




16 ANOS NO AR – Vander Dissenha
As pessoas complicam muito as coisas … Tá com saudades? Ligue. Quer encontrar? Convide. Quer compreensão? Explique-se. Tá com dúvidas? Pergunte. Não gostou? Fale. Gostou? Fale mais. Tá com vontade? Faça. Quer algo? Pedir é a melhor maneira de começar a merecer. Se o “não” você já tem, só corre o risco do “sim” … A vida é uma só!!!! Bora ser feliz… Gostei, copiei e postei aqui… Simples assim.
PRESENÇA
É preciso que a saudade desenhe tuas linhas perfeitas,
teu perfil exato e que, apenas, levemente, o vento
das horas ponha um frêmito em teus cabelos…
É preciso que a tua ausência trescale
sutilmente, no ar, a trevo machucado,
as folhas de alecrim desde há muito guardadas
não se sabe por quem nalgum móvel antigo…
Mas é preciso, também, que seja como abrir uma janela
e respirar-te, azul e luminosa, no ar.
É preciso a saudade para eu sentir
como sinto – em mim – a presença misteriosa da vida…
Mas quando surges és tão outra e múltipla e imprevista
que nunca te pareces com o teu retrato…
E eu tenho de fechar meus olhos para ver-te.
Mário Quintana
Mencionei O Vampiro de Curitiba em uma postagem e vieram me pedir mais informações sobre ele. Esse vampiro curitibano é personagem de um livro de Dalton Trevisan. A primeira vez que vi algo sobre ele foi no início dos anos oitenta, em um anúncio sobre o livro, publicado em um gibi. Na época eu era uma criança interiorana que eventualmente ia a Curitiba visitar meus avós. E quando vi o livro no anúncio, imaginei que o tal vampiro era real, que em Curitiba realmente vivia um vampiro. E nas visitas seguintes à casa de meus avós evitava sair sozinho à noite, com medo do vampiro. Anos depois descobri que o tal vampiro não chupava sangue, e que seu vampirismo era a busca constante do prazer, de sexo. Li o livro pela primeira vez aos 15 anos e depois fiz mais duas releituras. Mesmo assim nos quase vinte anos que acabei vivendo em Curitiba, vez ou outra ao andar pela cidade ficava imaginando se o tal vampiro curitibano de minha infância era mesmo personagem de um livro, ou se ele teria uma versão real. Essa duvida persiste até hoje e prefiro deixar que ela permaneça assim.
Sobre o livro: O Vampiro de Curitiba foi publicado em 1965. O livro é a reunião de 15 contos que apresentam somente um fio condutor quanto aos aspectos temáticos, personagem, linguagem e estilo. Nelsinho é o protagonista dos contos. É o vampiro literário. Um curitibano que segue, persegue e assedia velhinhas, senhoras respeitáveis e carentes; virgens e prostitutas, agoniado e indeciso. Nelsinho é um caçador implacável e segue a presa até a exaustão; quase sempre é bem sucedido. O vampiro representa o apetite de viver o ato libidinoso, que renasce tão logo é saciado.
O autor do livro: Dalton Trevisan nasceu em Curitiba, no ano 1925. É reconhecido como um dos maiores mestres do conto. Entretanto esconde-se da fama: não dá entrevistas, não cede o telefone a ninguém, não recebe visitas e são raras as suas fotografias. É um sujeito arredio, solitário e misterioso.
Estive em Curitiba nas duas últimas semanas e entre outras coisas, aproveitei para fazer caminhadas noturnas pelo centro da cidade. Isso era algo que eu fazia muito quando morava em Curitiba, principalmente nos anos em que vivi no centro da cidade. Adorava sair andando sem rumo, indo de um canto a outro do centro, observando as pessoas e o movimento noturno. Sempre tomava o cuidado de não levar carteira, celular ou algum outro objeto de valor, pois costumava caminhar também por lugares perigosos do centro. Encantava-me observar os tipos noturnos da cidade, os boêmios, os bêbados, os drogados, os mendigos, as putas. Todos os personagens que vivem na noite curitibana, que circulam por suas ruas e igual ao Vampiro de Curitiba desaparecem ao nascer do dia.
Em minhas caminhadas noturnas sempre evitei o contato com as pessoas. Raramente era abordado por alguém, e quando isso acontecia preferia ficar em silêncio e seguir meu caminho. Sempre tive especial predileção por caminhar em noites frias, pois para mim a cidade tinha um aspecto diferente nessas noites, onde a quantidade de personagens noturnos é bem menor. Os ruídos da cidade, seu cheiro, o movimento de pessoas e carros, tudo é diferente durante a noite. É dessa Curitiba noturna e exótica que sinto saudades agora que vivo distante dela. Por isso que em minha recente visita a cidade, procurei fazer algumas caminhadas noturnas e reencontrar antigos lugares e personagens noturnos, bem como descobrir novos lugares e personagens. A cidade é mutante e mesmo que essa mutação ocorra num ritmo lento, quando se fica muito tempo ausente da cidade é mais fácil perceber tais mutações.
