No meio do caminho tinha uma vaca, tinha uma vaca do meio do caminho…
Drummond escreveu sobre a pedra que existia no meio do caminho, já no meu caso vou escrever sobre a vaca que tinha no meio do caminho (daquelas de quatro patas, par de chifres e rabo).
No último dia 17 estava indo de carro de Curitiba para Campo Mourão, por uma estrada que liga ás cidades de Reserva e Cândido de Abreu. A estrada é nova, com pouco trânsito e uma paisagem muito bonita, atravessando um longo trecho de serra. O único problema é que ela não tem acostamento. Já tinha passado por ali quatro vezes antes, mas nunca tinha notado as placas que informam sobre animais na pista. Achei até normal tal placa, pois ao lado da estrada existe muito pasto e criação de gado. Logo após passar pela primeira placa fiquei mais atento na estrada, mas após rodar uns 50 km acabei esquecendo. E foi ai que tudo aconteceu, ou melhor, quase aconteceu. Numa descida onde devia estar há uns 100 km/h ou 110 km/h, eis que uma vaca (de quatro patas) sai do meio do mato e entra na pista, bem na minha frente. Junto comigo seguia o Márcio, amigo de meu irmão que pegava carona até Campo Mourão. Ele deu um grito de alerta ao mesmo tempo em que eu vi a vaca e numa fração de segundos tive que decidir o que fazer. Frear não ia dar tempo, então ao mesmo tempo em que tirei o pé do acelerador, buzinei e desviei pela contra mão. A vaca parou sem saber o que fazer e por sorte não vinha nenhum carro em sentido contrário, pois senão eu teria que escolher entre bater de frente com o veiculo que viesse ou atropelar a vaca. Sair da estrada não seria aconselhável, pois ela não tem acostamento e no trecho onde estávamos é cercada por muitas árvores. No fim saímos ilesos e fora o enorme susto nada aconteceu. Atropelar uma vaca em velocidade razoável pode ser muito perigoso, pois em razão de sua altura e seu peso a tendência é que no momento do impacto ela seja jogada contra o pára-brisa ou para cima do carro, causando um acidente sério. Há uns 22 anos em Campo Mourão teve um caso de um conhecido que morreu ao atropelar uma vaca e no impacto a cabeça da vaca foi parar dentro do carro e ele foi espetado pelo chifre bem no coração. Em 1995 o filho de minha ex-chefe atropelou uma vaca e quase morreu, ficou todo quebrado e o carro deu perda total. E em ambos os casos até hoje ninguém descobriu quem era o dono dos animais.
Quatro dias depois do quase atropelamento da vaca de quatro patas, eu e Márcio (nova carona) voltávamos para Curitiba pela mesma estrada e notamos que existiam muitas outras placas sobre animais na pista (com o desenho de uma vaca). Paramos para tirar fotos e então percebemos que essas placas são feitas de madeira, tipo chapas de compensando, enquanto as demais placas da estrada são feitas de metal. Deduzimos que já deve ter ocorrido algum acidente grave nessa estrada envolvendo boi, vaca, touro e até búfalo (vimos alguns nos pastos, pelo caminho) e depois fizeram essas placas de forma emergencial e colocaram em alguns trechos. O aviso é até válido, mas não resolve muito pois a vaca que cruzou nossa frente apareceu de repente, saindo do nada.
Existe uma lei que responsabiliza o dono de animais soltos em estradas, mas como a fiscalização é insuficiente os bichos continuam soltos e os donos parecem que não estão preocupados. E quando ocorre algum acidente, principalmente com vitimas humanas é quase impossível de o dono aparecer. Num pais onde as leis não são fiscalizadas e cumpridas, fica difícil pedir que punam os donos de animais que andam soltos pelas estradas. Então cuidado, tanto com as vacas de quatro quanto com de de duas patas, pois elas podem causar sérios riscos a sua integridade física.