevoeiro também, que só se dissipou após ás 09h00min. Até que estava bonito, mas isso gera muitos contratempos. O trânsito fica mais perigoso em razão da baixa visibilidade e o aeroporto ficou fechado durante algumas horas. Mas como hoje não andei nem de carro e nem de avião, para mim o “espetáculo” foi bonito.

O nevoeiro visto de minha janela no domingo a noite. (21/06/2009)
O nevoeiro visto de minha janela no domingo a noite. (21/06/2009)
O nevoeiro visto de minha janela na segunda pela manhã. (22/06/2009)
O nevoeiro visto de minha janela na segunda pela manhã. (22/06/2009)

Webjet

Na última segunda-feira, final de tarde, fui para Porto Alegre com mais quatro companheiros de trabalho, para participar de um treinamento. Pela primeira vez viajei pela Webjet, empresa aérea que é relativamente nova e opera com aeronaves Boeing 737. Creio que todas as aeronaves foram compradas da antiga Varig e possuem um bom tempo de uso. Estava meio receoso por isso e para piorar, acho que embarcamos no pior avião da Webjet. Por fora o avião é bonito, pintura nova e tal, mas por dentro estava bastante judiado. A decoração meio gasta e encardida, as poltronas desbotadas e bastante antigas. E pra piorar ainda mais fomos no fundão, onde chacoalha mais e pegamos bastante turbulência. Passamos a ouvir ruídos diversos e estranhos, num nhec nhec que no inicio deu medo e depois virou motivo de piada. Teve um momento em que do fundo vinha um barulho que parecia uma buzina e brincamos  que era um avião da Tam querendo ultrapassar.

No fim entre chacoalhadas, nhec nhec e risadas para disfarçar o nervosismo, pousamos sãos e salvos em Porto Alegre. O retorno para Curitiba na quinta-feira a noite, também foi de Webjet e dessa vez o avião era mais bem conservado, o clima ajudou, não teve turbulência e como estávamos sentados na parte da frente, não ouvimos nenhum ruído estranho. Então acho que vale a pena dar um voto de confiança a Webjet e voar novamente por ela, pois a tarifa é baixa e os funcionários são atenciosos. Apenas precisam renovar um pouco a frota e se possível consertar (eliminar) os ruídos, pois a nove mil metros de altura eles são bastante assustadores.

Boeing 737 da Webjet.
Boeing 737 da Webjet.
No aeroporto de Porto Alegre, aguardando voo da Webjet para Curitiba. (18/06/2009)
No aeroporto de Porto Alegre, aguardando voo para Curitiba. (18/06/2009)

Férias 2009 – Viagem ao Chile (Parte IV)

Nosso último dia no Chile amanheceu com o tempo fechado e um pouco de chuva. Levantamos bem cedo para terminar de arrumar as malas e fomos tomar café, os quatro juntos. O local onde é servido o café é na cobertura do hotel, com vidros para todo lado. Com o tempo nublado e chuva, mais ás várias árvores que não lembro o nome, mas que tem folhas iguais as do bandeira do Canadá, o ambiente estava meio “europeu”. Após o café a intenção era de sair comprar os últimos presentes e no meu caso, mais chocolates. Mas logo fizemos uma descoberta nada boa, de que o comércio só abre após as dez da manhã. Nem mesmo a padaria que ficava em frente ao hotel estava aberta. Então o jeito foi deixar pra comprar os últimos presentes no aeroporto, pagando bem mais caro.

Fechamos a conta no hotel por volta das 09h30min e seguimos rumo ao aeroporto. Lá chegando fomos fazer o chekin e depois demos uma volta para fazer algumas compras e também para matar o tempo, pois ainda faltavam duas horas para nosso vôo. Depois de um tempo fui com o W@gner até o estacionamento devolver o carro e retornamos para nosso passeio pelo aeroporto. O Luis Cesar estava meio mal, com dores diversas. Até chegou a comprar um termômetro e brincamos com ele de que tinha pego a gripe suína. Ao meio dia entramos na sala de embarque, visitamos o Duty Free para ver as coisas á venda e logo fomos para nosso avião.

Embarcamos no mesmo 777 da vinda, o que garantia uma viagem confortável. Quando entramos na aeronave, ao passarmos pela classe executiva, vi o Xororó, da dupla Chitãozinho e Xororó e sua esposa (mãe da Sandy). Mostrei para o Luis Cesar, que mostrou para o W@gner e o Maico. Então fomos os quatro dar uma de tietes e pedimos para tirar foto com ele. Ele foi bastante simpático e disse que sim. Como o pessoal estava embarcando e não queríamos atrapalhar, tentamos ser rápidos na tietagem. Após algumas fotos nos despedimos e fomos para nossos Lugares. Depois descobrimos que na foto do W@gner, por culpa da pressa, ele ficou com metade da testa cortada na foto, o que gerou protestos. O Maico ficou reclamando que nem tinha conversado ou “tocado” no Xororó. Lógico que tiramos o maior sarro, pois o tal “tocado” não caiu bem.

Nossos lugares eram juntos novamente, só que dessa vez o Maico e o W@gner atrás, junto com uma oriental e eu e Luiz Cesar na frente sozinhos. O Luiz Cesar estava cada vez pior e cheguei a temer que realmente estivesse com a tal da gripe suína. No momento da decolagem ele ficou ainda pior e coloquei próximo a ele alguns saquinhos para vômito, que felizmente não foram necessários. O tempo estava todo fechado e foi assim durante toda a viagem, o que nos impediu de ver novamente a Cordilheira do Andes pelo alto. De vez em quando o Luiz Cesar pegava seu termômetro e media a temperatura. Esse processo era escondido, pois se algum comissário de bordo visse poderia implicar com ele e mandar que ele passasse pela vigilância sanitária no desembarque em São Paulo.

O vôo foi tranqüilo, consegui ver um filme e dessa vez não dormi. O almoço estava bom e fiz um “escambo” com o Luiz Cesar, que continuava enjoado. Em troca de um pãozinho mordido ele me deu sua salada, sobremesa e metade do seu frango. Acho que fiz um bom negócio.

Pelo monitor constatamos que esse Air Bus 777-300, voa mais veloz do que os outros aviões com os quais estávamos acostumados. Ele passou dos mil por hora, o que chega a ser um pouco assustador. Chegamos em São Paulo no final da tarde e fomos fazer os tramites burocráticos e passar pela alfândega. Tudo transcorreu tranquilamente, pois não trazíamos mercadorias fora do valor estabelecido por lei. Tentei mudar meu vôo para Curitiba que estava marcado para 22h30min, mas após enfrentar um fila vagarosa acabei perdendo o vôo da 18h30min da Tam e o jeito foi esperar até tarde da noite. Os meninos iam para Londrina quase no mesmo horário que o meu vôo, então passeamos um pouco pelo aeroporto, lanchamos e depois fomos sentar numa mesa, onde o Wagner aproveitou para organizar todas as fotos que nos quatro tiramos durante a viagem.

Nosso vôo chegou quase no mesmo horário que um vôo da Tam que vinha de Miami e que teve problemas com turbulência, sofrendo uma queda de altitude, onde alguns passageiros se machucaram. Deve ter sido uma experiência pouco agradável, pela qual espero nunca passar. Logo chegou meu horário de embarcar e os meninos me acompanharam até o portão de embarque, onde nos despedimos. Tinham sido dias intensos e agradáveis que passamos juntos, onde no futuro sempre estaremos lembrando de alguns momentos quando nos encontramos.

Na viagem até Curitiba, do meu lado foram sentados dois comissários de bordo da Tam. Um deles tinha conversado com um comissário que estava no vôo de Miami que teve problemas. Então ele veio contando os detalhes sobre o quase acidente e depois emendamos em outros assuntos sobre aviação. A conversa estava tão agradável que nem vi o tempo passar, quando percebi já estávamos pousando em Curitiba. Após o processo de desembarque consegui pegar o último ônibus executivo que sai do aeroporto e cheguei em casa pouco depois da meia noite. Daí fui desarrumar a mala e preparar o uniforme para o dia seguinte, pois as férias tinham chegado ao fim e o dia seguinte prometia ser de muito trabalho, problemas e stress. Agora é esperar as próximas férias e fazer planos para novas viagens e aventuras.

No hotel em Santiago. (25/05/2009)
No hotel em Santiago. (25/05/2009)
Aeroporto de Santiago. (25/05/2009)
Aeroporto de Santiago. (25/05/2009)
Wagão e seu filhote. (25/05/2009)
W@gão e seu filhote. (25/05/2009)
No avião, tietagem com o Xororó. (25/05/2009)
No avião, tietagem com o Xororó. (25/05/2009)
Recorde de velocidade e suculento almoço. (25/05/2009)
Recorde de velocidade e suculento almoço. (25/05/2009)
No aeroporto de São Paulo. (25/05/2009)
No aeroporto de São Paulo. (25/05/2009)

Férias 2009 – Viagem ao Chile (Parte III)

Levantamos cedo e logo pegamos a estrada. O tempo estava nublado, com cara de chuva. Como íamos subir a serra, ou melhor, os Andes, levamos agasalhos, pois lá no alto poderíamos até mesmo encontrar neve. Íamos até a Portillo, famosa estação de esqui próxima a fronteira entre Chile e Argentina. E nossa maior expectativa era de poder encontrar neve. No ano anterior o W@gner esteve em Portillo no início de maio e encontrou bastante neve. Estávamos no final de maio e teoricamente deveríamos encontrar mais neve do que o encontrado um ano antes, mas como o tempo anda meio maluco, no fundo não sabíamos o que iríamos encontrar.

Se no dia anterior pegamos a estrada que desce para o litoral, dessa vez fizemos o inverso, ou seja, pegamos a estrada que sobe para as montanhas, que vai em direção aos Andes. Pelo caminho passamos por enormes parreirais e grandes vinícolas. Após uma hora de viagem era possível ver ao longe algumas montanhas, com seus picos cobertos de neve. A estrada que estávamos percorrendo é uma das principais do Chile e por ela circulam muitos caminhões, não só chilenos, mas também brasileiros e argentinos.

Pelo caminho fomos fazendo algumas paradas, em locais que achamos interessantes. Uma das paradas foi em uma ponte, que ficava numa curva e com uma bonita paisagem. Quando estávamos em cima da ponte passou uma carreta em alta velocidade e a ponte tremeu toda. Foi um susto enorme, não esperávamos por tal tremelique. Também paramos num local, onde perto existe uma grande fenda nas rochas, provavelmente provocada por algum terremoto.

Um detalhe que nos chamou a atenção foram a quantidade enorme de cruzes na beira na estrada. Deve ser uma tradição chilena construir uma pequenina capela, com uma cruz e em alguns casos bandeira chilenas, em locais onde alguém faleceu. Como a estrada em que estávamos é cheia de curvas e precipícios, na época de neve devem ocorrer muitos acidentes por ali e por isso é que existia tal quantidade enorme de cruzes. Confesso que apesar de curioso, era algo bastante assustador. Mas tentamos não pensar nisso e nos concentramos na paisagem que estava ficando cada vez mais bonita, conforme íamos nos aproximando das montanhas.

Conforme fomos subindo, montanhas diversas apareciam aos lados. Estávamos entrando numa pequena parte da Cordilheira dos Andes. Essa cordilheira atravessa quase toda a costa ocidental da América do Sul e possui aproximadamente 8.000 km de extensão, sendo a maior cadeia de montanhas do mundo. Sua altitude média gira em torno de 4.000 metros e seu ponto culminante é o pico do Aconcágua com 6.959 m de altitude. Estávamos entrando na cordilheira e vendo uma pequena parte dessa cadeia de montanhas. Estou acostumado com montanhas verdes, cobertas de árvores. Já estas montanhas por onde passávamos eram marrons, sem vegetação e no cume ou abaixo dele, em alguns casos, eram cobertas de neve. Sem contar que eram maiores do que as montanhas com as quais estou acostumado.

Logo percebemos que não encontraríamos neve a baixa altitude. Demos azar, pois esse ano o frio e a neve estão atrasados. Eu particularmente nunca estive na neve, mesmo já tendo ido pra Alemanha e morado nos Estados Unidos, lugares onde cai muita neve. Ou fui numa época em que não tinha neve, ou no caso de Orlando, onde morei, era numa região quente, onde não neva. O jeito foi nos conformarmos e aproveitar a beleza da paisagem.

Não demorou muito e iniciamos a subida do “Caracoles”, uma parte da estrada quase na divisa com a Argentina, onde a estrada faz inúmeras curvas. Chega dar medo passar por ali, mas a experiência é muito interessante. Olhávamos para cima e víamos várias curvas do “Caracoles”, como se fossem degraus montanha acima. E nesses degraus víamos carretas e mais carretas. Por nós passou um ciclista, descendo a estrada em alta velocidade e pelo visto ele vinha de uma longa viagem. Então lembrei que um dia pretendo fazer esse caminho de bike. Estar ali foi uma oportunidade de ver de perto o que terei de enfrentar, que na teoria já parecia difícil, na pratica mostrou que vai ser ainda pior. Fizemos mais uma parada no caminho, num local onde existe uma parada para os caminhões que estão descendo o “Caracoles” possam estacionar para esfriar os freios. Dali já é possível ver a Estação de Esqui de Portillo, estrada acima. Meus companheiros de viagem estavam todos agasalhados e eu ainda fiquei um bom tempo somente de camiseta. Talvez por estar acostumado com o frio de Curitiba, demorei mais tempo do que eles para sentir o frio dos Andes. Somente quando chegamos a Portillo, onde tinha um vento congelante é que senti frio pra valer e coloquei um casaco.

Portillo fica a 2.855 metros de altitude e a 152 km de Santiago. É uma pista de esqui bastante famosa. Ali existe uma hotel e vários chalés. No fundo do hotel fica o “Lago Del Inca”, que é enorme, de água límpida, cercado por montanhas. Do outro lado do lago aparece o “Cerro Tres Irmanos”, que são três altas montanhas parecidas, uma ao lado da outra, cobertas de neve. A vista daquilo tudo é maravilhosa, um local muito bonito. A direita do hotel víamos o teleférico que na temporada de esqui leva os esquiadores para a pista, na parte de cima da montanha. Somente uns trezentos metros acima de onde estávamos era possível ver neve. Ficamos umas duas horas em Portillo, onde tiramos várias fotos e fizemos alguns pequenos vídeos. O vento era cortante e o frio também. Lanchamos no carro, pois o restaurante do hotel cobra caro e não estávamos a fim de gastar muito em uma refeição. Então partimos dali e subimos mais uns poucos quilômetros estrada acima, até a fronteira com a Argentina. Tiramos mais algumas fotos e então tivemos que voltar. Por nós passou um ônibus cor-de-rosa, que já tínhamos visto algumas vezes em Santiago e na estrada. Fora o fato de ser rosa, o que gerou muitas risadas de nossa parte é que o ônibus era brasileiro, com placa do Rio Grande do Sul. Com uma cor daquelas só podia mesmo ser um ônibus gaúcho.

Estrada abaixo, o “Caracoles” eram ainda mais assustador. Ficamos imaginando como seria difícil transitar por ali com neve. Fizemos mais uma parada no caminho, dessa vez para colocar umas latas de Coca-Cola para gelar numa queda da água que descia da montanha. Tiramos algumas fotos ali perto e de repente o barulho da queda da água aumentou. O volume de água cresceu de repente e por pouco nossas latinhas de Coca não desceram morro abaixo.

Na subida tínhamos visto uma placa que indicava uma pequena estradinha que dizia algo sobre uma caminho nas montanhas. Resolvemos procurar essa estrada e seguir por ela pra ver aonde chegaríamos. Não foi muito fácil, mas encontramos a tal estradinha, só que não fomos muito longe, pois logo encontramos uma porteira e uma placa onde dizia “Propriedade Privada – Entrada Proibida”. O jeito foi dar meia volta e retornar a estrada principal.

Desde que chegamos no Chile eu queria comer uma autentica “Empanada Chilena”, uma espécie de pastel assado, típico do país e que já comi algumas vezes no Brasil. Acabamos parando num local ao lado da estrada e que vendia empanadas quentinhas, saídas na hora do forno de barro. Os “meninos” resolveram provar também da empanada, mas não gostaram. O W@gão ficou mal do estômago por um bom tempo e desconfiamos que ela é feita de carne de Lhama. Eu até gostei das empanadas chilenas originais, mas confesso que a versão brasileira é bem mais gostosa.

O Luiz Cesar desde que saímos do Brasil falava da vinícola “Concha y Toro”, que talvez seja a mais famosa do Chile. Ele queria conhecer o lugar, mas acabamos não programando tal visita. E quando estávamos na metade do caminho para Santiago, sem querer passamos em frente a tal vinícola. O Luis Cesar ainda gritou para o W@gner parar, mas não deu tempo. E como logo em seguida existia um pedágio, não dava pra fazer o retorno. Outro detalhe é que a porteira da vinícola estava fechada, talvez por já ter passado do horário de visitação. De qualquer forma o Luis Cesar pode ao menos ver de longe a vinícola que ele tanto queria conhecer. Foi uma situação parecida com a visita que eu queria fazer a casa de Pablo Neruda que fica na Islã Negra, em Vinã Del Mar. Ambos estivemos muito perto do que queríamos conhecer quando saímos do Brasil, mas acabamos não conhecendo. Quem sabe numa próxima visita ao Chile possamos matar nossa vontade de conhecer estes lugares.

A última parada que fizemos antes de chegar a Santiago, foi no “Monumento a Batalha de Chacabuco”. Foi nesse local que em 1817, San Martín e Bernardo O’Higgins, comandaram as tropas chilenas contra os espanhóis e conseguiram marchar até Santiago, onde declararam a independência do Chile em 1818. Quando chegamos em Santiago ainda não tinha anoitecido, então resolvemos ir até o palácio presidencial, no centro da cidade. No dia 11 de setembro de 1973, sob as ordens de Augusto Pinochet, os militares chilenos bombardearam o palácio presidencial e derrubaram o governo Salvador Allende. O presidente foi morto em circunstâncias não esclarecidas e Pinochet instaurou uma ditadura militar. Enquanto tirávamos fotos nos fundos do palácio, notamos que algumas pessoas tinham entrado para visitar a parte de dentro. Fomos perguntar a um guarda se poderíamos visitar a parte interna e ele nos respondeu que já tinha fechado. Então saímos dali e fomos tirar fotos da parte da frente. Depois demos uma volta a pé pelo centro da cidade e pegamos nosso carro. Ao passar de carro pelos fundos do palácio, vimos uma porção de pessoas entrando. Ou seja, o guarda nos sacaneou por sermos brasileiros e não nos deixou entrar, inventando uma mentira. Essa foi a única situação de preconceito que enfrentamos durante nossa visita ao Chile.

Chegamos no hotel quando estava começando a escurecer. Cada um foi para seu quarto tomar banho e descansar. Mais tarde saímos eu, W@gner e Maico. O Luis Cesar resolveu ficar no hotel, pois não se sentia bem. Fomos para o shopping da noite anterior, onde demos algumas voltas e jantamos na Pizza Hut. O Wagner ainda reclamando que a empanada tinha lhe feito mal. Depois voltamos ao hotel e fomos arrumar nossas malas e dormir.

Na estrada a caminho da Cordilheira dos Andes. (24/05/2009)
Na estrada a caminho da Cordilheira dos Andes. (24/05/2009)
Montanhas e Lago Del inca. (24/05/2009)
Montanhas e Lago Del Inca. (24/05/2009)
Portillo. (24/05/2009)
Portillo. (24/05/2009)
Portillo. (24/05/2009)
Portillo e fronteira Chile/Argentina. (24/05/2009)
Caracoles. (24/05/2009)
Caracoles. (24/05/2009)
Caracoles. (24/05/2009)
Caracoles. (24/05/2009)
Pela estrada andina. (24/05/2009)
Pela estrada andina. (24/05/2009)
Na estrada voltando para Santiago. (24/05/2009)
Na estrada voltando para Santiago. (24/05/2009)
Monumento a Batalha de Chacabuco. (24/05/2009)
Monumento a Batalha de Chacabuco. (24/05/2009)
Palácio Governamental em Santiago. (24/05/2009)
Palácio Governamental em Santiago. (24/05/2009)

Férias 2009 – Viagem ao Chile (Parte II)

A primeira noite dormida em terras chilenas foi quase tranqüila, pois tirando o fato de que o Luis Cesar passou mal do estômago e de que a cama era muito mole e levantei com dor nas costas, tudo foi tranqüilo. Não fez o frio que esperávamos, a temperatura até parecia a de Curitiba.

Depois do café da manhã, nos arrumamos e saímos, pegamos nosso carrinho alugado e após atravessar rapidamente a cidade, cujo trânsito estava mais tranqüilo em razão de ser sábado, pegamos a estrada em direção ao litoral. Nosso destino seria a cidade costeira de Valparaíso e depois Viña del Mar. Dos quatro, apenas o W@gner já conhecia o Oceano Pacifico. Pelo caminho a paisagem era bastante inóspita, com pouco verde e muitas montanhas. Atravessamos alguns túneis e logo a paisagem mudou um pouco, aparecendo parreirais, pertencentes a vinhedos chilenos, alguns considerados dos melhores do mundo. No caminho paramos algumas vezes para tirar fotos. E passamos por muitos ciclistas, que seguiam em alta velocidade pelas bem conservadas e longas estradas. Conforme fomos chegando próximo á Valparaíso o tempo fechou, esfriando um pouco e aparecendo um forte nevoeiro.

