23 horas, 23 perrengues…

Sempre acontecem perrengues em minhas viagens, independente de que tipo de viagem eu faça. Nas minhas viagens acontecem problemas que parecem só acontecer comigo e com mais ninguém. Já até me acostumei a isso e raramente me estresso com os perrengues, pois aprendi que em viagens os problemas são resolvidos mais facilmente quando ficamos calmos e conseguimos raciocinar de uma forma clara.

Certa vez conversando com minha amiga Angela, sobre perrengues, e depois de ela ler meus livros e conhecer os muitos perrengues que já passei em minhas viagens pelo mundo… Ela contou que é igual a mim, que sempre que viaja perrengues acontecem aos montes. E a partir dessa conversa surgiu a curiosidade de saber como seria dois mestres do perrengue viajando juntos. Será que um “perrenguento” anularia os perrengues do outro “perrenguento”? Ou os perrengues se somariam e a viagem se tornaria um caos? A dúvida para essa pergunta descobriríamos no dia que desse certo de viajarmos juntos. E esse dia chegou no feriado de 15 de novembro, quando convidei a Angela para me acompanhar numa viagem bate e volta até a Argentina e Paraguai, para buscar muamba.

A Angela é uma moça fina, que faz viagens finas e que já esteve no Paraguai fazendo compras, mas nunca no esquema “muambeiro”, atravessando a Ponte da Amizade a pé, sob um sol escaldante. Quando fiz o convite deixei claro para ela que a viagem seria um “programa de índio” e mesmo assim ela topou o desafio. No fim a viagem foi mais que um “programa de índio”, ela foi um “programa de uma tribo inteira”. Aconteceram coisas que até nós duvidamos. E descobrimos que juntos devemos ter batido o recorde mundial de perrengues num mesmo dia. A Angela anotou muitos desses perrengues e conta sobre alguns no texto logo mais abaixo. Apesar de tudo voltamos para casa sãos, salvos e inteiros, mas com horas de atraso na viagem e com dor nas mandíbulas de tanto rir. Nessa viagem descobrimos mais uma cosia em comum que temos, que é não se estressar – ao menos tentar – com os problemas e rir deles. Rimos demais e esse bate e volta até a Argentina e o Paraguai, acabou sendo uma viagem inesquecível justamente pela enorme quantidade de perrengues que tivemos.

No dia seguinte a viagem, após estarmos em nossa cidade dando expediente em nossos trabalhos, a Angela me perguntou pelo WhatsApp qual foi o momento da viagem em que ela perdeu sua dignidade. Respondi sem pestanejar que foi no momento em que ela atravessou a Ponte da Amizade a pé…

 

**Texto: Angela Colombo

Algo em comum é primordial para aproximar pessoas, se grupos se reúnem são porque integrantes gostam de uma mesma atividade, e se eu e o Vander temos algo em comum, é gostar de viajar. Nossa primeira viagem juntos vai ficar marcada em nossas memórias, pois além de especial, divertida e perrenguenta, também foi duplamente internacional. Os opostos não se atraem, os dispostos realizam experiências memoráveis.

Os bons momentos dependem muito mais da nossa própria vontade em aproveitar as oportunidades que a vida oferece, transformando cada ação em uma experiência única… Muitos terão preguiça de acordar cedo para ver o sol nascer, outros não terão disposição de caminhar até o topo da montanha para contemplar a paisagem, mas a recompensa só será garantida para quem for atrás…

Ponto para a pontualidade! E aqui começa nossa jornada… E ainda que o mocinho chegou pela contramão da direção, seguimos aproveitando cada quilômetro para revelar segredos, desabafar mágoas e dividir sonhos…

23 horas de convivência, 23 horas de “programa de índio” até parecia uma profecia… 23 horas de gostinho de quero mais, 23 horas de que bom que eu aceitei, 23 horas e deu tudo certo!

