Fotos de Belas Artes

Estava lendo um artigo na internet e uma foto me chamou a atenção, principalmente por suas cores fortes. Gosto muitos de fotografia e procuro aprender sobre o tema e também conhecer um pouco sobre os grandes fotógrafos atuais. E descobri que a foto que me despertou curiosidade é de uma fotógrafa. Julia Fullerton-Batten, nasceu na Alemanha em 1970. Ela se tornou conhecida mundialmente como fotógrafa de belas artes. Suas fotos são poderosas e seu estilo é único e cheio de cores requintadas. Abaixo segue uma pequena mostra do trabalho de Julia Fullerton-Batten.

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47 anos

Hoje é meu aniversário, estou completando 47 anos. Nasci em um sábado às 14h30min, na cidade de Campo Mourão, Oeste do Paraná. Vivi em minha cidade até os 18 anos de idade, quando fui para Curitiba prestar o serviço militar e por lá acabei ficando. Nos vinte anos seguintes voltei para minha cidade natal por duas vezes, mas permaneci pouco tempo. E vivi um ano nos Estados Unidos, na cidade de Orlando. Em meados de 2010 retornei novamente para minha cidade natal, para ficar por somente seis meses. E não fui mais embora e nem quero mais sair daqui. Estou feliz onde estou! Estou perto da família e acho que a maturidade chegou e prefiro uma cidade tranquila de interior, sem trânsito caótico e violência. E ficando aqui, nos próximos anos penso em finalmente casar, criar meus gatos e ter uma vida pacata. Filhos eu não quero! Esse mundo está muito cheio e vai ficar cada vez pior, então não quero deixar descendência.

Quando criança eu sonhava conhecer coisas e lugares novos. Queria conhecer o que existia além do Lar Paraná, o bairro onde cresci. E acabei conhecendo muito mais coisas do que queria ou sonhei. E ainda tenho muito que conhecer e fazer.  Há alguns anos fiz uma lista das aventuras que queria realizar, de lugares que queria conhecer. Essa lista não era muito extensa e já realizei mais da metade do que está anotado nela. E espero ter tempo e saúde para realizar o restante da lista. Depois posso morrer em paz…

Não gosto de datas comemorativas e muito menos de aniversários. Não suporto o Parabéns pra você!  E não é por ficar mais velho o motivo, pois envelhecer não é problema para mim. Vejo envelhecer um presente de Deus, pois muita gente que conheci na vida morreu muito antes de chegar aos 47 anos. E eu já senti o cheiro e vi os olhos da morte algumas vezes. Teve casos em que escapei por milagre, pois achava que ia mesmo morrer. Então cada ano que completo é um presente dos céus, pois há muito tempo eu já devia ter partido do mundo dos vivos. Aliás, eu não devia nem ter nascido, pois não fui planejado. Fui um acidente, um erro de tabelinha (mesmo assim fui/sou muito amado por meus pais).  Mas já que vim ao mundo, ainda vou ficar bastante tempo por aqui incomodando… Então me aguente!

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Aniversário da Torre Eiffel

Inaugurada em 31 de março de 1889, a Torre Eiffel é uma torre treliça de ferro e está localizada em Paris. Ela se tornou um ícone mundial da França e uma das estruturas mais reconhecidas no mundo. A Torre Eiffel é o monumento pago mais visitado do mundo. Nomeada em homenagem ao seu projetista, o engenheiro Gustave Eiffel, foi construída como o arco de entrada da Exposição Universal de 1889 e também para comemorar o centenário da Revolução Francesa.

A torre possui 324 metros de altura e fica cerca de 15 centímetros maior no verão, devido à dilatação do ferro. Foi a estrutura mais alto do mundo desde a sua conclusão até 1930, quando perdeu o posto para o Chrysler Building, em Nova York. A torre tem três níveis para os visitantes. A caminhada para o primeiro nível é superior a 300 degraus. O terceiro e mais alto nível só é acessível por elevador. Do primeiro andar vê-se a cidade inteira. Ela tem sanitários e várias lojas e o segundo nível tem um restaurante.

Quando o contrato de vinte anos do terreno da Exposição Universal de 1889 expirou, em 1909, a Torre Eiffel quase foi demolida, mas o seu valor como uma antena de transmissão de rádio a salvou. Os últimos vinte metros da torre correspondem à antena de rádio que foi adicionada posteriormente.

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Construção da Torre Eiffel.
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Cartão Postal da época da inauguração da Torre Eiffel.
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A Torre Eiffel atualmente.

131 anos da criação da Coca-Cola

Em 29 de março de 1886, o Dr. John Pemberton criou o primeiro lote de Coca-Cola em seu quintal. Há 131 anos, um homem mexendo uma mistura em seu quintal na cidade de Atlanta, no Estado da Geórgia, Estados Unidos estava prestes a fazer história. O Dr. John Pemberton, um farmacêutico, estava no processo de preparar o primeiro lote do que mais tarde se tornaria a Coca-Cola.

Esse primeiro lote foi criado com nozes de kola (para a cafeína) e folha de coca. Em oito de maio do mesmo ano, a fórmula estava sendo vendida na Jacob’s Pharmacy em Atlanta por cinco centavos de dólar por garrafa. Foi apontado como uma cura para uma série de problemas de saúde, de indigestão a dores de cabeça, ressaca e para a impotência.

O Dr. Pemberton lutou na Guerra Civil, e no final da guerra ele decidiu que queria inventar algo que lhe traria sucesso comercial. Imagine que, criar algo que não só servisse uma necessidade, mas ser comercialmente viável. Normalmente, tudo o que ele fazia falhava nas farmácias. Ele inventou muitas drogas, mas nenhuma delas ganhou dinheiro. Assim, Pemberton decidiu tentar algo no mercado de bebidas. Nessa época, o consumo de sodas estava aumentando na popularidade como um ponto de encontro social. Então fazer uma bebida de refrigerante fazia muito sentido. E foi quando a Coca-Cola nasceu.

No entanto, Pemberton não tinha idéia de como anunciar. Foi aí que Frank Robinson entrou. Registrou a fórmula da Coca-Cola no escritório de patentes e projetou o logotipo. Ele também escreveu o slogan, “A Pausa Que Refresca”. A Coca-Cola não foi tão bem em seu primeiro ano. E para piorar as coisas, Dr. Pemberton morreu em agosto de 1888, o que significa que ele nunca viu o sucesso comercial que ele estava procurando.

Hoje, a Coca-Cola é uma das marcas mais reconhecidas mundialmente. A Coca-Cola Company vende produtos em mais de 200 países. O que começou como um experimento no quintal cresceu significativamente. Em 2015, a Interbrand classificou a Coca-Cola como a terceira marca mais valiosa em todo o planeta.

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Circuito Vou de Bike 2017 – Etapa Campo Mourão

Aconteceu em Campo Mourão neste domingo, 26, a Terceira Etapa do Circuito Vou de Bike 2017. E também foi a terceira vez que o Circuito Vou de Bike é realizado em Campo Mourão. Participaram pouco mais de 700 ciclistas, vindos de 46 cidades do Paraná, Mato Grosso do Sul e São Paulo. O evento foi um sucesso de público e organização.  Quem organizou essa etapa foi o grupo Sou Bike, de Campo Mourão.

Essa foi a terceira vez que participei do Circuito Vou de Bike em Campo Mourão, minha cidade. Tinham dois percursos, de 30 km e de 50 km. Optei por fazer o percurso menor, pois estava voltando de uma contusão de menisco. E no fim o percurso foi de 33 km, pois o pessoal errou na medição. O trajeto escolhido foi muito legal, principalmente o trecho que passava por uma grande plantação de eucaliptos próxima a represa da cidade. O clima ajudou, pois o sol estava fraco, a temperatura estava amena, ficou nublado a maior parte do tempo e não choveu. Esse ano tem mais dez etapas do Circuito e pretendo participar de mais algumas, de preferencia em cidades onde ainda não fui pedalar em outros anos.

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Breaking Bad

Um colega de trabalho ficou insistindo para eu assistir Breaking Bad, pois ele sabe que gosto de séries de televisão. No começo relutei um pouco, pois estava sem tempo devido a outros projetos, mas acabei vendo os dois primeiros episódios e viciei na série. Ela é muito boa e já estou na terceira temporada, sendo que no máximo em uma semana espero conseguir assistir todos os episódios até o final da quinta e última temporada. Gosto de assistir séries dessa forma, na sequência e se possível dois ou três episódios consecutivos cada vez que paro em frente a TV. Meu colega também falou que sou parecido fisicamente com o personagem principal da série, o Mister White. Pra ser sincero me identifiquei com ele em algumas coisas, não só fisicamente. E vamos ver qual o será o destino dele na série…

Breaking Bad é uma premiada série de televisão norte americana que retrata a vida do químico Walter White, um homem brilhante frustrado em dar aulas para adolescentes do ensino médio enquanto lida com um filho sofrendo de paralisia cerebral, uma esposa grávida e dívidas intermináveis. White, então é diagnosticado com um câncer no pulmão, o que o leva a sofrer um colapso emocional e abraçar uma vida de crimes para pagar suas dívidas hospitalares e dar uma boa vida aos seus filhos. Walter resolve produzir metanfetamina com seu ex-aluno, Jesse Pinkman.

Breaking Bad se passa em Albuquerque, Novo México, e gira em torno das escolhas de seu protagonista, as quais o levam a uma intensa, dolorosa e inevitável transformação. Amplamente considerada como uma das melhores séries da história, ao seu final, foi um dos programas da televisão a cabo mais assistidos nos Estados Unidos, recebendo inúmeros prêmios. A série foi originalmente exibida pelo canal de televisão por assinatura AMC, onde estreou no dia 20 de janeiro de 2008 e, depois de cinco temporadas de sucesso, teve seu último episódio transmitido no dia 29 de setembro de 2013.

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40 anos do Atari

Agora em 2017 o Atari 2600, que também é conhecido como Atari VCS, completa 40 anos de lançamento. O Atari não foi o primeiro videogame, ou mesmo o primeiro console doméstico, mas foi um dos aparelhos mais icônicos dos anos 70 e 80. Em meados dos anos oitenta eu descobri os fliperamas e era meio viciado neles. Quase toda noite dava um jeito de ir até um fliperama que ficava perto de casa e jogava algumas fichas nas diversas máquinas de jogos existentes no local. Após alguns meses resolvi fazer as contas de quanto gastava mensalmente com fichas e descobri que o valor era alto e que se eu economizasse tal valor eu conseguiria pagar a prestação de um Atari. E foi o que fiz, comprei um Atari em três suaves prestações na antiga Lojas Hermes Macedo.

A compra daquele Atari foi um revolução em minha vida. Jogava todo dia e nos finais de semana costumava varar a noite jogando com amigos. Na época mesmo tendo 15 anos, eu estudava, trabalhava o dia todo e ainda treinava basquete, então não sobrava muito tempo livre e esse tempo livre ficou para os jogos do Atari. Como ainda não tinha namorada e não me preocupava em arrumar uma naquela época, jogar vídeo game era o que relaxava.

Dos jogos do Atari, o que eu mais gostava era o River Raid. Ficar pilotando um avião através do Joystick e explodir navios e tanques era muito legal e fiquei muito bom em tal jogo. Também gostava muito de jogar Pac Man (o famosos come come) e também tênis e boxe. Durante muito tempo meu Atari fez minha alegria e a de muitos amigos. Ele ficou guardado durante muitos anos ainda funcionando, até que um dia resolvi vende-lo. Hoje em dia mesmo existindo jogos modernos e com padrão visual que fazem os jogos do Atari parecerem coisa pré-histórica, não jogo mais vídeo game. Perdi o interesse totalmente, mas da época do Atari e de seus jogos simples e divertidos sempre vou lembrar com saudosismo.

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Logo do Atari.
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Jogos do Atari.
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River Raid
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Pac Man

Sobre o Oscar 2017

Fazem trinta e poucos anos que acompanho a entrega do Oscar. Não vi todas, por diversos motivos perdi algumas. Mas a de ontem à noite felizmente não perdi, pois foi histórica. Ainda bem que tenho TV a cabo e pude assistir a cerimônia do Oscar pelo canal TNT. A Globo transmitiu os sonolentos desfiles de Carnaval. Aliás, desfile é bom de ver ao vivo, pela TV é muito chato!

Minha torcida para melhor filme era para Até o Último Homem, mas eu achava que ia dar La La Land como vencedor. E por alguns minutos o vencedor foi La La Land. Devido a uma lambança histórica motivada por troca de envelopes com as informações sobre os vencedores, La La Land acabou sendo anunciado como vencedor do prêmio de melhor filme. O pessoal subiu no palco, receberam as estatuetas, dois fizeram discurso e de repente para tudo e é anunciado que tinham cometido um erro e o vencedor era Moonligth. A platéia ficou perplexa, muitos não entendendo o que estava acontecendo, outros achando que era mais uma das muitas brincadeiras do apresentador do Oscar. Nisso o pessoal do Moonlight comemorou meio que não acreditando no que estava acontecendo. E na confusão o apresentador Jimmi Kimmel tentou justificar as coisas e meio que se sentindo culpado pelo erro, se despediu falando que não voltava mais a apresentar o Oscar. Foi hilário, surpreendente, espantoso, inacreditável, surreal o que aconteceu. Olhei no site da Rede Globo e eles já tinham anunciado La La Land como o vencedor, e demoraram um pouco para corrigir a informação. Aliás, a Globo deu azar, perdeu a chance de transmitir talvez a cerimônia do Oscar mais incrível de todos os tempos, para transmitir desfile de Carnaval com um monte de mulher pelada, acidente com carro alegórico com muita gente ferida e outras baixarias mais. Dessa vez você perdeu Globo!

Deixe-me fazer alguns comentários sobre as principais premiações. Os vencedores de ator coadjuvante (Mahershala Ali) e atriz coadjuvante (Viola Davis) foram merecidos. O de melhor atriz (Emma Stone) também foi merecido. E o de melhor ator o vencedor (Casey Affleck) era minha segunda opção. E merecia um prêmio especial a Amy Adams, pelo vestido very sexy que usou ao apresentar um trecho da premiação. Que mulher! E La La Land mesmo não tendo vencido na categoria principal, que é de melhor filme, foi o filme vencedor da noite com seis estatuetas. A melhor música foi merecida, pois “City of Stars” de La La Land é uma musiquinha gostosa de ouvir, e cujo refrão você começa a cantar repetidamente sem perceber. Tal refrão gruda e é difícil se livrar dele!

Ano passado aconteceu uma polemica enorme em razão de atores negros não terem sido indicados ao prêmio nas melhores categorias. E como a academia do Oscar é muito política, esse ano parece que para compensar e evitar polêmicas indicou e premiou alguns atores negros. E deu o prêmio de melhor filme a um filme que tem quase que exclusivamente atores negros. Acho que independente da cor da pele merece vencer o melhor. E sem querer polemizar, Moonlight não merecia vencer como melhor filme. Mas venceu! E o filme tem a temática homossexual, que anda muita na moda ultimamente. Mesmo torcendo por Até o Último Homem, acho que La La Land merecia ter vencido, pois era o único filme que tinha uma temática leve, alegre. E após uma semana horrível que tive, com muitos e muitos problemas, teria sido legal ver um filme alegre vencer o Oscar de melhor filme. Mas venceu um filme pesado, que fala de violência, discriminação, drogas, homossexualismo e mais um monte de coisas não tão alegres. E ainda por cima teve um final de premiação confuso que será lembrado por muitos e muitos anos… Mas valeu! Para quem é apaixonado por cinema igual a mim, que conseguiu encontrar um meio de assistir a premiação sem depender da Rede Globo e teve forças para ficar acordado até duas e pouco da madrugada, foi um Oscar inesquecível…

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Melhor filme.
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Melhor Atriz: Emma Stone
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Melhor ator: Casey Affleck
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Melhor atriz coadjuvante: Viola Daves
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Melhor ator coadjuvante: Mahershala Ali
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Momento de confusão, o produtor de La La Land devolve o Oscar para Moonlight.
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Amy Adams. Linda!!!