E foi com nevoeiro que chegamos a Valparaíso, uma cidade que não é lá muito bonita, mas tem um aspecto rústico e construções antigas que a tornam uma cidade interessante. Sua origem remonta ao Século XVI, quando foi fundada por espanhóis e seu porto desde então se tornou muito importante para a economia chilena. Valparaíso se caracteriza por ser uma cidade que resvala dos morros em direção ao mar. Ao todo são 42 morros e colinas na cidade. Se bem que em razão do forte nevoeiro não vimos quase nada desses morros e nem mesmo as casas que ficam neles, além dos famosos “ascensores” (elevadores) que levam as pessoas até o alto dos morros. Tudo isso fez com que a cidade fosse declarada como Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco, em 2003. Outro atrativo da cidade é seu belo e colorido por do sol, visto do porto e dos mirantes que existem no alto de alguns morros. Esse por do sol vimos somente em fotos, pois o nevoerio mal nos deixava enxergar o mar.

Nossa primeira parada foi no porto, onde estacionamos nosso carrinho e fomos dar uma volta a pé. A visibilidade não era das maiores, então não deu pra ver muita coisa. Próximo onde paramos tem uma colônia de leões-marinhos, que fica numa plataforma de cimento bem próxima a margem. Foi interessante ver a barulhenta familia de leões-marinhos, descansando seus corpos imensos. Até rolou uma piadinha com o W@gão, que anda meio gorducho e está parecendo um leão- marinho. Mas o animal que mais nos cativou foi um que vive na terra, é peludo, late e é conhecido pelo nome de “cachorro”. Ali no porto vive um cachorro abadonado, que além de brincalhão é muito inteligente. Começamos a brincar com ele e tivemos sua companhia por um bom tempo. Apelidamos o cachorro de “Ronaldo”  e o bicho gostava de jogar futebol. Como não tíhamos bola, utilizamos garrafas pet vazias e foi a maior farra. O triste foi ir embora e deixar nosso amigo “Ronaldo” para trás. Ele nos acompanhou até próximo uma estrada de ferro, que separa o porto da cidade. Ele então se deitou e ficou com uma cara tristonha nos olhando partir e nós partindo com cara tristonha também. Se fosse possível teria trazido esse cachorro para o Brasil, mas não dava e foi triste deixá-lo lá. Com certeza nosso amigo canino será uma das grandes lembranças dessa viagem.

No porto também encontramos um brasileiro de BH, que estava viajando por vários lugares do Chile. Ele nos acompanhou por um tempo e depois nos separamos. Após deixar o porto seguimos caminhando pelo centro da cidade, onde estava acontecendo uma imensa feira livre. O detalhe é que a maioria dos artigos dessa feira eram usados, sendo que alguns eram usados até demais, tinha mais aspecto de lixo do que de outra coisa. Caminhamos pela feira mais por curiosidade, do que a procura de algo para comprar. Depois fomos procurar um lugar para almoçar e acabamos indo parar num grande Supermecado. Ali nos separamos e enquanto o W@gner e Maico almoçavam em um restaurante, eu e Luis Cesar fomos fazer umas comprinhas. Compramos uma porção de coisas, mas o item principal foram chocolates, que estavam em oferta. Também encontrei manteiga de amendoim, fabricada nos Estados Unidos. Adoro isso e fazia tempo que não comia, pois no Brasil não existe tal produto. Existe somente o “Amendocrem”, que é quase uma falsificação de mantiega de amendoim e ruim a beça. Logo o W@gão e o Maico se uniram a nós e saimos dali com barras e mais barras de chocolate. Ao passar no caixa tinha muita gente olhando para nós, possivelmente nos achando com cara de malucos ou de tarados por chocolate.

Voltamos para o porto pegar o carro e não encontramos mais o Ronaldo, nosso amigo canino. No fundo foi melhor assim, pois seria difícil se despedir dele novamente. Pegamos a estrada e fomos até Viña del Mar, cidade próxima a Valparaíso. A cidade de Viña del Mar se originou a partir de duas fazendas, no final do século XIX. No começo do século XX a cidade se converteu em um balneário destacado. Era a época em que a aristocracia descobria os benefícios dos banhos de mar e do ar livre, o que tornou Viña del Mar um lugar de lazer e recreação. Desde então, suas praias têm sido uma poderosa atração turística. Pena que são praias de água gelada. Paramos num mirante ao lado da estrada para ver as fortes ondas quebrando nas pedras e depois fomos para uma praia. Caminhamos pela areia, observamos as fortes ondas, mas coragem de entrar na água não deu. Essa praia onde paramos fica em frente um Quartel do Exército Chileno e vários armamentos antigos estão em exposição. Aproveitamos para tirar várias fotos. Saindo dali fomos para o inicio da cidade, onde existe um enorme Cassino. Caminhamos próximo ao mar e depois fomos até uma praça em frente. Ali alugamos por meia hora duas bicicletas, que na verdade são quadriciclos com dois lugares. Numa fui eu e o W@gner e na outra Luis Cesar e Maico. Lógico que não íamos conseguir dar uma volta tranquilamente, logo promovemos uma corrida pela praça, tomando cuidado para não atropelar ninguém. Foi muito divertido, mas numa curva quase que eu e o W@gner capotamos. Mesmo assim os “irmãos Dissenha” venceram a disputa. O quadriciclo era pesado e fiz muito esforço, isso me causou problemas nos dias seguintes, quando minha dor nas costas piorou bastante. Para descansar da “corrida maluca” fomos num Café. Ali fizemos um lanchinho básico e o W@gão aproveitou para acessar a internet. O tempo foi fechando cada vez mais e o frio aumentou. Então resolvemos voltar para Santiago, pois seria impossível esperar que o tempo melhorasse para podermos observar melhor a paisagem e ver o por do sol. Eu queria muito ir até a “Isla Negra”, que fica ali perto e onde fica a casa mais interessante onde viveu Pablo Neruda. Mas acabei desistindo e fomos direto para Santiago.

Na estrada conforme nos distanciávamos de Valparaíso, o tempo ia melhorando e o nevoeiro ficou para trás. Chegamos ao hotel no início da noite e fomos para nossos quartos tomar banho e descansar um pouco.

Mais tarde saímos e fomos até um grande Shopping, do outro lado da cidade. Precisamos de um mapa para encontrar o caminho e mesmo assim tivemos trabalho para encontrar o lugar. O Shopping é enorme, parecido com os Shoppings que conheci nos Estados Unidos. Não era uma prédio todo fechado, mas sim uma construção principal e outras menores, onde existem lojas, restaurantes, cinemas e mais uma infinidade de coisas. Fomos direto para a praça de alimentação, onde jantamos “Whopper” (sanduíche) do Burger King e pizza da Pizza Hut. Depois da experiência com o sanduíche de pauta, decidimos eliminar de vez a comida local de nossa dieta. Melhor nos garantir com os sabores já conhecidos. Depois de comer demos uma volta pelo Shopping, entramos em algumas lojas para observar e do lado de fora vimos um show de Jazz. Não nos demoramos muito e fomos embora. No caminho paramos numa praça onde tinha um chafariz enorme e colorido. Em seguida voltamos para o hotel e fomos dormir, pois o dia tinha sido cansativo e o dia seguinte prometia ser o melhor de toda a viagem.

Na estrada, rumo Valparaíso. (23/05/2009)
Na estrada, rumo Valparaíso. (23/05/2009)
Porto de Valparaíso, Ronaldo canino e leões-marinhos. (23/05/2009)
Porto de Valparaíso, Ronaldo canino e leões-marinhos. (23/05/2009)
Valparaíso. (23/05/2009)
Valparaíso. (23/05/2009)
Praia em Viña del Mar. (23/05/2009)
Praia em Viña del Mar. (23/05/2009)
Viña del Mar. (23/05/2009)
Viña del Mar. (23/05/2009)
Valparaíso, estrada, Shopping e chafariz em Santiago. (23/05/2009)
Valparaíso, estrada, Shopping e chafariz em Santiago. (23/05/2009)

Férias 2009 – Viagem ao Chile (Parte I)

A viagem para o Chile teve inicio no dia 21 de maio, final de tarde, em Campo Mourão. Eu, meu irmão W@gner e dois amigos nossos, Luiz Cesar e Maico, embarcamos no carro do W@gão e seguimos para Londrina, onde pernoitamos. No dia seguinte levantamos ás 05h00min da manhã e seguimos para o Aeroporto. Tinha estado somente uma vez no aeroporto de Londrina e não trazia boas recordações. No final de 2006, quando ia de Porto Alegre para Maringá, em razão de um forte temporal meu vôo foi desviado para o aeroporto de Londrina, onde desembarquei com três horas de atraso e segui de ônibus para Maringá. Daquela vez estava tão stressado e cansado, que as lembranças do aeroporto londrinense eram as piores possíveis. Mas dessa vez pude observar melhor o local, que mesmo sendo pequeno é bastante simpático.

No dia 22 de maio, sexta-feira, pouco antes das 06h00min fomos para o embarque, que em Londrina se faz na pista. Seria a primeira vez que o Luiz Cesar e o Maico voariam, então estavam um pouco ansiosos e eu e o W@gão, além de dar umas dicas, também colocamos um pouco de medo neles. O vôo até São Paulo durou cerca de uma hora, sem incidentes. Lá aguardamos um pouco e embarcamos em outro vôo da Tam, rumo a Santiago, capital do Chile.

O avião era novo, um dos quatro Boeing 777-300, que a Tam comprou em agosto 2008. O avião é enorme, o maior em que já voei até aqui e tem capacidade para 365 passageiros. Por dentro é show, tudo bonitinho, limpinho, novinho. O vôo até Santiago teria duração de aproximadamente quatro horas e como o tempo estava bom tudo transcorreu sem incidentes. Fui sentado na mesma fileira que o Luiz Cesar e na poltrona do meio não tinha ninguém, o que deixou tudo mais confortável. Na fileira da frente foram o W@gão e o Maico. As poltronas possuem monitores individuais, onde da pra ver vídeos e também acompanhar velocidade, altitude, tempo de viagem, distancia percorrida e distancia que falta até o destino. E também tem duas novidades que ainda não conhecia, que são as imagens de duas câmeras posicionadas fora do avião, onde uma mostra imagens parecidas com as que o piloto tem em seu campo de visão e outra mostra imagens do que está embaixo do avião. Foi bastante interessante ver a imagem da câmera da frente, tanto no momento da decolagem, como na aterrissagem.

Tentei ver um filme, mas como estava muito cansado após uma noite mal dormida, acabei apagando e dormi um pouco. A melhor parte da viagem foi quando passamos sobre a Cordilheira dos Andes e dava pra ver os vários picos, a maioria com neve em seus cumes. Passamos bem próximos ao Aconcágua, que é o ponto culminante das Américas, tendo 6.959 metros e que fica em território argentino. O pouso em Santiago foi tranqüilo e após o desembarque seguimos para os transmites burocráticos. A passagem pela alfândega também foi tranqüila e no momento de pegar nossas malas na esteira, acabamos nos divertindo um pouco ao observar três cachorros da raça Labrador, que inspecionavam as malas com seu olfato. Teve um cachorro que se aproximou da sacola de uma senhora, que tentou se desvencilhar do cachorro, mas não teve jeito, ele levantou uma pata e indicou que tinha algo irregular na sacola dela. Daí veio o pessoal da Policia Federal local e revistou a sacola da mulher, onde encontraram dois queijos, o que é proibido. Apelidamos o cachorro de “pata dura”, pois foi muito engraçado vê-lo com a patinha levantada apontando para a sacola da mulher e também a cara de assustada dela sabendo que o cachorro lhe estava dedurando.

Do lado de fora do aeroporto pegamos o carro que tínhamos alugado. O tempo estava bom, com muito sol e ali pude constatar algo que já sabia, que o tempo ali está sempre meio que nublado, uma mistura de poluição com nuvens, o que raramente permite observar á enorme e bela cadeia de montanhas que cercam quase por completo a cidade. Foi difícil caber nós quatro e as malas no carro, que era pequeno, mas demos um jeito e logo estávamos circulando pelas ruas de Santiago. O W@gão foi o motorista, pois além do carro estar locado no nome dele, ele tinha estado em Santiago ano passado e conhecia o caminho até o hotel. Mas mesmo assim ele se perdeu num viaduto e pegamos uma estrada errada. Como era hora do almoço, paramos num Mac Donald´s para comer um suculento Big Mac. Nenhum dos quatro estava a fim de experimentar a culinária local, então optamos por uma refeição que em qualquer parte do mundo tem praticamente o mesmo sabor.

Após nosso “almoço” embarcamos no carro e dessa vez o W@gão encontrou o caminho até o hotel. A cidade é até bonita, numa mistura de construções antigas e novas. É limpa e bastante policiada, mas o transito é meio caótico, com muitos carros. Outra coisa que notei logo de inicio foi a enorme quantidade de cachorros sem dono soltos pela rua. Nos dias seguintes, por duas vezes chegamos a ver cachorros da raça Ruski, abandonados pela rua. No Brasil a gente está acostumado a ver somente Vira-Latas soltos na rua.

Chegando no hotel fomos para os quartos. Fiquei junto com o Luis Cesar no quinto andar e o W@gão com o Maico no terceiro. Após um banho reconfortante descansei um pouco. Vale registrar que a água é meio esquisita, parece grudenta. Logo nos encontramos, os quatro e fomos dar nosso primeiro passeio pela cidade. Optamos primeiramente em “explorar” a região próxima ao hotel. Estávamos com quatro câmeras digitais e já começamos a bater as primeiras fotos. Isso ocorreu durante toda nossa estadia por lá e no final da viagem ao todo tínhamos cerca de 2.300 fotos. Algumas eram bem parecidas, mas tiradas com câmeras diferentes. De volta pra casa, passei um bom tempo selecionando e organizando as fotos que me interessavam.

Após uma breve caminhada, paramos na calçada de uma lanchonete. Meus três companheiros de viagem resolveram descansar e ao mesmo tempo provar as diferentes marcas de cerveja existentes no local. As garrafas lá são de 1,5 litro. Aproveitamos para observar e levantar as primeiras impressões dos “nativos”. O consenso foi de que todos são de baixa estatura, mas simpáticos e educados. Depois de uma hora de papo furado e após terem provado umas quatro ou cinco diferentes marcas de cerveja, retornamos nossa primeira “exploração” pela cidade. Acabamos indo parar no Zoológico, que ficava ali perto, num morro enorme.

Para entrar no Zoológico pagamos pelo ingresso a fortuna de dois mil pesos. O “fortuna” foi brincadeira, pois dois mil pesos equivalem a uns nove reais. Iniciamos o passeio vendo os Elefantes e seguimos morro acima. O único bicho que eu queria ver era o “Urso Polar”, animal que nunca tinha visto antes. Ele é uma das celebridades do local e quando encontramos o recinto onde ele fica exposto, o bicho estava num momento intimo nada agradável. Viajamos mais de dois mil quilômetros para presenciar uma cena rara de um humano ver até mesmo na natureza. O Urso polar estava “cagando”, com direito a fazer força e careta. Não sei se o bichinho (maneira de dizer, pois o bicho é enorme) ficou encabulado, mas o monte de crianças que estavam próximas a mim ficaram. Outras caíram na risada e eu nem uma coisa e nem outra, minha preocupação era achar o melhor ângulo para fotografar esse momento meio “mundo animal”.

Seguimos morro acima, eu me arrastando, pois o rápido cochilo no avião não tinha acabado com o cansaço acumulado. Vi mais alguns bichos que nunca tinha visto antes, entre eles um Canguru e uma Cabra daquelas que vivem nas montanhas e que representam o signo de Áries no horóscopo. Mesmo não acreditando em horóscopo, vale mencionar que sou do signo de Áries e que fiquei emocionado ao ver a cabra que representa meu signo. Como diz a Kaciane, ultimamente ando sensível e emotivo demais. Coisas da idade, acho! Mas voltando ao passeio, lá da parte de cima do Zoológico tem-se uma bela vista panorâmica de parte da cidade.

Após sairmos do Zoológico, conseguimos um mapa turístico do centro e a meu pedido fomos a procura do Museu Neruda. Ele ficava perto de onde estávamos e funciona numa das três ou quatro casas em que o poeta  Pablo Neruda viveu no Chile. A casa era bonita, mas acabamos não entrando, pois a casa museu mais bonita de Neruda fica em Vina Del Mar, para onde iríamos no dia seguinte. Retornamos ao nosso passeio e fomos seguindo em direção ao centro da cidade. Andamos um monte, tiramos dezenas de fotos, paramos em alguns lugares que vendiam artigos locais para turistas e onde compramos algumas lembrancinhas para a família e amigos. Na verdade eu estava mais preocupado em descobrir onde se vendia o chocolate mais barato. Sou fã de chocolates chilenos, que são de boa qualidade e deliciosos.

Acabou escurecendo e passeamos por mais um tempo. A maior dificuldade acabou sendo encontrar um banheiro. Nosso salvador mais uma vez foi uma lanchonete do “Mac Donald´s”. Antes de voltarmos para o hotel paramos numa panificadora local para provar um típico cachorro quente chileno. Nada de especial no sabor, mas valeu para disfarçar a fome.

Após tomar banho e descansarmos no hotel, resolvemos sair para dar uma volta pelas proximidades e jantar. Fiquei sabendo que a região próxima ao hotel é o bairro boêmio da cidade e por essa razão existem tantos bares e restaurantes por ali. Próximo também ficam alguns “campus” da Universidade do Chile e consequentemente muitos jovens estudantes. Paramos num centro comercial para olhar algumas lojinhas de quinquilharias e acabamos indo parar na mesma mesa de esquina, na mesma calçada, da mesma lanchonete em que tínhamos parado durante a tarde. Os “meninos” resolveram provar mais algumas cervejas e eu só fiquei olhando. O lugar estava cheio de gente e nisso se inclui muita gente maluca. Vimos gente deitada no meio da rua, gente fazendo show na rua, alguns bêbados e muitos casais de lésbicas. Isso mesmo, tinha muita mulher “pegando” mulher por lá. Homem com homem não vi e “viadinhos” só vi uns poucos, mas mulher com mulher tinha aos montes pelas ruas e nas lanchonetes.

Começou a esfriar e resolvemos voltar para o hotel. Ainda não tínhamos jantado e o W@gner nos convidou para comer uma Pizza, num local ao lado de nosso hotel. Aceitamos a sugestão e fomos até esse lugar. Lá descobrimos que eles não vendiam Pizza. Foi a maior pegação no pé do W@gão, mas ele jurou que no ano anterior tinha comido Pizza ali, que aquilo já foi uma Pizzaria. Pelo sim, pelo não, resolvemos comer alguma outra coisa por ali e essa decisão foi o inicio da grande “fria” do dia. O Luiz Cesar olhou na mesa ao lado, onde dois caras comiam sanduíches enormes. Chamamos o garçom e falamos que queríamos sanduíches iguais aqueles. O garçom falou que aquilo era “Sanduíche de Pauta”, com carne de porco. Resolvemos pedir o cardápio e o garçom nos mostrou que tinha um sanduíche igual, mas com churrasco. Ao ouvir a palavra churrasco, nossos estômagos famintos se alegraram e pedimos três sanduíches. Um pra mim, um pro W@gão e outro o Luiz Cesar e o Maico iam dividir. Não sei se motivados pela fome, ou pela palavra churrasco, ninguém pensou em perguntar ao garçom o que era a tal da “pauta”. E do ângulo que estávamos, ao olhar os sanduíches de nossos vizinho de mesa, a impressão era que o negócio verde dentro do sanduíche devia ser uma alface ou cosia parecida. Estávamos sentados próximos ao local onde os cozinheiros faziam os sanduíches e não lembro se foi o Maico ou o Luiz Cesar, que ao ver o cara enchendo uma colher com “abacate”, comentou quem seria o maluco que ia comer abacate aquela hora da noite. Não demorou muito e descobrimos quem seria o maluco, ou melhor, os malucos. Seriamos nós! A tal da “pauta”, na verdade era abacate. Quando vimos o garçom se dirigindo até nossa mesa com três sanduíches enormes, recheados de abacate e carne, caímos num ataque de riso onde era difícil para de rir. Os demais freqüentadores da lanchonete ficaram olhando para nossa mesa, sem entender o que estava acontecendo. Depois de um tempo resolvemos tentar comer nossos sanduíches, onde mesmo raspando todo o abacate possível, ainda assim ficou um pouco do gosto dele no sanduíche. Para mim, que deixei de gostar de abacate há muitos anos, comer abacate com carne não é das experiências mais maravilhosas. Comemos o que deu e o abacate que tiramos dos sanduíches devia dar no mínimo um meio quilo. Quando saímos da lanchonete vimos os garçons rindo de nós, os quatro brasileiros que não gostavam de “pauta”. Depois dessa fomos dormir, pois a noite estava fria, o cansaço era enorme e no dia seguinte faríamos um passeio distante, lá para os lados de Valparaiso e Vina Del Mar, no Oceano Pacifico.

PS: Ao escrever este texto e lembrar do gosto e do cheiro da “pauta” com churrasco, confesso que fiquei com o estomago embrulhado.