Minhas viagens sempre costumam ter imprevistos que sempre foram solucionados – geram estresse? Sim! Mas é melhor me estressar viajando do que em casa – mas um dia ao ler, Caminho de Santiago de Compostela, disse ao meu autor favorito que: “nós dois viajando juntos seria perrengue atrás de perrengue” e ele ciente dessa afirmação ousou me convidar e sentir na pele a alegria de estrear perrengues comigo…

Viajar é altamente enriquecedor, independente do destino, a sua responsabilidade é observar e aprender, é buscar lições… e tudo começou com um símbolo no painel do carro, para mim era um sinal de exclamação espanhol de cor amarela, mas esse símbolo no painel do carro revela que o pneu está murchando…

E dito e feito, começou a peregrinação em busca aos calibradores de pneus. A estratégia era ir em um mercado fazer compras, depois parar num posto de gasolina e calibrar o pneu, e assim sucessivamente até encerrar as compras do lado argentino e encontrar uma borracharia, mas fomos parados na fiscalização da Receita Federal. Lógico que fomos cadastrados. Claro! Carro cheio, pesado, pneu esvaziando… Vinte minutos de fila… Metaforicamente é como se as mágoas e histórias tristes desabafadas estivessem sendo “esvaziadas, expulsadas, vomitadas através do ar do pneus” o peso do carro seria a nova “bagagem, a nova história” o tempo na fila necessário para exercer nossa paciência que aliás foi acompanhada de muita gargalhada…

Serviços de emergência são imprescindíveis e olha que interessante a junção do serviço tão antigo do borracheiro com o moderno sistema de pesquisa do Google Maps. Depois de algumas vezes calibrando o pneu dianteiro do lado do passageiro o Vander localizou um parafuso, então pesquisamos no celular e encontramos o serviço de borracheiro 24 horas, e pagando 20 reais o pneu novinho foi remendado e seguimos viagem para o Paraguai… Agora estávamos mais tranquilos porque o sinal do painel tinha apagado… Aprendi uma lição, que pneu novo atrai prego/parafuso, o Vander tinha recém trocado os quatro pneus do carro dele!

Mal sabíamos que nossa reputação de perrengueiros estava apenas começando, e, agora iniciaria um efeito dominó que só vivendo é possível acreditar, perdemos várias vezes o sinal do Google Maps e assim nos perdermos e nos encontramos, mas algo que aprendi nessa viagem foi ser conduzida por ele – de olhos fechados – a capacidade que ele tem de se localizar é impressionantemente admirável… Com o carro devidamente estacionado, tomamos todas as medidas de segurança, acionamos o aplicativo Strava e seguimos rumo a famosa Ponte da Amizade… “Ei Angela, cadê a chave do carro? Vander não está comigo! – eu penso: não lembro de ter visto ele acionar o alarme – olho pra ele examinando o terceiro de seis bolsos da calça operacional dele e saio andando em direção ao carro pensando que a chave vai estar na ignição – meus vinhos estão dentro do carro dele – Corre Vander vamos lá no estacionamento… Ele vem andando atrás de mim, a gente ri, mas é de nervoso, ele abre a porta do carro e tira a chave da ignição…. Tenho certeza que se ele fosse de falar palavrão tinha soltado aos menos dois ali… Foi uma mistura de “não creio” com “como assim?” Ele é inteligente, atraente, carismático e acabou se distraindo conversando comigo e esqueceu a chave na ignição com o carro estacionado a menos de um quilometro da fronteira com o Paraguai. Mas tudo resolvido!

Eu tinha tomado meus remédios e vi ele tomando os dele… Inacreditável… Mas seguimos sob o sol, minha primeira vez cruzando a ponte a pé foi no esquema “boi no rio com piranha”… Ciudad del Leste o que dizer desse lugar? Caótico, muito óbvio! Mas enfim… Segui os passos do Vander, olhava a nuca dele e o suor escorria… Lembrava do parafuso no pneu e agradecia termos encontrado serviço 24 horas de borracharia… E inevitavelmente ria lembrando dele procurando a chave do carro nos seis bolsos da calça… O sol batia no asfalto e subia um mormaço, a temperatura estava quente… Eu queria um banho…

23 horas em três países, 23 horas de transparência e sinceridade, 23 horas transpirando feito maratonistas profissionais, 23 horas intensas, 23 horas revelaram que assunto não se esgotam quando a conversa é agradável, 23 horas observando, aprendendo e compreendo quem ele é…

Depois de sair do Paraguai, paramos num shopping center de rico em Foz do Iguaçu. O shopping estava lindo com decoração natalina e a melhor parte foi quando fui abordada por uma senhorinha pedindo ajuda com vinhos, me senti toda importante. O Vander empurrando o carrinho e a fiscal o parou perguntando se ele tinha pagado as caixas de cerveja que levava consigo. Eu não sei se a gente estava com cara de pobre, muambeiro ou com as vestimentas desalinhadas, meu cabelo parecendo que tinha acabado de sair da academia, ou se tal pergunta é um protocolo de praxe do estabelecimento. Não vou procurar saber também… Mas caloteiros não somos!