 

Bola fora!

“a partir desta data, 
aquela mágoa sem remédio 
é considerada nula 
e sobre ela — silêncio perpétuo

extinto por lei todo o remorso, 
maldito seja quem olhas pra trás, 
lá pra trás não há nada, 
e nada mais”

(Paulo Leminski)

 

É incrível, tem uma pessoa com a qual eu só dou bola fora! É sempre assim, tudo o que faço tem resultado contrário do que imagino e a coisa só complica para o meu lado. Ela deve me odiar! E com toda razão…

Mas a partir desse instante é vida nova, página virada e o jeito é seguir em frente e deixar ela para trás. Não vai ser fácil! Mas o tempo cura quase tudo, e quando não cura ao menos nos faz esquecer um pouco do que foi ruim, da tristeza que tivemos e que causamos. E sempre aprendemos algo, principalmente com as situações ruins.

Em outros tempos em momentos assim, triste igual me sinto agora, eu largava tudo e mudava de cidade. Mas cansei disso e o jeito é ficar por aqui, onde estou feliz, apesar dos pesares. Vez ou outra vamos nos “esbarrar” por aí e da minha parte com certeza no mínimo ela terá um olá e um sorriso…

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Oscar 2017

Em 2017 serão nove filmes concorrendo ao Oscar de melhor filme. Mais uma vez tive que recorrer à internet para conseguir assistir aos filmes antes da cerimônia do Oscar. Em minha cidade existe apenas um cinema e nele passa somente filmes ruins ou filmes extremamente comerciais e que dão bilheteria fácil. Alguns dos concorrentes a melhor filme com certeza nem vão passar no cinema de minha cidade, igual aconteceu em anos anteriores. E tem filme estreando no Brasil justamente na semana do Oscar, então se não for a internet, não existe outra forma de assistir aos filmes antes da cerimônia de premiação do Oscar.

Diferente dos últimos anos, dessa vez foi fácil conseguir os filmes e vi todos num espaço de cinco dias. Têm alguns filmes muito bons, principalmente os baseados em histórias reais. Tem um musical, que é um estilo que não gosto, mas que norte americano adora e possivelmente o musical será o vencedor de melhor filme do ano. E tem uma ficção cientifica que apesar de gostar da atriz principal, achei o filme horrível.

Os filmes concorrentes, na ordem de minha preferência e torcida:

1° – Até o último homem

História real, que conta sobre um adventista que foi para a Segunda Guerra e que se recusava a usar armas, por questões religiosas. Foi tachado de covarde, sofreu perseguição e maus tratos. No fim provou que um homem não precisa de uma arma para mostrar seu valor. Ele se tornou herói de guerra e salvou muitas vidas. Filme bem feito e emociona em alguns trechos. E me fez relembrar de meus tempos de Exército, principalmente as cenas de treinamento e no alojamento.1

2° – Estrelas além do tempo

Outro filme baseado em fatos reais, que conta sobre mulheres negras que trabalharam na NASA durante o início da corrida espacial. Sofreram preconceito, mas mostraram seu valor e abriram caminho para muitas outras mulheres e negras. É um filme gostoso de assistir e também emociona em alguns momentos. Filme de época muito bem feito e que utiliza muitas imagens reais do passado. E foi bom voltar a ver Kevin Costner atuando em alto nível e num bom filme.

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3° – Lion: Uma jornada para casa

Mais uma história real e que emociona. Um garoto indiano se perde e acaba sendo adotado por um casal australiano. Vinte cinco anos depois ele volta para a Índia à procura de sua família. Filme emocionante e que mostra a vida difícil em um pais altamente populoso e pobre. Fiquei com os olhos cheios de lágrimas em alguns momentos do filme. O ator mirim que faz o papel principal quando criança é muito bom.

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4° – Manchester à beira-mar

Esse filme é um drama onde paralelamente duas histórias são contadas. Um homem tem que voltar a sua cidade após a morte prematura de seu irmão. E quando ele volta sua triste história, seu drama pessoal é revelado. Filme meio longo e lento, mas que vale a pena assistir.

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5° – A qualquer custo

O filme conta a história de dois irmãos que se unem para assaltar bancos no interior dos Estados Unidos. Os assaltos que eles cometem são mais uma forma de protesto contra o sistema. O filme é bom e muito bem feito, vale a pena assistir.

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6° – La la land: Cantando estações

É um musical bem feito e tem um final infeliz no meu ponto de vista. Não gosto de musicais, com exceção de Grease e Mamamia. Acho que se não fosse um musical, mas sim um filme “normal” esse teria sido um filme muito bom. Ele é apontado como favorito a vencer o Oscar de melhor filme, pois norte americano adora um musical.

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7° – Moonlight: Sob a luz do luar

O filme conta a história de um garoto pobre que vive em um subúrbio de Miami. Desde pequeno ele convive com o preconceito, as drogas e a violência. E quando se torna adulto continua convivendo com tais coisas. Não gostei do filme, achei fraco!

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8° – Um limite entre nós

Esse filme parece mais uma peça de teatro do que um filme. E com razão, pois é baseado numa famosa peça de teatro. O filme basicamente mostra um casal conversando dentro e ao redor de uma casa, debatendo sobre questões raciais. O filme me dou sono!

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9° – A chegada

Filme de ficção cientifica baseado em um livro de sucesso mediano. Extraterrestres visitam a terra e tentam se comunicar com os humanos. Uma especialista em línguas é chamada para intermediar o contato. A tal especialista vive um drama pessoal, após perder sua filha. Depois o filme vira uma bagunça, com passado, presente e futuro se misturando. Detestei o filme, pois além de não gostar de ficção cientifica, achei o filme confuso e chato. O que se salva no filme é a atriz principal, Amy Adams, uma de minhas atrizes favoritas.

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Sorrir com os olhos

Hoje estava pensando numa pessoa que conheço e que sabe sorrir com os olhos. Nela isso é espontâneo! Já falei isso a ela uma vez, que ela sorria com os olhos e não sei se ela levou meu comentário a sério. Por curiosidade pesquisei sobre o assunto e até descobri que existem técnicas que ensinam a pessoa a sorrir com os olhos. No caso dessa pessoa que mencionei o sorriso dela com os olhos é espontâneo, ela nasceu com esse “dom”. E o sorriso no olhar dela sempre me encantou…

O domínio do sorriso com os olhos, chamado de “sorriso Duchenne”, é vital para quem quer sorrir da maneira mais sincera possível. A parte complicada em relação ao sorriso com os olhos é que é muito difícil fingi-lo. Quando sorri com os olhos, você realmente está feliz.

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Mais dois anos de The Big Bang Theory

Boa notícia para mim e para os milhões de fãs da série The Big Bang Theory. O site Omelete divulgou que a série deve ser prorrogada por mais dois anos. Atualmente ela está na décima temporada e continua sendo muito engraçada. Antes de The Big Bang Theory (A Teoria do Big Bang) as séries de humor que mais gostei foram Seinfeld e Two and a  Half Men, ambas já encerradas.

Um conselho, nunca assistam The Big Bang Theory dublado, principalmente a versão dublada que o SBT passa, pois a dublagem é mal feita e deturpa totalmente os personagens. Eles parecem ter problemas mentais com aquelas vozes ridículas que os dubladores fazem.

O final de The Big Bang Theory pode não estar tão próximo assim,como diziam os rumores: a comédia da CBS pode ganhar mais duas temporadas, segundo o Deadline.

Negociações entre o estúdio Warner Bros. TV e a emissora estão em andamento para renovar o contrato do elenco principal por mais dois anos. O que atrasa as discussões são os ajustes no salários dos atores, que é de cerca de US$1 milhão para os principais (Johnny Galecki, Jim Parsons, Kaley Cuoco, Simon Helberg e Kunal Nayyar) e US$175 mil para os secundários (Melissa Rauch e Mayim Bialik) – o que joga o preço de produção do seriado para US$10 milhões por capítulo.

Apesar do altíssimo custo, The Big Bang Theory continua sendo o seriado mais assistido da televisão norte-americana, até mesmo batendo de frente com jogos da NFL ao atingir a casa de 20 milhões de espectadores por semana.

O acordo ainda não foi oficializado mas, considerando o sucesso de público, é bem provável que as notícias sobre a renovação sejam anunciadas em breve. No Brasil, The Big Bang Theory é exibida pelo canal pago Warner Channel.

Fonte: Omelete

https://omelete.uol.com.br/series-tv/noticia/the-big-bang-theory-elenco-principal-pode-ter-contrato-renovado-por-mais-dois-anos/

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Assim Morreram os Ricos e Famosos

Estou lendo um livro bastante curioso, que conta sobre a morte de muita gente famosa. Até que é uma leitura gostosa, mesmo o assunto sendo morte. Para aqueles que não tem medo da morte, segue a sugestão de uma leitura calma, rápida e sem dor…

Este livro apresenta uma série de necrológios fascinantes, inacreditáveis e repletos de humor negro, sobre a morte das celebridades. Baseada em uma profunda pesquisa, esta obra de referência única apresenta a verdade nua e crua sobre a morte de uma multidão de famosos, enquanto apresenta os vários feitos, façanhas e trapaças cometidos ou sofridos por eles, desvenda os bastidores dos seus estilos de vida.

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A primeira cerveja em lata

Não sou apreciador de cerveja, ou de qualquer bebida alcoólica. Mas sou colecionador de latinhas. No meu caso latas de Coca-Coca, cuja coleção comecei há 20 anos. Mas esse post é para falar sobre latas de cerveja, pois hoje fazem 82 anos que foi vendida nos Estados Unidos, a primeira cerveja enlatada.

A primeira cerveja em lata foi da marca Krueger Beer. No Brasil a primeira cerveja em lata foi da marca Skol, no ano de 1971. Ou seja, 36 anos após a primeira cerveja em lata norte americana.

No final do século 19, as latas eram fundamentais no acondicionamento e distribuição de alimentos. Mas somente a partir de 1909 que a American Can Company passou a fazer experiências com latas para guardar líquidos. Após muitos testes malsucedidos, a American Can teve de esperar até o fim da Lei Seca nos Estados Unidos, em 1933, para então realizar novos testes com a cerveja em lata. Após dois anos de pesquisas, a American Can desenvolveu uma lata  resistente à pressurização  e com revestimento interno especial que não deixava a cerveja se gaseificar como resultado de uma reação química com o metal.

No início foi muito difícil para os amantes da cerveja aceitar o conceito da bebida enlatada. Mas aos pouco a Krueger superou as fortes resistências e se tornou a primeira cervejaria do mundo  a vender cerveja em lata.

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Krueger´s Beer, a primeira no mundo (1935).
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Skol, a primeira no Brasil (1971).

Túnel do Tempo: os filhotes da passarela

Há exatos sete anos, encontrei em frente ao colégio de padres onde eu trabalhava em Curitiba, uma ninhada de cachorros. Eles tinham nascido debaixo de uma passarela, ao lado da movimentada BR116. Eram seis filhotes e um estava morto, com uma marca funda na testa, que parecia ter sido causada por uma pedrada. A mãe dos cachorrinhos era uma vira-latas arisca e brava. Durante uma semana cuidei da mãe e dos filhotes no local onde os tinha encontrado, mas eles começaram a caminhar e iam até perto da BR, o que era perigoso. Teve um dia que ouvi latidos fortes da cachorra e fui ver o que era. Me deparei com dois caras tacando pedras na cachorra, que tentava proteger os filhotes. Fiquei revoltado com a agressão gratuita aos cachorros e dei uma bronca nos caras. Um deles subiu até o alto da passarela e de lá tacou um tijolo que passou a poucos centímetros de minha cabeça. Fiquei tão bravo com os caras que fui atrás deles, sem me preocupar se ia apanhar ou ia bater. Mas eles foram covardes mais uma vez e correram feito gazelas medrosas. Depois disso achei melhor levar os cachorrinhos para casa. Deu trabalho retirar eles de onde estavam e tive que esperar a mãe deles ir dar uma voltinha, para retirar os filhotes sem ganhar alguma mordida.

Eu morava em frente ao meu trabalho, do outro lado da BR. O problema é que no prédio onde eu morava era proibido ter animais. Conversei com o dono do prédio, com quem eu tinha boa relação e ele me autorizou a ficar com os cachorros durante uma semana, até eu conseguir doá-los. Em casa dei banho neles e matei dezenas de pulgas. A noite o filho do dono do prédio veio ver os cachorros e ficou um tempão brincando com eles. A primeira noite foi um terror e quase não dormi, pois os filhotes choravam o tempo todo. E também por que eu ouvia a mãe deles uivando de longe, em frente a passarela a procura de seus filhotes.

No dia seguinte o filho do dono do prédio veio fazer uma visita aos cachorrinhos e trouxe sua namorada, que era voluntária em uma Ong que cuidava de animais de rua. Ela trouxe cobertinha e comida para eles. Daí tirou fotos para anunciar a doação na internet. A segunda noite não foi muito diferente da primeira, e os filhotes choraram muito. Como eu precisava dormir, dissolvi no leite deles um comprimido de um remédio para dormir. Todos nós dormimos muito bem nessa noite! Mas ao acordar vi que eles estavam dormindo ainda e por um momento achei que os tinha matado com o remédio. Felizmente foi apenas um susto!

Fui trabalhar e deixei eles trancados no banheiro, para amenizar o barulho que faziam e que não incomodasse os demais moradores do prédio. Quando voltei para casa na hora do almoço, uma vizinha do andar de baixo me chamou e perguntou se eu estava com cachorrinhos. Contei toda a história a ela achando que ela ia reclamar do barulho e para minha surpresa ela se ofereceu para cuidar dos filhotes na minha ausência, pois estava de férias. Nesse mesmo dia no final da tarde, a mãe dos filhotes mostrou ser muita esperta e descobriu onde eu estava. Ela entrou no colégio e se enfiou debaixo de uma escada em frente à janela de minha sala de trabalho. Para todos que passavam perto ela avançava. O padre diretor do colégio na época, que não era muito cristão com relação a animais, queria pegar um pedaço de pau e matar a cachorra. Fui me intrometer para defender a cachorra e por pouco não perdi o emprego ou taquei o pedaço de pau na cabeça do padre. Ele me deu uma hora para sumir com a cachorra, senão matava ela… Liguei para um veterinário e foram buscar a cachorra. Foi preciso sedá-la para conseguir pegá-la e levar para internar. Nessa de tentar pegar a cachorra, ganhei uma bela mordida. No fundo acho que o padre é que merecia tal mordia…

A cachorra ficou duas semanas internada, pois estava muito doente. Nesse período ela foi castrada e tratada, tendo ganho alguns quilos. Quem pagou a conta sozinho fui eu, mas fazer o que? A vizinha e o marido cuidaram muito bem dos cachorrinhos enquanto eu ficava fora de casa. Até remédio e comida compraram para eles. Consegui doar uma fêmea através de um anúncio na internet. Os demais consegui doar no final de semana durante uma feira de filhotes. Teve um deles que teve até lista de espera, pois três pessoas queriam ficar com ele. Fiquei muito contente em ter conseguido um lar para todos eles.