O gigantesco "Boeing 777-300" da Tam, que nos levou ao Chile. Voando por sobre a "Cordilheira dos Andes". (22/05/2009)
Nossas primeiras fotos em solo chileno. (22/05/2009)
Nossas primeiras fotos em solo chileno. (22/05/2009)
O primeiro passeio em Santiago, pelas proximidades do hotel. (22/05/2009)
O primeiro passeio em Santiago, pelas proximidades do hotel. (22/05/2009)
Zoológico de Santiago. (22/05/2009)
Zoológico de Santiago. (22/05/2009)
Mais bichos do Zoológico e o Wagão fazendo parte da evolução humana. (22/05/2009)
Mais bichos do Zoológico e o W@gão fazendo parte da evolução humana.
Proximidades do Zoológico e por último a casa de Neruda. (22/05/2009)
Proximidades do Zoológico e por último a casa de Neruda. (22/05/2009)
Passeio de fim de tarde pelas ruas de Santiago. (22/05/2009)
Passeio de fim de tarde pelas ruas de Santiago. (22/05/2009)
Passeio noturno e o horrendo "Sanduiche de Pauta". (22/05/2009)

Férias 2009 – Rio de Janeiro (Parte III)

Na última visita que fiz ao Rio, em 2005, tentei visitar o Museu da República, mas estava fechado. Dessa vez a esse museu, foi á última coisa que fiz antes de retornar para Curitiba. E valeu muito a pena, pois o prédio onde está instalado o museu é muito bonito, a decoração é sensacional e está tudo bem preservado.

De tudo que vi, teve duas coisas de que gostei mais. A primeira foi poder ver “ao vivo” o quadro “a Pátria”, pintado por Pedro Bruno em 1919. Esse quadro além de ser muito bonito, era capa de um livro que utilizei durante o curso de História. Não sabia que esse quadro estava exposto ali e foi uma grata surpresa ao vê-lo na sala onde aconteciam as reuniões do Presidente com seus ministros. E a segunda coisa que gostei mais foi poder entrar no quarto onde Getulio Vargas se suicidou. Fiquei uma meia hora no quarto, observando cada detalhe. O quarto está praticamente igual como na noite em que Getulio se matou. O que aconteceu nesse quarto marcou profundamente a história e os rumos do Brasil.

Quando vou á algum lugar histórico, tenho o costume de tentar imaginar como o lugar era no passado, como eram as pessoas que por ali passaram. Na verdade tento fazer uma imaginaria viagem ao passado. É uma experiência muito bacana e meio maluca, típica de pessoas apaixonadas por história, como eu sou.

Museu da República (Palácio do Catete)

O Museu da República ocupa o antigo Palácio Nova Friburgo (no Império), depois Palácio do Catete (na República), que durante 63 anos foi o coração do Poder Executivo no Brasil. Foi inaugurado em 15 de novembro de 1960, após a transferência da capital para Brasília

O Palácio do Catete foi erguido no século XIX, no então chamado “Caminho do Catete”, atual bairro do Catete, região que surgiu com o aterramento de uma área coberta por mangues. Iniciada a construção do Palácio, o Barão de Nova Friburgo adquiriu novas terras, incorporando a área ao fundo do terreno e a aléia central do parque, onde já então havia as palmeiras existentes até hoje. Segundo alguns historiadores, tanto o jardim do Palácio quanto o do Palácio São Clemente, em Nova Friburgo, também de propriedade do Barão, teriam sido feitos pelo paisagista francês Auguste Marie Françoise Glaziou.

Acervo: O Palácio Nova Friburgo, atual Palácio do Catete, construído entre 1858 e 1867 pelo comerciante e fazendeiro de café Antônio Clemente Pinto, Barão de Nova Friburgo, consagrou-se como um monumento de grande importância histórica, arquitetônica e artística. Erguido no Rio de Janeiro, então Capital Imperial, tornou-se símbolo do poder econômico da elite cafeicultora escravocrata do Brasil oitocentista. Sua concepção em estilo eclético é resultado do trabalho de artistas estrangeiros de renome, como o arquiteto Gustav Waehneldt e os pintores Emil Bauch, Gastão Tassini e Mario Bragaldi. Em 1889, passados vinte anos da morte do Barão e de sua esposa, o Palácio foi vendido à Companhia do Grande Hotel Internacional e, posteriormente, antes que fosse instalada qualquer empresa hoteleira no imóvel, foi vendido ao maior acionista da Companhia, o conselheiro Francisco de Paula Mayrink. Em 18 de abril de 1896, durante o mandato do presidente Prudente de Moraes, à época exercido em caráter interino pelo vice Manuel Vitorino, o Palácio foi adquirido pelo Governo Federal para sediar a Presidência da República, anteriormente instalada no Palácio do Itamaraty.

Para receber os presidentes e seus familiares, ampla reforma foi executada sob a orientação do engenheiro Aarão Reis. Dela participaram importantes pintores brasileiros como Antônio Parreiras e Décio Villares e o paisagista Paul Villon, este responsável pela remodelação dos jardins. A instalação de luz elétrica no Palácio, desde então, acentuaria o brilho dos acontecimentos políticos e sociais que ali teriam lugar.

Também chamado de Palácio das Águias, o Palácio do Catete foi palco de intensas articulações políticas, como as declarações de guerra à Alemanha, em 1917, e ao Eixo, em 1942, e, nesse mesmo ano, a implantação do Cruzeiro como sistema monetário nacional. Entre os grandes acontecimentos sociais, destacam-se a recepção aos Reis da Bélgica, em 1920, e a hospedagem do Cardeal Pacelli, posteriormente Papa João XXIII, em 1934. Grande repercussão gerou o polêmico sarau organizado, em 1914, pela caricaturista Nair de Teffé, esposa do presidente Hermes da Fonseca, durante o qual foi executado o famoso “Corta- Jaca” de Chiquinha Gonzaga, compositora e maestrina carioca. Pela primeira vez a música popular era interpretada nos salões de um Solar aristocrático.

Do Palácio emergem, ainda, memórias de momentos de consternação e comoção nacional, como o velório do presidente Afonso Pena, em 1909, e o suicídio de Getúlio Vargas, em 1954, desfecho de uma das mais contundentes crises político-militares republicanas. No ano de 1938, durante o Estado Novo, o Palácio e seus jardins foram tombados pelo então Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – atual Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Sede do Poder Republicano por quase de 64 anos, 18 presidentes utilizaram suas instalações. Coube a Juscelino Kubitschek encerrar a era presidencial do edifício, com a transferência da Capital Federal para Brasília em 21 de abril de 1960. O Palácio do Catete, com base em Decreto Presidencial de 08 de março de 1960, passou então a ser organizado para abrigar o Museu da República, inaugurado a 15 de novembro do mesmo ano. 

Mais informações acessar: http://www.museudarepublica.org.br/principal2.html

Fachada e interior do "palácio do Catete". (13/05/2009)
Fachada e interior do “Palácio do Catete”. (13/05/2009)
Sala de reunião do Presidente com o Ministério e eu em frente o quadro "A Pátria". (13/05/2009)
Sala de reunião e eu em frente o quadro “A Pátria”. (13/05/2009)
O quarto de Getúlio Vargas, a arma e o projétil que o mataraam. (13/05/2009)
O quarto de Getúlio Vargas, a arma e o projétil que o mataram. (13/05/2009)

Férias 2009 – Rio de Janeiro (Parte II)

Nos “perdidos” que dei pelo centro do Rio (andar sem rumo, ás vezes sem saber onde estou e depois encontrando um lugar conhecido ou o caminho de volta), acabei encontrando sem querer algumas construções históricas bastante interessantes. Entre elas vale a pena citar: Casa do Marechal Deodoro, Casa do General Osório e Pantheon de Caxias.

Casa de Deodoro

Quando vi essa casa, na hora lembrei-me de um texto que o Professor Décio nos deu para estudar no curso de História e onde tinha uma gravura da casa. Essa casa encontrei totalmente sem querer e quando vi do que se tratava tentei me localizar geograficamente e então percebi que a Praça da Republica, que fica bem em frente, era o antigo Campo de Santana. Não cheguei a entrar na casa, pois já estava fechada, mas deu pra perceber que ela está bem conservada e virou Museu. A região onde ela está localizada, hoje em dia é muito movimentada, pois bem perto fica a Central do Brasil. Notei que milhares de pessoas passam em frente á Casa de Deodoro e quase ninguém olha para ela. Esse pessoal que passa apressadamente por ali não tem a mínima noção de que aquele imóvel tem uma enorme importância pra História do Brasil.

História da Casa de Deodoro

O sobrado número 197, da Praça da República, esquina com Rua Azevedo Coutinho, é um dos sítios históricos mais importantes da História política do Brasil. Além de servir de residência para o Marechal Deodoro da Fonseca, proclamador da República Brasileira, foi na Casa Histórica de Deodoro, chamada assim desde 1889, que foi decidido o primeiro Ministério Republicano, no dia 09 de novembro de 1889, assim como também nela decidiu-se como seria a Bandeira Nacional, no dia 19 de novembro do mesmo ano. 

A casa na qual o Marechal Deodoro residia, tinha como endereço na época o Campo da Aclamação, n° 99, Freguesia de Sant’Anna, tendo sido o imóvel alugado pelo Marechal por ocasião de seu retorno ao Rio de Janeiro, após a sua exoneração do cargo de Comandante das Forças de Terra e Mar da Província do Mato Grosso.

A Casa de Deodoro foi construída no início do século XIX, provavelmente entre 1808 e 1817.  Entretanto, os registros sobre o terreno são bem mais antigos. Como todas as residências construídas no início do século XIX, a Casa Histórica de Deodoro possui características típicas de um sobrado urbano residencial do período colonial.  Foi construída com pedra, cal e óleo de baleia, materiais fartamente utilizados pelos portugueses nas construções do período. Algumas paredes internas foram levantadas originalmente em taipa, pau-a-pique e madeira, mais tarde substituídas por paredes de tijolos, nas diversas reformas realizadas. Entretanto, sua fachada conserva as características originais, apresentando as ombreiras enquadradas em pedras e várias aberturas. Suas telhas foram feitas artesanalmente, moldadas “nas coxas” dos escravos. Assim como em todo sobrado do final do período colonial, a Casa tinha os seus dois pavimentos com funções bem definidas. O andar térreo era destinado à guarda dos carros puxados por animais (razão pela qual existe uma entrada central mais larga), como habitação para os escravos da família, ou mesmo para instalação de atividades comerciais. Portanto, constituía-se na parte menos nobre do imóvel, uma vez que era dedicada ao trabalho braçal, coisa desprezada pela sociedade da época. No andar superior ficava a verdadeira residência da família. Havia uma varanda na parte frontal, de onde podia se observar o movimento da rua; a sala de receber, constituída de poucos móveis; um corredor que fazia a ligação desta para as alcovas, que eram os quartos, os quais eram desprovidos de janelas para o exterior, característicos dos hábitos lusitanos de recato familiar; e finalmente, o principal ponto de reunião da família, a sala de jantar.

Em 1890, o Marechal Deodoro da Fonseca mudava-se, como Presidente da República, para o Palácio do Itamaraty. Ao mesmo tempo, a casa e seu terreno eram vendidos. Muito embora o imóvel continuasse a se constituir numa residência particular, a Intendência do Distrito Federal ordenou a fixação de uma lápide comemorativa na fachada da casa, que continha os seguintes dizeres: “Desta casa, residência do Mar. Deodoro da Fonseca saiu este grande Chefe Militar para proclamar na manhã de 15 de novembro de 1889, a República dos Estados Unidos do Brasil”.

Em 1899, a Casa é vendida por Dona Leonarda Alexandrina de Miranda a Manoel José de Magalhães Machado. Em 14 de janeiro de 1905, o imóvel era desapropriado pelo Governo Federal com a assinatura do Decreto n° 1.343 do Presidente da República. Entretanto, embora a documentação desse a entender que a desocupação do imóvel seria para transformá-lo numa espécie de sítio histórico, a Casa ficou entregue a particulares, notadamente a Oficiais do Exército em trânsito pelo Distrito Federal.

Em 1918, a Casa foi ocupada, ao que parece por caráter temporário, por um órgão assistencial: o Pritaneu Militar, uma espécie de colégio, cuja principal finalidade era a de proporcionar ensino aos filhos órfãos de militares. A 4 de janeiro de 1937, o imóvel foi recebido pelas autoridades para que nele se instalasse o Quartel General da Artilharia Divisionária, que ocupou a parte superior. Entretanto, esta Unidade só ocuparia tais aposentos até o ano de 1946, uma vez que em 2 de maio o Clube dos Oficiais Reformados e da Reserva das Forças Armadas (CORRFA), passou a residir no referido local.

A primeira medida visando a preservação da Casa, cujo interior foi bastante comprometido em face dos diversos ocupantes ao longo dos anos, ocorreu a 4 de junho de 1958, quando o imóvel foi tombado. Em 27 de janeiro de 1966, a Casa Histórica de Deodoro tornava-se sede provisória do Museu do Exército. A Casa receberia de imediato o acervo do Museu de Medicina Militar e da extinta Comissão Rondon. 

Em 1968 foram iniciadas as obras de restauração do Imóvel. As casas dos terrenos vizinhos foram demolidas, tendo as autoridades militares feito um esforço para adquirir os terrenos, que serviriam para acomodar um jardim com estátuas de Deodoro e seus irmãos. Entretanto, tal projeto não foi realizado. As obras realizadas no período foram extremamente necessárias, tendo em vista as várias agressões que o imóvel sofreu ao longo dos anos pelos variados inquilinos, bem como devido às demolições executadas pela SURSAN dos imóveis laterais vizinhos, que haviam sido desapropriados, as quais aumentaram o perigo de desabamento da Casa.

Assim, o Museu do Exército funcionou na Casa de Deodoro até o ano de 1987, quando o então Ministro do Exército, General Leônidas Pires Gonçalves, determinou sua extinção e a incorporação das instalações, a estrutura em pessoal e material e o acervo do Museu do Exército ao Patrimônio do Museu Histórico do Exército e Forte de Copacabana. Embora o Museu do Exército fosse extinto e recriado como Museu Histórico do Exército no Forte de Copacabana, a Casa continuou aberta à visitação até fevereiro de 1988, quando fortes chuvas atingiram a Cidade do Rio de Janeiro, causando vários danos à Casa Histórica de Deodoro, entre outros, às instalações elétricas e hidráulica afetadas, paredes com infiltração, madeiramento estragado e várias telhas originais quebradas. A fim de resolver tais problemas foram convocados técnicos do Departamento Geral de Patrimônio Cultural da Secretaria de Cultura do Município. Após várias obras a Casa foi reinaugurada e aberta à visitação pública. Entretanto, os problemas estruturais voltaram a ocorrer, o que levou novamente ao fechamento da Casa ao público. No ano de 1998, após uma série de reformas e adaptações a Casa foi reaberta, no dia 24 de março, desta vez com um novo inquilino, o Instituto de Geografia e História Militar do Brasil.  Pouco tempo depois, a exposição do acervo ao público foi mais uma vez cancelada, tendo em vista os crônicos problemas estruturais. Entretanto, o Instituto continuou em funcionamento.

A Casa foi reaberta ao público, no dia 15 de novembro de 2006, com uma exposição sobre o Marechal Deodoro da Fonseca. Um esforço da Diretoria de Assuntos Culturais e da Direção do Museu Histórico do Exército e Forte de Copacabana para tornar a Casa Histórica de Deodoro parte do roteiro cultural da Cidade do Rio de Janeiro.

 Mais informações acessar: 

 http://www.fortedecopacabana.com/modules/articles/article.php?id=3

Casa do Marechal Deodoro da Fonseca. (13/05/2009)
Casa do Marechal Deodoro da Fonseca. (13/05/2009)

 Casa Histórica de Osório

De grande importância histórica e arquitetônica, este prédio, provavelmente do final do Século XVIII, antiga residência do Marechal Osório, Ministro da Guerra de D. Pedro II, Patrono da Cavalaria do Exército Brasileiro, detentor do título de Marquês de Herval e Senador do Império, abrigou anteriormente o Museu do Exército. O Marechal Osório a ganhou de D. Pedro II. É uma das mais antigas casas residenciais do Estado do Rio de Janeiro, senão a mais antiga, provavelmente construída no século XVIII. 

O prédio tem fachada de cantaria e revestimento de azulejos raros, e à sua cobertura, marcada por forte platibanda, sobrepõe-se uma série de janelas com verga de arco pleno. O acesso à residência é feito por grandes portões colocados na lateral direita do prédio, aí também se repete o uso da verga de arco pleno. A casa durante largo período foi utilizada como moradia coletiva, deteriorando-se muito; posteriormente foi restaurada, para sediar o Museu do Exército. Atualmente nela funciona a Academia Brasileira de Filosofia.

 Mais informações acessar:

http://www.filosofia.org.br/html/mal_osorio.htm

Casa do General Osório. (12/05/2009)
Casa do General Osório. (12/05/2009)

Pantheon de Caxias

Localizado na Praça da República, em frente ao Palácio Duque de Caxias, o Pantheon é uma espécie de mausoléu destinado a abrigar os restos mortais do patrono do Exército Brasileiro, o Marechal Luís Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias. O Pantheon de Caxias foi construído em 1949 e inaugurado no dia 25 de agosto do mesmo ano. Sua construção tinha por objetivo comemorar os cem anos do nascimento de Caxias.

 Foi realizada uma cerimônia de exumação, no Cemitério do Catumbi e depois os restos mortais de Caxias e de sua esposa (Anna Luiza de Loreto Carneiro Vianna de Lima) foram colocados em caixetas e depositados em uma urna especial, a fim de serem transportados para a capela do Cemitério, onde ficaram sob guarda. No dia seguinte os despojos foram transladados sobre os ombros de oito praças do Batalhão de Guardas, em uniforme de Parada, até um veiculo que transportou os restos mortais até a Igreja de Santa Cruz dos Militares. Neste Local foi realizada uma missa solene e uma vigília cívica. Na manhã do dia 25, teve início o traslado dos restos mortais do Duque de Caxias e sua esposa para o Pantheon, em uma carreta. Em seguida foi inaugurado o Monumento ao Duque de Caxias no Pantheon, com a colocação dos restos mortais do Patrono do Exército e de sua esposa em seus locais de descanso definitivo.

 Mais informações acessar:

http://www.fortedecopacabana.com/modules/mastop_publish/?tac=29

Pantheon de Caxias. (13/05/2009)
Pantheon de Caxias. (13/05/2009)

Férias 2009 – Petropólis (Parte IV)

Aproveitando a visita ao Museu Imperial, agendei uma visita ao Arquivo Histórico do Museu Imperial, que fica num prédio próximo. Fui atendido pela funcionária Neibe, que muito atencciosa me explicou como são os procedimentos para pesquisa ali e me orientou como deve fazer para obter as informações de que preciso. E ainda me enviou por email trechos do diário de D. Pedro II que estão transcritos e que são do período que estou pesquisando. Pretendo voltar lá futuramente para pesquisar mais sobre o assunto que desejo.

Arquivo Histórico do Museu Imperial:

Freqüentado por estudantes, historiadores e pesquisadores em geral, o Arquivo reúne hoje uma coleção que alcança cerca de 250 mil documentos originais. Ideal para estudiosos que estão produzindo teses acadêmicas,  roteiristas de minisséries e novelas para a TV, cineastas, escritores e até cenógrafos de escolas de samba, o forte do Arquivo Histórico do Museu Imperial são os documentos do século 19. Mas, dentro daquele espaço também podem ser encontrados registros históricos que vão desde o século 13 até o início do 20.

Outra valiosa contribuição para a memória do país é o precioso conjunto de fotografias que recupera parte da história visual do Brasil, do Estado do Rio de Janeiro e da cidade de Petrópolis desde o início da fotografia.

O acervo do Arquivo Histórico é constituído de documentos de caráter  privado que, pela atuação política da maior parte de seus autores e destinatários, são significativamente importantes pela complementaridade ou elucidação que oferecem à documentação de caráter público conservada no Arquivo Nacional e no Arquivo Histórico do Itamarati. Abrange principalmente o século XIX e o primeiro quartel do século XX,relacionados aos seguintes assuntos: Brasil-Reino; Rio da Prata e América espanhola; Brasil-Império (Primeiro e Segundo reinados); fase inicial da República e assuntos relativos ao Estado do Rio de Janeiro e à cidade de Petrópolis. Além desses, possui arquivos semi-públicos ligados à formação histórica do Estado do Rio de Janeiro e, especialmente, da cidade de Petrópolis. 

 Mais informações acesse: http://www.museuimperial.gov.br/ArquivoHistorico1.htm

Interior do Arquivo Histórico do Museu Imperial. (12/05/2009)
Interior do “Arquivo Histórico do Museu Imperial”. (12/05/2009)

Férias 2009 – Petropólis (Parte III)

Nessa minha segunda visita ao Museu Imperial, pude me deter por mais tempo observando alguns objetos que me chamaram atenção. E dessa vez pude visitar o andar superior, o que na primeira visita em 1996 não foi possível em razão de reformas no local. Muitos ambientes foram montados, mas sem objetos originais do Palácio. Pude perceber que poucas pessoas notam isso, talvez por distração, ignorancia ou por não observarem direito as placas informando sobre os objetos ali expostos, onde é possível ler que “tal” foi doado, que outro veio de “tal” lugar. O trono ali exposto é um exemplo disso, ele veio do Rio de Janeiro, de um outro Palácio.