Mas culpar o Google Maps é fácil, a culpa é do aplicativo, o sinal está ruim, mas o que dizer quando se deixa o carro no estacionamento G3 do shopping, desce no G2 e quer insistir em encontrar o carro? É sério? Quando um imprevisto acontece é plausível, não há nada para comentar, mas eu e Vander tivemos tantos que chega virar piada e sabe que embora e lamentavelmente tenha tido o prejuízo financeiro a gente riu de doer a barriga… Enquanto ele procurava o carro no G2 – e nunca encontraria – eu pagava o estacionamento que tinha esquecido de pagar – fiquei com o ticket na mão, papel foi suando, entreguei pra ele e ao passar no código de barras o leitor não leu – leitor analfabeto – um carro estacionou atrás de nós – vai leitor – uma moto atrás do carro que estava atrás de nós, segurança do estacionamento se aproxima e Vander me pergunta: “você pegou o comprovante que pagou?” Eu respondo dando risada: “não”! Outro carro atrás da moto. Segurança olha pra nós, Vander olha para o segurança e diz “eu paguei!”, enfim a cancela sobe… Fazia tempo que não me divertia tanto como nesse dia…

Um dia li sobre a Lei de Murphy, não penso que ela se encaixa em nossa viagem, mas a verdade é que nunca, até hoje, escutei alguém contar que viajou e o pneu furou duas vezes… Pois é! É raro mais acontece! Na viagem de volta para casa, já quase no meio do caminho, seguíamos em uma conversa mais íntima, e ele solta um palavrão, o pensamento veio na velocidade da luz: “o Vander falando palavrão, algo de errado não está certo”! Vander disse que o símbolo de pneu esvaziando novamente apareceu no painel! Paramos em Medianeira e ele tentou entrar em contato com a seguradora, vi que foi o primeiro momento que realmente ficou irritado e desapontado! Eu consegui encontrar um borracheiro 24 horas – que serviço essencialmente útil – e lá vamos nós seguindo para um lugar desconhecido onde iríamos depositar toda confiança no trabalho de um borracheiro para seguir nossa viagem! Esse momento estávamos cansados e lidar com mais uma borracharia não era nada que queríamos, mas tudo bem! Encontramos o lugar, o borracheiro arrumou o pneu, mas, pasme! A luz do painel continuava acessa! Um segundo parafuso de rosca infinita no pneu traseiro do lado do motorista – efeito Vander! Nós dois juntos somos imparáveis! Pra que homem bomba? Um segundo pneu remendado…

Teve um momento que realmente acreditei na promessa que ele ia me mandar voltar de ônibus, porque depois que ele passou com o farol apagado no posto da Polícia Rodoviária Federal que já tinha multado ele em um viagem passada, eu falei que era minha vez de conduzir o carro, ele aceitou, e estava tudo bem, e pra fechar a última hora de viagem eu passei acima da velocidade permitida em um radar…Vander sendo Vander e Angela sendo Vander!

23 horas que não voltam mais e que ficaram no passado mas que foram vividas intensamente, 23 horas que deixam recordações que valem a pena serem relembradas e por isso foram fotografadas, filmadas e agora escritas, gratidão por proporcionar 23 horas, 23 perrengues…

O primeiro furo… Foz do Iguaçu – PR.
Rindo para não chorar…
Angela em frente a sua loja…
Vida de muambeiro…
Ciudad del Este.
Perdendo a dignidade…
Refazendo o remendo do primeiro furo e descobrindo o segundo furo… Medianeira – PR.