Agora tinha que cuidar da mãe dos cachorrinhos, pois com relação a ela eu me sentia meio em dívida, por ter tirado os filhotes dela. Infelizmente nesse período fiquei doente, tive mais alguns problemas pessoais e tudo isso virou minha vida de ponta cabeça meio que de um dia para o outro. Estes acontecimentos somados fizeram eu sair de Curitiba meses depois, para não mais voltar a morar lá. A mãe dos filhotes não conseguia conviver com humanos e o jeito foi soltá-la na rua. Eu mal estava conseguindo cuidar de mim, então não podia cuidar de um cachorro. Quando a soltei em um bairro calmo da vizinha cidade de São José dos Pinhais, ela estava castrada, gorda e saudável. Dessa forma seria mais fácil ela sobreviver nas ruas, pois era o ambiente em que ela estava acostumada.

Os cachorrinhos não vi mais e nem tive notícias. Ás vezes me pergunto se algum deles ainda está vivo e se tiveram uma vida boa. Acredito que sim, pois no dia da doação na feirinha de animais, conversei bastante com as pessoas que estavam adotando eles e todos me pareceram gostar de animais e serem pessoas de bem. A mãe dos cachorrinhos vi uma única vez cerca de dois meses depois que a soltei na rua. Eu estava saindo do aeroporto e a vi num canteiro em uma avenida próxima. Ela parecia bem! Acredito que não esteja mais viva, pois é muito difícil um cachorro viver sete anos nas ruas de uma movimentada cidade. Mas com certeza teria sido muito mais difícil para ela sobreviver na rua com os cinco filhotes.

E com relação ao padre que queria matar a cachorra, não sei por onde anda e nem tenho interesse em saber…

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Os filhotes quando os encontrei. Cinco vivos e um morto.
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O Hiro brincando com os dog’s, na noite que os recolhi da rua.
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A vizinha que ajudou a cuidar dos cachorrinhos.
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Cachorros felizes…
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Cuidando da cachorrada. (janeiro/2010).

Sem calças no metrô

Ontem centenas de nova-iorquinos desafiaram o frio e viajaram de metrô sem calças. Andar sem calças foi parte do evento anual No Pants Subway Ride, realizado todo mês de janeiro em algumas cidades do mundo. O objeto do evento não é ofender ninguém, mas fazer os outros se divertirem. É uma celebração do absurdo, afirmou o fundador do Evento, Charlie Todd.

A maioria dos participantes se reuniu ao longo da tarde em diferentes pontos de encontro e receberam instruções para se dispersar em pequenos grupos pelas estações de metrô da cidade e tirar as calças para realizar o trajeto com roupa de baixo. Os organizadores pediram aos participantes para agir com normalidade, como se não se conhecessem

O No Pants Subway Ride é organizado pela plataforma de comediantes Improv Everywhere, tendo acontecido pela primeira vez em 2002, em Nova York e se espalhou aos poucos para outras cidades como Washington, Milão, Praga, Berlim e Londres.

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Filmes que assisti em 2016

Em 2016 assisti 136 filmes, superando a marca de 2015 que foi de 123 filmes. Não assisti mais filmes em razão de ter dedicado um grande tempo a assistir algumas séries. Abaixo segue a lista dos quatro filmes que mais gostei e dos dois que menos gostei. Mais uma vez vi poucos filmes no cinema, pois no único cinema existente em minha cidade só passa filmes ruins ou de gêneros que não gosto muito. Passam basicamente filmes de heróis e desenhos animados.

Os dois piores filmes que assisti em 2016, um deles foi dos poucos que assisti no cinema. É um filme com George Clooney, muito chato e de dar sono. A partir da metade do ano, quando achava um filme ruim ou muito chato eu desistia de ir até o final e parava de assistir ao filme antes da metade. Estes filmes que não vi até o final não entraram nas estatísticas dos filmes que assisti no ano. Então na lista dos piores estão filmes que consegui ver até o final, mesmo sendo ruins.

Melhores filmes que assisti em 2016:

1° – Como eu era antes de você

2° – McFarland USA

3 °- A Incrível História de Adaline

4° – O Quarto de Jack

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Piores filmes que assisti em 2016:

1° – Ave, César!

2° – Pop Star Sem Parar Sem Limites

Ps: Não levei em consideração para a lista de melhores e piores de 2016, os filmes que já tinha assistido no passado e que assisti novamente em 2016. Nesse caso se enquadra Mensagem para Você e Compramos um Zoológico. Eles entram na soma dos 136 filmes que assisti, mas não concorreram para os melhores e piores do ano.

Que venha 2017!

O último dia de 2016 era para ter sido o último dia desse blog. Já tinha escrito um texto de despedida e o mesmo estava programado para ser publicado na manhã de 31 de dezembro. As razões para terminar com o blog eram duas; a falta de motivação para escrever e a falta de espaço livre e gratuito no WordPress. Eu teria que pagar para continuar com o blog e não estava disposto a isso. No último ano já tinha pago para manter o blog e inclusive tinha conseguido um patrocinador que financiou a manutenção do blog durante um ano. Mesmo não tendo retorno, o patrocinador queria pagar o WordPress por mais um ano, mas não aceitei, pois não seria justo pagar e não ter retorno. No fim das contas, em razão de ter pago durante um ano, o WordPress foi bonzinho e liberou espaço gratuito para mais um ano, apenas não posso publicar vídeos. E somado ao fato de que estava com um aperto no coração por parar com o blog, mesmo estando desmotivado com ele, resolvi prosseguir por mais um ano e ver o que acontece.

Esse blog é uma mistura de tudo e meio que um filho querido. Através dele conheci muitas pessoas legais, troquei experiências, fiz muitas amizades e fui surpreendido de forma positiva muitas vezes. No seu auge o número de visitas mensais era de quase 18 mil. Atualmente o número de visitas fica entre cinco e seis mil visitas por mês. O que não é um número desprezível para um blog que iniciou sem nenhuma pretensão e seria somente um hobby para que principalmente os amigos acessassem. Esse hobby cresceu e atingiu marcas que realmente nunca esperei.

Essa brincadeira se tornou seria e postagens feitas no blog já foram citadas em revistas, jornais, artigos e sites no Brasil e no exterior. Mais de uma vez ele serviu para auxiliar estudantes e foi citado em trabalhos de pós graduação, mestrado e doutorado. Mesmo não sendo vaidoso, isso me envaidece um pouco, pois jamais esperei que algo tão amador e despretensioso, muitas vezes contendo erros de gramática, pudesse servir para auxiliar estudantes. E entre muitas alegrias que o blog me deu, a principal foi de certa forma ter salvo uma vida. Alguns anos atrás uma jovem entrou em contato comigo através do blog. Ela sofria de depressão e eu tinha acabado de vencer um caso de depressão, onde o blog serviu como local de desabafo. Os textos que publiquei nessa época contando sobre meu problema e como eu estava vencendo tal problema, serviram de terapia para essa jovem e ela decidiu procurar ajuda. Depois de um tempo ela me confessou que no dia que descobriu o blog e começou ler minhas postagens sobre depressão, ela estava decidida a se suicidar. Mas lendo meus textos ela viu que depressão tinha cura e foi procurar ajuda médica. Só por isso acho que foi valido ter criado e mantido esse blog até agora. A maioria dos textos sobre minha fase depressiva não estão mais no blog, pois tais postagens expunham demais minha vida, meus sentimentos e resolvi excluir muita coisa desse período que chamo de “fase negra” do blog.

Tem outros casos que me deixaram surpreso e feliz com o blog. Um deles foi quando um Doutor em Letras leu alguns textos do blog quando procurava informações sobre viagem e comentou com uma amiga que tinha gostado de tal blog e da maneira como o blogueiro escrevia. Ele não sabia que sua amiga também era minha amiga e ela me contou sobre o que ele falou. Fiquei muito lisonjeado com os elogios. Outro caso interessante foi durante uma caminhada que participei ano passado e durante uma visita a um pequeno museu, um amigo veio me falar que tinha um rapaz que queria me conhecer. Fui conversar com o tal rapaz e descobri que ele era leitor do blog há muito tempo e que tinha me reconhecido. Foi gratificante ser reconhecido e poder conversar com o tal rapaz e saber o que ele achava e gostava no blog. E por último vale citar um caso recente, onde uma pessoa assinou a opção de seguir o blog e receber por e-mail todas as novas postagens. Por curiosidade fui olhar o perfil de tal pessoa e me espantei quando vi como era rico e longo o currículo desse novo seguidor. Entre muitas coisas essa pessoa é jornalista com longa experiência e professor de jornalismo.

Por tudo isso é que vou continuar com o blog pelo menos por mais um ano. Vou procurar postar coisas boas e interessantes, bem como contar minhas experiências, pois isso também é uma marca desse blog. Uma das principais fontes de postagem no blog sempre foram minhas viagens, mas que ultimamente andam escassas, pois por culpa do trabalho e falta de tempo tenho viajado pouco. Então se sinta convidado para nos acompanhar por mais um ano e sempre que possível comente os textos publicados e me escreva contando o que achou ou dando sugestões.

Feliz 2017!

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O presente perdido

Essa semana estava arrumando algumas coisas, separando outras e jogando muita coisa fora, quando comecei a mexer em uma caixa com centenas de cartas antigas. Muitas dessas cartas acabei jogando fora, pois a maioria tinha mais de 20 anos e tinha muita gente que me escreveu que eu nem lembrava mais quem era. Tinham cartas escritas até por pessoas que já estão mortas.

E mexendo nessas cartas encontrei algumas de uma amiga argentina, datadas de 1995. E ao pegar uma das cartas, me chamou a atenção o volume dentro do envelope. Ao olhar no envelope descobri um pequeno pacotinho e dentro um crucifixo, que ela me enviou de presente em meu aniversário de 25 anos. No pacotinho ela escreveu 26 anos, pois se enganou! Isso foi há 21 anos e tal presente ficou perdido e esquecido todo esse tempo. Talvez na época essa guria tenha estranhado eu não ter agradecido o presente. Hoje ela nem deve mais se lembrar de que me enviou algo um dia e eu não agradeci. Vou guardar o presente de lembrança, bem como o bilhetinho. Essa foi mais uma de minhas costumeiras bolas foras…

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Thomas

Está completando um ano que meu irmão trouxe para casa um gatinho todo sujo e cheio de pulgas, que ele encontrou em um restaurante. A ideia inicial era doar o gatinho, mas ele acabou ficando e hoje faz parte da família. O pequeno Thomas Bruno cresceu e se tornou um gato lindo, gordo, enjoado e muito folgado. Hoje ele nem de longe lembra aquele gatinho que chegou em casa com 31 pulgas. E durante esse um ano de convivência ele nos trouxe muita alegria e um grande susto, quando caiu de uma janela do terceiro andar e quase morreu.

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No hospital veterinário na noite em que caiu do terceiro andar.

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Mil e Thomas, bons amigos.
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Thomas e Juju, bons companheiros.

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Livro: Estrada Real

Acabo de publicar mais um livro, dessa vez contando sobre minha viagem pela Estrada Real, no último mês de abril. O livro tem 202 páginas e sua versão online (e-book) está à venda no site da livraria Amazon. Já a versão impressa pode ser comprada no site do Clube de Autores.

O livro contém o relato de uma viagem de bicicleta pelo Caminho Velho da Estrada Real. A viagem durou dez dias e o autor conta detalhadamente o dia a dia da viagem, com as emoções, perrengues e perigos. Também conta curiosidades sobre os lugares por onde passou e fala sobre a história de muitos desses lugares. Foram pouco mais de 600 quilômetros de pedal entre as cidades de Ouro Preto, em Minas Gerais e Paraty, no Rio de Janeiro.

www.clubedeautores.com.br

Número de páginas: 202

Edição: 1(2016)

Formato: A5 148×210

Coloração: Preto e branco

Acabamento: Brochura c/ orelha

Tipo de papel: Offset 90g

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Downton Abbey

Eu adoro séries de TV e sempre estou à procura de novas séries, já que muitas de que gostava foram encerradas. E nessa procura, recentemente descobri uma série de época chamada Downton Abbey. Gosto de séries de época e essa série em questão foi desenvolvida por um escritor de roteiros, a partir de um filme que ele tinha escrito antes. O filme é Gosford Park, o qual assisti em maio de 2002 dentro de um avião, quando voltava de minha primeira viagem aos Estados Unidos. Já tinha ouvido falar da série antes, mas por falta de tempo e de ter outras séries para assistir, somente esse mês é que me dediquei a assistir os primeiros capítulos da primeira temporada de Downton Abbey. Gostei do que vi e pretendo assistir a todas temporadas que foram gravadas.

A série teve ao todo seis temporadas, que foram transmitidas entre 2010 e 2015. E outra coisa que gosto é assistir séries completas na sequência. Então poderei me divertir com os 47 episódios de Downton Abbey. O problema vai ser achar tempo, mas acabo dando um jeito de assistir, tipo dormir menos…

Downton Abbey é uma série de televisão britânica. A série se passa em sua maior parte em uma propriedade fictícia, localizada em Yorkshire, chamada Downton Abbey e segue os Crawley, uma família aristocrática inglesa, e os seus criados, no início do século XX, a partir de 1912. Ela estreou em 26 de setembro de 2010 e começou a ser exibida no Brasil pela Globosat HD em maio de 2012. Sua audiência foi considerada alta para uma série de época e recebeu diversos prêmios e indicações desde a sua primeira temporada. Tornou-se a série de época britânica de maior sucesso desde 1981, e entrou no Livro Guinnes dos Recordes de 2011, como o “programa de televisão em língua inglesa mais aclamado pela crítica” do ano, no qual também recebeu o título de melhor minissérie no Emmy. Em 2012, venceu na categoria melhor minissérie ou filme para televisão no Globo de Ouro. 

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Uma história com final feliz!

No último dia 03/09, eu e meu irmão fomos ao Hospital Santa Casa de Campo Mourão – Pr, para liberar o corpo de minha avó materna, que tinha acabado de falecer. Ao chegarmos no hospital, vi uma cachorra doente e muito magra, que mal parava em pé de tão fraca que estava. Mesmo em um momento de sofrimento não consegui deixar de ficar triste com o estado em que ela se encontrava. Teve um momento em que ela foi até a porta da recepção e ficou me olhando. Com receio de que alguém fizesse mal a ela, a levei até a saída do hospital. No caminho ela caiu algumas vezes por culpa da fraqueza.

Num primeiro momento consegui ajuda de duas pessoas e demos água e um pouco de comida a ela. Depois entrei em contato com uma amiga que faz parte da PAIS, uma associação que cuida de animais abandonados. Mandei fotos da cachorra e eles conseguiram ir resgatá-la. Nem sempre a associação consegue fazer resgates, pois sobra animais precisando de ajuda e sobra falta de espaço, de pessoal e de dinheiro. Mas na medida do possível e com ajuda e doação de voluntários a associação vai sobrevivendo.

A Pit, a cachorra resgatada estava muito mal e precisou passar por uma cirurgia onde quase morreu. Não sabemos se ela fugiu ou foi abandonada pelo antigo dono em razão de estar doente. Depois de muita luta a Pit conseguiu se recuperar. Foi feito uma vaquinha para pagar parte das custas médicas. Acompanhei de longe a luta dela pela vida e gostaria muito de ter ficado com ela, mas não posso em razão de falta de espaço e de já ter animais que também foram resgatados da rua. E essa semana a Pit teve um final feliz, pois foi adotada e agora vai ter um lar e carinho. Espero que ela seja muito feliz no novo lar, que seja bem tratada e que faça feliz quem a está adotando…

Seria bom se toda história ruim tivesse um final feliz igual a esse. Sei que isso é impossível, mas se cada um puder ajudar um pouco um animal ou um ser humano abandonado, teremos mais finais felizes iguais ao que a Pit teve.

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O estado lastimável em que a Pit estava na primeira vez que a vi.
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Pit sendo resgatada pela Elvira, da PAIS.
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Pit toda feliz, no dia em que foi adotada.