Quando aconteceu a Proclamação da República e o banimento da Família Real, muitos objetos foram destruidos, outros retirados do local e acredito que alguns até foram roubados. Ali é possível observar um quadro que possui cortes provocados pela espada de algum republicano mais eufórico, que deve ter entrado no Palácio nos dias posteriroes a Proclamação da República. Mesmo nem tudo sendo original, a visita é valida, pois você pode entrar no clima do lugar e imaginar como era a vida palaciana  naquela época.

Dois objetos interessantes são as coroas de D. Pedro I e de D. Pedro II. A de D. Pedro I tem somente a carcaça de ouro, pois foi desmontada e teve suas jóais utilizadas para a confecção da coroa de D. Pedro II. Essa sim, está completa e é muito bonita.

Museu Imperial

Em 1822, D. Pedro I, viajando em direção a Vila Rica, Minas Gerais, para buscar apoio ao movimento da nossa Independência, encantou-se com a Mata  Atlântica e o clima ameno da região serrana. Hospedou-se na Fazenda do Padre Correia e chegou a fazer uma oferta para comprá-la. Diante da recusa da proprietária, D. Pedro comprou a Fazenda do Córrego Seco, em 1830, por 20 contos de réis, pensando em transformá-la um dia no Palácio da Concórdia. A crise política sucessória em Portugal e a insatisfação interna foram determinantes para o seu regresso à terra natal, onde ele viria a morrer sem voltar ao Brasil.  A Fazenda do Córrego Seco foi deixada como herança para seu filho, D. Pedro II, que nele construiria sua residência favorita de verão.

A construção do belo prédio neoclássico, onde funciona atualmente o MUSEU IMPERIAL, teve início em 1845, e foi concluída em 1862. Para dar início à construção, D. Pedro II assinou um decreto em 16 de março de 1843, criando Petrópolis. Uma grande leva de imigrantes europeus, principalmente alemães, sob o comando do engenheiro Júlio Frederico Koeler, foi incumbida de levantar a cidade, construir o Palácio e colonizar a região.

Criação do Museu Imperial

Com a Proclamação da República, em 1889, a Princesa Isabel alugou o  Palácio para o Colégio Notre Dame de Sion. Mais tarde, foi a vez do  Colégio São Vicente de Paulo ocupar o prédio. Entre seus alunos, havia um apaixonado por História: Alcindo de Azevedo Sodré. Graças a ele, que sonhava acordado nas noites silenciosas, com a transformação do seu colégio em um Museu Histórico, o presidente Getúlio Vargas criou em 29 de março de 1940 pelo decreto Lei n° 2096, o MUSEU IMPERIAL. Foi aberto à visitação pública três anos depois, a 16 de março de 1943, por ocasião do centenário da fundação de Petrópolis.

O acervo do Museu Imperial, formado pela transferência de coleções de outros órgãos culturais, além de compras e doações, reúne 7866 objetos representativos da cultura nacional e estrangeira do século XIX, entre numismática, armaria, heráldica, porcelanas e cristais, ourivesaria, viaturas, mobiliário, prataria, indumentária, objetos musicais, esculturas e pinturas. Dentre as peças únicas, destacam-se o cofre em porcelana de Sèvres e bronze da Princesa de Joinville e os objetos-símbolos da Monarquia Brasileira, como a coroa imperial de D. Pedro I, a coroa e os trajes majestáticos de D. Pedro II e o cetro dos dois imperadores.

Mais informações acessar:  http://www.museuimperial.gov.br/

Visita ao Museu Imperial. (12/05/2009)
Visita ao Museu Imperial. (12/05/2009)
Visita ao Museu Imperial. (12/05/2009)
Visita ao Museu Imperial. (12/05/2009)
Visita ao Museu Imperial. (12/05/2009)
Visita ao Museu Imperial. (12/05/2009)
Família Imperial, Trono e coroa de D. Pedro II. (12/05/2009)
Família Imperial, Trono e Coroa de D. Pedro II. (12/05/2009)

Férias 2009 – Petropólis (Parte II)

No segundo dia em Petrópolis levantei um pouco mais tarde, pois uma bolha no dedinho do pé esquerdo tinha infeccionado e com a dor ficava difícil de andar. Nesse dia me dediquei a três visitas especiais, que foram: Museu Casa de Santos Dumont, Museu Imperial e Arquivo do Museu Imperial, que fica ao lado do próprio Palácio, mas numa construção recente. 

Museu Casa de Santos Dumont, mais conhecida como “A Encantada”:

 A casa de verão de Santos Dumont, mais conhecida como “A Encantada”, foi construída em 1918 no antigo morro do Encanto, em Petrópolis. O nome da casa foi dado em homenagem a Rua do Encanto, onde ela estava localizada. Ali ele passou várias temporadas, até sua morte em 1932. A casa foi desenhada e planejada pelo próprio Santos Dumont, tendo auxilio do engenheiro Eduardo Pederneiras. É um chalé do tipo alpino, encravado em terreno íngreme, com detalhes curiosos, todos frutos do inventivo talento de Santos Dumont. Ela é fora de qualquer padrão de casas da época.

A casa é ao mesmo tempo simples e prática, sendo constituída de uma única peça edificada. Internamente não tem nenhuma divisória, possuindo três andares e um terraço. No primeiro andar (térreo), há um porão que servia de oficina.  No segundo andar, em uma única peça fica a sala de estar e jantar, com biblioteca e estúdio. E no pequeno terceiro andar, fica o quarto e o banheiro. Do quarto é possível atravessar uma pequena ponte e ir para a parte alta do terreno, que fica no nível do telhado. Ali existe um mirante para observações astronômicas, onde fica hasteada a Bandeira do Brasil.

No pavimento superior fica a escrivaninha que a noite servia de cama. Como Santos Dumont era pequeno, bastava colocar um colchão sobre a escrivaninha, que esta se transformava em cama. Outra praticidade que achei interessante foi seu guarda-roupas. Num espaço atrás da porta ele guardava a mala que utilizava em sua muitas viagens e três cabides, com três ternos. A casa não tinha cozinha e todas as refeições vinham do Palace Hotel, atual prédio da Universidade Católica de Petrópolis, do outro lado da rua. Outra curiosidade da casa é uma das últimas invenções de Santos Dumont, que é o chuveiro com água quente, o único do Brasil àquela época, sendo aquecido a álcool.

Existem duas escadas interessantes na casa, recortadas em forma de raquete. A que fica na entrada, obriga o visitante a sempre começá-la com o pé direito. E dentro da casa existe uma escada parecida, mas que obriga o visitante a começar com o pé esquerdo. Nessa casa Santos Dumont escreveu seu segundo livro, a autobiografia “O que eu vi. O que nós veremos”.

A casa vista pelo lado de fora. (12/05/2009)
A casa vista pelo lado de fora. (12/05/2009)
Casa, telefone, guarda roupas e ponte que leva ao terraço dos fundos. Ao fundo aparece uma escadinha que leva ao observatório. (12/05/2009)
Casa, telefone, guarda roupas e ponte que leva ao terraço dos fundos. Ao fundo aparece uma escadinha que leva ao observatório. (12/05/2009)
Escada da entrada, terraço, escada interna, escrivaninha/cama e chuveiro. (12/05/2009)
Escada da entrada, terraço, escada interna, escrivaninha/cama e chuveiro. (12/05/2009)

Férias 2009 – Petropólis

De Cabo Frio segui de ônibus para Petrópolis. O chato foi levantar de madrugada em plenas férias para pegar o único ônibus que liga estas duas cidades e que sai ás 06h15min. Por sorte a pousada onde estava hospedado ficava distante somente 200 metros da Rodoviária.

Estive em Petrópolis em julho de 96, numa visita rápida que durou menos de um dia. Daquela vez ficou uma sensação de quero mais, pois não foi possível visitar todos os pontos turísticos e principalmente a parte de cima do Palácio Imperial, que estava em reformas na época. Dessa vez iria dedicar quase dois dias para visitar a cidade e já tinha agendado uma visita ao acervo do Palácio Imperial, para obter informações e colher material para um projeto futuro.

Desembarquei em Petrópolis pouco antes das 10h00min e descobri que agora existe uma rodoviária nova que fica bem afastada da cidade. Por outro lado isso foi bom, pois tive que pegar um ônibus urbano que rodou por vários lugares da periferia da cidade e dessa forma pude ver muitas construções antigas e locais interessantes. Hospedei-me num hotel que fica em frente á antiga rodoviária, bem no centro da cidade. O hotel é de 1948 e parece não ter sofrido muitas reformas desde então. O ponto negativo foi o cheiro quase insuportável de cigarro no quarto.

Á tarde iniciei a visita pela cidade andando despreocupadamente pelo centro e depois passei por pontos turísticos que já conhecia e outros que não conhecia. Consegui um mapa num posto de informações turísticas e isso facilitou meu passeio, pois o mapa tinha boas indicações e principalmente porque a maioria dos locais que me interessava visitar ficavam próximos.

Os principais locais que visitei nesse dia foram:

Catedral de São Pedro de Alcântara = Sua pedra fundamental foi lançada em 1884 e sua construção é em estilo neogótico francês. Em seu interior, ao lado direito da porta de entrada fica a Capela Imperial, onde estão os restos mortais de D. Pedro II, de sua esposa Teresa Cristina, do Conde D´Eu e da Princesa Isabel. Quase fui preso ao visitar a Capela Imperial, pois ela é cercada por grades e ao tirar fotos resolvi subir na grade para ter um ângulo melhor. Alguns visitantes viram e foram dizer ao segurança que eu estava querendo pular a grade. Mas após as explicações tudo ficou bem.

Só pra constar, D. Pedro II e Dona Teresa Cristina morreram no exílio, na França. Foram sepultados em Portugal, no Panteão dos Bragança, no Convento de São Vicente de Fora, em Lisboa. Em 1922, com a Lei do Banimento sendo revogada, tiveram seus restos mortais enviados para o Brasil e em 1939 foram sepultados na Catedral de Alcântara. Um fato curioso é que D. Pedro II quando faleceu foi embalsamado e durante quase vinte anos seu corpo podia ser visitado do Panteão dos Bragança, pois o caixão tinha uma tampa de vidro. Em 1911 o corpo começou a se decompor e então resolveram cobrir a tampa de vidro.

Casa de Rui Barbosa = Residência onde Rui Barbosa escreveu muitas de suas obras e onde ele permaneceu até falecer.

Casa da Princesa Isabel = Comprada em 1876 pela princesa Isabel e o Conde D´Eu, nela residiram até a proclamação da República, quando então foram banidos do Brasil.

Casa do Barão de Mauá = Construção em estilo neoclássico foi residência do Barão de Mauá, importante empreendedor da época do Império e um dos mais famosos empresários na história do Brasil.

Palácio de Cristal = Foi construído na França em 1879, para a Associação Hortícola de Petrópolis, da qual era presidente o Conde D’Eu, marido da Princesa Isabel. Foi destinado a servir de local para exposições e festas. Foi inaugurado em 1884 e a mais bela festa realizada nele foi no domingo de Páscoa de 1888, na qual a princesa Isabel junto a seus filhos entregou cartas de alforria a escravos, a maioria indenizando os seus senhores com campanha de arrecadação desenvolvida na cidade. Tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, integra o conjunto arquitetônico e paisagístico da Praça da Confluência.

Palácio Rio Negro = Em 1889 o Barão do Rio Negro comprou o terreno onde seria erguido o seu palácio de verão. Em fevereiro de 1896, o Palácio e a casa ao lado, pertencentes a um dos filhos do Barão, foram vendidos ao Estado do Rio de Janeiro para servir de residência oficial do governante. Em 1903, o Palácio foi incorporado ao Governo Federal e passou a ser residência oficial de verão dos presidentes da República. Desde então, por ali passaram Rodrigues Alves, Afonso Pena, Nilo Peçanha, Hermes da Fonseca, Wenceslau Brás, Epitácio Pessoa, Artur Bernardes, Washington Luiz, Getúlio Vargas, Gaspar Dutra, Café Filho, Juscelino Kubitschek, João Goulart e Costa e Silva. No verão de 1996/1997, quando o Palácio estava completando 100 anos na função de residência oficial do governo, a tradição foi reinventada. Através de um gesto ritual, a presidência da República voltou a se instalar no Palácio Rio Negro.

 

Catedral de Alcântara, Palácio de Cristal e Casa de Mauá.
Catedral de Alcântara, Palácio de Cristal e Casa de Mauá. (11/05/2009)

 

Catedral de Alcântara.
Catedral de Alcântara. (11/05/2009)
Capela Imperial, onde no meio estão D. Pedro II e Dona Teresa Cristina, do lado esqeurdo a Princesa Isabel e do lado direito o Conde D´Eu.
Capela Imperial, onde no meio estão D. Pedro II e Dona Teresa Cristina, do lado esquerdo a Princesa Isabel e do lado direito o Conde D´Eu. (11/05/2009)
Acima a "Casa de Rui Barbosa"  e abaixo o "Palácio Rio Negro". (11/05/2009)
Acima a “Casa de Rui Barbosa” e abaixo o “Palácio Rio Negro”. (11/05/2009)
Casa da Princesa Isabel. (11/05/2009)
Casa da Princesa Isabel. (11/05/2009)

Mario Dissenha

Na última sexta-feira, dia 22, completou 20 anos de falecimento de meu avô paterno, Mario Dissenha. Nascido na colônia do Barro Preto em São José dos Pinhais, neto de italianos, viveu em Santa Catarina, Guarapuava e Campo Mourão, onde nasceu a maioria de seus 14 filhos (10 oficias, 1 adotivo e 3 extra oficiais). A maior parte de sua vida trabalhou como caminhoneiro, principalmente puxando toras e ajudando a desenvolver o interior do Paraná nos anos 50 e 60. Em 1979 foi para Curitiba, onde se fixou no bairro do Boqueirão, perto da divisa com sua cidade natal, São José do Pinhais. Ali viveu até seu falecimento, ocasionado por uma leucemia.

Ainda em Campo Mourão gravou dois discos nos anos sessenta, sendo o primeiro morador da região a realizar tal façanha. Um disco era junto com amigos que formavam o grupo “Os Campeiros do Oeste”. O outro disco foi junto com seu compadre e sanfoneiro, “Tiãozinho, o sanfoneiro dos dedos ligeiros”. Futuramente postarei mais informações sobre os discos e imagens das capas.

Meu maior contato com meu avô foi quando criança e não tenho nada a reclamar. Era um bom avô, bastante atencioso e pelo qual eu tinha respeito e até um pouco de medo, pois tinha a impressão que ele era muito bravo. Infelizmente tive poucas oportunidades de conversar com ele sobre sua vida, ouvir suas histórias. A maior oportunidade foi durante uma viagem de caminhão que fiz com ele em dezembro de 1981, entre Campo Mourão e Curitiba.

Em fevereiro de 1989 fui morar em Curitiba, mas não tive muita oportunidade de conversar com ele, pois logo veio a falecer. Na época estava servindo o Exército e não me deram o recado sobre seu falecimento. Em razão disso acabei não indo no velório e no enterro. Isso gerou uma grande confusão e o telefonista que esqueceu de dar os recados chegou há ficar uns dias preso.

Mario

Férias 2009 – Cabo Frio “Forte São Mateus”

Todo final de tarde eu ia até o forte São Mateus para ficar olhando o mar e o por do sol por sobre a cidade. A cada dia o por do sol era um espetáculo a parte. Atualmente o forte está bem cuidado e conservado e é uma atração a parte para quem visita a cidade de Cabo Frio.

O Forte de São Mateus localiza-se numa ilhota rochosa na extremidade nordeste da atual praia do Forte, na cidade de Cabo Frio. Em 1617, o governador e capitão-mor da capitania do Rio de Janeiro, Constantino Menelau, que considerava o Forte de Santo Inácio do Cabo Frio excessivamente vulnerável, solicitou o seu desmantelamento e a construção de um novo forte para proteção da povoação de Santa Helena do Cabo Frio e da barra do canal da lagoa de Araruama (hoje canal do Itajuru). O Governador-geral do Brasil, D. Luís de Sousa, após consultar Lisboa, aprovou o projeto do Engenheiro-mor e dirigente das obras de fortificação do Brasil, Francisco de Frias da Mesquita e transferiu a responsabilidade das obras para o Capitão-mor de Cabo Frio, Estevão Gomes em 1618.

Uma carta do superior jesuíta do aldeamento indígena de São Pedro, enviada àquele governador do Brasil em 1620, revela que a nova fortificação do Cabo Frio já estava em funcionamento nesse ano. Nela, Estevão Gomes abrigava provisoriamente algumas dezenas de famílias de Tupiniquins que logo seriam transferidas para o aldeamento jesuíta de São Pedro do Cabo Frio, núcleo da atual cidade de São Pedro d’Aldeia.

No contexto da reconquista de Angola (e seu mercado de escravos) aos holandeses, Salvador Correia de Sá e Benevides retirou a artilharia e a guarnição do forte, deixando sem defesa os vinte e quatro moradores que permaneceram no Cabo Frio (1648). Em 1650, Estêvão Gomes reaparelhou-o para defesa da povoação, com os seus canhões servindo para sinalizar a passagem dos navios que iam para o Rio de Janeiro.

Durante o século XVIII, o Forte de São Mateus estava artilhado com sete peças antecarga, de alma lisa: uma de calibre 12 libras, dois de 8 e quatro de 6, sendo que a maior parte achava-se arruinada ao final desse período. Encontra-se relacionado no “Mapa das Fortificações da cidade do Rio de Janeiro e suas vizinhanças”, que integra as “Memórias Públicas e Econômicas da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro para uso do Vice-Rei Luiz de Vasconcellos.

Em 1818, o naturalista Auguste de Saint-Hilaire descreveu o forte como uma “mesquinha casa a que é dado o nome pomposo de fortaleza”. Estava “guardado por seis soldados da milícia, que se renovam de quinze em quinze dias, e são mandados por um simples cabo. Este é obrigado a dar aviso ao coronel do distrito, da entrada e da saída de embarcações que passam pelo ancoradouro”. Vinte anos mais tarde, em 1838, o forte era comandado pelo 1º Tenente Antônio Joaquim Gago.

Relatório do General Antônio Eliziário (Tenente-general graduado Antônio Elzeário de Miranda e Brito) de 1841, informa que esta fortificação conservava quatro peças em suas três faces, sendo instaladas mais quatro em uma bateria na praia dos Anjos (Bateria da Praia dos Anjos) em Arraial do Cabo, como defesa complementar. O Imperador D. Pedro II, ao visitar a cidade de Cabo Frio em 1847, inspecionou o forte “onde foi recebido com uma salva imperial de artilharia” e recepcionado pelo Tenente Francisco José da Silva. Antes de ser deposto em 1889, o Imperador promoveu o rearmamento das fortalezas brasileiras, encomendando grande quantidade de peças de artilharia, entre elas, os cinco canhões de ferro de grosso calibre até hoje existentes nas suas dependências.

Do início do século XVIII ao final do século XIX, foram feitas algumas modificações na planta da fortificação, mas conservou-se o uso militar na defesa de Cabo Frio e seu porto – escoadouro da produção agrícola e extrativista regional para a capital do Rio de Janeiro. A partir de 1899, a edificação passou a ser utilizada pelas autoridades municipais como lazareto, abrigando os doentes terminais das graves epidemias que assolavam Cabo Frio à época.

No século XX, sem manutenção, o Forte de São Mateus, abandonado, encontrava-se em ruínas ao final da década de 1930. A estrutura abrigou nesse período um farol, demolido em meados do século pelo risco de desabamento que apresentava.

De propriedade da União, o imóvel, o penedo em que se ergue e a ponta da praia num círculo de quinhentos metros de raio a partir do centro do forte encontram-se tombados pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional a partir de 1956, passando a ser administrados pela Prefeitura do Município de Cabo Frio. Nesse mesmo ano sofreu a primeira intervenção de restauro, sob a direção técnica do Professor Adail Bento Costa.

Com o aumento do turismo na região a partir da década seguinte, a FLUMITUR – Companhia de Turismo do Estado do Rio de Janeiro (depois TURISRIO) promoveu nova intervenção de restauro (1972), visando a instalação projetada de um museu. Esse projeto foi retomado a partir de 1977, na gestão do Prefeito José Bonifácio Ferreira Novellino, que criou um espaço cultural para exposição de artistas locais no Forte São Mateus, para o que lhe instalou luz e água, reparando o piso do caminho e construindo uma nova ponte de acesso. Entre 1983 e 1992, foram promovidas melhorias no seu entorno pelo governo do Prefeito Ivo Saldanha. Em 1989, com o apoio da Rede de Postos Itaipava foram restaurados os caibros do telhado, portas, janelas, ferrolhos e chaves. Nesse mesmo ano, procedeu-se o tombamento municipal do imóvel.

No início de 1993, durante a segunda administração do Prefeito José Bonifácio Ferreira Novellino encontrando-se o forte novamente semi-abandonado e bastante deteriorado, foi reafirmado o seu uso cultural. Com a aprovação e supervisão do Patrimônio Histórico, refez-se o telhado, substituíram-se e envernizaram-se as madeiras das portas e janelas, limpou-se, aterrou-se e nivelou-se o terrapleno, caiaram-se paredes, muralhas e guarita; retiraram-se acréscimos externos de cimento modernos, tendo-se melhorado a vigilância e limpeza do entorno.