Biketour nas Cataratas do Iguaçu

O sábado foi dia de madrugar e pegar a estrada rumo à Foz do Iguaçu. Viajamos em três; eu, André e Eliane. E tivemos uma desistência de última hora, o nosso amigo Welison não conseguiu acordar às três da manhã. O motivo da viagem de quatro horas e 320 quilômetros, foi fazer o biketour dentro do Parque Nacional do Iguaçu. São 11 quilômetros de pedal entre o Centro de Visitantes e as Cataratas.  Em menos de um mês é a segunda vez que visito as Cataratas do Iguaçu. Não levamos as bikes, pois daria muita mão de obra. Foi mais fácil alugar, e mesmo não estando acostumados com as bikes, fizemos o biketour sem nenhum problema. É muito legal pedalar pela estrada que leva até as Cataratas, e tendo o risco de encontrar uma onça pela frente.

Após 11 quilômetros de pedal, deixamos as bikes em um bicicletário e fomos fazer a pé a trilha que leva até as passarelas. Tinha chovido nos últimos dias, e as quedas estavam com bom volume de água. E como ventava bastante, andar pela passarela era como andar na chuva. Como fazia bastante calor, se molhar com o spray da água foi algo gostoso. E descobrimos que a Eliane tem medo de altura, pois ela se recusava em ir nas partes das passarelas com maior altura.

Fizemos todo o circuito obrigatório de quem visita as Cataratas do lado brasileiro. Depois pegamos um dos muitos ônibus que circulam pelo Parque, e ele nos deixou no bicicletário, onde pegamos as bikes e pedalamos os 11 quilômetros de volta até o Centro de Visitantes. O passeio foi muito divertido e já estamos planejando retornar em breve para Foz do Iguaçu, dessa vez para atravessar Itaipu de bike.

Quem tiver interesse em fazer tal biketour, para alugar as bikes entrem em contato com o pessoal da Iguassu Bike Tour, pelo telefone (45) 99812-4602.

Vander, Eliane e André.

 

 

Centro de Visitantes do Parque Nacional do Iguaçu.

Parque das Aves

Uma das poucas atrações de Foz do Iguaçu que eu ainda não conhecia é o Parque das Aves. Nunca tive interesse em conhecer o lugar, pois achava que não seria interessante. Grande engano! Dessa vez fui visitar o Parque das Aves porque minha sobrinha queria conhecer e acabei adorando o lugar. Achei muito interessante o trabalho que fazem no Parque e vale a pena conhecer a enorme quantidade de animais que são preservados. Se você passar por Foz do Iguaçu, faça uma visita!

O Parque das Aves é a única instituição do mundo focada na conservação das aves lindas e exuberantes da Mata Atlântica, oferecendo uma experiência de contato próximo, imersivo e encantador com elas. Visitando o Parque das Aves você também conhece o que fazemos para ajudar a reverter a crise de conservação que essas aves e a Mata Atlântica estão vivendo. Aqui você pode ter uma experiência completa de conexão e conhecimento sobre as aves e as suas florestas, um patrimônio natural de importância global ao seu alcance. As aves da Mata Atlântica são lindas, exuberantes e únicas, e o Parque oferece ao seus visitantes a oportunidade de viver uma experiência imersiva de conexão com elas e as florestas que habitam. Isso fez com que o Parque das Aves se tornasse o atrativo mais visitado de Foz do Iguaçu depois das Cataratas. O Parque das Aves trabalha por um mundo melhor, onde as pessoas possam viver em harmonia com a natureza. Para isso, mantém 16 hectares de Mata Atlântica e mais de 1.300 aves, de cerca de 130 espécies, sendo mais de 50% proveniente de apreensões. O Parque também participa de diversos programas de conservação.

De volta as Cataratas do Iguaçu

Após 10 anos voltei a visitar as Cataratas do Iguaçu, do lado brasileiro. Ano passado estive visitando o lado argentino, que para mim é mais bonito. Mas o lado brasileiro também teus seus encantos. Minha primeira visita foi há 35 anos, também em um mês de dezembro. Daquela época para cá muita coisa mudou para melhor no parque. E proibir a entrada dos carros dos turistas foi a melhor coisa que fizeram. Lembro que nessa primeira visita que fiz em 1985, tinha um carro caído dentro do rio. Para sorte do motorista o carro ficou enroscado numa pedras e não foi queda abaixo. Dessa vez levei minha sobrinha, que não conhecia as Cataratas do Iguaçu.