As Camas da Estrada Real

Há uns cinco anos, minha amiga Stella Maris Ludwig que é professora de artes e fotógrafa, me falou sobre fotos temáticas. E deu a sugestão de por exemplo eu fotografar todas as camas em que dormisse durante um ano. E no início da viagem de bike pela Estrada Real, me lembrei da sugestão de minha amiga e fotografei todas as camas nas quais dormi durante a viagem.

Teve cama grande, pequena, confortável, dura, funda no meio e barulhenta. Mas em comum é que todas eram limpas! E após quilômetros de pedal debaixo de sol, o importante no final do dia era ter uma cama para deitar e descansar o corpo dolorido. Seguem as fotos das camas em que dormi durante minha viagem pelo Caminho Velho da Estrada Real. Somente em Paraty, no final da viagem é que dormi duas noites na mesma cama. Nas demais camas passei somente uma única noite.

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Belo Horizonte – MG
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Ouro Preto – MG
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Conselheiro Lafaiete – MG
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Casa Grande – MG
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Tiradentes – MG
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São João del Rei – MG
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Carrancas – MG
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Cruzília – MG
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Caxambu – MG
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Passa Quatro – MG
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Aparecida – SP
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Paraty – RJ

Estrada Real – 10° Dia

Aparecida/Cunha/Paraty

(Resumo)

Mesmo com metas bem definidas e difíceis, já dei bobeira logo no início. Eu deveria ter acordado mais cedo, tipo umas seis horas e iniciado a viagem antes das sete da manhã. Eu já tinha feito isso antes em dias de trechos difíceis. Acontece que eu estava excessivamente confiante, me sentia bem fisicamente e estava empolgado em terminar logo a viagem. Nisso acabei menosprezando um pouco o trecho que teria para percorrer nesse último dia. Para completar, a soma de atrasos que tive durante o dia, fizeram meu planejamento inicial ruir.

Vi muitos ciclistas vindo em sentido contrário descendo a serra, a maioria de bicicleta speed. Pelo jeito o pessoal costuma acordar cedo para pedalar, ainda mais sendo sábado. Muitos desses ciclistas ao me verem acenavam ou gritavam um olá. Eu acenava de volta e respondia os cumprimentos também. Perto das 11h00min eu já tinha percorrido 22 quilômetros desde minha saída de Aparecida. E os últimos 10 quilômetros tinham sido quase todos em subida. E finalmente cheguei numa das subidas mais difíceis da viagem. Seriam seis quilômetros de uma subida forte, praticamente escalando um morro. Por mais que estivesse preparado fisicamente e psicologicamente para encarar tal subida, a dificuldade me surpreendeu. Foi mais difícil do que eu imaginava e em muitos trechos tive que empurrar a bike, fazendo bastante força. O peso do alforje parecia que tinha dobrado. E o sol estava forte demais, aumentando meu desgaste físico. Acabei ficando sem água e empurrar a bike morro acima com a boca seca não foi nada agradável. E para piorar eu tinha que ficar atravessando de um lado para outro da estrada, toda vez que chegava numa curva. Era mais seguro seguir na contramão nas curvas, pois eu podia ver os carros vindo de frente e me espremia no canto da estrada. Em boa parte desse trecho de subida, praticamente não existia acostamento para eu seguir em segurança.

Vencida uma longa descida que serviu para eu descansar enquanto seguia no embalo, parei em um bar na beira da estrada para lanchar. Comi dois pastéis e bebi um litro de Guaranita. Esse foi o último lugar onde encontrei o saboroso refrigerante. Descansei dez minutos e voltei para a estrada, pois estrava bastante atrasado e não podia perder mais tempo. Estava me sentindo muito cansado e não tinha mais vontade nem de tirar fotos. Esse foi o dia em que tirei menos fotos em toda a viagem. Levei uma hora para percorrer 15 quilômetros alternando subidas e descidas medianas, até que cheguei no trevo de entrada da cidade de Cunha. Tinha um posto de informações turísticas logo na entrada da cidade. Fui até ele na esperança de conseguir o carimbo para o passaporte da Estrada Real. Para ganhar o certificado de conclusão da Estrada Real, são necessários 14 carimbos, incluído o último, que no meu caso seria o de Paraty. Eu estava com 12 carimbos e precisava carimbar meu passaporte em Cunha de qualquer jeito. Falando com a moça do posto de informações, descobri que o carimbo ficava em outro posto de informações, localizado no centro da cidade. Tive que entrar na cidade e após percorrer algumas ruas, precisei empurrar a bike numa ladeira monstruosa até chegar na praça central. Lá perguntei para meio mundo e ninguém sabia onde era a rua em que ficava o posto de informações turísticas. E para piorar existiam poucas placas informando o nome das ruas. Estava acontecendo uma festa na cidade, e tinham turistas por todo canto. Perdi meia hora para cima e para baixo, até encontrar o posto de informações. Para meu azar ele estava fechado para almoço e só abriria dali 15 minutos. E para piorar ainda mais, a funcionária atrasou 20 minutos para chegar e abrir o tal posto de informações turísticas. Ela estava substituindo a funcionária do posto e não sabia onde guardavam o carimbo. Ela teve que ligar para a funcionária que estava de férias para então saber o que fazer. Minha paciência estava no limite e fiquei me segurando para não ser rude ou mal educado. Finalmente consegui o 13° carimbo no passaporte. Só que nessa brincadeira de ter que entrar no centro da cidade, de procurar o local para carimbar o passaporte e mais os atrasos da funcionária do posto, me fizeram perder uma hora do meu precioso tempo. E essa uma hora iria fazer muita falta depois.

Por culpa do esforço físico demasiado e do forte calor, logo fiquei sem água. Felizmente encontrei uma lanchonete numa região muito bela. Parei comprar água e dei azar de ter pela frente uma atendente enrolada, que demorou um século para trazer minha água e depois para trazer meu troco. Na saída da lanchonete um rapaz que estava entrando puxou conversa. Ele disse que era ciclista e que um dia queria ter coragem para fazer uma viagem igual à que eu estava fazendo. Quando soube que eu pretendia dormir em Paraty, ele disse que eu não ia conseguir chegar lá antes de escurecer. Me aconselhou a dar meia voltar e dormir em Cunha, 15 quilômetros de onde estávamos. A mãe dele estava perto e ao ouvir nossa conversa se aproximou e me disse que era muito arriscado passar pela serra no escuro, pois tinha o risco de assaltos. Todo mundo me falava isso e eu teimoso não dava bola e só queria seguir em frente. Não sei se isso é excesso de fé, excesso de coragem, ou excesso de burrice. Não alonguei a conversa, me despedi e voltei para a estrada. O trecho seguinte foi muito difícil, e em alguns momentos tive que descer da bike e empurrar, de tão inclinada que a estrada era. Em uma curva acabei passando por um acidente que tinha acontecido há pouco tempo. Um carro que descia a serra velozmente acabou se perdendo na curva e bateu de frente com um carro que subia. O choque foi feio, mas felizmente ninguém se feriu. Com os dois carros parados no meio da pista, a mesma ficou bloqueada. E tinha risco de incêndio, pois vazou combustível de ambos os carros no asfalto quente. Passei rapidinho pelo canto da pista e tomando cuidado com o combustível que formava uma pequena enxurrada. Depois de me distanciar do acidente, olhei para o céu e agradeci por não estar passando por ali na hora do acidente, pois fatalmente seria atingido pelos carros. Pelos meus cálculos o que me livrou de estar no local do acidente no momento em que os carros bateram, foi ter parado conversar com o rapaz na lanchonete quando parei comprar água.

Passaram cinco rapazes de moto por mim. Eles estavam em três motos e ficaram me olhando de um jeito estranho. Senti muito medo e achei que seria assaltado. Parei num canto da estrada e esperei que o casal de ciclistas passasse por mim e seguissem na frente. Esperei 15 minutos e voltei a pedalar. Como estava em um ritmo mais forte do que o casal de ciclistas, achei que antes de chegar em Paraty passaria por eles novamente. Mas não vi mais o tal casal. E o motivo foi que minha bike quebrou faltando oito quilômetros para chegar na cidade. Dessa vez a corrente se rompeu e nada podia ser feito para resolver o problema. O jeito foi empurrar a bike até Paraty.

Foi um pouco tenso empurrar a bike no escuro, mas felizmente logo cheguei em ruas iluminadas e um pouco movimentadas. No fim das contas não tive nenhum problema com relação a assaltos. Não sei se por sorte, destino ou proteção divina. Dei uma olhada no guia e com o mapa da cidade em mãos não foi difícil encontrar o Hostel Paraty, local onde eu ficaria nos dias que permaneceria na cidade. Tinha feito a reserva pela internet, atraído pelo preço baixo e pela boa localização. O hostel ficava próximo ao Centro Histórico, que é o point local. O bairro era meio estranho e sujo, e depois ouvi dizer que era perigoso. Mas não tive nenhum problema.

Encontrei o hostel e parei em frente ao seu portão. Eu estava sujo e meu fedor naquele momento era extraordinário. Precisava urgentemente de um banho, pois nem eu estava aguentado meu próprio cheiro. Apertei a campainha, me identifiquei e abriram a porta. O hostel funcionavam em um sobrado, com uns puxadinhos ao lado. Deixei a bike encostada num canto nos fundos e subi até a recepção. Fui atendido por um rapaz com sotaque hispano. Ele me explicou rapidamente o funcionamento do lugar e me levou até o meu quarto. Era um quarto coletivo, com três beliches.

Como todos tinham saído, fiquei sozinho no quarto ouvindo o barulho do ar condicionado poucos centímetros acima de minha cabeça. E até o sono chegar fiquei pensando e remoendo os problemas que tinha tido nesse último dia de viagem. Era para ter terminado a viagem durante o dia à beira bar, onde eu tiraria a foto final da cicloviagem. Terminar a viagem no escuro e empurrando a bike, foi bastante frustrante, principalmente por culpa dos erros de estratégia que tinha cometido durante o dia. E somado a isso os atrasos e as quebras fizeram ruir meu planejamento. Mas esse final meio melancólico não tirava o brilho da viagem num todo, pois pedalar 600 e poucos quilômetros pelos lugares em que passei, não é uma tarefa para qualquer um. E as viagens por mais que sejam planejadas, sempre existem imprevistos que fogem ao nosso controle e a nossa vontade. Então eu podia ficar chateado e frustrado por um tempo, mas logo isso ia passar e eu me sentiria um vitorioso por ter conseguido finalizar a viagem tão esperado pelo Caminho Velho da Estrada Real. E foi em meio a tais pensamentos que peguei no sono e dormi profundamente.

*Para ler o relato completo sobre esse dia de viagem, ou sobre toda a viagem pela Estrada Real, adquira o livro “Estrada Real Caminho Velho”, autor Vander Dissenha.

À venda a partir de 01/11/2016 

Versão em e-book: Amazon 

Versão impressa: Clube de Autores

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Estrada Real – 9° Dia

Passa Quatro/Lorena/Guaratinguetá/Aparecida

(Resumo)

Segui cinco quilômetros por dentro da cidade, por uma rua ao lado do trilho do trem. Depois entrei na rodovia e de cara enfrentei uma longa subida. O sol estava forte e o dia bonito. Pedalei por mais algumas subidas, atravessando uma pequena serra. A paisagem era muito bonita e isso ajudava no esforço de pedalar forte para vencer as subidas em sequência. E como na maior parte das estradas mineiras, não tinha acostamento. Eu seguia pelo canto da pista e em algumas curvas tive que seguir por dentro da canaleta existente em alguns trechos, quase sempre nas curvas. O trânsito não era muito intenso, e não corri grandes riscos. Levei pouco mais de uma hora para vencer a serra e suas subidas. Parei em um posto de gasolina na beira da estrada e bebi uma Guaranita estupidamente gelada. Esse refrigerante estava virando o meu novo vício!

Voltei a pedalar e após algumas retas e subidas, cheguei na divisa dos Estados de Minas Gerais e São Paulo. Ao lado da estrada tinha um monumento em homenagem aos mortos em uma batalha da Revolução de 1932, que tinha ocorrido ali perto. Tirei algumas fotos do monumento e depois empurrei a bicicleta alguns metros até a placa que indicava a divisa dos dois Estados. Fiz algumas fotos em frente a placa e em um marco da Estrada Real que ficava perto da placa. Me despedi de Minas Gerais e empurrei a bicicleta até um monumento existente do outro lado da estrada, já no Estado de São Paulo.  Esse monumento também era em homenagem a Revolução de 1932. E nele tinha uma imagem enorme de Nossa Senhora Aparecida. No local existia um mirante de onde era possível ver muitos quilômetros ao longe. A vista era bonita!

Descansei um pouco, bebi água quente de minha garrafa e segui viagem. O pedal ficaria mais fácil, pois seria descida serra abaixo e no lado paulista a estrada tinha acostamento. E bem conservado por sinal! Seriam aproximadamente 14 quilômetros de descidas e muitas curvas. Desci pelo acostamento, tomando cuidado e com a mão no freio, até pegar o jeito da descida e das curvas e me sentir seguro para correr um pouco mais. Por segurança resolvi seguir pelo acostamento, pouco atrás de um caminhão carregado que descia a serra. Depois de alguns quilômetros cansei do barulho do caminhão e resolvi ultrapassa-lo. Foram muitos quilômetros divertidos em alta velocidade serra abaixo. Quando não ouvia o barulho de veículos, eu seguia pela estrada. Seguia com a cabeça um pouco virada, para poder ouvir melhor o ruído de veículos vindo por trás de mim. As mãos começaram a doer de tanto apertar os freios. Mesmo freando eu seguia veloz serra abaixo e nas curvas tinha que frear ainda mais forte. O peso do alforje traseiro tira a estabilidade da bike na descida e todo cuidado era necessário para não cair. Em uma curva muito fechada tomei um susto ao ver um carroceiro seguindo pelo acostamento a minha frente. Quase bati na traseira da carroça, pois o mato ao lado da estrada estava alto e atrapalhava a visão.  Fiquei com receio de algum carro bater na carroça e fiquei parado no acostamento sinalizando para os carros que vinham para que diminuíssem a velocidade. Depois de alguns minutos voltei a pedalar e não demorei para ultrapassar o carroceiro, que parecia ter tomado umas a mais. Cheguei muito rápido ao final da serra e durante a viagem esse foi o trecho onde obtive a maior velocidade média.

Vencida a serra passei a andar por longas retas. O acostamento era lisinho e segui num ritmo forte e constante. Passei por um rio de água cristalina, mas não senti vontade de ir até a água. Continuei pedalando forte e fui parado por duas cariocas em um carro, que queriam informação. Como eu não era dali não pude ajudá-las e cada um seguiu seu caminho. Mais alguns quilômetros e parei para um rápido descanso na beira da estrada. Olhei para trás e ao longe podia ver os morros da serra que tinha descido cerca de uma hora antes. Eram lindos e assustadores. Penso que os ciclistas que fazem o Caminho Velho no sentido contrário ao meu, seguindo de Paraty para Ouro Preto, devem se sentir intimidados quando enxergam ao longe a serra que vão ter que transpor.

Cheguei na cidade de Cachoeira Paulista e atravessei parte da cidade até parar em uma padaria. Ali almocei pão de queijo e Guaranita. Comprei uma garrafa grande de água mineral gelada e segui viagem. Terminei de atravessar a cidade e na saída parei pedir informação sobre o caminho para Lorena, meu próximo destino. Me ensinaram um caminho mais seguro, onde existia um longo trecho com ciclovia ao lado da estrada. Segui pedalando forte, pois o trecho era quase todo de retas e pequenas descidas. Logo cheguei na ciclovia, que era pintada de vermelho e bem sinalizada. Parei tomar água, que ainda estava gelada e segui em frente. Entre Cachoeira Paulista e Lorena foram 14 quilômetros de um pedal meio monótono, mas que rendeu bem. Ao lado da estrada via muitas casas e empresas.