Forte São Mateus. (09/05/2009)
Forte São Mateus. (09/05/2009)
Forte São Mateus. (10/05/2009)
Forte São Mateus. (10/05/2009)
Forte São Mateus. (11/05/2009)
Forte São Mateus. (11/05/2009)

Férias 2009 – Cabo Frio

Fiquei quatro dias em Cabo Frio, hospedado em uma pousada que no passado foi Albergue da Juventude e onde passei uma semana em 1996. Era o unico hospede, pois é baixa temporada, então minha estadia foi bem tranquila. Dormia até tarde e depois ia passear pela cidade. No meio da tarde ia para a praia caminhar e depois seguia até o Forte São Mateus (ver post especifico) onde ficava até o final da tarde, para ver o por do sol.

A primeira vez que estive em Cabo frio foi em 1990, depois voltei em 1996. Após treze anos da última visita, deu pra perceber que a cidade cresceu bastante. Ao mesmo tempo ela está mais suja, a praia também e as dunas que eram um atrativo a parte da cidade, tive a impressão de que encolheram. Talvez tal impressão seja em razão de várias construções feitas próximas as dunas.

A água da praia é muito gelada e não entrei na água nenhuma vez. A unica excessão foi durante um pesseio de barco que fiz e onde ele atracou por meia hora numa ilha distante da cidade. Então não resisti e mergulhei na água gelada e transparente.

Cabo Frio é uma cidade histórica, sendo o sétimo municipio criado no Brasil. Em 1503, a terceira expedição naval portuguesa para reconhecimento do litoral brasileiro, sofreu um naufrágio em Fernando de Noronha e a frota remanescente se dispersou. Dois navios, sob o comando de Américo Vespúcio, seguiram viagem até a Bahia e depois até Cabo Frio. Junto ao porto da barra de Araruama, os expedicionários construíram e guarneceram com 24 “cristãos” uma fortaleza feitoria para explorar o pau-brasil, abundante na margem continental da lagoa.

Em 1512, este estabelecimento comercial-militar pioneiro, que efetivou a posse portuguesa da “nova terra descoberta” e deu início a conquista no continente americano, e que foi destruído pelos índios tupinambás em função das “muitas desordens e desavenças que entre eles houve” em 1526. Os franceses traficavam pau-brasil e outras mercadorias com os índios, na costa brasileira, desde 1504. Durante as três primeiras décadas do século XVI, praticamente restringiram sua atuação ao litoral da região nordeste.

A partir de 1540, por causa do rigoroso policiamento naval português nestes mares, os franceses exploraram o litoral e levantaram os recursos naturais de Cabo Frio. Em 1556, construíram uma fortaleza-feitoria para exploração de pau-brasil, na mesma ilhota utilizada anteriormente pelos portugueses, junto ao porto da barra de Araruama. A “Maison de Pierre” cabofriense ampliou e consolidou o domínio francês no litoral sudeste, iniciado com o Forte Coligny no Rio de Janeiro, um ano antes.

Vários angulos de Cabo Frio. (maio/2009)
Vários angulos de Cabo Frio. (maio/2009)
Passeio de barco. (09/05/2009)
Passeio de barco. (09/05/2009)
Passeio de barco. (09/05/2009)
Passeio de barco. (09/05/2009)
Imagens de Cabo Frio e por último a "Pousada São Lucas", onde me hospedei. (09 e 10/05/2009)

Férias 2009 – Rio de Janeiro

Meu primeiro dia de férias foi em Curitiba mesmo, onde aproveitei para resolver assuntos pessoais. Já no segundo dia iniciei uma serie de viagens programadas para as férias. No meio da manhã do dia 7, quinta-feira, embarquei para o Rio de Janeiro num vôo da Tam. Com as tarifas das cias aéreas em promoção, em alguns casos fica mais barato viajar de avião do que de ônibus. E a diferença principal é que a viagem entre Curitiba e Rio de Janeiro de avião leva uma hora, enquanto de ônibus leva quase treze horas.

Após uma viagem tranqüila desembarquei no Rio de Janeiro, no  Aeroporto Santos Dumont, que fica no centro da cidade. A parte final do pouso é um pouco assustadora, pois o aeroporto fica ao lado do mar e o avião vai descendo sobre a água, se aproximando cada vez mais do mar. Se a pessoa não conhecer a localização do aeroporto  e olhar pela janela no momento do pouso, vai pensar que o avião esta caindo na água. O piloto era muito bom e o pouso foi macio. E por incrível que pareça sai de Curitiba com sol e calor, para chegar no Rio de Janeiro e pegar chuva.

Após uma passeio pelo centro da cidade meio sem destino, resolvi sair do Rio e ir para Cabo Frio, cidade praiana na Região dos Lagos, distante uns 120 km dali. Como era inicio de férias achei que seria melhor ir pra um lugar menos agitado onde pudesse descansar e desestressar. Então no final da tarde peguei um ônibus rumo a Cabo Frio, onde cheguei à noite, após uma viagem sossegada.

Quase chegando no Rio de Janeiro. (07/05/2009)
Quase chegando no Rio de Janeiro. (07/05/2009)
Sobrevoando a cidade do Rio de Janeiro. (07/05/2009)
Sobrevoando a cidade do Rio de Janeiro. (07/05/2009)
Pousando quase sobre as águas. (07/05/2009)
Pousando quase sobre as águas. (07/05/2009)

Vila Velha

No último sábado, dia 2, eu e Kaciane fomos para Vila Velha, a cidade de pedra. A viagem até lá foi tranqüila e são somente 90 km por uma estrada duplicada e com pouco trânsito em razão de ser “meio” de feriadão. Paramos para almoçar na estrada, num daqueles restaurantes para caminhoneiros. Matei saudades de quando era criança e viajava de caminhão com meu pai. A comida estava boa, mas exagerei um pouco e depois fiquei meio mal.

Chegamos a Vila Velha quase no meio da tarde e paramos no posto de atendimento aos turistas, para comprar o ingresso de entrada e obter algumas informações. Pensamos em fazer o passeio para Furnas e depois o passeio pelos arenitos (formações rochosas), mas depois de lermos um aviso que informava que o elevador que leva os turistas até o fundo dos buracos de Furnas estava quebrado, optamos somente pelo passeio até os arenitos. Pegamos o ônibus que leva os turistas até o inicio das formações rochosas e dali seguimos pela trilha de pouco mais de 2 km que circula o local.

Eu tinha estado ali em 2001, mas naquela época tudo era meio desorganizado, o pessoal subia (e destruía) os arenitos, existia uma lanchonete quase no meio das rochas e uma porção de quatis que estavam habituados a serem alimentados pelos visitantes e que ficavam pulando nas pessoas para roubar comida. Era um quase caos e depois daquela visita minha impressão sobre o lugar foi tão negativa que falei que nunca mais voltaria ali. Mas felizmente o governo do estado resolveu salvar o lugar e fez uma grande reforma, afastando dali a lanchonete e os quatis. O que vi nessa segunda visita foi um parque limpo, bonito e organizado. Pude notar que alguns trechos de trilha que estavam deteriorados, foram recuperados e a passagem por eles está proibida. Também não se pode mais subir nas rochas para tirar fotos. Um exemplo disse é a “Taça”, o principal símbolo do parque, que em minha primeira visita o pessoal subia na parte debaixo dela para tirar fotos e isso estava desgastando o arenito. Dessa vez não se podia nem chegar perto dela, agora existe um mirante de madeira aonde os turistas vão para tirar fotos, com a “Taça” aparecendo ao fundo. Infelizmente atitudes drásticas são necessárias para preservar locais e monumentos turísticos, já que a maioria dos visitantes age como se nunca mais fossem voltar ali, sujando e destruindo tudo o que é possível.

O Parque Estadual de Vila Velha possui uma área de 3.122 ha. Ele foi criado em 12 de outubro de 1953. Em 1966 todo o conjunto de Vila Velha foi tombado pelo Departamento de Patrimônio Histórico e Artístico do Estado do Paraná.

A principal atração do parque são suas figuras gigantescas de rocha (arenitos) que foram esculpidas pela ação das chuvas e dos ventos. A sua formação arenítica é resultado do depósito de um grande volume de areia há aproximadamente 340 milhões de ano, quando a região onde se localiza o parque estava coberta por um lençol de gelo.  Com o degelo, esse material foi ali abandonado e com a erosão esses depósitos foram retalhados, originando os arenitos de Vila Velha. No local existe uma transformação continua, onde a ação dos ventos e da chuva continua esculpindo ás rochas, alterando de forma lenta o que já tinha sido esculpido e esculpindo novas formações.

Os arenitos de Vila Velha sugerem variadas figuras. As mais famosas são o camelo, índio, noiva, garrafa, bota, esfinge e a mais famosa de todas é a taça. Outro ponto famoso do Parque Estadual de Vila Velha são as Furnas, crateras circulares de grande diâmetro que aparecem isoladas nos campos. São em número de três e suas paredes verticais atingem uma profundidade de mais de 100 metros. O volume de água ali existente atinge aproximadamente a metade desta profundidade. Em uma das furnas foi construído um elevador panorâmico (que vive quebrado) que vencendo um desnível de 54 metros, dá acesso ao seu interior, onde por sobre uma plataforma flutuante colocada a 3 metros do nível da água é possível os visitantes chegaram bem próximos da água.

Entrada de Vila Velha e alguns arenitos.
Entrada de Vila Velha e alguns arenitos.
Arenitos e o mais famoso arenito de Vila Velha, a "Taça".
Vander andando pela trilha e uma das rochas que ficam no mato.
Vander andando pela trilha e uma das rochas que ficam no mato.
Várias imagens de Vila Velha.
Várias imagens de Vila Velha.

No meio do caminho tinha uma vaca…

No meio do caminho tinha uma vaca, tinha uma vaca do meio do caminho…

Drummond escreveu sobre a pedra que existia no meio do caminho, já no meu caso vou escrever sobre a vaca que tinha no meio do caminho (daquelas de quatro patas, par de chifres e rabo).

No último dia 17 estava indo de carro de Curitiba para Campo Mourão, por uma estrada que liga ás cidades de Reserva e Cândido de Abreu. A estrada é nova, com pouco trânsito e uma paisagem muito bonita, atravessando um longo trecho de serra. O único problema é que ela não tem acostamento. Já tinha passado por ali quatro vezes antes, mas nunca tinha notado as placas que informam sobre animais na pista. Achei até normal tal placa, pois ao lado da estrada existe muito pasto e criação de gado. Logo após passar pela primeira placa fiquei mais atento na estrada, mas após rodar uns 50 km acabei esquecendo. E foi ai que tudo aconteceu, ou melhor, quase aconteceu. Numa descida onde devia estar há uns 100 km/h ou 110 km/h, eis que uma vaca (de quatro patas) sai do meio do mato e entra na pista, bem na minha frente. Junto comigo seguia o Márcio, amigo de meu irmão que pegava carona até Campo Mourão. Ele deu um grito de alerta ao mesmo tempo em que eu vi a vaca e numa fração de segundos tive que decidir o que fazer. Frear não ia dar tempo, então ao mesmo tempo em que tirei o pé do acelerador, buzinei e desviei pela contra mão. A vaca parou sem saber o que fazer e por sorte não vinha nenhum carro em sentido contrário, pois senão eu teria que escolher entre bater de frente com o veiculo que viesse ou atropelar a vaca. Sair da estrada não seria aconselhável, pois ela não tem acostamento e no trecho onde estávamos é cercada por muitas árvores. No fim saímos ilesos e fora o enorme susto nada aconteceu. Atropelar uma vaca em velocidade razoável pode ser muito perigoso, pois em razão de sua altura e seu peso a tendência é que no momento do impacto ela seja jogada contra o pára-brisa ou para cima do carro, causando um acidente sério. Há uns 22 anos em Campo Mourão teve um caso de um  conhecido que morreu ao atropelar uma vaca e no impacto a cabeça da vaca foi parar dentro do carro e ele foi espetado pelo chifre bem no coração. Em 1995 o filho de minha ex-chefe atropelou uma vaca e quase morreu, ficou todo quebrado e o carro deu perda total. E em ambos os casos até hoje ninguém descobriu quem era o dono dos animais.

Quatro dias depois do quase atropelamento da vaca de quatro patas, eu e Márcio (nova carona) voltávamos para Curitiba pela mesma estrada e notamos que existiam muitas outras placas sobre animais na pista (com o desenho de uma vaca). Paramos para tirar fotos e então percebemos que essas placas são feitas de madeira, tipo chapas de compensando, enquanto as demais placas da estrada são feitas de metal. Deduzimos que já deve ter ocorrido algum acidente grave nessa estrada envolvendo boi, vaca, touro e até búfalo (vimos alguns nos pastos, pelo caminho) e depois fizeram essas placas de forma emergencial e colocaram em alguns trechos. O aviso é até válido, mas não resolve muito pois a vaca que cruzou nossa frente apareceu de repente, saindo do nada.

Existe uma lei que responsabiliza o dono de animais soltos em estradas, mas como a fiscalização é  insuficiente os bichos continuam soltos e os donos parecem que não estão preocupados. E quando ocorre algum acidente, principalmente com vitimas humanas é quase impossível de o dono aparecer. Num pais onde as leis não são fiscalizadas e cumpridas, fica difícil pedir que punam os donos de animais que andam soltos pelas estradas. Então cuidado, tanto com as vacas de quatro quanto com de de duas patas, pois elas podem causar sérios riscos a sua integridade física.

Vander e as vacas.
Vander e as vacas.
Vander procurando vacas e Márcio fazendo pose.
Vander procurando vacas e Márcio fazendo pose.

9ª Peregrinação pelo Caminho de Peabiru – Parte 3

Domingo, 19/04/2009:

Acordei pouco depois das 06h00min e mal conseguia me mover. Meu corpo doía por inteiro, principalmente as costas. Foi a maior tortura levantar, desmontar barraca e arrumar as coisas. Tive que tomar um relaxante muscular para suportar as dores. Tomei café, fiz uma rápida visita a igrejinha de madeira e logo fui pra estrada. Alcancei a Zilma e o Emerson e fomos conversando. A estrada estava horrível, com muita poeira e apesar de não serem longas como na tarde anterior, subidas existiam aos montes. Aos poucos o remédio foi fazendo efeito, o corpo aqueceu e as dores se tornaram suportáveis. Caminhamos a manhã toda e além do Emerson e da Zilma, também segui na companhia da Christine e do Valtério. Pouco antes do meio-dia paramos num lugar chamado Pranchinha (ou Pranchita como alguns preferem). Dali teria mais uns três quilômetros de caminhada e depois seguiríamos de ônibus por uns 12 km até a cidade Luziânia. Uma bolha no pé estava incomodando e decidi subir na Toyota da equipe de apoio. Tinha caminhado algo em torno de 47 km em um dia e meio, então achei que não faria falta deixar de caminhar os poucos quilômetros finais, que poderiam piorar a situação de meu pé. Em cima da Toyota fomos eu, Zilma e Mariá. Depois o Valtério se juntou a nós e demos boas risadas. Apesar do sacolejo e de comer poeira, foi divertido. Paramos num lugar onde hoje existe uma plantação de soja, mas que no passado existiu uma pequena comunidade chamada Campina da Lizeta. Nessa comunidade existiam várias casas e famílias, Igreja e Cemitério. Hoje não existe mais nada, apenas soja e mais soja. O que aconteceu na Campina da Lizeta, aconteceu em muitos outros lugares do Paraná. As grandes fazendas de soja, cada vez mais mecanizadas, fizeram que existisse um enorme êxodo rural. As famílias que viviam nesses locais não tinham mais onde morar e tiveram que ir pra cidades maiores, quase sempre indo viver em favelas.

Próximo a Luziânia passamos por um grupo enorme de cavaleiros. Paramos na entrada da cidade e seguimos a pé até um lugar onde seria servido o almoço, para nós e para os cavaleiros que participavam da “Cavalgada do Descobrimento”. No local do almoço conversei com algumas pessoas, tirei fotos e depois fui para a fila da comida. O prato principal era picadão de carne cozida, que confesso não é dos meus pratos preferidos, depois de comer tal prato quase todos os dias durante os dois anos que passei no Exército. Mas a comida estava boa e fui encher o prato de novo.

A tarde seguimos de ônibus para uma cachoeira que fica na saída da cidade, um local muito bonito. A água estava gelada, mas não resisti e acabei entrando. Foi relaxante ficar sentando no pé da cachoeira e também serviu pra tirar um pouco da poeira acumulada pelo caminho. Depois embarcamos no ônibus e seguimos para Campo Mourão. Pelo caminho muita cantoria e um pouquinho de tristeza, pois o final de semana tinha sido tão bom que ninguém queria que terminasse. Chegando em Campo Mourão me despedi do pessoal e fui pra casa. A noite o Wagão me levou até Nova Cantu pra buscar meu carro e ás 23h00min estava de volta na casa de meus pais, exausto, moído, dolorido, mas contente por ter participado de minha terceira Peregrinação pelo Caminho de Peabiru. Esse é o tipo de programa que a pessoa faz uma vez e volta outras vezes ou então nunca mais aparece. È cansativo, mas ao mesmo tempo é prazeroso, você tem contato com pessoas dos locais por onde passa e é sempre bem tratado, o povo é hospitaleiro. Lógico que existem exceções, como os bêbados que me deram informações erradas, mas a maioria do pessoal é muito querida. E você acaba fazendo novos amigos e fortalecendo antigas amizades.

È isso ai, até a(s) próxima(s)!!!!

Segunda manhã de peregrinação.
Segunda manhã de peregrinação.
Igreja da Pranchinha e equipe de apoio.
Igreja da Pranchinha e equipe de apoio.
Na estrada comendo poeira e chegando em Luziana.
Na estrada comendo poeira e chegando em Luziana.
LEm Luziana.
Em Luziânia.
Em Luziana com os cavalos e na cachoeira.
Em Luziânia com os cavalos e na cachoeira.

9ª Peregrinação pelo Caminho de Peabiru – Parte 2

Sábado, 18/04/2009:

Acordei ás 06h00min, com o despertador do celular gritando ao meu lado. Já dava pra ouvir os ruídos do pessoal se ajeitando para o café. Com muito custo sai da barraca, fazia frio e a vontade era de dormir mais um pouco. Logo lavei o rosto, escovei os dentinhos e fiz aquele xixi básico. Em seguida desmontei a barraca, esvaziei o colchão de ar e fui dar um oi para o pessoal. Vi muitas caras novas e entre elas também tinham alguns conhecidos das peregrinações anteriores de que tinha participado em 2007 e 2008. Dei uma olhada no café e mesmo não tendo o hábito de comer pela manhã, não resisti e fui fazer uma boquinha. Depois estacionei o carro dentro da escola e prometi ao vigia que até domingo a noite voltaria para buscá-lo.

Pouco depois das 07h00min embarcamos num ônibus e fomos até em frente á Igreja, bem no centro da pequena cidade. Éramos umas 60 pessoas entre peregrinos, equipe de apóio e pessoas da cidade que acompanhariam somente o inicio de nossa jornada. Após alguns curtos discursos, teve sessão de alongamento, oração e iniciamos nossa caminhada. Pela rua encontramos alguns moradores acordados, que nos olhavam com ar de curiosidade. Alguns foguetes foram disparados pelo pessoal da Prefeitura e isso deve ter acordado muita gente. O chato é que o os caras soltam o foguete e depois jogavam o foguete usado no chão, no mato. Conscientização ecológica igual a zero. Essa primeira caminhada não foi muito longa, paramos em uma espécie de pracinha onde existe uma gruta com uma imagem de Nossa Senhora Aparecida. Após sessões de fotos embarcamos no ônibus e seguimos alguns quilômetros por estrada de terra até um distrito de nome Santo Rei. Paramos na pracinha em frente á Igreja e a Professora Sinclair contou a história do local para alguns moradores que se juntaram para ver o que estava acontecendo. Confesso que não prestei muita atenção no que ela contou, pois me afastei a procura de um banheiro e aproveitei para rezar um pouco na Igreja.

Não demorou muito e iniciamos efetivamente nossa peregrinação. Antes parei para fotografar alguns garotos que estavam de pé no chão e casas antigas de madeira. Então me coloquei a caminhar e tentava avistar algum conhecido para caminhar junto quando ao passar por algumas pessoas, uma moça perguntou por que estavam carregando mochila e cajado e eu não carregava nada? Então expliquei que o pouco de que precisava estavam nos bolsos da calça e que não gostava de caminhar utilizando o cajado, que preferiria seguir de mãos livres. Quem tinha feito a pergunta era a Zilma, que é de Campo Mourão e que mais tarde descobri ser prima da esposa de um primo e que conhece alguns membros de minha família. Outra que participava da conversa era a Christine, que veio de Joinville para participar da peregrinação. Ela já fez várias peregrinações em vários lugares, inclusive a mais famosa, o Caminho de Santiago. E assim foi seguindo a manhã e no grupo com o qual fiquei caminhando sempre aparecia alguém pra caminhar junto por um tempo, que depois de afastava para frente ou para trás. Logo aparecia outra pessoa e dessa forma ia conhecendo todo mundo. O trecho da manhã foi por um lugar bonito, com muitas montanhas e com muitos pastos repletos de bois. Também teve muitas subidas e conforme a manhã avançava o friozinho foi embora e esquentou.