Com minha sobrinha, Erica.

Itaipu Binacional

Aproveitando a visita à Foz do Iguaçu, estive visitando Itaipu pela quarta vez. E dessa vez dei sorte de ver o vertedouro aberto, algo que acontece poucas vezes durante o ano. O passeio por Itaipu é sempre interessante e impressiona o tamanho da hidrelétrica.

Usina Hidrelétrica de Itaipu 

É uma usina hidrelétrica binacional localizada no Rio Paraná, na fronteira entre o Brasil e o Paraguai. A barragem foi construída pelos dois países entre 1975 e 1982. A Itaipu Binacional, operadora da usina, é a líder mundial em produção de energia limpa e renovável, tendo produzido mais de 2,5 bilhões de megawatts-hora (MWh) desde o início de sua operação. O seu lago possui uma área de 1.350 km2, indo de Foz do Iguaçu, no Brasil e Ciudad del Este, no Paraguai, até Guaíra e Salto del Guairá, 150 km ao norte.

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Templo Budista de Foz do Iguaçu

Pela segunda vez estive visitando o Templo Budista, na cidade de Foz do Iguaçu. O local é muito bonito e transmite muita paz. Fui com alguns amigos que não conheciam o local e todos gostaram do passeio.

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O Templo Budista fica localizado em uma privilegiada região alta da cidade, onde pode se ter uma visão de parte do centro da cidade de Foz do Iguaçu e de Ciudad del Este (Paraguai). A beleza do local permite um contato mais próximo com a filosofia Budista, e um momento de descanso. O local foi construído em 1996, e hoje, nos jardins do templo existem mais de 120 estátuas, cada uma com o seu significado, sendo os destaques, uma estátua de Buda de sete metros de altura, e um templo que cria um ambiente bastante especial para o local.

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Umuarama, Guaíra, Salto del Guairá

No final de semana que passou, fiz mais uma viagem “internacional”. Dessa vez fui ao Paraguai fazer umas comprinhas. E não fui a Ciudad de Leste, que fica próximo a Foz do Iguaçu. Fui a Salto del Guairá, perto da cidade de Guaíra. Para quem não sabe, até o início dos anos oitenta, Foz do Iguaçu e Guaíra, rivalizavam para atrair turistas. Foz do Iguaçu com as Cataratas do Iguaçu e Guaíra com as Sete Quedas. Com a construção de Itaipu, as Sete Quedas desapareceram sob o lago de Itaipu, em outubro de 1982 e Guaíra quase virou uma cidade fantasma com o fim do turismo.

Em 1998, com a construção da Ponte Ayrton Senna ligando o Paraná ao Mato Grosso do Sul, a região de Guaíra voltou a crescer. E agora do lado paraguaio está surgindo um comércio parecido com o de Ciudad de Leste. A vantagem é que Salto del Guairá é mais tranqüila, limpa, menos perigosa e os preços são os mesmos de Ciudad de Leste. E a fiscalização é ainda mais precária e ineficiente do que em Foz do Iguaçu. Para quem quer comprar eletrônicos com preço bom e sem pagar imposto, é uma boa! (Também para que pagar imposto? Para que nossos “honrados” políticos tenham mais grana para roubar?) 

A tendência é que o comércio de Salto del Guairá cresça ainda mais e atraía boa parte dos compradores que sempre seguiram para Ciudad de Leste. No meu caso, que estou em Campo Mourão, são quase cem quilômetros a menos de estrada para chegar ao Paraguai via Guaíra, do que indo via Foz do Iguaçu. O estranho é que saí do Paraná, atravessei quase quatro quilômetros de ponte, andei uns cinco quilômetros pelo Mato Grosso do Sul e entrei no Paraguai. Ninguém me pediu documento pessoal ou do carro, seja no lado brasileiro ou paraguaio, tanto na ida quanto na volta. E depois ninguém sabe por onde entra tanta droga e armas no Brasil! E num domingo ensolarado onde o termômetro no centro de Salto Del Guairá marcava 38 graus, nenhum policial ou fiscal da receita estava preocupado em vistoriar carros e pessoas que trafegavam de um país ao outro.