Levei uma hora para percorrer o trecho entre Lorena e Guaratinguetá. A estrada era boa, a ciclovia era segura, bem sinalizada e sem buracos. E quase todo o trecho era de retas e descidas. Só teve uma subida mais puxada. E em muitas partes tinha sombra, o que ajudou a refrescar do sol escaldante. Só passei um perrengue quando um cara mal encarado começou a pedalar colado em mim. Diminuí a velocidade para deixar ele passar e ele diminuiu também. Daí quando eu aumentava a velocidade ele também aumentava. Andamos alguns quilômetros assim, até que reuni minhas últimas forças e pedalei bem forte. Ele não aguentou o ritmo e ficou para trás. Cheguei em Guaratinguetá esbaforido, mas inteiro e ainda disposto. Já tinha pedalado 72 quilômetros e faltavam mais 10 quilômetros para eu encerrar a dia de pedal. Estes 10 quilômetros seriam um desvio fora do Caminho Velho da Estrada Real. Eu seguiria até a cidade de Aparecida e lá passaria a noite em algum hotel.

Muitos romeiros chamam a cidade de “Aparecida” pelo nome de “Aparecida do Norte”. É comum ainda verificarmos em algumas publicações, referências à cidade com a expressão “do Norte”. Segundo a escritora Zilda Ribeiro, em seu livro “História de Nossa Senhora da Conceição Aparecida e de seus escolhidos”, durante muito tempo o povo nomeou a terra da Padroeira como Aparecida, seu verdadeiro nome. Mais tarde passaram a chamá-la de “Capela de Aparecida”.  Com a inauguração da estrada de ferro, os devotos passaram a viajar de trem. E embarcavam na Estação do Norte, em São Paulo. E diziam que seu destino era Aparecida da Estação do Norte. Com o passar dos anos, por um processo linguístico coletivo, chamado braquilogia, eliminaram a palavra “Estação” restando Aparecida do Norte. Ainda hoje, muitos anos depois, passeando pelos corredores do Santuário Nacional ou pelas ruas da cidade de Aparecida, ouvimos romeiros chamarem a cidade por “Aparecida do Norte”, sendo o verdadeiro nome da cidade Aparecida, sem o do Norte.

Não foi difícil encontrar o caminho para Aparecida. Era uma larga avenida, onde em boa parte dela existia uma ciclovia pintada de vermelho. Infelizmente algumas vezes eu tinha que sair da ciclovia, pois tinham carros estacionados nela. Teve até carro de polícia parado em cima da ciclovia, obrigando os ciclistas a pararem e descerem até a avenida para então poderem seguir em frente. Fazer o que? Pessoas mal educadas e que não respeitam a Lei existem em todos os lugares e em todas as profissões. Pouco depois das 16h30min cheguei em Aparecida e ao longe conseguia ver uma parte do Santuário de Nossa Senhora Aparecida. Aparecida era a primeira e única cidade da viagem pela Estrada Real, onde eu já tinha estado antes. Em 2011 minha viagem de bike pelo Caminho da Fé acabou em Aparecida. E em 2010 eu tinha visitado pela primeira vez a cidade, quando seguia de carro de São Paulo para o Rio de Janeiro, junto com uma namorada paulistana que eu tinha na época. Era bom voltar ali, mesmo não sendo um católico praticante ou devoto de Nossa Senhora Aparecida. E as duas visitas anteriores me fizeram bem. Visitar a Basílica de Nossa Senhora Aparecida e ver a imagem da Santa, foi uma experiência de paz. Nas duas visitas anteriores me emocionei e não consegui segurar as lágrimas.

Em poucos minutos entrei pedalando na enorme área de estacionamento do Santuário. Minha terceira vez ali, e a segunda vez de bike. Parei em frente a Basílica para tirar algumas fotos. Depois segui empurrando a bike até uma rampa que leva para dentro da Basílica e que passa embaixo da imagem de Nossa Senhora Aparecida. Perguntei a uma senhora em um balcão de informações se eu podia entrar na Basílica com a bike. Ela disse que eu podia deixar a bike encostada no balcão de informações que ela cuidava para mim. Argumentei que era importante para mim entrar com a bike e ela me mandou falar com o segurança da entrada. Falei com o segurança e ele disse que eu podia entrar com a bike, apenas pediu que eu seguisse pela passagem mais larga, que é para cadeirantes.  Subi a rampa empurrando a bike e fui sentindo uma emoção muito forte. Era o Dia Internacional do Ciclista e estar ali nesse dia, após vários dias de viagem foi muito legal e uma enorme coincidência. Parei debaixo da imagem de Nossa Senhora Aparecida e rezei bastante. Acabei não segurando a emoção e chorei um monte. Lembrei de tudo o que aconteceu para mim desde que estivera ali pela primeira vez, numa época muito complicada em minha vida. Lembrei do acidente de bike que sofri uma ano e meio antes e de toda a dor e esforço para me recuperar e voltar a pedalar. E agora estava ali de bike, em perfeita saúde física e mental. Foi um momento inesquecível e difícil de explicar, de contar. Na saída deixei algumas fotos num local destinado a votos e ex-votos e fiz um pedido especial, o qual não posso contar. Mas se meu pedido for atendido, volto lá um dia para agradecer.

Saí do Santuário e subi a longa rampa que leva até a parte alta da cidade, onde fica o centro e a Basílica Velha. O dia estava chegando ao fim, eu estava muito cansado e em vez de voltar para Guaratinguetá e dormir por lá, resolvi pernoitar em Aparecida. Andei um pouco pelo centro a procura de um hotel. Tinham muitos hotéis, mas os preços eram salgados para uma noite somente. Ali funcionava na base do pacote para final de semana, incluindo duas noites e as refeições. Resolvi voltar para a parte baixa da cidade, próximo a Basílica. Atravessei a passarela empurrando a bicicleta e parei numa mureta na lateral da Basílica.

O quarto era simples, mas limpo. De uma pequena janela eu conseguia ver a Basílica, distante uns 300 metros. Tinha um ar condicionado barulhento, mas que foi bem aproveitado, pois fazia muito calor. Tirei minhas coisas do alforje e espalhei pelo chão e pela cama. Em seguida lavei meias e cuecas na pia do banheiro e tomei um banho demorado. Bem próximo ao meu quarto tinha uma pequena piscina, mas não me senti disposto a entrar nela. Optei por ficar no frescor do quarto e dormir um pouco. Acordei uma hora mais tarde e desci jantar no restaurante do hotel. A comida era boa, mas não exagerei. Depois de comer voltei para o quarto e coloquei o diário de viagem em dia. Pelo celular fiz a reserva para as duas próximas noites em um hostel de Paraty. Liguei para casa e depois estudei o roteiro do dia seguinte, que seria o último dia da viagem de bike. Agora faltava pouco para terminar minha aventura pela Estrada Real. Mas o pouco que faltava era uma serra bem difícil…

*Para ler o relato completo sobre esse dia de viagem, ou sobre toda a viagem pela Estrada Real, adquira o livro “Estrada Real Caminho Velho”, autor Vander Dissenha.

À venda a partir de 01/11/2016 

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Estrada Real – 8° Dia

Caxambu/Pouso Alto/Itanhandu/Passa Quatro

(Resumo)

Quando saí do hotel a cidade estava calma, com pouquíssimos carros na rua. Olhei o guia e após pedalar quase um quilômetro, descobri que estava indo para o lado errado. Achei o caminho certo e saí da cidade pedalando devagar por uma subida longa e difícil. O dia prometia! Tinha escolhido seguir pela estrada asfaltada e sabia que teria um longo trecho de serra alternando subidas e descidas. E mesmo sendo asfaltado, aquele trecho de estrada passava pelo Caminho Velho original da Estrada Real. Muitas rotas da Estrada Real foram aproveitadas quando as estradas de Minas Gerais começaram a ser asfaltadas. O início da estrada era por uma região muito bonita, com bastante mata. A estrada era cheia de curvas e com poucas subidas. Em muitos trechos não tinha acostamento e em outros tinha acostamento somente de um lado da estrada. Eu ia alternando os lados, sempre tomando cuidado ao atravessar de um lado para outro. Nas curvas geralmente não tinha acostamento e eu seguia pela contramão, de olho atento nos veículos que vinham de frente.

Quase no final de um novo trecho de subida, teve um momento em que tive que ir rapidamente para o acostamento, pois de frente vinha um caminhão em alta velocidade. Na pressa acabei batendo com o macaquinho numa canaleta da estrada e ele entortou e fez com que a corrente se soltasse e enroscasse nas catracas traseiras. Coloquei a bike de ponta cabeça ao lado da estrada e por quase uma hora tentei consertar o problema. Mas não consegui, e do jeito que travou a corrente eu não conseguia nem mesmo empurrar a bike, pois a roda travava. Com muito custo consegui tirar a roda e coloquei ela invertida, pois dessa forma não travava. Daí tive que empurrar a bicicleta pelo canto da estrada. Empurrei por cerca de um quilômetro de subida e felizmente cheguei em um trecho longo de descida. Subi na bike e embalava ela com o pé no asfalto. Depois era só seguir no embalo e com as mãos no freio. Em alguns trechos de subida e de reta, eu descia e empurrava. Foram dez quilômetros dessa forma, até que cheguei na cidade de Pouso Alto. Dei sorte de a bike ter quebrado perto de um longo trecho de descida. A estrada atravessava a cidade e segui por ela até que parei em um posto de gasolina para pedir informações. Me indicaram um mecânico de bicicletas ali perto. Sem dificuldade encontrei a oficina, que funcionava em uma casa distante 500 metros da estrada. O mecânico falou que levaria uma hora para consertar o estrago. Deixei a bicicleta na oficina e fui procurar a biblioteca da cidade, que era o local onde carimbavam o passaporte da Estrada Real. Como a cidade era pequena, tudo era perto e não precisei andar muito.

Quase no final de um novo trecho de subida, teve um momento em que tive que ir rapidamente para o acostamento, pois de frente vinha um caminhão em alta velocidade. Na pressa acabei batendo com o macaquinho numa canaleta da estrada e ele entortou e fez com que a corrente se soltasse e enroscasse nas catracas traseiras. Coloquei a bike de ponta cabeça ao lado da estrada e por quase uma hora tentei consertar o problema. Mas não consegui, e do jeito que travou a corrente eu não conseguia nem mesmo empurrar a bike, pois a roda travava. Com muito custo consegui tirar a roda e coloquei ela invertida, pois dessa forma não travava. Daí tive que empurrar a bicicleta pelo canto da estrada. Empurrei por cerca de um quilômetro de subida e felizmente cheguei em um trecho longo de descida. Subi na bike e embalava ela com o pé no asfalto. Depois era só seguir no embalo e com as mãos no freio. Em alguns trechos de subida e de reta, eu descia e empurrava. Foram dez quilômetros dessa forma, até que cheguei na cidade de Pouso Alto. Dei sorte de a bike ter quebrado perto de um longo trecho de descida.

Passaram por mim alguns carros com bikes no bagageiro ou no teto. Todos que passaram buzinaram, e em alguns carros eu via mãos e braços acenando freneticamente pelas janelas e até ouvia alguns gritos. Acredito que estes carros estavam indo para algum evento de ciclismo ali perto. No meio da tarde cheguei em um trevo e segui por uma estrada estreita e ruim que levava até a cidade de Itanhandu. Antes de chegar na cidade tinha uma longa descida e tive a infeliz ideia de pegar a câmera e descer filmando. Um carro passou muito perto de mim, me fez desequilibrar e fui parar no capinzal ao lado, quase caindo. Na gravação dá para ver a câmera chacoalhando toda e o capinzal se aproximando. Na entrada da cidade pedi informações para algumas pessoas, até que consegui chegar no centro e encontrei o hotel onde carimbavam o passaporte da Estrada Real. Fui atendido por uma jovem e bela moça, com a qual conversei um pouco sobre a viagem. Procurei ficar distante dela enquanto conversava, pois eu estava todo molhado de suor e o meu cheiro não devia ser dos melhores. Antes de sair aproveitei para encher a pança com água gelada de um bebedouro. Quase não deu vontade de sair do hotel, pois dentro o ar condicionado estava ligado em uma temperatura baixa. Lá fora não tinha ar condicionado e o sol estava a pino. Não tive muita dificuldade em encontrar a saída da cidade. E quase entrando na estrada, parei em uma panificadora e tomei uma garrafa de Guaranita. Esse refrigerante é viciante! E pena que só é vendido naquela região de divisa entre Minas Gerais e São Paulo.

A parte final até a cidade de Passa Quatro foi bem tranquila. Eu achava que estava longe da cidade e quando me dei conta já estava entrando nela. Essa seria a última cidade mineira onde eu iria pernoitar, pois no dia seguinte entraria no Estado de São Paulo. Quando fiz a viagem de bike pelo Caminho da Fé em 2011, dormi em uma cidade chamada Santa Rita do Passa Quatro, que fica em São Paulo. De início achei que estava na cidade onde aconteceram batalhas durante a Revolução de 1932. Mas depois me dei conta de que estava enganado, que o nome era parecido mas que a cidade que foi invadida e teve uma ponte explodida por tropas paulistas durante a Revolução, era a mineira Passa Quatro. Dessa vez eu estava na cidade certa.

Durante a Revolução de 1932, Passa Quatro foi invadida por tropas constitucionalistas paulistas. Uma das maiores atrações da cidade são seus casarios antigos, construções realizadas na cidade desde o final do século XIX até as primeiras décadas do século passado. Formam um conjunto arquitetônico valorizado pela comunidade e recentemente tombados por serem reconhecidos como patrimônio histórico, arquitetônico e cultural a ser preservado. A região de Passa Quatro possui mais de 300 anos de história e 100 anos como município. Apesar de não ser a cidade brasileira situada em altitude mais elevada, o município encontra-se entre as regiões mais altas do país. Fica na região de Passa Quatro o quinto mais alto pico brasileiro, a Pedra da Mina (2.798m), localizada na serra Fina e ponto culminante da Serra da Mantiqueira e do estado de São Paulo, com o qual o município faz divisa. A cidade vem se firmando nos últimos anos como polo de atração para o ecoturismo e o turismo rural. Na Revolução de 1932, atuou no hospital municipal da cidade, um jovem médico que seria futuro Presidente do Brasil. O nome dele, Juscelino Kubitschek.

Saí dar uma volta pela cidade, e como estava no centro pude ver novos casarões. Consegui encontrar o local para carimbar o passaporte da Estrada Real, que funcionava em uma pousada. De curiosidade perguntei o preço da hospedagem, que era quase o dobro do que paguei no hotel onde estava. Dei uma volta pela avenida longa por onde tinha entrado na cidade. Naquele horário tinham muitas pessoas fazendo caminhada na avenida. Me chamou atenção um cachorro preto de rua, que ficava igual louco correndo atrás de carros para cima e para baixo. Queria jantar comida ou pizza, mas não encontrei nenhum lugar para comer.  Fui em um supermercado perto do hotel e lá comprei algumas coisas para lanchar no quarto. Comprei também uma Guaranita de dois litros. Voltei ao hotel e lanchei no quarto. Depois liguei para casa, coloquei o diário de viagem em dia e vi o noticiário na TV. Resolvi dormir cedo, pois o dia seguinte seria longo. Como o caminho teria poucas subidas, eu planejava fazer uma longa quilometragem.

*Para ler o relato completo sobre esse dia de viagem, ou sobre toda a viagem pela Estrada Real, adquira o livro “Estrada Real Caminho Velho”, autor Vander Dissenha.