Caminhamos uns 14 km e na hora do almoço paramos em uma pequena localidade chamada Cateto. Ali estavam preparando o almoço, cujo prato principal seria “Porco no Tacho”. Os pedaços de carne eram cozidos em tachos de latão, que estavam sobre tijolos no chão. A fome era imensa e a comida estava boa, mas não exagerei pois a caminhada da tarde seria longa e com o calor não era interessante comer muito porco, pois poderia ocorrer alguma reação inesperada. Eu já tinha estado nessa localidade com meu pai há uns 30 anos e pelo que vi ela não mudou nada nesse tempo todo. De interessante foi usar um banheiro sem porta, que apesar dessa particularidade não provocou nenhum incidente. Antes de partir ainda sobrou tempo de deitar num gramado e descansar um pouco.

Pouco depois das 13h00min retomamos nossa caminhada. A paisagem foi se modificando aos poucos, os pastos foram desaparecendo e começaram a surgir plantações entrecortadas por algumas matas. Até inicio dos anos 70 quase todo aquele lugar era coberto por matas de Araucária. A fronteira agrícola e as plantações de soja tomaram o lugar dos pinheirais. Hoje pouco coisa sobrou, existe uma ou outra pequena reserva espalhada. No meio da tarde eu já estava arrebentado e começou uma série de subidas infinitas. Era uma subida atrás da outra, onde você olhava pra frente e não via o final da subida. Comentei com o pessoal que estava “seco” por uma Coca-Cola gelada e que seria uma boa encontrar um vendinha pelo caminho. Mas logo lembrei que não carregava nenhum dinheiro. Não encontramos nenhuma vendinha, mas ao passar por uma pequena localidade tinha um local de festas ao lado de uma igrejinha, onde estavam vendendo refrigerante e cerveja. A Christine veio em minha salvação e me emprestou uma grana pra comprar minha sonhada Coca-Cola. Ela estava deliciosa e serviu para limpar a poeira da garganta. Antes de partirmos um senhor apareceu com uns espetos de madeira com churrasco daqueles de festa de igreja. Ele fez questão que o pessoal levasse o churrasco e assim os espetos seguiram em cima da Toyota da equipe de apoio.

O restante da tarde foi puxado, as subidas se juntavam uma a outra e logo chegamos numa estrada de terra larga que era movimentada e por essa razão muito empoeirada. Cada vez que passava um carro levantava muita poeira e íamos ficando imundos. Nessa parte andei quase o tempo todo junto com a Zilma e com o Professor Emerson. Ele é mineiro, vive no Rio de Janeiro, onde faz doutorado e veio fazer uma palestra sobre cultura indígena em Campo Mourão. O cara é gente boa e engraçado, ia contando piadas pelo caminho. Algumas vezes fizemos as paradas básicas ao lado do carro de apoio, para beber água e comer uma banana ou barrinha de cereal. Mas o cansaço era tanto e as energias estavam indo embora que logo me atraquei ao churrasco frio que tínhamos ganhado. E estava uma delícia, dei uma revigorada. Uma outra parada interessante foi em frente a um pequeno Cemitério, onde nos sentamos em umas pedras enfileiradas e pintadas de cal. Íamos pernoitar em uma fazenda e por mais que a equipe de apoio falasse que estávamos perto, essa fazenda nunca chegava. A Zilma não agüentou as dores no pé e seguiu no carro de apoio. Então seguimos eu e Emerson, mas logo ele resolveu andar mais rápido e decidi não acompanhar, pois estava com medo de meu problema no tendão começar a incomodar. Então na última hora de caminhada segui com duas novas companheiras, a Carmen que é de Campo Mourão e a Juliane, enfermeira que acompanhava a peregrinação e que se cansou de seguir de carro e decidiu caminhar um pouco. Ela acabou gostando da coisa e resolveu seguir caminhando até o fim. Era até engraçado vê-la de guarda-pó branco caminhando no meio da poeira.

Já estava escurecendo quando chegamos na fazenda do Sr. Miguel Burak. Boa parte do pessoal já estava lá se ajeitando. Alguns iam dormir em barracas, outros num barracão que ficava nos fundos da casa. Além dessas duas instalações existiam a Casa da Fazenda, um local coberto onde eram realizadas festas e uma igreja de madeira construída nos anos cinqüenta. Acabei decidindo por armar a barraca ao lado da igreja, num ponto estratégico próximo ao banheiro, ao local onde seria o jantar e onde estava claro pelas luzes, pois não tinha levado lanterna. Próximo acenderam um enorme fogueira.

O banho era na casa do Seu Miguel, onde existiam quatro banheiros com chuveiro elétrico. Tinha fila, mas dei sorte e quando fui tomar banho só tinha um na minha frente. Nada mais revigorante do que um banho quente após um dia puxado. Foi difícil tirar todo o pó do corpo e minha camisa que era branca tinha ficado marrom. Depois do banho fui para o social com o pessoal. Ficamos batendo papo, bebendo e ouvindo as cantorias de uma dupla sertaneja e um sanfoneiro que animavam o local. Logo começaram umas músicas gauchas e alguns foram dançar. Não resisti e mesmo com dores pelo corpo todo dancei um pouco. Em seguida teve a janta, cujo prato principal era Galinhada. Me acabei de tanto comer e depois fiquei batendo papo com o pessoal. Muitos foram dormir cedo, mas fiquei com uma turminha de umas dez pessoas conversando até 01h30min. Desligamos todas as luzes e ficamos ao lado da fogueira conversando e contando histórias. Terminei a noite deitado no chão, olhando para o céu com milhões de estrelas. Não tinha lua e estava tudo muito escuro, um céu maravilhoso. Acabei vendo cinco estrelas cadentes, nunca tinha visto tantas assim. Quando fui pra barraca e entrei no saco de dormir, simplesmente desmaiei e dormi o sono dos justos. Ao todo tinha caminhado por volta de 35 km.

Comunidade de Santo Rei.
Comunidade de Santo Rei.

Locais por onde passamos no primeiro dia de peregrinação.

Paisagens da caminhada.
Paisagens da caminhada.
Almoço no "Cateto", rio, poeira e entardecer.
Churrasco, subida, mixirica e descanso...
Churrasco, subida, mixirica e descanso...
Pernoite na Fazenda M. Burak.
Pernoite na Fazenda M. Burak.
Papo ao lado da fogueira e Igreja de madeira.
Papo ao lado da fogueira e Igreja de madeira.

9ª Peregrinação pelo Caminho de Peabiru – Parte 1

Sexta-Feira, 17/04/2009:

Saí de Curitiba ás 13h20min com destino á Campo Mourão. Esperava chegar a tempo de pegar o ônibus com o pessoal que participaria da Peregrinação, cuja partida estava marcada para 18h30min. Levei como carona o Marcio, amigo de meu irmão. Logo na saída já encarei um congestionamento causado por uma passeata de motoboys. O atraso inicial foi se somando a outros atrasos pela estrada, em razão do grande movimento motivado pelo feriadão. E ainda por cima quase atropelei uma vaca que saiu do mato e entrou na pista. Por sorte não vinha nenhum carro em sentido contrário e consegui desviar sem danos, apenas com um grande susto. Acabei chegando em Campo Mourão ás 20h00min. O pessoal já tinha partido para Nova Cantu, local onde iniciaria a peregrinação. O jeito foi relaxar, tomar banho, jantar, descansar um pouco e pegar a estrada novamente para percorrer 150 km até Nova Cantu.

Tinha duas opções de caminho e acabei indo pelo pior. E pra piorar ainda mais, não abasteci em Campo Mourão. Acabei tendo a maior dificuldade para encontrar um Posto de Gasolina aberto e por muito pouco não fico na estrada com pane seca. E pra piorar o que já estava pior, boa parte da estrada era de subidas e descidas com muitas curvas fechadas e sem acostamento. Não dava pra correr muito e acabei chegando em Nova Cantu ás 23h30min. Já estava bastante atrasado, já tinha perdido a palestra e também a janta. Agora o problema era encontrar a Escola onde o pessoal estava alojado. E tarde da noite em cidade pequena é difícil encontrar uma viva alma para pedir informação, só tinham cachorros e bêbados zanzando pelas ruas. Na primeira informação acabei indo parar do outro lado da cidade e tive que voltar e encontrar outro bêbado para pedir nova informação. Na segunda tentativa me mandaram seguir pela avenida principal e virar a direita ao chegar ao Posto de Gasolina, depois deveria seguir até o final da rua. Segui a dica e logo senti que tinha caído em outra furada, pois a rua logo terminou e tive que seguir por uma estradinha de terra toda esburacada, ao lado só tinha mato e lá na frente um enorme muro branco. Fiquei imaginando se ali naquele lugar de filme de terror seria a escola. E logo descobri que realmente tinha caído na segunda furada da noite, pois o muro branco era nada mais nada menos que o Cemitério da cidade. Manobrei em frente o Cemitério torcendo para que o carro não desse nenhuma pane e antes de sair rapidamente dali, pude ler uma frase escrita na parte de cima do portão, “Aqui todos são Iguais”. Até que a frase era interessante e merecia uma foto, mas naquela escuridão e naquele lugar medonho achei melhor deixar a foto pra outra oportunidade que talvez nunca aconteça. Voltando a cidade achei uma senhora e um garotinho, então resolvi arriscar a pedir informação imaginando que aquela senhora com cara de vovó não teria coragem de me sacanear. E dessa vez a informação era correta, logo encontrei a Escola. Entrei portão adentro e encontrei uns poucos “peregrinos” acordados batendo papo. A maioria do pessoal já estava dormindo, alguns em barracas na quadra de esportes e outros em salas de aula. Primeiramente pensei em dormir na sala onde o pessoal estava batendo papo, mas logo avisaram que iam papear até bem tarde. Então para não acordar o pessoal que estava dormindo, armei minha barraca num cantinho do prédio, do lado de fora. O mais difícil foi encher o colchão de ar, que em razão do sono e do cansaço pareceu ter levado uma eternidade para ficar cheio. Pouco depois da uma da manhã adormeci. Estava dormindo gostoso quando acordei com os latidos de alguns cachorros e percebi que estava gelado de frio, pois não tinha fechado o saco de dormir por inteiro. Então me ajeitei da maneira correta e voltei a dormir.

Primeira manhã de peregrinação.
Primeira manhã de peregrinação.

Relatório da 9ª Peregrinação pelo Caminho de Peabiru

logopeabiru

Relatório da IX Peregrinação (Sinclair Pozza Casemiro)

Nova Cantu, 18 de abril de dois mil e nove.

Cinco e meia da manhã. “Ivy Mara Ey”. Em busca da Terra Sem Males. No Colégio Estadual “João Faria”, já se escutam os primeiros movimentos dos nova-cantuenses ajeitando o café, o movimento dos peregrinos acordando, se arrumando, se vestindo, fazendo a preparação para a caminhada do dia até a Comunidade da Estiva, em Roncador. Antes, a parada será na Comunidade do Cateto, também em Roncador, para o almoço.

Na carinhosa recepção matinal aos peregrinos, estão presentes professores do Colégio, a Secretária de Cultura e Educação Kácia, o agrimensor que mediu os terrenos do município na época da sua criação, Devoncir Graffi. O NECAPECAM distribui os kits do peregrino e o Caderno do Peregrino. A animação é geral, expectativa no ar, principalmente para quem vem pela primeira vez. Nessa caminhada, cada qual segue seu ritmo, segue sua busca. Nunca é competição, sempre é superação. Isso faz ser prazeroso o percurso, porque são muitas as diferenças, o que traz uma enorme contribuição para o enriquecimento pessoal e coletivo. Vivencia-se e compreende-se a alteridade, experenciando-se cada segundo no meio das falas, das brincadeiras, dos cantos, das angústias, das desavenças, das contradições e daquela sábia atitude de medir, avaliar, compreender e aprender. Sabe-se como partir, não se sabe como chegar, pois há roteiros para acompanhar-se o chão, a memória histórica, mas não existe roteiro para acompanhar os pensamentos, os sentimentos. Realiza-se o velho jargão: caminheiros, o caminho se faz ao andar…

Os guaranis migravam pelos Caminhos de Peabiru buscando um paraíso em que não havia fome, doença, miséria, inveja, ambição, desamor. Onde os frutos eram abundantes e a solidariedade era a condição da imortalidade. Quando o peregrino se despe das suas obrigações, se contamina pela força da busca, do coletivo passado e presente, na natureza em que se embrenha, nas culturas em que se sente envolvido, e se entrega aos dois dias na condição de caminheiro, ouvindo o outro sem julgá-lo, apenas o reconhecendo, ele compreende um pouco dessa magia de se encontrar, de tentar ser irmão, de buscar a Terra sem Males. Sempre um exercício constante, uma surpresa.

O café com café mesmo, chá, leite, bolo, pão, margarina, doce,queijo, mussarela, melancia, banana, é servido pelos cantuenses e abastece o corpo do peregrino que aí mesmo já se enturma, já começa a aprender. A calorosa companhia dos cantuenses completa o prazer da refeição.

Izalino da Paixão traz um poema, publicado na coletânea “Poesia nossa de cada dia”, falando do Peabiru. Gentilmente o Gaúcho – Dalto Vieira, o declama, ali mesmo refeitório do Colégio:

PEABIRU, CAMINHO DA TERRA SEM MALES

Peabiru,

Caminho florido pelos índios

Seguido à procura de Deus!

Peabiru, Caminho forrado de certo gramado,

Que só vós conheceis.

Peabiru,

Caminho de índio,

Em que caminhou bandeirantes, jesuítas

E andantes de Norte a Sul…

Peabiru,

Que vem do Peru,

Atravessa os países,

Do Pacífico ao Atlântico…

Por ti caminharam

Caciques e imperadores,

Na paz e na guerra,

Cruzando estas terras,

Fazendo horrores.

Ah! Se não fossem os bandeirantes,

Que a procura dos diamantes,

Fazendo errantes

Nossos índios irmãos,

Verdadeiros povos, desta terra, mandantes!

Peabiru,

Hoje só resta a história,

Que poucos conheceram

Mesmo assim vale a pena,

Desvendar este tema,

De um passado sem fim

Por ti caminharam

O velho tropeiro

E o carro de boi

Passou o canhão

E muita munição

Em nome do progresso.

Peabiru

Continua viva a sua história

Que um dia quiseram apagar.

Chegará o momento do grande resgate

E serás no futuro

Um grande caminho.

Caminho do viajante do futuro,

O Compostela da América do Sul.

Após o café, segue-se até à praça, em frente à Igreja Nossa Senhora de Fátima. A recepção festiva que a Secretaria de Cultura promoveu, com música, fogos de artifício, não é apenas para os peregrinos, diz a secretária Kácia. É para a cidade: que se desperte a curiosidade para que todos saibam que algo bom está acontecendo, que Nova Cantu recebe os peregrinos do Caminho de Peabiru. A bela arquitetura do templo católico, com a imagem da Padroeira e dos seus três peregrinos, embelezando o jardim, contempla o coletivo desses também peregrinos, do Caminho de Peabiru. É hora de se juntar para então se dividir, para partir. Em círculo ou não, o coletivo se reúne. O peregrino Amani conduz a reflexão. A professora nova-cantuense Marlene segue com o alongamento.

Dali, segue-se até a Gruta Nossa Senhora Aparecida, na saída da cidade. Construída em 1987, o local surgiu na intenção de pagamento de promessas, dispensando a necessidade de se ir à Aparecida do Norte em São Paulo. Suas águas foram bentas pelo padre jesuíta Beno Leopoldo Petry, que a idealizou e é levada desde então para os lares dos crentes. A gruta tornou-se um marco para a região.

Na primeira entrada de Santo Rei, ainda antes da Gruta, uma pedra,com placa de bronze, colocada pela administração municipal, registra a IX Peregrinação em Nova Cantu.

Da Gruta, os peregrinos são levados até o Distrito de Santo Rei, onde tem início a IX peregrinação.

No Santo Rei, a Igreja da praça está aberta para receber os peregrinos. Também um grupo de moradores – adultos e crianças – ali esperam. Conversa-se sobre a história local, sobre o projeto de peregrinação. Santo Rei fora, antes do século XVI, intensamente povoado por grupos humanos indígenas que viviam organizados politicamente em cacicados, tinham sua cultura própria. Viveu, no século XVI e no século XVII, a invasão dos não-índios: viajantes, conquistadores, catequizadores. Foi Vila espanhola, primitiva Vila Rica do Espírito Santo, depois foi Tambo de Minas de Ferro, recebeu os jesuítas, viveu intensos movimentos de ocupação indígena e não indígena. Foi palco de conquistas e conflitos. Hoje, a cultura indígena está ainda bastante presente, mas de forma escondida, nos hábitos, nos nomes de lugares, de rios, na memória histórica, em muitos dos moradores em descendência nem sempre reconhecida.

Os peregrinos se despedem deste simbólico povoado e seguem. Alguns metros à frente, uma ala de poucos pinheiros faz lembrar a intensa e fechada mata que os abrigava, entre perobas, cedros, gurucaias, e tantas outras frondosas árvores, antes da colonização de 1939. Esses colonizadores do século XX batizaram o Distrito pelo nome do dia em que ali acamparam: o dia de Santo Rei – 06 de janeiro.

Dobrando à direita, entre os campos que expõem as recentes colheitas da soja e do milho, algumas plantações também recentes da safrinha de milho, pastos para o gado, os peregrinos vão ao encontro do rio Riozinho. Como os outros rios, ele foi importante nas diversas levas de movimentação humana que o tempo ali viu passar. Muita água e muitos peixes. Hoje, em meio aos campos, penosamente sobrevive.

Os peregrinos seguem em uma paisagem ondulada, entremeada por plantações e gados, muita pedra, em boa parte acompanham o leito do rio Can-Can que, noutro ponto, originou o nome do município de Roncador. Passam por alguns trechos margeados de matas ainda resistentes à intensa devastação.

Sol forte, muita sede, a companhia do outro e a certeza do apoio da equipe do NECAPECAM encorajam os mais temerosos. Atentos, podem ouvir o canto de pássaros, observar as marcelinhas às margens da estrada, manacás, samambaias, sentir o frescor da mata sobrevivente, o cheiro da terra que os pés e os carros levantam, fazendo pó.

Finalmente, a Comunidade do Cateto. Ela tem esse nome, contam os antigos moradores, por causa do bichinho “catitei”, como diziam os índios, que ali era abundante. O cheiro desse bichinho, um porco do mato, contaminava o ar de uma boa parte da região. Era mesmo a comunidade dos “catiteis”, que virou “catetos”. Uma professora que ali nasceu, tendo vivido a infância e a adolescência correndo pelas matas, que eram densas, relembra ainda o odor que se exalava da grande quantidade do bichinho. E eles marcavam as árvores, faziam “trios”, pois se esfregavam nelas, correndo sempre. Ainda hoje, ela diz, quem ali viveu é capaz de perceber esse cheiro, não acabou de tudo, garante, com um grande sorriso.

Os peregrinos são recebidos pelo município de Roncador. Tio Tonho, Secretário de Cultura do município, acompanha tudo: a refeição, as visitas à Igreja, a movimentação geral. Um grupo de crianças da escola fundamental, acompanhadas de suas professoras, vem também fazer parte da festa. E recebem orientação sobre a história do local, sobre as culturas que ali viveram, principalmente dos indígenas, sobre a natureza. Escutam atentamente sobre os caminhos de Peabiru. Brincam com o peregrino Amani:

Lá em cima está o tiro-liro-liro

Lá embaixo está o tiro-liro-ló

Juntaram-se os dois na esquina

Tocaram concertina,

Dançaram solidó.

Depois, são levados à Igreja e também se fartam na deliciosa comida “porco no tacho”, acompanhada de mandioca cozida, forma tradicional de alimentação na região. O motorista que acompanha os peregrinos se emociona ao lembrar-se das visitas à vó, não distante dali, muitos irmãos, primos, tios, e a matriarca da família, no terreiro, preparando, no tacho, a comida pra todos, a carne de porco. “Era isso mesmo”, desse jeito”, diz, marejando os olhos.

Dali os peregrinos seguem de ônibus até o ponto onde deve se reiniciar a caminhada. Esses parênteses, ou seja, o trecho de ônibus, se fez necessário porque o local do almoço teve que ser alterado. O que acabou sendo muito mais enriquecedor, pois fez os peregrinos entrarem em contato com a realidade do cotidiano da cultura local. Puderam presenciar o que restou de um grande núcleo de povoamento nos idos de 1960, 70. Apenas a igrejinha, o barracão, poucas casas, um comércio testemunham a intensa atividade agrícola que a Comunidade do Cateto viveu antes da mecanização.

Os peregrinos alcançam a estrada de Roncador, que sai da Comunidade do Barro Preto -hoje um assentamento- para o Aterrado Alto, onde já se divisa o município de Luiziana.