Nessa curta viagem visitei duas cidades aonde não ia há muitos anos. No sábado estive em Umuarama (era caminho), cidade também conhecida como “mulherama”, de tanta mulher que tem por lá. Dormi numa casa que fica quase em frente aos dois maiores ginásios de esportes da cidade, locais onde nos anos de 1986 e 1987 obtive minhas maiores conquistas como jogador de basquete. Foi muito bom rever aquele lugar e relembrar dos amigos e de como era boa aquela vida de jovem esportista. 

E hoje estive em Guaíra, cidade que não visitava desde 1992. E foi nessa visita de 1992 a Guaíra que comecei a usar óculos e nunca mais parei. Lembro que eu estava me sentido sem jeito com o óculos. Daí conquistei uma paraguaia de olhos azuis, que me confidenciou ter sido minha cara de intelectual (graças aos óculos) que a conquistaram. Depois disso nunca mais tive traumas com relação a usar óculos. Cheguei até a usar lentes de contato por um tempo, mas não me acostumei.

 E chega de saudosismos!!!

Chegando a Salto del Guairá.

Êita lugarzinho quente...

Ponte Ayrton Senna.

Itaipu Binacional

Outro  passeio   interessante   que  fizemos  na  região  de  Foz  do Iguaçu,   foi  visitar a  Itaipu Binacional. Já estive em Itaipu duas vezes, nos anos de 1985 e 1986. Dessa vez pude perceber que muita coisa mudou para melhor, que a represa está finalizada e que o passeio por ela agora é mais organizado e com ônibus próprio. Mesmo pagando ingresso, vale a pena fazer tal passeio. Após assistirmos um vídeo informativo sobre Itaipu, embarcamos num ônibus sem teto e fomos passear pela represa, fazendo paradas em pontos estratégicos. De frustrante foi constatar que o vertedouro não estava jorrando água. O vertedouro jorrando água é com certeza o fato mais bonito no passeio por Itaipu. O guia nos informou que o vertedouro jorra água somente durante dois meses por ano. Das duas vezes anteriores que estive ali estava jorrando água, então devo ter tido sorte. De qualquer forma o passeio valeu á pena. Mesmo sendo uma obra de engenharia sem fins turísticos, o passeio pelo local é interessante e tudo é bonito, limpo e organizado. 

História: Itaipu Binacional é a empresa que gerencia a maior usina hidrelétrica em funcionamento e em capacidade de geração de energia no mundo. É uma empresa binacional construída pelo Brasil e pelo Paraguai no rio Paraná, no trecho de fronteira entre os dois países, 15 km ao norte da Ponte da Amizade. O projeto vai de Foz do Iguaçu, no Brasil, e Ciudad del Este, no Paraguai, no sul, até Guaíra e Salto del Guairá, no norte. A capacidade instalada de geração da usina é de 14 GW, com 20 unidades geradoras fornecendo 700 MW cada. No ano de 2008, a usina geradora atingiu o seu recorde de produção, com 94,68 bilhões de quilowatts-hora (kWh), fornecendo 90% da energia consumida pelo Paraguai e 19% da energia consumida pelo Brasil.

