Outro passeio interessante que fizemos na região de Foz do Iguaçu, foi visitar a Itaipu Binacional. Já estive em Itaipu duas vezes, nos anos de 1985 e 1986. Dessa vez pude perceber que muita coisa mudou para melhor, que a represa está finalizada e que o passeio por ela agora é mais organizado e com ônibus próprio. Mesmo pagando ingresso, vale a pena fazer tal passeio. Após assistirmos um vídeo informativo sobre Itaipu, embarcamos num ônibus sem teto e fomos passear pela represa, fazendo paradas em pontos estratégicos. De frustrante foi constatar que o vertedouro não estava jorrando água. O vertedouro jorrando água é com certeza o fato mais bonito no passeio por Itaipu. O guia nos informou que o vertedouro jorra água somente durante dois meses por ano. Das duas vezes anteriores que estive ali estava jorrando água, então devo ter tido sorte. De qualquer forma o passeio valeu á pena. Mesmo sendo uma obra de engenharia sem fins turísticos, o passeio pelo local é interessante e tudo é bonito, limpo e organizado.
História: Itaipu Binacional é a empresa que gerencia a maior usina hidrelétrica em funcionamento e em capacidade de geração de energia no mundo. É uma empresa binacional construída pelo Brasil e pelo Paraguai no rio Paraná, no trecho de fronteira entre os dois países, 15 km ao norte da Ponte da Amizade. O projeto vai de Foz do Iguaçu, no Brasil, e Ciudad del Este, no Paraguai, no sul, até Guaíra e Salto del Guairá, no norte. A capacidade instalada de geração da usina é de 14 GW, com 20 unidades geradoras fornecendo 700 MW cada. No ano de 2008, a usina geradora atingiu o seu recorde de produção, com 94,68 bilhões de quilowatts-hora (kWh), fornecendo 90% da energia consumida pelo Paraguai e 19% da energia consumida pelo Brasil.
A Usina de Itaipu é resultado de intensas negociações entre os dois países durante a década de 1960. Em 22 de julho de 1966, os ministros das Relações Exteriores do Brasil e do Paraguai, assinaram a “Ata do Iguaçu”, uma declaração conjunta de interesse mútuo para estudar o aproveitamento dos recursos hídricos dos dois países, no trecho do rio Paraná “desde e inclusive o Salto de Sete Quedas até a foz do Rio Iguaçu”. Em 1970, o consórcio formado pelas empresas PNC e ELC Electroconsult (da Itália) venceu a concorrência internacional para a realização dos estudos de viabilidade e para a elaboração do projeto da obra. O início do trabalho se deu em fevereiro de 1971. Em 26 de abril de 1973, Brasil e Paraguai assinaram o Tratado de Itaipu, instrumento legal para o aproveitamento hidrelétrico do rio Paraná pelos dois países. Em 17 de maio de 1974, foi criada a entidade binacional Itaipu, para gerenciar a construção da usina. O início efetivo das obras ocorreu em janeiro do ano seguinte. Um consórcio liderado pela construtora Mendes Júnior, executou o projeto. Para a construção foram usados 40 mil trabalhadores diretos. Para o material foi usado 12,57 milhões de m³ de concreto (o equivalente a 210 estádios do Maracanã) e uma quantidade de ferro equivalente a 380 Torres Eifell. Comparando a construção da hidrelétrica de Itaipu com o Eurotúnel (que liga França e Inglaterra sob o Canal da Mancha) foram utilizados 15 vezes mais concreto e o volume de escavações foi 8,5 vezes maior. No dia 14 de outubro de 1978 foi aberto o canal de desvio do rio Paraná, que permitiu secar um trecho do leito original do rio para ali ser construída a barragem principal, em concreto. O reservatório da usina começou a ser formado em 12 de outubro de 1982, quando foram concluídas as obras da barragem e as comportas do canal de desvio foram fechadas. Nesse período, as águas subiram 100 metros e chegaram às comportas do vertedouro às 10 horas do dia 27 de outubro, devido às chuvas fortes e enchentes que ocorreram na época. Em uma operação denominada Mymba Kuera (que em tupi-guarani quer dizer “pega-bicho”), durante a formação do reservatório, equipes do setor ambiental de Itaipu esforçaram-se em percorrer a maior parte da área que seria alagada para salvar centenas de exemplares de espécies de animais da região.
Quando a construção da barragem começou, cerca de 10.000 famílias que viviam às margens do rio Paraná foram desalojadas, a fim de abrir caminho para a represa. Muitas dessas famílias se refugiaram na cidade de Medianeira, uma cidade não muito longe da confluência dos rios Iguaçu e Paraná. Algumas dessas famílias vieram, eventualmente, a ser membros de um dos maiores movimentos sociais do Brasil, o MST. O espelho d’água da usina alagou diversas propriedades de moradores do extremo oeste do Estado do Paraná. As indenizações foram suficientes para que os agricultores comprassem novas terras no Brasil. Sendo as terras no Paraguai mais baratas, milhares emigraram para esse país, criando o fenômeno social dos brasiguaios – brasileiros e seus familiares que residem em terras paraguaias na fronteira com o Brasil.
Em 5 de maio de 1984, entrou em operação a primeira unidade geradora de Itaipu. As 20 unidades geradoras foram sendo instaladas ao ritmo de duas a três por ano. As duas últimas das 20 unidades de geração de energia elétrica começaram a funcionar entre setembro de 2006 e março 2007, elevando a capacidade instalada para 14.000 MW, concluindo a usina. Este aumento da capacidade permitiu que 18 unidades geradoras permaneçam funcionando o tempo todo, enquanto duas permanecem em manutenção. Devido a uma cláusula do tratado assinado entre Brasil, Paraguai e Argentina, o número máximo de unidades geradoras autorizadas a operar simultaneamente não pode ultrapassar 18. A potência nominal de cada unidade geradora (turbina e gerador) é de 700 MW. No entanto, porque diferença entre o nível do reservatório e o nível do rio ao pé da barragem que ocorre realmente é maior do que a projetada, a energia disponível for superior a 750 MW por meia hora para cada gerador. Cada turbina gera cerca de 700 megawatts, para comparação, toda a água das Cataratas do Iguaçu teria capacidade para alimentar somente dois geradores. A Itaipu produz uma média de 90 milhões de megawatts-hora (MWh) por ano. Com o aumento da capacidade e em condições favoráveis do rio Paraná (chuvas em níveis normais em toda a bacia) a geração poderá chegar a 100 milhões de MWh. Embora seja apenas o sétimo do Brasil em tamanho, o reservatório de Itaipu tem o maior aproveitamento em relação à área inundada. Para a potência instalada de 14.000 MW, foram alagados 1.350 quilômetros quadrados. Os reservatórios das usinas de Sobradinho, Tucuruí, Porto Primavera, Balbina, Serra da Mesa e Furnas são maiores do que o Itaipu, mas todos perdem na relação área inundada/capacidade instalada.