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Estrada Real – 7° Dia

Cruzília/Baependi/Caxambu

(Resumo)

Levantei 08h45min e desci para tomar café, que era servido somente até as 09h00min. Nesse dia o pedal seria mais curto, e com mais descidas e retas do que de subidas. Terminado o café voltei para a cama e descansei mais um pouco. Pouco antes das 10h00min levantei, recolhi minhas roupas que estavam todas secas, arrumei minhas coisas e saí. Me despedi do dono do hotel e fui pegar a bike na garagem. Dei uma olhada no guia e na lista de endereços para carimbar o passaporte da Estrada Real. Ali em Cruzília era na prefeitura que carimbavam o passaporte. Saí pedalando pelo centro da cidade e não foi difícil encontrar a prefeitura.

Saindo da cidade comecei a pedalar por uma estrada de terra, mas com várias casas em volta. Ao passar por uma dessas casas, um homem que estava no portão gritou para eu tomar cuidado, pois a estrada era perigosa. Só não entendi se era perigosa por causa de assaltos, ou se a estrada era ruim e isso causava perigo. Passei por um longo trecho cheio de pedras grandes espalhadas pela estrada e tive que tomar muito cuidado para não bater numa dessas pedras e cair. O sol foi embora e o dia ficou nublado, mas muito quente. Logo entrei numa região deserta, mas cheia de árvores. A paisagem era bonita e vez ou outra passava algum carro por mim. Logo enfrentei duas subidas fortes e deu para suar um pouco. Numa descida onde a estrada era cercada por árvores, vi uma revoada de papagaios. Eram muitos e ele voavam na minha frente, meio que indicando o caminho que eu deveria seguir. Foi uma experiência inesquecível essa de pedalar com os papagaios.

Saindo do cafezal segui em direção a um pasto, e cheguei numa encruzilhada onde ao lado tinha uma porteira. Fiquei em dúvida sobre para qual lado deveria ir. Resolvi continuar seguindo pela trilha em que estava. Pedalei alguns metros e vi pouco mais à frente na trilha, um pequeno rebanho de gado saindo do meio de algumas árvores. No meio do gado visualizei um grande e assustador touro. Dei meia volta rapidamente e segui para a porteira que tinha visto pouco antes. Atravessei a porteira e me sentindo seguro parei para dar uma olhada no guia. Antes de abrir o guia ouvi vozes e vi alguns homens trabalhando perto do local onde o gado estava, mas do outro lado da cerca. Fui até lá e vi que três homens consertavam a cerca, com a ajuda de um guincho acoplado em um trator. Pedi informação sobre o caminho para Baependi e me disseram para seguir reto pela trilha em que estava, que logo ela iria sair numa estrada. Agradeci a informação e segui pedalando, ainda assustado com o touro. Não andei muito e logo avistei o trevo da rodovia.

Pouco antes de chegar em Caxambu, teve um trecho da estrada que era todo cheio de pedras e de poças d’agua. A água vinha de minas próximas. No meio da tarde e com o sol tendo dado as caras novamente, cheguei na cidade de Caxambu. Passei pela periferia da cidade até chegar no centro. A cidade é simpática e mistura construções antigas, com outras mais modernas. Essas construções antigas não são tão antigas como muitas que vi nas cidades históricas. Na maioria são construções com menos de 100 anos de existência.

Caxambu concentra o maior complexo hidromineral do mundo, com 12 fontes de água. Fontes de água mineral existem em muitos lugares no mundo, mas fontes de onde saem água mineral gaseificada não é todo lugar que tem. Mas Caxambu tem, e tem muitas fontes desse tipo. Em razão dessas águas a região é famosa desde a época do Império, quando a Princesa Izabel esteve em Caxambu para tratar sua infertilidade nas águas milagrosas da cidade. O tratamento parece ter dado resultado, pois a princesa teve três filhos nos anos seguintes. Na primeira metade do século passado, Caxambu recebia turistas endinheirados que vinham relaxar e se curar no famoso balneário hidromineral. Em 1954 a seleção brasileira de futebol esteve em Caxambu, se preparando para a disputa da Copa do Mundo. Hoje em dia a cidade não é tão famosa como no passado, mas mesmo assim recebe muitos turistas.

A principal atração turística de Caxambu é o Parque das Águas. O parque possui uma extensa área e oferece atrações diversas. Ele conta com 12 fontes de águas minerais gasosas e medicinais, com propriedades diferentes umas das outras. O parque tem belos jardins, bosques e alamedas com grande beleza paisagística. No Parque das Águas existe um prédio antigo e conservado, que abriga um grande balneário de hidroterapia. O local oferece banhos de imersão em água mineral, piscina de hidroterapia, saunas a vapor e seca, duchas e banhos de vários tratamentos estéticos. O Parque também oferece piscinas de água mineral, lago e pedalinhos, pista de corrida, quadras esportivas e um teleférico que leva até o topo do Morro Caxambu, de onde se tem uma deslumbrante vista da cidade. Para um ciclista cansado como eu, uma visita ao Parque das Águas era obrigatória. E foi o que fiz, após ter feito um rápido lanche numa padaria.

O Parque das Águas ficava a menos de 500 metros do meu hotel e foi fácil chegar até lá. Para entrar é cobrado uma taxa de R$ 5,00. Na entrada descobri que as termas fecham as 17h00mim, e como eram 16h00mim fui direto até o prédio onde funcionam os vários tratamentos hidrotermais. Escolhi utilizar a piscina de hidroterapia. Paguei R$ 35,00 para ficar quarenta e cinco minutos na piscina, mas como estava para fechar me deixaram ficar uma hora. A piscina era dentro de uma enorme sala e tinha banheira de hidromassagem, cachoeiras, bancos com hidromassagem e outras coisas mais. A água era mineral e quente. Achei o lugar muito legal, e não consigo explicar direito como era o funcionamento. Sei que aproveitei ao máximo o tempo que fiquei na piscina e como minhas pernas estavam doloridas após dias pedalando, foi muito relaxante ficar na hidroterapia. Fiquei sozinho quase o tempo todo. Somente minutos antes de fechar é que apareceram duas moças e entraram na piscina.

Após sair da piscina, fui caminhar pelo parque. Muitas das fontes de água mineral são cobertas e tem nome. Em frente as fontes existem placas que informam suas propriedades e indicações medicinais. Provei a água de todas as fontes. Algumas eram boas, outras nem tanto. Teve uma que me deixou enjoado, pois o gosto era meio salgado e tinha cheiro de ovo podre. A água que mais gostei foi a da Fonte Dom Pedro II. Para pegar a água na fonte, você precisa descer por uma escada e em volta tudo é cheio de azulejos. Numa nas fontes conversei com duas senhoras e descobri que uma delas era paranaense como eu, e tinha vindo de Curitiba. Dentro do parque funciona uma pequena fábrica que envasa água mineral. Eu já tinha ouvido falar da Água Mineral Caxambu, mas nunca tinha bebido tal água. Ela é considerada gourmet, e por isso não se encontra facilmente para venda e o preço é um pouco alto. Gostei muito do Parque das Águas e fiquei andando por ele e tirando várias fotos até escurecer.

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Estrada Real – 6° Dia

Carrancas/Traituba/Cruzília

(Resumo)

Acordei 08h00min em ponto, com o barulho que vinha do calçadão em frente à janela do meu quarto. Sentia muita dor pelo corpo, principalmente nas pernas. Fui tomar banho para ficar desperto. Voltei ao quarto, arrumei minhas coisas e fui tomar café. Numa mesa no canto meu café da manhã estava separado, pois creio que eu tinha sido o último hospede a acordar.

Poucos carros passaram por mim, e os poucos que passaram levantaram tanta poeira que em alguns momentos eu mal enxergava a estrada a minha frente. Pelo que me contaram não chovia na região há quase dois meses. O sol mais uma vez estava extremamente forte e tive que passar uma dose extra de protetor solar. Mas meu nariz mesmo que passe um quilo de protetor ele fica queimado, vermelho e ardido. E meu consumo de água foi grande, mesmo ela estando morna nas garrafas. Passei por um trecho onde tinha tanta areia na estrada, que os pneus afundavam e eu não conseguia pedalar. Tive que descer e empurrar a bike. Parecia que eu estava na praia, de tanta areia que tinha naquele trecho da estrada. Felizmente o areião ficou para trás e segui pela estrada poeirenta, e depois de ter percorrido cerca de seis quilômetros quase que todo de descidas, comecei a enfrentar muitas subidas chatas. Passei por um rio de água bem limpa e pequenas cachoeiras. Era convidativo tomar um banho nele para aliviar o calor. Mas estava com pressa e passei direto. O calor foi aumentado e minha roupa estava completamente molhada de suor. Com a poeira da estrada grudando no corpo e a roupa molhada, meu aspecto e cheiro não estavam dos melhores.

Pouco depois das 14h00min, cheguei na Fazenda Traituba. O lugar tem muita história e até poucos anos atrás funcionou como pousada. Tinha muita vontade de poder entrar na fazenda e visitar o enorme casarão, mas isso não é tão fácil de se conseguir atualmente. Acabei me contentando em ver da estrada a sede da fazenda. Tinham muitos cachorros latindo ferozmente perto de mim e não achei prudente ir até o portão da fazenda para ver o casarão mais de perto. Olhei em volta para ver se tinha algum local onde eu pudesse pegar água, pois a minha tinha acabado alguns quilômetros antes. Vi algumas casas, mas todas fechadas, com cachorros em frente e nenhum ser humano a vista. O jeito foi ficar com sede e confiar no guia, o qual informava que dali seis quilômetros eu encontraria um local com água potável.

A Fazenda Traituba é conhecida desde o início do século XIX. O Imperador Dom Pedro I, era grande amigo do dono da fazenda e costumava se refugiar no local para repousar e caçar veados. O Imperador costumava ir até a Fazenda Traituba, como um simples plebeu e se hospedava numa casa velha que ficava onde hoje é um galpão da fazenda. Em razão das constantes visitas do Imperador, o proprietário da fazenda naquela época resolveu construir uma enorme casa, para poder recepcionar melhor o Imperador e outros membros da corte. A construção da casa demorou aproximadamente dez anos e ficou pronta em 1831. O portal da casa foi trancado e seria aberto somente quando acontecesse nova visita de Dom Pedro I. Mas o Imperador nunca mais voltou ao local, pois no ano em que a casa ficou pronta ele abdicou do trono no Brasil e foi para Portugal, tendo morrido por lá em 1834. O dono da fazenda então decidiu que só abriria o portal quando a primeira filha nascida na casa viesse a se casar. Só que por duas gerações nenhuma moça nasceu na casa e o portal permaneceu fechado por mais de cem anos. Ele só foi aberto em maio de 1988, quando D. Luiz de Orleans e Bragança, descendente direto do Imperador Dom Pedro I, visitou a fazenda.

Voltei a pedalar e durante alguns quilômetros o caminho era quase todo de reta e pequenas descidas. O sol quente desapareceu e o céu ficou nublado, o que fez a temperatura baixar um pouco. Passei por alguns trechos com árvores na beira da estrada e pastos com gado, além de uma ou outra casa. Poucos veículos passaram por mim nessa tarde e a solidão da estrada e o silêncio algumas vezes assustavam. Num trecho entre árvores vi dois enormes gaviões parados bem no meio da estrada. Cheguei bem perto deles, até que levantaram voo. Mais alguns minutos de pedal e três motos passaram por mim, vindas no sentido contrário. Eram motos grandes e pelo jeito os motoqueiros estavam percorrendo a Estrada Real. Ao passarem por mim buzinaram e acenaram, mas não pararam. O trecho tranquilo chegou ao fim e em seguida veio um trecho de cerca de 13 quilômetros intercalando pequenas descidas e muitas subidas. Não foi nada fácil superar esse trecho e por duas vezes tive que empurrar a bike, pois algumas subidas eram muito inclinadas.

Uma curta reta e cheguei numa estrada asfaltada. A partir dali o pedal ficou fácil, pois foram três quilômetros quase que somente de descidas. Eu embalava e deixava a bike correr, sem precisar pedalar. Apenas tomava cuidado com os carros, e quando ouvia o ruído de algum carro vindo eu seguia pelo acostamento, que ao menos nesse trecho não era esburacado. Cheguei na cidade de Cruzília pouco depois das 18h00min, quando estava começando a escurecer. Parei na entrada da cidade, e dei uma olhada no guia para saber que rumo pegar para ir até o centro da cidade. Voltei a pedalar e pouco depois virei numa esquina correndo, de cabeça baixa. Escutei o ruído de diversas vozes e quando ergui a cabeça para olhar o que era, levei o maior susto. Pela rua vinha um cortejo fúnebre, onde dezenas de pessoas rezando o rosário, seguiam um caixão que era levado em um carrinho daqueles de cemitério. Por muito pouco que eu não bato de frente com o caixão. Quando vi o cortejo, apertei o freio bruscamente e segui para a calçada. Tirei o capacete e baixei a cabeça enquanto o cortejo passava. Parece que todos estavam olhando para mim, e algumas pessoas nitidamente continham o riso ao me ver, imaginando como seria se eu tivesse batido de encontro ao caixão. A última vez que vi um cortejo parecido com aquele, foi quando meu avô materno faleceu, em 1975. Na época os velórios aconteciam em casa e na hora de seguir para a missa de corpo presente, o carro da funerária não apareceu. Então carregaram o caixão do meu avô pelo meio da rua, até a igreja, que não era muito distante. Por ser o primeiro velório de que participei em minha vida, nunca esqueci daquela imagem do caixão seguindo pela rua. E depois de 41 anos voltei a ver algo parecido.

Passado o cortejo e tendo me recuperando do susto, voltei a pedalar. Depois de alguns metros não me contive e caí na gargalhada ao imaginar como teria sido se eu “atropelasse” o cortejo. Atravessei algumas ruas da cidade e logo cheguei no centro, me orientando pelo mapa existente no guia. Eu ficaria hospedado em um hotel que ficava em frente à catedral da cidade. E para terminar o dia com chave de ouro, os últimos 200 metros até chegar na catedral eram de subida duríssima. Segui empurrando a bike, quase sem forças. Parei em frente à catedral e o portão estava fechado. Segurei com ambas as mãos no portão e ali rezei, agradecendo por ter vencido mais um dia de viagem. Todos os dias eu parava para rezar no início e no fim da viagem. Em frente à igreja tinha uma praça e na rua ao lado o hotel, que também era bar e restaurante.

*Para ler o relato completo sobre esse dia de viagem, ou sobre toda a viagem pela Estrada Real, adquira o livro “Estrada Real Caminho Velho”, autor Vander Dissenha.

À venda a partir de 01/11/2016 

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319
Catedral de Carrancas.

340
Sede da Fazenda Traituba.

344

Estrada Real – 5° Dia

São João del Rei/Caquende/Capela do Saco/Carrancas

(Resumo)

Acordei 06h00min em ponto, com ajuda do despertador do celular. Tomei um longo banho para despertar, arrumei minhas coisas e saí. Na noite anterior tinha combinado com a Lua, que jogaria por baixo da porta a chave do hostel. Mesmo sendo cedo, o sol estava alto no céu, prometendo um dia de muito calor. Tirei uma foto da frente do hostel, olhei o guia para saber que rumo tomar e parti. No caminho parei em frente uma igreja e fiz uma oração na calçada.