A Usina de Itaipu é resultado de intensas negociações entre os dois países durante a década de 1960. Em 22 de julho de 1966, os ministros das Relações Exteriores do Brasil e do Paraguai, assinaram a “Ata do Iguaçu”, uma declaração conjunta de interesse mútuo para estudar o aproveitamento dos recursos hídricos dos dois países, no trecho do rio Paraná “desde e inclusive o Salto de Sete Quedas até a foz do Rio Iguaçu”. Em 1970, o consórcio formado pelas empresas PNC e ELC Electroconsult (da Itália) venceu a concorrência internacional para a realização dos estudos de viabilidade e para a elaboração do projeto da obra. O início do trabalho se deu em fevereiro de 1971. Em 26 de abril de 1973, Brasil e Paraguai assinaram o Tratado de Itaipu, instrumento legal para o aproveitamento hidrelétrico do rio Paraná pelos dois países. Em 17 de maio de 1974, foi criada a entidade binacional Itaipu, para gerenciar a construção da usina. O início efetivo das obras ocorreu em janeiro do ano seguinte. Um consórcio liderado pela construtora Mendes Júnior, executou o projeto. Para a construção foram usados 40 mil trabalhadores diretos. Para o material foi usado 12,57 milhões de m³ de concreto (o equivalente a 210 estádios do Maracanã) e uma quantidade de ferro equivalente a 380 Torres Eifell. Comparando a construção da hidrelétrica de Itaipu com o Eurotúnel (que liga França e Inglaterra sob o Canal da Mancha) foram utilizados 15 vezes mais concreto e o volume de escavações foi 8,5 vezes maior. No dia 14 de outubro de 1978 foi aberto o canal de desvio do rio Paraná, que permitiu secar um trecho do leito original do rio para ali ser construída a barragem principal, em concreto. O reservatório da usina começou a ser formado em 12 de outubro de 1982, quando foram concluídas as obras da barragem e as comportas do canal de desvio foram fechadas. Nesse período, as águas subiram 100 metros e chegaram às comportas do vertedouro às 10 horas do dia 27 de outubro, devido às chuvas fortes e enchentes que ocorreram na época. Em uma operação denominada Mymba Kuera (que em tupi-guarani quer dizer “pega-bicho”), durante a formação do reservatório, equipes do setor ambiental de Itaipu esforçaram-se em percorrer a maior parte da área que seria alagada para salvar centenas de exemplares de espécies de animais da região.

Quando a construção da barragem começou, cerca de 10.000 famílias que viviam às margens do rio Paraná foram desalojadas, a fim de abrir caminho para a represa. Muitas dessas famílias se refugiaram na cidade de Medianeira, uma cidade não muito longe da confluência dos rios Iguaçu e Paraná. Algumas dessas famílias vieram, eventualmente, a ser membros de um dos maiores movimentos sociais do Brasil, o MST. O espelho d’água da usina alagou diversas propriedades de moradores do extremo oeste do Estado do Paraná. As indenizações foram suficientes para que os agricultores comprassem novas terras no Brasil. Sendo as terras no Paraguai mais baratas, milhares emigraram para esse país, criando o fenômeno social dos brasiguaios – brasileiros e seus familiares que residem em terras paraguaias na fronteira com o Brasil.

Em 5 de maio de 1984, entrou em operação a primeira unidade geradora de Itaipu. As 20 unidades geradoras foram sendo instaladas ao ritmo de duas a três por ano. As duas últimas das 20 unidades de geração de energia elétrica começaram a funcionar entre setembro de 2006 e março 2007, elevando a capacidade instalada para 14.000 MW, concluindo a usina. Este aumento da capacidade permitiu que 18 unidades geradoras permaneçam funcionando o tempo todo, enquanto duas permanecem em manutenção. Devido a uma cláusula do tratado assinado entre Brasil, Paraguai e Argentina, o número máximo de unidades geradoras autorizadas a operar simultaneamente não pode ultrapassar 18. A potência nominal de cada unidade geradora (turbina e gerador) é de 700 MW. No entanto, porque diferença entre o nível do reservatório e o nível do rio ao pé da barragem que ocorre realmente é maior do que a projetada, a energia disponível for superior a 750 MW por meia hora para cada gerador. Cada turbina gera cerca de 700 megawatts, para comparação, toda a água das Cataratas do Iguaçu teria capacidade para alimentar somente dois geradores. A Itaipu produz uma média de 90 milhões de megawatts-hora (MWh) por ano. Com o aumento da capacidade e em condições favoráveis do rio Paraná (chuvas em níveis normais em toda a bacia) a geração poderá chegar a 100 milhões de MWh. Embora seja apenas o sétimo do Brasil em tamanho, o reservatório de Itaipu tem o maior aproveitamento em relação à área inundada. Para a potência instalada de 14.000 MW, foram alagados 1.350 quilômetros quadrados. Os reservatórios das usinas de Sobradinho, Tucuruí, Porto Primavera, Balbina, Serra da Mesa e Furnas são maiores do que o Itaipu, mas todos perdem na relação área inundada/capacidade instalada.

Vertedouro sem água.
Vertedouro sem água.

Mirante em Itaipu.

Vertedouro.

Barragem.

Desvio.