A estrada larga é margeada aqui e ali com matas que, mesmo não sendo muito densas, oferecem a confortadora sombra, o ar fresco, minorando as dificuldades que o chão pedregoso e o pó acrescentam. A paisagem se modifica pela presença dos carros que de vez em quando aparecem, completando, mesmo que tumultuando um pouco, o quadro da peregrinação. Essa estrada é muito antiga, acompanha os caminhos velhos, descobertos em meio à mata, muito densa, de quando ali chegaram os primeiros colonizadores, na época já de 1940, 1950. Contam eles, os que ainda por ali vivem, que ela margeia e mesmo atravessa um caminho muito velho, mas ainda perfeitamente visível que encontraram, feito, dizem eles próprios, por outras civilizações, não podia ser das suas, da nossa. Árvores centenárias cresciam no meio dele, o que denunciava ter ali existido e desaparecido alguma outra cultura. Também foi encontrado um local imenso, de uma área aproximada de dois alqueires, em forma de murundum, perfeitamente identificado como obra humana sobre a natureza. E não poderia ter sido de culturas não índias, garantem os bem antigos moradores. Era um imponente murundum em forma de círculo que se destacava na imensidão dos campos e das matas recuperadas. São informações que comprovam os estudos do NECAPECAM. Desde o século XVI até o XIX, XX, a região fora habitada por diferentes grupos indígenas. Em sucessivas conquistas e embates, foram desaparecendo, sendo escravizados, exterminados ou expulsos das terras, não sem antes buscarem se defender, defenderem suas moradias e territórios. Há comprovações documentais desses movimentos, mas a natureza também contribui como testemunha pelas marcas que eles nela imprimiram pelos caminhos que fizeram, pelas marcas de suas moradias que são passadas às gerações atuais por meio da memória dos antepassados.

De repente, uma surpresa: na Comunidade do Mosquiteiro, assim chamada por causa deles mesmos, dos mosquitos, confirma Celeste Fioresi, um dos mais antigos, senão o mais antigo morador dali: está havendo preparação para a festa do padroeiro São José. A comunidade consta de uma igreja, um barracão, algumas casas. Já foi também muito maior, viviam centenas de pessoas e grandes lavouras. Hoje, a mecanização só deixou esses marcos como testemunho. Os peregrinos se enturmam. A generosidade e hospitalidade dos moradores permitem uma agradável parada. E os peregrinos puderam conhecer outra realidade cultural desse interior paranaense: das festas religiosas locais. Na sua preparação podemos vislumbrar e confirmar o dito popular de que “as vésperas é que são festas”. Fogos de artifício entremeiam o fazer das mulheres na cozinha: pães, bolos, bolachas. E dos homens no churrasqueado ainda tradicional da carne de gado no espeto de bambu, temperada de véspera. Os homens assam alguns espetos para os trabalhadores e organizadores da festa e os oferecem com fartura aos peregrinos. Depois da água, da comida, da conversa animada, dos abraços, dos encontros, do descanso merecido, a caminhada continua. Bem longe dali ainda podem os peregrinos ouvir o estalar dos fogos de artifícios – os “rojões” -que funcionam como convite aos moradores da região para a grande festa de comemoração do dia do Padroeiro São José, feita com atraso neste ano – dia 19 de abril ( o dia de São José é 19 de março).

E é ali que os peregrinos passam pelo seu maior desafio: a subida do Mosquiteiro. Ela é conhecida pelos moradores como “tira-teima”, “tira-prosa”. Ou, ainda ali se dava sentido a um famoso jargão dos velhos motoristas “Pago o estrago, mas não perco o embalo”, que traduz o sentimento que animava a população na época em que a estrada era o único meio de comunicação e transporte da região para o Sul.

O rio Mosquiteiro se faz presente já bem antes da ponte pelo chiado das águas, mas está difícil para os peregrinos, que sempre gostam de uma molhadinha nos pés. Quase inacessível.

O velho cemitério ainda está muito bem cuidado. Pouco antes dos peregrinos chegarem, passou o Padre com alguns fiéis, fazendo as orações que são tradicionais na região, depois da Páscoa: a de benzer os túmulos. Um ritual conhecido como “Bênção pascoal do cemitério”. Por isso é que os peregrinos podem admirar o capricho em que se encontram os silenciosos leitos, com as pedras que entornam seu campo santo, pintadas a cal, todo o terreno carpido, as árvores podadas e também pintadas a cal, as flores protegidas e bem à mostra, tudo muito limpinho. A visitação ali é intensa por mais ou menos dois ou três dias.

Um pouco mais à frente, algumas casas. Ali já foi uma povoação muito importante até bem pouco tempo, nos anos setenta, oitenta, até que a mecanização da soja modificasse tudo. Já teve escola, cuja professora ainda vive no mesmo local, já teve venda, farmácia, muitas casas. Dali é que se avistava o murundum de que falamos acima, cortado no meio pela estrada de índios que vinha de Guarapuava, de Pitanga, diz o morador que encontrou, também, pescando lá no rio Cantu, uma peça de ferro muito estranha, que entregou ao NECAPECAM para pesquisas. Um murundum de dois alqueires, mais ou menos, redondo, bem redondo, com até outra paisagem, que deixava o aterrado ainda mais alto. Ainda tem também o velho “mictório” ou “privada” da escola criada agora no tempo mais recente. Muitas memórias se cruzam neste local. De antes do século XVI, quando só os indígenas habitavam essas paisagens, do século XVI, XVII, quando os europeus espanhóis, civilizadores e catequizadores fizeram suas passagens, quando os bandeirantes paulistas vieram em missão de destruir e escravizar, Do século XIX, quando os campos do Paiquerê ou de Mourão começaram a ser alvo de novo da cobiça expansionista, e finalmente da colonização desse século XX que está ainda tão presente entre os moradores locais.

Os peregrinos por ali passam e costuram novo pedaço dessa memória. Seguindo, uma outra subida, que já foi bem maior que a do Mosquiteiro. Chegou essa subida a dar nome à comunidade: Comunidade da Estiva. Dizem os moradores, entre eles o seu Miguel Burak, que tão gentilmente acolheu os peregrinos para o jantar e o pouso do dia, que o nome se deve ao estivado que se fazia para poderem passar as carroças, os carros e caminhões em dias de chuva. A subida era medonha. Não dava mesmo pra seguir no barro. Então, fazia-se como se fosse um tapete de paus roliços, mesmo de bambus, qualquer coisa semelhante, que se amarravam, entrelaçavam, e se colava isso na estrada para ficar mais firme e os pneus poderem rodar. Se não fizesse assim, “batinava”, “batinava” e ninguém subia mesmo. Depois, de tanto aplainar, acabou ficando uma subida mansa, mais fraca que a do Mosquiteiro, como é hoje.

Ali fica o Sr. Burak. Miguel Burak. Solitário, não quer abandonar o local onde cresceu, se casou, teve os filhos, todos eles “bem de vida” e com saúde, e onde agora viuvou.Sua casa, os barracões, a Igreja são o centro de uma movimentação ainda importante para a região. É preciso continuar cuidando das preciosidades que ficaram, como a própria Igreja da Imaculada Conceição, cuja festa de homenagem se dá em 08 de dezembro. E acontece todos os anos, a exemplo do que os peregrinos viram na Comunidade do Mosquiteiro. Seu Miguel, velho guerreiro, cuida de tudo, com muita generosidade, muita disciplina e compromisso. Foi o pai quem construiu, seguindo o mesmo modelo da igreja de lá de onde veio, do Rio Negrinho, em Santa Catarina, em 1940.Quando os peregrinos chegam, estão também presentes ali as jovens que administram atualmente como presidentes o movimento religioso da paróquia. Em estilo ucraniano, paredes duplas, pintada de azul claro, toalhas rendadas, bordadas, bancos de imbuia muito lustros, vitrais que lembram a santa padroeira, flores, castiçais, confessionário, coro e altar, a Igreja é a presença viva de Deus e da força dessa gente tão especial. Um encantamento. Sublime espaço da intenção franca de preservar o bem, a pureza, em meio a tantas dificuldades humanas. O Cruzeiro à frente traz inscrita a frase “Salve sua Alma” também em ucraniano.

Seu Miguel conserva e preserva. Plantou três mil mudas de árvores, um bosque só de pinheiros também, esse ao lado do barracão que serviu de pouso aos peregrinos. E sabe que é preciso cuidar. Daqui a quinze anos, diz ele, é necessário realizar o desbaste. Há ainda muito o que se fazer por ali. Está preocupado porque a água na região já está se tornando escassa. Ele mesmo, ali, fica de vez em quando, em falta. Por isso, o banho dos peregrinos foi controlado. Mesmo com todo o risco, seu Miguel os acolheu com todo o carinho. Depois dos banhos, desligou registros, para que de manhã pudessem todos se lavar, e para que se pudesse preparar-se o desjejum. Ninguém sentiu a falta da água, ele administrou com maestria o problema. À hora do jantar, humildemente se colocou entre os peregrinos, jantou, conversou, acolheu. Na manhã seguinte, mandou abrir a Igreja para que fossem rezar. Ou apreciar a arte do templo cristão. Sempre explicando, sempre atento, foi um Mestre, um companheiro que se tornará inesquecível para os peregrinos dos Caminhos de Peabiru, com certeza. Muito obrigada, amigo.

O jantar na Comunidade da Estiva foi especial. A galinhada foi feita pelo marido da Coordenadora do NECAPECAM, o Miranda –José Miranda da Silva Filho, com seus companheiros Orovaldo Colchon, Deferson Lessak e Carlão. Uma delícia, não dá pra esquecer. Sem contar o caloroso apoio que deram ao evento. O churrasco, “carne cigana”, feito pelo próprio Secretário de Cultura de Roncador, o Tio Tonho, estava saborosíssimo e foi também uma preciosidade. Tudo acompanhado de música do sanfoneiro e violeiros mais famosos de Roncador. Uma honra. Também se apresentaram os jovens de uma nova banda da cidade. Aliás, Roncador se destaca nesse campo, o Tio Tonho também é músico, além de desenvolver outras atividades artísticas.o Tio Tonho, vereadores e membros da comunidade estavam lá, prestigiando o momento. Muitas histórias Tio Tonho contou, dos avós ciganos, do monge João Maria d’Agostini, da cultura local.

Noite adentro e à roda da fogueira, um grupo de peregrinos palestrou e filosofou animadamente. Madrugada, os cães latiram muito…

Manhã chegando, chega dona Maria Helena, moradora dali, do Aterrado Alto, que é uma denominação genérica das comunidades, com os quitutes que preparou para o café. Fez bolos, tortas e pães, acrescentou queijo, mussarela, margarina, fez chá, café, trouxe leite, não tinha como caprichar mais.

Terminado o café, ficou o convite para se visitar a Igreja, refletir. Os peregrinos foram informados de que dali por diante a peregrinação se daria por uma estrada plana, mas ainda com algumas ondulações de relevo, até a Comunidade da Pranchinha, município de Luiziana. Na verdade, a estrada ali tem as fronteiras de municípios um pouco indefinidas, ora um e outro se misturam, dizem os moradores.

O mapa consta de um roteiro que segue adiante, até Campina do Amoral, mas, se for segui-lo, pode não ser possível alcançar o almoço oferecido pelo município de Luiziana. Por isso, pede-se que se caminhe apenas até a Comunidade da Pranchinha.

A manhã é calma, muito pó, sol forte. Os carros de apoio dão suporte, a Comunidade da Pranchinha chega logo. Dali, o ônibus levará até a cidade de Luiziana, onde os peregrinos terão o almoço, juntando-se aos cavaleiros, que fazem neste dia a “Cavalgada do Descobrimento”.

Mas é ainda muito cedo quando os peregrinos alcançam a Comunidade da Pranchinha. Então, para dar continuidade à caminhada e não prejudicar a logística da organização, seguem a pé o roteiro até a cidade, sugerindo que o ônibus os alcancem. Quando o ônibus alcança os peregrinos, acolhe-os.Nesse percurso, porém, apesar dos desencontros e dúvidas, acaba-se por se peregrinar por uma localidade muito importante para a história da região e que também hoje já não existe mais: a Comunidade da Campina da Lizeta. Esse local era a estalagem dos primeiros colonizadores que iam para ocupar Campo Mourão. Conta um dos mais antigos, dos Teodoro, que dali vinham de Pitanga, Bourbônia e por ali seguiam. Assim, para o sentido e objetivo da peregrinação, o que parecia ser problema foi solução. Ou seja, o desvio levou para um ponto que tem muita significação no mapeamento turístico dos Caminhos e precisa ser peregrinado.

Pouco mais adiante, avistam-se os cavaleiros, razão da programação do almoço em Luiziana. Assim, foi possível descer do ônibus e novamente continuar a peregrinação até a cidade de Luiziana, no local do almoço, percorrendo aproximadamente os quilômetros previstos, cumprindo os objetivos da IX Peregrinação.

O almoço teve início com as considerações da administração municipal, que saudou peregrinos e cavaleiros. A Coordenadora do NECAPECAM, Marilene C. de Miranda da Silva agradeceu a todos – apoio, convidados e peregrinos. O cardápio constou de uma deliciosa carne de panela, mandioca, arroz e salada.

Após a refeição, os peregrinos foram conhecer a Cachoeira do Rio Sem Passos. O município de Luiziana se destaca pelas imponentes quedas d’águas, essa é uma delas. Os peregrinos se fartaram nas águas geladas, brincando e confraternizando. O “piscinão”, do outro lado da estrada, na verdade é um ponto de passagem usado no tempo em que não havia a ponte. Os peregrinos ali também brincam muito e ali se tira a foto de despedida.

Os peregrinos de Maringá, que estão com veículo próprio, dali se despedem. Os demais, seguem de ônibus até Campo Mourão, ao som gostoso e divertido do fundão, promovido pelos universitários de Turismo da FECILCAM, acompanhando o colega Mário no violão, o Gaúcho e companhia, encerrando com seu carinhoso adeus:

“Tiau, tiau, tiau amor,

Vou m’embora mas te levo no pensamento pra onde eu for…”

Até a próxima, amigos, e muito obrigada!

PEREGRINOS E EQUIPE DE APOIO DA 9ª PEREGRINAÇÃO

Peregrino

Cidade/Est.

Cristina Pienaro

C.Mourão

Izalino Inácio Paixão

Ubiratã

Manoel Massaranduba

Ubiratã

Silvio Cezar Walter

C.Mourão

Raquel E. L. da Silva

Maringá

Marcos A. Puzzi

Maringá

Daltro Ângelo Vieira

Cascavel

Siro Canabarro

Cascavel

Elizabeti G. Silva

Maringá

Marcos Devonsir Carraro

Maringá

Edson Hideo Zenke

Maringá

Valter F. de Araujo

Maringá

Jair Avelino Jacovos

Maringá

Maria Eliana Ferreira Jacovós

Maringá

Artur A. de Oliveira

Cascavel

Vera C. Busetti de Oliveira

Cascavel

Christine Siebje Mancinelli

Joinville(SC)

Ricardo G. Moreira

Joinville(SC)

Sirlei B. Shima

C.Mourão

José Vanderlei Dissenha

Curitiba

Pauletto Porcu

Maringá

Antonio Fiel Cruz Junior

Maringá

Amani Spachinski de Oliveira

C. Mourão

João Emmanuel D. de Jesus

C. Mourão

Mario Emmanuel Vieira de Jesus

C. Mourão

Bruna Mantuan Ferro

C. Mourão

Karina Daniel Pedrolo

C. Mourão

Fabíola Lemes

C. Mourão

Renato Nicolin

C. Mourão

Eder de Oliveira Maciel

C. Mourão

Priscila Amaral Jarutais

C. Mourão

Carmen Souza Casarin

C. Mourão

Icaro Osinski Soares

Araruna

Natalia Raffaele Costa

C. Mourão

Talita Almeida

Mambore

Elaine Evangelista Domene

Goioerê

Alexandra Siqueira

C. Mourão

Karina Aparecida Soares

C. Mourão

Nobuco Nakasato

Sinclair Pozza Casemiro

C. Mourão

Nova Cantu

CAVALEIRO

Neuso de Oliveira

Mamborê

APOIO

Jairo de Araujo

C. Mourão

Ian Félix

C. Mourão

Vanessa Vieira

C. Mourão

Walter da Silva Halateno

C. Mourão

Jaurita Lessak

C. Mourão

Marilene Celant M. da Silva

C. Mourão

Maria Luiza da Silva

C. Mourão

Antonio Gancedo

C. Mourão

Dinora Gancedo

C. Mourão

Branco

C. Mourão

Vanderlei

C. Mourão

Orovaldo Colchon

C. Mourão

Carlão

C. Mourão

Deferson Lessak

C. Mourão

José Miranda da Silva Filho

C. Mourão

Juarez Machado Portela

Roncador

Miguel Burak

Luiziana

Maria Helena Urhen

Roncador

Bodan Urhen

Roncador

Marlene (professora Educação Física)

Nova Cantu

Lazaro

Eng. Beltrão

Bruno

C. Mourão

Sabrina de Assis Andrade

C. Mourão

Ryan Lebre

C. Mourão

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Casa do Ipiranga

A Casa do Ipiranga foi construída na época da abertura da estrada de ferro Paranaguá/Curitiba. Era residência do Engenheiro Fiscal do Trafego e também posto de telégrafo. O local onde ela foi construída, próximo ao Rio Ipiranga, no cruzamento com o Caminho do Itupava, tinha sido utilizado no inicio das obras da estrada de ferro, como acampamento de operários. Anos depois ela foi utilizada como clube de lazer pelos engenheiros da rede ferroviária, até a privatização da estrada de ferro em 1997. Antes da privatização a Casa do Ipiranga era preservada pela RFFSA – Rede Ferroviária Federal Sociedade Anônima. Após 1997, quem ficou responsável pela Casa do Ipiranga foi a FSA – Ferrovia Sul Atlântico, posteriormente tendo seu nome mudado para ALL – America Latina Logística. Após essa mudança de controle, infelizmente a Casa do Ipiranga foi sendo abandonada e aos poucos foi destruída por vândalos. Dessa forma uma construção de rara beleza e de importância histórica para o Paraná, acabou sendo destruída. Diferente da RFFSA, que além do lucro visava também á preservação do patrimônio da ferrovia, a ALL parece visar tão somente o lucro. Exemplo disso é que além da Casa do Ipiranga, várias outras casas de menor importância e beleza, que eram utilizadas por trabalhadores da rede ferroviária, estão abandonas ao longo da estrada de ferro, sendo depredadas e consumidas pelo mato.

Na Casa do Ipiranga viveu durante algumas temporadas um dos maiores pintores paranaenses, Alfredo Andersen, que era norueguês, mas passou a maior parte de sua vida no Paraná. Nessas breves temporadas Andersen registrou as lindas paisagens da Serra do Mar em suas telas a óleo.

A Casa do Ipiranga foi construída em alvenaria de tijolos sobre uma base de pedras. Ela possuía sala de estar com lareira, cozinha, sala de jantar e banheiro no térreo. No pavimento superior tinha três dormitórios e outro banheiro. Já no porão ficavam armazenadas ferramentas e outros materiais. Nos fundos foi posteriormente construído um apêndice, onde ficava uma sala de jogos toda envidraçada. Também nos fundos existia uma grande piscina com fundo em declive, alimentada de água corrente. Próximo a casa ainda existia uma pequena estufa construída com trilhos e a residência do caseiro.

Acho interessante contar que no inicio a estrada de ferro se chamava Paranaguá/Curitiba, pois a cidade de Paranaguá era mais antiga e importante comercialmente em razão do seu porto. Anos depois Curitiba acabou crescendo e ficando mais importante, então a estrada de ferro passou a ser conhecida como Curitiba/Paranaguá.

A Casa do Ipiranga quando ainda estava inteira. (fonte da foto: http://itupava.altamontanha.com/ipiranga.asp)
A Casa do Ipiranga quando ainda estava inteira. (fonte da foto: http://itupava.altamontanha.com/ipiranga.asp)
A Casa do Ipiranga em 11/04/2009.
A Casa do Ipiranga em 11/04/2009.
Lareira, piscina, fundos e laterais da Cada do Ipiranga nos dias atuais.
Lareira, piscina, fundos e laterais da Casa do Ipiranga nos dias atuais.
Pintura de Alfredo Andersen.
Pintura de Alfredo Andersen.

Caminho do Itupava

No sábado pela manhã, eu e Hiroo, meu vizinho, fomos fazer o Caminho do Itupava. Esse caminho foi aberto entre os anos de 1625 e 1650. Por quase três séculos foi o único caminho entre o litoral paranaense e a região de Curitiba. Algumas fontes contam que ele foi aberto pelos portugueses, outras dizem que foi por caçadores indígenas. Boa parte do caminho é calçado com pedras e alguns registros dizem que esse calçamento foi feito pelos Jesuítas, outros dizem que foi por escravos. A caminhada se inicia a 1.000 metros de altitude, sendo que o final está praticamente ao nível do mar. Nos últimos anos o caminho passou por algumas modificações, como a colocação de pontes por sobre os rios que cortam o caminho, mas a maior parte permanece da mesma forma como na época em que os primeiros viajantes a subir a Serra do Mar trafegavam por ali. Já percorri o caminho uma vez em 2002, mas seguindo um pouco pela estrada de ferro e atravessando a Represa da Copel que existe logo no inicio da Serra. Dessa vez seguimos pelo caminho original, sem atalhos.

Fomos de carona com o pai do Hiroo, até o ponto inicial do caminho, na cidade de Borda do Campo. Após preencher um cadastro obrigatório do Posto do IAP, iniciamos a caminhada ás 08h00min. O clima estava bom para caminhar, fazia sol e um friozinho simpático. Nossa meta era percorrer os 16,3 km do Caminho do Itupava e depois seguir mais 3,7 km até a Estação de trem do Marumbi, para pegar o trem de passageiros que segue para Curitiba quase no final da tarde. Caso ocorresse algum imprevisto e perdêssemos o trem, nossa meta seria andar mais 8 km até Morretes e voltar de ônibus para Curitiba.