Saí de São João del Rei pedalando por uma longa avenida e então cheguei numa estrada que me levaria até a rodovia.  Logo de cara tinha uma longa subida e fui pedalando devagar, ainda aquecendo as pernas. Após vencer a longa subida, resolvi parar na beira da estrada e tomar meu café da manhã, que consistia de duas bananas. Depois de comer, notei que o pneu da frente estava um pouco murcho. Peguei a bomba de encher e a encaixei no bico do pneu. E ao começar a bombear, em vez de encher o pneu murchou ainda mais. Foi aí que vi que o bico da bomba estava quebrado. O pneu ficou muito vazio e não tinha como pedalar. Eu não queria voltar até a cidade para procurar algum lugar onde encher o pneu. Resolvi arriscar e segui em frente na esperança de encontrar algum posto de gasolina onde pudesse encher o pneu. Empurrei a bike por cerca de um quilômetro, quando vi uma pessoa vindo pelo outro lado da estrada. A imagem era meio surreal, pois se tratava de uma moça vestindo uma justíssima roupa de ginástica toda colorida, caminhando pelo acostamento e ouvindo música com fones de ouvido. Quando ela chegou perto de mim, notei que a roupa era extremamente justa e destacava de forma exagerada as curvas da moça. Dei bom dia e perguntei se ela sabia de algum posto de gasolina próximo dali. Ela respondeu que mais uns 500 metros eu chegaria na rodovia, e que seguindo para o lado direito demoraria muito para eu encontrar um posto. E que para o lado esquerdo da rodovia ela nunca tinha ido e não sabia responder se existia algum posto. E falou que na casa dela tinha uma bomba de encher pneus e que se eu quisesse ela me emprestava. Ela morava na cidade, distante cerca de cinco quilômetros de onde estávamos. Agradeci a oferta e disse que preferia arriscar e seguir em frente. Nos despedimos e segui pensando se não era perigoso a tal moça caminhar sozinha ao lado da estrada deserta. E se eu não devia ter aceitado a oferta da moça e ido até a casa dela encher o pneu.

A rodovia estava muito movimentada e por segurança fui pedalando pelo acostamento. Mas ele era horrível, com muitos buracos e pedras soltas, sem contar o mato que muitas vezes arranhava minha canela e tornozelo direito. E o pior é que pedalando pelo acostamento ruim eu não conseguia andar muito veloz. Esse seria um dia em que precisava pedalar dezenas de quilômetros, e ganhar tempo era necessário para conseguir chegar em Carrancas, cidade onde planejava pernoitar. E no meio do caminho teria que atravessar uma balsa, e caso ocorresse mais algum contratempo eu corria o risco de perder a balsa e ter que dormir na rua. Pensando em tudo isso, segui pedalando sob um sol que ficava cada vez mais quente, até que um caminhão passou por mim buzinando de forma estridente. Era o caminhoneiro que tinha me ajudado com o pneu da bike. Acenei para ele e em pensamento agradeci pela ajuda recebida.

Após superar um longo trecho de curvas e subidas, finalmente cheguei em um trecho com sombra, retas e descidas. E passei por dois outros puteiros ao lado da estrada. Um deles tinha o nome “Capa de Revista” pintado na fachada. “Capa de Revista” foi uma música de sucesso nos anos oitenta, cantada pela dupla Gilberto & Gilmar. Segui pedalando forte pelas retas e descidas da estrada, enquanto cantava… ♫♪Capa de revista, exposta na banca pra todos verem. Um dia a tarde, andando na rua me surpreendi. Quando numa banca vi um corpo nu, queimado do sol. Conhecido meu a tempos atrás me pertenceu. Como eu era feliz… ♫♪ Pedalei muitos quilômetros cantarolando esse trecho da música. Sabe quando você começa a cantar uma música e não consegue parar? Acho horrível quando isso acontece, quando a música vem à mente sem eu querer e eu não consigo deixar de cantar, por mais que me concentre e tente não cantar.

Vi uma placa ao lado da estrada que indicava a entrada para o Circuito das Águas. Por essa estrada seriam 135 quilômetros para chegar na cidade de Caxambu. Fiquei bastante tentado a seguir por essa estrada, pois seria um bom atalho, já que Caxambu estava em meu roteiro. Mas se fizesse isso eu estaria deixando grande parte da Estrada Real de lado e isso faria minha viagem perder o sentido. Me mantive fiel à Estrada Real, apenas deixando muitas vezes de seguir por estradas de terra, e optando por seguir por estradas asfaltadas. E vale lembrar que muitos trechos originais da Estrada Real foram asfaltados e hoje fazem parte de grandes rodovias. O que acontece é que muitas vezes acabam existindo trechos alternativos de terra, que são mais seguros.

Pouco antes do meio dia e sob um sol escaldante, cheguei em São Sebastião da Vitória. Estava com pouca água e ela estava quase fervendo. Vi um posto de gasolina e nele um bebedouro. Fui pedalando todo alegrinho na esperança de encontrar água gelada, mas o bebedouro estava quebrado. Mesmo assim consegui matar a sede com uma água pouco mais fresca que a minha. Voltei a pedalar e segui pela rodovia, que atravessava toda a pequena cidade. Me lembrei de que estava sem dinheiro e fui olhando atentamente a procura de uma Casa Lotérica, onde eu pudesse sacar dinheiro de minha conta da Caixa Econômica Federal. Parei em uma farmácia pedir informação e a atendente contou que tinha uma loja onde era possível fazer saques, mas que a dona não estaria lá naquela hora do dia. Segui em frente olhando para os lados a procura de um local para lanchar e que aceitassem cartão de débito. Vi uma panificadora e quando ia entrar nela, do outro lado da rua vi um pequeno restaurante com uma placa anunciando “comida caseira”. Não resisti e fui até o restaurante. Meu plano desde o início era nunca fazer refeições na hora do almoço, mas apenas lanches leves, pois pedalar com o estômago muito cheio não é nada produtivo. Mas estava cansado de comer lanches nos últimos dias e minha fome era grande.

Cheguei no pequeno povoado de Caquende. Fui até a pequena igreja do povoado, tirei uma foto em frente a ela e me informei sobre o caminho a seguir até o local onde deveria pegar a balsa. Não era longe e em poucos minutos parei na margem do rio, no exato local onde a balsa costuma parar. No mesmo local estava o motoqueiro que tinha passado por mim há pouco. Começamos a conversar, ele era paulista de Ribeirão Preto. Me contou que já foi ciclista e que já tinha viajado de bike. Daí comprou a moto e resolveu percorrer a Estrada Real. Ele tinha sofrido uma queda pouco antes de passar por mim na estrada e além de sofrer alguns esfolados, também ralou a moto e quebrou um pisca traseiro. Próximo de onde estávamos tinham alguns caras pescando e nos informaram que a balsa demoraria cerca de meia hora para voltar, pois ela tinha acabado de atracar em Capela do Saco, no outro lado do rio. Tirei algumas fotos, conversei mais um pouco com o motoqueiro, cujo nome não anotei e não consigo lembrar. O sol estava muito quente, eu estava todo molhado de suor e cheio de poeira. Olhei o rio em volta, sua água era clara, pois o fundo era de areia grossa. Vi que próximo onde a balsa atracava era raso e não resisti, tirei meu tênis, meias e camisa, ficando de bermuda somente e entrei na água.

Comecei a me sentir muito cansado e isso não ajudava muito, pois o cansaço deixa nosso raciocínio lento. E por culpa do cansaço e da preguiça de pegar o guia e olhar mais detalhadamente as indicações do caminho, passei a seguir os marcos da Estrada Real. Até que numa encruzilhada não prestei muita atenção na direção que o marco indicava e acabei seguindo pela estrada errada. O problema é que demorei muito para perceber o erro. Enquanto ainda achava que estava no caminho certo, comecei a pedalar por um trecho com muita areia e mato dos dois lados da estrada. O sol estava se pondo e era um pouco assustador pedalar ali, pois da mata vinham ruídos estranhos. E a areia ficou tão fofa, que tive que descer e empurrar a bike. Até cheguei a pensar que tinha finamente chegado na famosa subida da “cruz das almas”, mas quando cheguei no final da subida vi pelo aplicativo do celular que ela tinha somente um quilômetro de extensão. Então não poderia ser a famosa e assustadora subida de quatro quilômetros.

O dia estava começando a escurecer e passei a seguir por uma estrada longa, com pasto dos dois lados. Eu subia quase o tempo todo, mas não era uma subida íngreme. E cada vez eu ficava mais perto das montanhas que tinha visto antes. Foi aí que tive certeza de que estava no caminho errado. E tinha quase certeza de que tinha errado o caminho quando passei pelo último marco da Estrada Real, já que depois disso não vi mais nenhum marco. Tentei me localizar olhando o guia, mas não consegui chegar a nenhuma conclusão objetiva. Na verdade eu não sabia ao certo onde estava e nem para onde a estrada seguia. Voltar ao local onde tinha errado o caminho era algo fora de cogitação, pois já tinha percorrido mais de dez quilômetros depois disso e tinha passado por muita areia. Resolvi confiar na sorte e seguir em frente. A noite foi chegando e passou um ônibus escolar por mim. Mas ele chegou tão silencioso que me assustei quando percebi ele atrás de mim. E no susto acabei não dando sinal para o motorista parar para eu pedir informação sobre o caminho. Parei e fiquei olhando o ônibus seguir pela estrada, e quando ele já estava bem distante vi ele virar na direção da montanha, que ficava cada vez mais perto. E notei que ele passou a andar mais veloz e comecei a ver luzes de carros. Ou seja, ali tinha uma estrada, possivelmente asfaltada. Ganhei um animo extra e pedalei mais forte até que uns dois quilômetros depois cheguei numa rodovia. Parei e fiquei pensando para qual lado deveria seguir. Não tinha nenhuma placa indicando o caminho e após pensar um pouco cheguei à conclusão de que a cidade de Carrancas ficava na direção das montanhas. Tinha ficado escuro e peguei a lanterna que ficava guardada na bolsa de guidão. A lanterna ainda não tinha sido usada na viagem e estava com a bateria cheia, o que me dava cerca de duas horas de autonomia de luz. Ela era bem forte, tinha sido comprada especialmente para a viagem, para o caso de alguma emergência noturna. E naquele momento eu estava numa emergência, no escuro, seguindo por uma estrada que eu não sabia ao certo para onde ia.

Para piorar minha situação fiquei sem água. E empurrar a bike montanha acima me fazia suar em bicas. Teve um trecho onde eu passei bem próximo a um alto paredão de rocha. E vi que recentemente tinham caído algumas pedras enormes ao lado da estrada. Era o que me faltava, cair uma pedra na minha cabeça! Passei o mais rápido que consegui por aquele trecho e quando me senti mais seguro parei para descansar. Aproveitei para guardar o guia na bolsa de guidão e fechá-la totalmente com o zíper, pois no escuro tinha receio de algo cair da bolsa e eu não ver. E ao mexer na bolsa de guidão, acabei encontrando o bombom que a Lua tinha deixado em meu travesseiro, na noite anterior no hostel em São João del Rei. Comi aquele bombom com um prazer indescritível. E todo aquele açúcar me deu nova energia para seguir empurrando a bike montanha acima. E nisso gritei bem alto um “obrigado Lua!”. E por falar em lua, ela surgiu (não a Lua do hostel) no céu, iluminando meu caminho. Não sei ao certo quanto tempo empurrei a bike morro acima, pois estava tão cansado que nem tinha vontade de pegar o celular no bolso traseiro da camisa para ver o horário ou a distância.

A descida era radical e com uma curva atrás da outra. E minha lanterna foi ficando fraca, até quase não iluminar nada. O que ajudava um pouco era a luz da lua. No começo ia segurando no freio, com medo de cair em algum buraco da estrada Mas notei que tinham algumas marcas mais escuras no asfalto, resultado de um recape recente. Isso me fez sentir mais seguro, e criei confiança e passei a descer rápido pela estrada. Não passavam carros e eu seguia pelo meio da pista. Comecei a sentir frio, mas nem ligava e seguia no embalo, sem precisar pedalar. Aquilo era muito radical, perigoso e gostoso. Com certeza esse foi um dos melhores e mais perigosos pedais que já fiz na vida. Foi um momento, uma aventura inesquecível, mas que espero não precisar mais repetir, pois foi perigoso demais. Descer aquela serra em alta velocidade, com peso traseiro e mal conseguindo enxergar a estrada direito é algo de gente maluca. Mas eu estava seguro do que estava fazendo e o risco era calculado. E também sou um cara de fé e meu anjo da guarda, coitado, sempre está ao meu lado. Costumo brincar que meu anjo da guarda não tem mais penas nas asas, que é manco e tem muitas fraturas e pontos pelo corpo. Vez ou outra ele falha e eu me estrepo, mas quase sempre ele está a postos e me livra dos perrengues.

Não sei dizer quanto tempo durou a descida, mas quando chegou no fim passei a pedalar por uma longa reta e sentia muita dor nas pernas. Eu não estava tendo mais forças para pedalar, mas precisava seguir em frente, pois estava cada vez mais perto de Carrancas. Nesse trecho passaram muitos carros por mim. Parecia que os carros estavam esperando eu descer a montanha, para então passarem. Cheguei num pequeno trevo e achei que era a entrada para Carrancas, mas lendo uma placa descobri que o caminho não era aquele. Pedalei mais uns dois quilômetros e logo comecei a ver luzes e algumas casas. Finalmente eu tinha chegado em Carrancas. Segui por uma longa avenida e após uma pequena descida vi uma praça e uma igreja. Como a cidade não era muito grande, sabia que ali era o centro da cidade. Ao meu lado parou um carro e quando me virei para olhar o que era, vi uma bela e jovem mulher ao volante. Antes que eu dissesse algo, ela perguntou se eu precisava de ajuda. Respondi que estava procurando a Pousada da Mica. Ela disse que a pousada ficava perto, e que eu deveria subir duas quadras e virar à direita, que mais 100 metros eu chegaria na pousada. Agradeci a informação e ela respondeu que ao me ver percebeu que eu era um viajante e que fatalmente precisava de ajuda.

Antes de me ajeitar para dormir, liguei para casa dar noticiais e fiz algumas anotações em meu diário de viagem. Em seguida apaguei as luzes e deixei a janela aberta, pois a noite estava um pouco quente. Me deitei e mal sentia meu corpo, e minhas pernas doíam muito. Resolvi tomar um Dorflex e quando estava quase pegando no sono, ouvi vozes debaixo da janela do meu quarto. Discretamente fui espiar e vi que era um casal, sendo que a garota era muito jovem e bonita. Voltei para a cama e fiquei ouvindo a conversa dos dois, que nem imaginavam que eu estava próximo a eles, escutando tudo o que falavam. O rapaz era bom de papo e estava tentando levar a garota para a casa dele, pois seus pais tinham viajado. A garota estava se valorizando, dizia que era virgem e que ele estava indo rápido demais. Mas o cara era muito bom de papo e após uns 15 minutos de conversa a garota estava quase cedendo.  Atento a conversa dos dois esqueci as dores e o cansaço, mas acabei pegando no sono e jamais saberei se a garota foi ou não para a casa do rapaz.

*Para ler o relato completo sobre esse dia de viagem, ou sobre toda a viagem pela Estrada Real, adquira o livro “Estrada Real Caminho Velho”, autor Vander Dissenha.

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270

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Estrada Real – 4° Dia

Tiradentes/São João del Rei

(Resumo)

Dormi até 08h00min. Levantei com muita dor nas costas e nas pernas. Tomei um demorado banho e coloquei para secar na janela e na sacada, algumas roupas que tinha lavado na noite anterior. Desci tomar café e enquanto comia fiquei conversando com a Eloisa, que além de recepcionista também é quem faz o café na pousada. Ela me contou que o marido dela também é ciclista e que no dia anterior ele tinha feito um bate e volta até Prados, pela Estrada Parque. Tenho quase certeza que foi o marido dela que encontrei pouco antes de entrar na Estrada Parque. Ela também disse que o custo de vida na cidade é alto e que os restaurantes cobram valores absurdos. Segundo ela os moradores sofrem com isso, pois não sendo turistas, pagam preços de uma cidade voltada para o turismo e para turistas.

A Igreja de Santo Antônio fica no alto de um morro e para chegar até nela, subi por uma rua cercada de belas construções antigas. Da igreja de Santo Antônio dá para se ter uma linda vista de parte da cidade de Tiradentes. E ao redor da igreja também existe um cemitério. Isso era muito comum antigamente, de sepultarem os mortos dentro e ao redor das igrejas. Tirei algumas fotos do lado de fora e após pagar R$ 5,00 por um ingresso, entrei na igreja. Dentro não é permitido fotografar. Andei por todos os cantos, observando cada detalhe. O que me chamou atenção além do altar de ouro, foi o chão que é feito quase todo em taboas de madeira numeradas. Deduzi que tais tábuas eram tampas de sepulturas.

Depois de orar, permaneci mais algum tempo sentado observando o altar de ouro, cheio de detalhes. E comecei a ouvir um guia do local, que estava bem próximo contando a história da igreja a um casal de turistas.  A construção da Matriz de Santo Antônio teve início em 1710.  Ela é considerada uma das obras primas da arquitetura barroca em Minas Gerais, especialmente pela decoração em seu interior. A igreja fica em um terreno elevado em relação ao resto da cidade e por essa razão é um marco visual local. Sua posição permite a visualização de sua fachada de diversos ângulos, a partir das ruas vizinhas. A igreja levou cerca de 100 anos para ficar pronta e depois de pronta sofreu algumas modificações e restaurações. A mudança mais importante foi realizada em 1810, quando sua fachada foi modificada a partir de um projeto encomendado a Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho. A nova fachada foi construída no estilo rococó. Em seu interior foram utilizados aproximadamente 482 quilos de ouro. Seu assoalho foi feito em 1774, em óleo bálsamo e se mantém original até hoje, com exceção da parte que fica sob o coro da igreja. O assoalho é formado por campas numeradas de 1 a 116 e nessas sepulturas estão enterradas pessoas de todas as classes sociais, desde nobres até escravos, sendo que a maioria ajudou a financiar a construção da igreja. Existem registros de que durante muitos anos assistir a uma missa no local não era muito agradável, pois além das missas de antigamente serem longas, o cheiro de corpos em decomposição que subia das profundezas da igreja não era nada agradável.

A estrada era de paralelepípedos, o que é ruim para pedalar, pois chacoalha muito. Felizmente logo cheguei em um trecho onde existia uma larga calçada na beira da estrada, que funcionava mais como ciclovia. Segui pedalando por essa calçada e encontrei alguns ciclistas vindo em sentido contrário. O clima estava agradável, o calor diminuiu e o céu começou a ficar nublado. Mais alguns quilômetros e cheguei na cidade de Santa Cruz de Minas. A cidade é pequena e segui por uma longa avenida que atravessa a cidade. Mais alguns minutos e cheguei em São João del Rei, essa sim uma cidade de maior. Entrei na cidade de São João del Rei pela periferia e após alguns minutos cheguei ao centro. Pedi informação a um pedestre, pois precisava encontrar o Hotel Brasil, que tinha visto no guia. O pedestre foi simpático e me indicou o caminho a seguir. Pedalei por algumas ruas pouco movimentadas e cheguei em uma ciclovia que fica entre duas pistas de uma grande avenida. O interessante de tal ciclovia é que ela é antiga e larga, onde pedestres também caminham. Acabei seguindo pelo lado errado da ciclovia, mas logo percebi o engano e dei meia volta. Pedalei poucos minutos e finalmente encontrei a avenida que procurava, que me parece ser a principal da cidade, ou então a mais antiga. De um lado ficavam as construções e ao lado num plano rebaixado e cercado por um grande muro, tinha um pequeno córrego e algumas pequenas pontes que permitiam atravessar para outra rua no lado oposto. O córrego era pequeno, mas os espaços laterais eram grandes, então acredito que em períodos de chuva o córrego deve se transformar em um rio. Aquela era a parte antiga da cidade, sendo que do lado oposto de onde eu estava ficava a antiga estação de trem e muitas construções antigas e históricas.

Passava um pouco das 16h00min e em vez de ir para o hotel, resolvi aproveitar as cerca de duas horas de dia claro que restavam, e fui fazer um tour pelos pontos turísticos da cidade. A maioria dos pontos turísticos ficavam próximos de onde eu estava. Saí pedalando e logo encontrei o Memorial Tancredo Neves, mas infelizmente ele estava fechado. Por ser domingo, imaginei que encontraria tal local aberto. Para quem não sabe, São João del Rei é a cidade onde nasceu e viveu durante muitos anos, Tancredo Neves. Ele foi o presidente do Brasil eleito pelo voto indireto em 1985 e que não chegou a assumir o cargo, pois passou mal um dia antes da posse. Após ficar pouco mais de um mês internado, Tancredo Neves acabou falecendo no dia 21 de abril de 1985, coincidentemente feriado nacional de Tiradentes, mineiro igual a Tancredo. Na época a morte de Tancredo Neves foi um evento que causou comoção nacional, pois ele seria o primeiro Presidente civil após 21 anos de Governo Militar. Mesmo sem ter tomado posse, Tancredo Neves é por força de Lei, elencado entre os ex-presidentes do Brasil.

Atravessei uma pequena ponte e fui para o outro lado da avenida que tinha o córrego no meio. Segui para a região onde existem muitas construções antigas. Logo encontrei o Solar dos Neves, que era a residência de Tancredo Neves. Tirei algumas fotos em frente ao Solar e em frente de uma bonita igreja que fica quase em frente ao Solar. Caminhei um pouco empurrando a bike e admirando e tirando fotos das bem conservadas construções antigas. Começou a escurecer e segui para o Hotel Brasil. Apertei a campainha e uma senhora veio me atender. Antes mesmo de eu começar a falar, ela me olhou de cima embaixo, com cara de que não estava gostando do que via. Eu estava de roupa justa de ciclismo, mas excepcionalmente nesse dia eu não estava sujo e completamente suado como na maioria dos dias em que viajei pela Estrada Real. Eu tinha pedalado poucos quilômetros nesse dia, então minha aparência era bastante apresentável. Falei que tinha ligado e que disseram que tinha vaga e que precisava de um quarto para uma noite apenas. E que teria que guardar a bike no quarto ou em algum outro local do hotel. A tal senhora respondeu que não tinha vaga, virou as costas e entrou no hotel batendo a porta na minha cara. Acho que fui vítima de “bikefobia”! Fiquei sem ação por alguns instantes, não entendendo o motivo de tratamento tão grosseiro, pois até ali eu tinha sido muito bem tratado por todos, em todos os lugares por onde tinha passado.

Saí da frente do Hotel Brasil e parei no calçadão para olhar o guia e ver se o mesmo indicava outro lugar para hospedagem. O guia indicava um hostel. Liguei no hostel, mas ninguém atendeu. Mais tarde acabei descobrindo que tal hostel tinha sido fechado há dois anos. Ficou noite e saí a procura de um lugar para dormir. Parei em um hotel simples perto de onde estava, mas o preço era absurdo para as condições do hotel. Resolvi seguir para as ruas mais afastadas daquela avenida principal, pois hotéis mais afastados de áreas centrais costumam ser mais baratos. Andei cerca de 400 metros e vi um hostel que parecia ser legal. Apertei o interfone e ouvi uma voz muita simpática vinda do outro lado. Nem perguntei o preço e falei que queria me hospedar. Demorou alguns minutos e uma moça jovem e sorridente veio me recepcionar. O nome da moça era Lua, e mais tarde fiquei sabendo que ela é ítalo-brasileira. A educação e atenção que a Lua me dispensou, me fez esquecer o péssimo tratamento que tinha recebido há pouco no velho Hotel Brasil.

O AZ Hostel tinha sido inaugurado há pouco tempo e tudo era limpo, organizado e simples. A casa onde o hostel funciona faz parte de um conjunto de bens tombados no Centro Histórico de São João del Rei, e no passado foi um dos prostíbulos da cidade. Preenchi a ficha na recepção, e a Lua me indicou um local para deixar a bike nos fundos do hostel. Tirei o alforje da bike e a Lua me levou até um quarto, no andar de cima. Era um quarto coletivo, com duas beliches. Mas eu ficaria sozinho no quarto, pois não tinham mais hospedes no hostel e no final da noite chegaria um casal que ficaria no quarto ao lado do meu. Entrei no quarto e escolhi uma cama na parte de baixo de um beliche. Tirei minhas coisas do alforje e espalhei tudo pelo chão. Fui tomar banho e o banheiro mesmo sendo coletivo, talvez tenha sido o mais limpo que utilizei na viagem. Após o banho deitei um pouco, coloquei o diário de viagem em dia e olhei o guia, para planejar o dia seguinte e decidir a que horário levantar. O dia seguinte seria de um longo e difícil pedal, por isso tinha planos de dormir cedo.

Voltei para o hostel e entrei tão silenciosamente, que a Lua não me viu chegar. Ela acabou se assustando quando me viu. Junto com ela estava sua irmã, que de tão parecida pensei que fosse gêmea da Lua. Conversei rapidamente com as duas e fui para meu quarto. Ajeitei minhas coisas e ao deitar encontrei um simpático bombom em meu travesseiro. Guardei o bombom e liguei para casa, para dar notícias e dizer que estava vivo e bem.

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183

227

Estrada Real – 3° Dia

Casa Grande/Lagoa Dourado/Prados/Tiradentes

(Resumo)

Acordei O8H00min em ponto, com ajuda do despertador do celular. Tinha dormindo mal por culpa do barulho do bar em frente, que foi até alta madrugada. E para piorar sentia muita dor nas coxas. O jeito foi tomar banho para despertar e antes do café engolir um Dorflex e um comprimido de vitaminas. Dei uma arrumada rápida em minhas coisas, coloquei a roupa de ciclismo e fui tomar café. Voltei até o quarto, me ajoelhei ao lado da cama e orei como fazia todas as manhãs, agradecendo por tudo e pedindo proteção para o dia que estava iniciando.

Os primeiros quilômetros de estrada foram tranquilos, alternando subidas e descidas, com poucas retas. A paisagem era interessante e tinham muitas árvores e sombra em vários trechos. Mas o calor estava terrível e bebi muita água nesse início de pedal. Tudo corria bem, até que numa descida encontrei algumas vacas de leite paradas no meio da estrada. Na minha viagem de bicicleta pelo Caminho da Fé em 2011, quase levei uma chifrada de uma vaca que estava deitada no meio da estrada e ao lado dela tinha um pequeno bezerro que eu não tinha visto. Depois daquele incidente do qual saí ileso por muito pouco, passei a ter cuidado e medo quando via vacas e bois soltos na estrada. Parei a uma distância segura e fiquei gritando para tentar espantar os bichos da estrada. Tacar pedras eu não faria, pois jamais feriria um animal, a não ser para me defender de um ataque. Os gritos deram resultado e as vacas saíram da estrada e seguiram em direção a um pasto próximo, que não era cercado. Como o trecho era de descida, pedalei rápido para ficar o mais distante possível das vaquinhas.

Cheguei em Lagoa Dourada pouco depois do meio dia. Uma coisa que notei é que sempre a chegada em alguma cidade é por uma grande subida. No caminho tinha visto uma placa informando que a cidade é considerada a capital do rocambole. Pensei em almoçar um rocambole, mas antes queria encontrar a Pousada dos Vertentes, que era o local indicado pelo folheto do Instituto Estrada Real, como sendo o ponto oficial para carimbar o passaporte na cidade. Entrei no centro da cidade e perguntei para um casal parado numa esquina, onde ficava o endereço da pousada. Me informaram que era próximo a catedral. Não foi difícil encontrar a pousada, o difícil foi superar a ladeira que levava até ela. Acabei empurrando a bicicleta nos últimos metros, pois estava muito cansado. A pousada funcionava em um antigo casarão e ficava numa esquina, quase em frente à catedral. O portão estava aberto e segui até a porta da pousada, onde encostei a bike e apertei a campainha. Uma senhora de idade veio me atender. Falei a ela que precisava do carimbo no passaporte da Estrada Real e ela foi pegar uma pasta, onde estava o carimbo e uma folha onde ela anotou o número do meu passaporte. A dona da pousada se chamava Aíde e se mostrou muito simpática. Começamos a conversar e ao saber que eu era do Paraná, Dona Aíde contou que seu marido é paranaense também. Ficamos alguns minutos conversando, e ela contou que o casarão tem 200 anos e sempre pertenceu a família dela. Também contou que o local sofreu algumas reformas, mas que no geral o casarão não sofreu grandes mudanças em sua arquitetura original.

Após pedalar alguns metros cheguei em um portal, onde estava escrito Estrada Parque. Na verdade a estrada passava por dentro de um Parque Estadual e por isso tinha tal nome. A estrada era de terra e logo passei a pedalar no meio da mata. Cheguei em um trecho de subida que era pavimentado por pedras irregulares. Eu estava muito cansado após pedalar o dia todo debaixo de sol quente e preferi empurrar a bike na subida. Tinha empurrado a bike poucos metros, quando surgiu uma moto com um casal. Eles pararam ao meu lado e perguntaram de onde eu era, para onde iria. Daí contaram que iam dar uma volta e logo voltariam pelo mesmo caminho. Nos despedimos e eles seguiram em frente.

Já estava pedalando quase que no escuro absoluto, quando cheguei em um trecho da estrada onde tinha pasto dos dois lados e não tinha cerca. A estrada ficava em um nível mais baixo do que o pasto. E logo dei de cara com algumas vacas e dois bezerros no meio da estrada. Eu é que não ia passar perto deles, pois tendo bezerros pequenos as vacas mães ficam estressadas e podem atacar. Como já contei antes, quase levei uma chifrada numa viagem anterior de bicicleta. Parei a bike e fui empurrando ela devagar e gritando para assustar as vacas. Elas correram pela estrada e num trecho onde o barranco era mais baixo, um bezerro e três vacas subiram pelo barranco e desapareceram no pasto. Ainda ficou a vaca que parecia ser a mais brava e um bezerro. Continuei empurrando a bike e gritando. Mas não adiantou muito, pois a vaca parou no meio da estrada e ficou me encarando. E para piorar surgiu um boi por trás, quase ao meu lado e também ficou parado no meio da estrada. Fiquei sem ação durante uns 15 minutos, esperando alguma ajuda divina. E ela veio! Surgiu uma caminhonete nas minhas costas e ao passar pela estrada ela assustou os animais, que correram pela estrada e após uns 300 metros encontraram uma subida no barranco e desapareceram no pasto. Eu não perdi tempo e segui pedalando feito louco e agradecendo em voz alta pela ajuda divina. Não demorou muito e cheguei numa estrada de paralelepípedos.

Eram 19h35min quando cheguei no centro da cidade. O movimento de carros e pessoas era intenso, talvez por ser sábado à noite. Tiradentes é uma cidade histórica, bem famosa por sua gastronomia, e muita gente vem de outras cidades para conhecer os restaurantes locais. Parei duas vezes pedir informação, até que finalmente encontrei a pousada que o guia indicava. Parei na portaria da pousada e fui atendido por uma moça sorridente, de nome Eloisa. Preenchi a ficha de hospedagem, paguei e perguntei se tinha algum local onde pudesse guardar a bike. A Eloisa disse que tinha a lavanderia, mas que não era um local muito seguro. Perguntei se podia levar a bike para o quarto e ela respondeu que sim. Mas o quarto ficava no primeiro andar e eu teria que carregar a bike por uma escada de madeira de dez degraus. Não custava sofrer mais um pouco depois de um dia muito cansativo e assim empurrei a bike escada acima. Mas o esforço foi maior do que eu esperava e dei mal jeito nas costas, sentindo muita dor.

*Para ler o relato completo sobre esse dia de viagem, ou sobre toda a viagem pela Estrada Real, adquira o livro “Estrada Real Caminho Velho”, autor Vander Dissenha.

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