No inicio da caminhada imprimimos um ritmo forte, que serviu para esquentar o corpo. Eu estava caindo de sono, pois tinha saído na noite anterior e dormido menos uma hora e meia. Ou seja, era algo insensato fazer uma caminhada tão longa após uma noite mal dormida. Mas resolvi arriscar, confiando em minha raça e força de vontade. Meu único receio continuava sendo o tendão do pé direito, que não está cem por cento.

O trecho inicial do caminho passa por uma pedreira abandonada e por algumas trilhas de terra em meio á mata. Alguns trechos de subida não muito forte se alternavam com descidas. Somente após uma hora de caminhada é que passamos a caminhar pelo trecho de pedras original do Caminho do Itupava. Daí o cuidado tinha que ser redobrado, pois estava tudo úmido e escorregadio. Ao chegar no primeiro rio, atravessamos pela ponte que foi colocada no local. Da outra vez que passei por ali, tinha atravessado o rio com água no meio da coxa. Era mais emocionante atravessar pelo rio, mais como a água estava gelada, resolvi deixar a emoção de lado e atravessar pela ponte. Nossa primeira parada foi na Casa Ipiranga (em outro post conto a história desse local). Tiramos algumas fotos, demos uma olhada pelo lugar, ou melhor, pelo que sobrou do lugar, e subimos alguns metros pelo trilho do trem até onde existe uma pequena cachoeira e uma roda d’agua. Tinha uma porção de gente acampada ali e ficamos um tempo descansando e conversando com dois caras que estavam totalmente bêbados e drogados. Os caras eram repetitivos e não falavam coisa com coisa. Verificando o relógio, o mapa de quilometragem e horário da trilha, descobrimos que estávamos pouco mais de uma hora abaixo do tempo estipulado no mapa. Ou seja, podíamos até diminuir nosso ritmo, que teríamos tempo de sobra para cumprir nossa meta, que era pegar o trem na Estação Marumbi.

Resolvemos partir e alguns metros abaixo seguindo pelo trilho do trem, reencontramos o Caminho do Itupava. Esse trecho se mostrou difícil, com muita subida e alguns lamaçais que mais pareciam areia movediça. Tivemos que tomar muito cuidado para não escorregar e nem ficar atolados ao passar pelos lamaçais. Começamos a encontrar vários grupos de pessoas, que aproveitando o feriadão e o tempo bom, também se aventuravam por ali. Em alguns trechos tínhamos que diminuir o ritmo e andar atrás destas pessoas. Mas logo passávamos por elas e continuávamos em nosso ritmo. E assim seguimos por toda a manhã, subindo morro, descendo morro, cuidando pra não cair. O Hiroo caiu sentado duas vezes, eu passei ileso. Foram apenas alguns escorregões sem queda e alguns furos de espinho na mão. Teve um momento em que tive que escolher entre cair ou segurar numa árvore cheia de espinhos. Escolhi os espinhos.

Atravessamos alguns riachos e rios não muito grandes, quase sempre pulando de uma pedra a outra. Todos eram de água cristalina e serviam para matarmos nossa sede. Logo começamos a ouvir o barulho dos trens e sabíamos que nossa meta para descanso e almoço estava próxima. O pior trecho acabou sendo a descida do morro que leva até o Santuário de Nossa Senhora do Cadeado (em outro post conto sobre esse local). É uma descida muito inclinada e por sorte, na parte final foram colocados abençoados corrimões. No Santuário aproveitamos para descansar e lanchar. Parece que os demais grupos também tiveram a mesma ideia. A vista dali é muito bonita, em frente da para ver boa parte da estrada de ferro e muitos morros.

Após o “almoço” e o descanso, retornamos ao caminho, dessa vez morro abaixo. Esse trecho final é complicado, pois a descida é íngreme e as pedras escorregadias. Mas correu tudo bem e após quase uma hora de caminhada chegamos na parte plana, e atravessamos por pontes dois rios e alguns riachos por pinguelas. E finalmente chegamos ao fim do caminho. O caminho original seguia até Paranaguá, mas ele não existe mais, sobre seu trajeto original foram construídos estradas e até uma BR.

Tínhamos tempo de sobra até pegar o trem, então subimos tranquilamente morro acima em direção ao Marumbi. Paramos na Estação Engenheiro Langue, que está abandonada, mas foi reformada faz alguns anos. Ali existe um vitral muito bonito, mas que está com vários pedaços quebrados. O que dá pena mesmo são das casas abandonadas. No passado elas eram utilizadas pelo trabalhadores da Rede Ferroviária Federal. Bem que a ALL (America Latina Logística) que tem a concessão da Rede Ferroviária naquele lugar, poderia reformar estas casas e utilizá-las como pousada ou algo parecido. Após um breve descanso e algumas fotos, seguimos pela trilha de 850 metros que leva até a Estação Marumbi. Essa trilha corta caminho e passa pelo trilho do trem. O trilho faz algumas voltas até chegar a Estação. No caminho paramos para ver um trem de carga descendo a serra carregado. É algo bonito e barulhento de se ver. Mais alguns minutos de caminhada e finalmente chegamos na Estação Marumbi. Foram 07h10min de percurso, sendo 06h10min de efetiva caminhada e 01h00min de descanso. A estação estava cheia de gente e ficamos descansando até a chegada o trem, que atrasou um pouco.

Ás 16h10min, embarcamos no trem e fomos observando a maravilhosa vista da serra do mar. Alguns lugares por onde passamos são de dar medo, mas a beleza da paisagem compensa qualquer coisa. Chegamos em Curitiba no inicio da noite, cansados, doloridos, mas felizes e realizados por termos cumprido com exito o desafio proposto. Agora é descansar e planejar a próxima aventura.

Caminho do Itupava e Casa Ipiranga.
Caminho do Itupava e Casa Ipiranga.
Água cristalinas.
Águas cristalinas.
Santuário de Nossa Senhora do Cadeado.
Santuário de Nossa Senhora do Cadeado.
Trilho, tunel e trem...
Túnel,  trem e trilho…
Trechos do Caminho do Itupava.
Trechos do Caminho do Itupava.
Sobre os trilhos.
Sobre os trilhos.
Estação Engenheiro Langue.
Estação Engenheiro Langue.
Estação Engenheiro Langue e Eatação Marumbi.
Estação Engenheiro Langue e Estação Marumbi.
De trem rumo a Curitiba.
De trem rumo á Curitiba.

My Happy Birthday

Acordei com o barulho de um panelaço na porta de meu quarto. Depois de dormir pouco, não foi nada agradável acordar assim no dia de meu aniversário de 39 anos. Com muito custo sai da cama e fui tomar um longo banho pra tentar acordar. Depois fui lá fora olhar a paisagem e o espetáculo era belo, fazia um dia muito bonito. Tivemos seminário a manhã toda e foi difícil manter os olhos abertos. Acabei dando umas cochiladas e no intervalo para o lanche fui obrigado a tomar café (algo de que não gosto) e sem açúcar. Daí cantaram parabéns e fiquei todo sem jeito, meio encabulado, mas foi divertido e fazia tempo que não ganhava tantos abraços e beijinhos. Ainda bem que a mulherada era maioria. Antes do almoço demos mais uma volta e fomos até a cachoeira. Depois teve um suculento almoço, onde me acabei de tanto comer, pois eu merecia, já que era meu aniversário.

A volta pra casa foi tranqüila, mas eu estava quebrado, caindo de sono. Mas como bom dono de casa que sou, antes de descansar perdi um tempão lavando roupa e limpando casa. Depois pude dormir um pouco e a noite para finalizar as comemorações de meu aniversário, sai com a Kaciane. Fomos jantar em um restaurante de comida mineira e a meia-noite assistimos uma peça de teatro no Lala Schneider. A peça era divertida e mesmo cansado e com sono valeu a pena. Era uma comédia, “A Casa do Terror 3”. E assim foi o dia em que soprei 39 velinhas. O pior é que não me sinto com essa idade! Ou seria, o melhor é que não me sinto com essa idade? O importante é que cheguei até aqui e pretendo ir muito mais longe. Pra quem veio ao mundo por descuido e quase morreu nos dois primeiros anos de vida, chegar aos 39 anos é uma dádiva de Deus. Então agradeço sempre essa dádiva e vou seguindo em frente, correndo atrás de meus sonhos e procurando ser feliz…

Amanhecer do dia 04 de abril.
Amanhecer do dia 04 de abril.
Indo pra cachoeira.
Indo pra cachoeira.
A pequena e bela cachoeira.
A pequena e bela cachoeira.

Seminário de novos

Na sexta-feira e no sábado, teve seminário para funcionários novos na chácara do colégio que fica em Piraquara. Mesmo não sendo um funcionário novo, fui participar. Saímos do colégio no final da tarde e após 30 km, metade em asfalto e metade em estrada de chão, chegamos ao nosso destino. A chácara fica no inicio da Serra do Mar, num lugar muito bonito cercado de mato, “no pé” de alguns morros. Estávamos em aproximadamente 50 pessoas e quando fui procurar meu quarto na lista, descobri que tinham esquecido de me incluir na lista de participantes e o único quarto vago ficava justamente na ala feminina. Para piorar o quarto não tinha chave e o trinco de dentro não funcionava. E pra piorar ainda mais, logo apareceu uma gaiata e disse que por ser meu aniversário no dia seguinte, a mulherada ia me sacanear. Fiquei de olho, cuidando para que ninguém entrasse no quarto. Mas acabei esquecendo de trancar direito a janela e foi por ali que entraram e deram nó em toda minha roupa, só não deram nó nas cuecas. Até meu colchão desapareceu. Tivemos o inicio do seminário com uma discussão em grupos que foi bastante interessante. Depois teve janta regada a muita lasanha e como não tinha almoçado, me acabei de tanto comer. O ponto negativo foi que acabou a energia e ficamos no escuro total. Depois de um a rápida chuva o tempo começou a limpar e fomos numa turminha bater papo do lado de fora do prédio. O papo estava bastante animado e como o céu foi limpando cada vez mais, a lua surgiu e resolveram ir passear no escuro, até a entrada da chácara, onde existe um lago. Foi meio complicado caminhar no escuro em alguns trechos onde tinham árvores e a luz da lua não clareava. Não faltaram escorregões e pisadas em bosta de vaca. Eu fui um dos premiados e além de pisar, escorreguei num monte de bosta e quase cai sentado. Nosso passeio no escuro foi divertido e demos boas risadas e “micos” é que não faltaram. O maior de todos foi a Juliana H. que ao se afastar de costas para tirar uma foto do pessoal, caiu num barranco de cara numa árvore. Após o susto demos muitas risadas, mas quase que ela se machuca. E pior seria se ela tivesse caído do outro lado da estradinha, onde fica o lago. Outro fato curioso foi ao tirar uma foto com o Alysson, um morcego passou voando sobre nossas cabeças. Na foto aparece o Alysson olhando para cima, mas o morcego não aparece. Agora em vez de dizer “olha o passarinho” ao tirar fotos, melhor dizer “olha o morceguinho”. Fizemos o caminho da volta pouco depois da meia-noite e tive direito a “parabéns pra você” e cumprimentos no escuro, pois já era dia quatro, dia de meu aniversário. Acabei indo dormir bem tarde, pois fiquei conversando com o pessoal.

Na chegada encontramos um lindo por do sol.
Na chegada encontramos um lindo por do sol.
Perdido no meio da mulherada.
Perdido no meio da mulherada.
Passeio sob o luar.
Passeio sob o luar.
Parabéns pra você, nessa data queirda...
Parabéns pra você, nessa data queirda…

Morro do Anhangava

No sábado fui subir o Morro do Anhangava, que fica em Quatro Barras, na localidade de Borda do Campo, próximo ao Caminho do Itupava, na Região Metropolitana de Curitiba. Esse morro é o que fica mais perto de Curitiba e por essa razão é bastante freqüentado. Subi junto com duas novas amigas (Tatiana e Mônica) que conheci no posto do IAP, que fica no inicio da trilha que leva ao Anhangava e ao Caminho do Itupava. As duas sempre estão subindo morros e percorrendo outros caminhos na Serra do Mar. Coincidentemente a Tatiana mora perto de minha casa e é nascida em Campo Mourão. Interessante ir pra um lugar no meio do mato e conhecer uma pessoa que além de ser sua quase vizinha, também nasceu na mesma cidade que você.

O caminho até o cume é bem fácil e a única exceção é um paredão de rocha bem extenso, mas que possui degraus de ferro, o que facilita as coisas. Próximo ao cume existe um outro paredão não muito inclinado, mas que em caso de chuva se torna um pouco perigoso. Mas não era o caso, pois fazia sol e calor. Chegamos ao cume em pouco mais de uma hora, sem forçar. Ficamos um tempo lá em cima descansando, lanchamos e depois iniciamos a descida. Lá do cume se tem uma visão ampla, de quase 360 graus, de onde se vê Quatro Barras e Curitiba, o Pico Paraná bem ao longe e ainda mais distante o Pico do Marumbi.

Na descida ao chegarmos no paredão tinha um verdadeiro congestionamento, com muita gente subindo e descendo. Era preciso esperar, pois no paredão só passa uma pessoa por vez. Pouco mais abaixo encontramos um cara que tinha subido acompanhado de seu cachorro, um Labrador. Também vi algumas crianças na trilha, o que prova que o Anhangava é um dos morros mais fáceis de subir.

Mais uma vez cuidei do meu pé, pois ainda não sinto segurança após o sério problema que tive. O calor estava forte e consegui ficar sem água. Por sorte não demorou muito e encontramos um riacho onde foi possível beber uma água límpida e geladinha.

O nome Anhnagava é meio assustador, pois significa “morada do diabo” em tupi-guarani. Não se sabe quem foi a primeira pessoa que o escalou, mas no caminho tem uma Caverna com inscrições do século 18. Durante vários anos ele foi utilizado para uma romaria católica, onde foi criada uma espécie de “via crucis”, composta de 14 cruzes e que terminava numa capela no cume sul. Próximo ao cume ainda é possível ver na rocha alguns símbolos e dizeres religiosos. Nos anos 40 foram criadas as primeiras vias de escalada em rocha, o que transformou o Morro do Anhnagava na primeira escola paranaense de escalada. E graças a sua proximidade com Curitiba e seu fácil acesso, ele sem duvida é um dos morros paranaenses que mais vezes foi escalado. Possuindo 1.430 metros de altitude, é o ponto mais alto da Serra da Baitaca e também a entrada da Serra do Mar.

Encarando o paredão na subida.
Encarando o paredão na subida.
Descanso durante a subida.
Descanso durante a subida.
Vista do alto, descando e descida.
Vista do alto, descando e descida.
Na descida após congestionamento no paredão.
Na descida após congestionamento no paredão.
Em dois momentos: no cume e depois no final da trilha.
Em dois momentos: no cume e depois no final da trilha.

Max Gehringer

Ontem participei da última noite da Feira de Pós-Graduação da Facinter. O evento foi no Embratel Convention Center, do Shoping Estação. A Feira estava muito bem organizada e o local (que ainda não conhecia) é excelente para realização de eventos. O ponto alto da noite foi a palestra do Max Gehringer, que ficou conhecido nacionalmente após apresentar um quadro sobre empregos, no programa Fantástico. A palestra foi ao mesmo tempo edificante e divertida, pois o cara é um bom palestrante, que consegue de forma simples manter o público atento.

Biografia: Max Gehringer tornou-se conhecido por suas colunas em várias revistas, na rádio CBN e no programa Fantástico da TV Globo. Começou sua carreira como office-boy na antiga fábrica da Cica, em Jundiaí e graduou-se em Administração de Empresas. Foi escolhido como um dos 30 Executivos Mais Cobiçados do Mercado em pesquisa do jornal Gazeta Mercantil, em janeiro de 1999. Foi um dos cinco finalistas do prêmio Top of Mind em 2005 e 2006 na categoria Palestrante. Em 1999, no auge de uma carreira bem-sucedida que o levou à direção de grandes empresas como Pepsi, Elma Chips e Pullman, Max Gehringer tomou uma decisão raríssima no mundo corporativo: abriu mão do poder e das mordomias de alto executivo para dedicar seu tempo a escrever e a fazer palestras pelo Brasil. Foi colunista das revistas Você S.A., Exame e VIP, todas publicadas pela Editora Abril. Hoje escreve para a revista Época e Época Negócios, ambas da Editora Globo. O humor e a sensibilidade dos textos de Max vêem de sua vivência prática num mundo que ele conhece degrau por degrau, desde o seu primeiro emprego, aos doze anos, como auxiliar de faxina, até o último, como presidente da Pullman. Escritor, colaborador da CBN e Exame, possuindo vasta experiência em gestão empresarial, no ano de 2007 a Editora Globo lançou o livro O Melhor de Max Gehringer na CBN — Vol. 1 — Col. Vida Executiva. Atualmente desenvolve palestras motivacionais e de liderança.

Fonte: Wikipédia

Max Gehringer
Max Gehringer
Apareço de pé lá no fundão.
Apareço de pé lá no fundão.
Palestra do Max Gehringer.
Palestra do Max Gehringer.

Festival de Teatro de Curitiba

Semana passada iniciou mais um Festival de Teatro de Curitiba. Estão acontecendo peças por toda a cidade, em todos os teatros e também pelas ruas, parques e praças. Ontem á noite vi duas peças com a Kaciane e não gostei de ambas. A primeira foi em frente ao “Chafariz do Cavalo”, em pleno Largo da Ordem e nem lembro o nome. A peça era muito futurista para meu gosto. Não gosto de ficção cientifica nem em livros ou cinema, daí ver uma peça teatral de ficção cientifica é pior ainda.

A segunda peça assistimos nas Ruínas de São Francisco e se chamava “O Culto”. A peça começou bem, estava animada, mas aos poucos foi ficando chata e fomos embora antes do fim. O problema do teatro é que acaba sendo sempre um caixinha de surpresas, pois mesmo sabendo o tema da peça, o que vai ser apresentado é uma incógnita. As vezes acaba assistindo uma peça excelente, outras vezes umas belas porcarias. Então o jeito é ir arriscando e vez ou outra acaba valendo a pena.

Festival de Curitiba.
Festival de Curitiba.

Colação de Grau

E na sexta-feira a tarde foi minha colação de grau no curso de História. Como não sou muito de festas e eventos tipo formatura, optei por não participar da formatura clássica e preferi uma colação de grau de gabinete. Acabou sendo um evento rápido e triste, pois tinha acabado de saber do falecimento do Professor Miguel. Mas o que vale mesmo é ter concluído a faculdade e num curso que sempre quis fazer. Foi a terceira faculdade que fiz e a primeira que conclui. Antes tinha feito seis meses de Processamento de Dados e cinco anos de Estatística e em ambas desisti, pois vi que não era o que eu realmente queira. Já com o curso de História foi diferente, era o que eu queria e por isso fui até o fim. Agora é analisar as possibilidades de trabalhar na área para a qual me formei. Por enquanto continuo trabalhando na área administrativa, na qual estou há quase dezesseis anos sem gostar, mas é a área onde acabei me adaptando e que por enquanto paga minhas contas.

Ampulheta, símbolo do curso de História.
Ampulheta, símbolo do curso de História.

Falecimento do Prof. Miguel

Faleceu na última quinta-feira o Professor Miguel (Sebastião Miguel Woiski), do qual fui aluno nos dois últimos anos de faculdade. Ele faleceu durante um transplante de fígado, aos 48 anos de idade. Lembro com carinho do professor Miguel porque foi ele quem aplicou a prova quando fiz o vestibular para o curso de História. Ele era gente boa e ajudava muito os alunos. A última lembrança que tenho dele foi no final do ano passado quando apresentei o trabalho de conclusão de curso e ele fazia parte da banca. Vão ficar na lembrança as viagens para Antonina e Lapa, onde ele foi junto e era dos mais animados.

Cheguei atrasado no enterro e fiquei um tempo em frente ao tumulo dele pensando na vida, ou melhor, pensando na morte. Estranho isso de um momento pra outro nossa vida terrena terminar, nossa história chegar ao fim. Recentemente li um texto onde se perguntava quando seriamos considerados realmente esquecidos após morrermos e a resposta era que isso aconteceria no dia em que a última pessoa viva que nos conheceu em vida viesse a morrer. Depois disso pode até existir referencias sobre nós em textos, livros, fotos, filmes e etc, mas nenhuma pessoa que tenha nos conhecido ainda estará viva, então nossa essência terrena terá morrido de vez.

 

Descanse em paz professor Miguel!!!

Prof. Miguel
Prof. Miguel
+ 19/03/2009
+ 19/03/2009

Os cajus do Tio Zé

O Tio Zé (José Kreticoski) irmão de minha mãe, estava com câncer em fase quase terminal em 2005, quando plantou algumas sementes de caju em um terreno que meus pais possuem e que utilizam para plantar um monte de coisas. Ao plantar as sementes, meu tio falou que ele logo “ia embora”, mas que os cajus que ele estava plantando iam ficar e serviria para lembrarmos dele. E sua “profecia” se realizou, pois mês passado minha mãe fez uma bela colheita dos cajus plantados pelo meu tio.
Dona Vanda e os cajus que seu irmão plantou.
Dona Vanda e os cajus que seu irmão plantou.
Os cajus do Tio Zé.Os cajus do Tio Zé.