Iniciei essas caminhas noturnas no distante ano de 1993 e por muitas vezes me senti o próprio Vampiro de Dalton. Já outras vezes senti que estava sendo observado pelo Vampiro de Curitiba, escondido atrás de alguma janela da adormecida cidade.
Tenho um novo “brinquedo” para me divertir. Acabo de adquirir uma bike, que foi montada de acordo com meu biotipo e também para que eu não force muito minhas hérnias de disco. Fiquei um bom tempo procurando uma bike para comprar, que estivesse de acordo com o que eu precisava. Não encontrava uma bike que tivesse tudo o que eu queria, até que descobri que era possível montar uma. Ou seja, comprei tudo separado, de acordo com o que buscava e montei a bike. Saiu um pouco mais caro, mas ficou perfeita, sob medida. E ela ficou bem leve, por ser quase toda em aluminio pesa a metade do que minha bike anterior pesava. Isso faz muita diferença, principalmente quando está toda equipada. Agora não vejo a hora de coloca-lá na estrada e pedalar muito. O problema é que estou machucado e vai demorar algumas semanas até eu poder estrear o novo brinquedo.
No sábado a tarde estive mais uma vez na Gibicon e dessa vez aproveitei para pegar autógrafos do Fabio Civitelli e do Lucio Filippucci. Peguei mais para amigos do que para mim mesmo. E na fila de autógrafos conversei com muita gente e também encontrei mais amigos, como o Gervásio Freitas, Nilson Farinha, Sergio Starepravo, Ezequiel e sua esposa, Nei e sua filha.
Um fato que achei interessante foi que duas pessoas vieram conversar comigo, dizendo que tinham me reconhecido da internet. Um viu fotos minhas da Comix do ano passado, e outro viu a entrevista para o Blog do Tex. Estou ficando famoso… rs!
Na sexta-feira a noite, na Gibicon, aconteceu a inauguração da Mostra “A Lenda de Tex”, com diversas ilustrações originais vindas da Itália, cedidas pela Editora Bonelli. A inauguração da Mostra contou com a presença dos consagrados desenhistas de Tex, Fabio Civitelli e Lucio Filippucci. A Mostra conta com diversas gravuras e releituras de Tex feitas por artistas de diversas nacionalidades. Na mesma noite, no mesmo local também foi inaugurada a Mostra “Tex Brasileiro“, uma exposição de releituras de Tex, feitas por autores de todo o Brasil, como Mike Deodato Jr, Odyr, Sama, Carlos Paul, Bira Dantas, Fulvio Pacheco, José Aguiar e outros.
Participei da inauguração da Mostra, onde entrei junto com os dois desenhistas italianos, com Julio Schneider (tradutor da Mythos Editora), Dorival Vitor Lopes (Editor da Mythos Editora), com os amigos Paulo Possebon, Valdivino e seu filho Jhon. A abertura da Mostra teve rápidos discursos e depois foi servido um coquetel. No meio da sala de exposição três músicos tocavam músicas do velho oeste e num canto era mostrado um vídeo com fotos do velho oeste e gravuras do Tex. Logo após a abertura do evento, o espaço reservado a Mostra foi aberto para o público, que compareceu em peso. O Valdivino adorou o coquetel, principalmente um salgadinho com uma pimenta em cima e que desceu ardendo goela abaixo… rs!
Fiquei um bom tempo andando pelo local da Mostra e observando as várias gravuras de Tex. Também aproveitei para conversar com algumas pessoas. Achei interessante três visitantes que estavam vestidos a caráter. Estes visitantes criaram personagens próprios, num misto de faroeste pós-moderno e pank. Ficou uma mistura bastante interessante.
Na última sexta-feira estive no Memorial de Curitiba, onde acontecia à primeira Convenção Internacional de Quadrinhos de Curitiba, a GIBICON número zero. Por esquecimento acabei perdendo a palestra sobre o Tex. Cheguei no momento em que acontecia uma sessão de autógrafos com dois desenhistas italianos de Tex: Fabio Civitelli e Lucio Filippucci. O Civitelli eu já conhecia da Comix do ano passado, em São Paulo. Achei interessante que ele ao me ver me reconheceu. Não lembrou do meu nome, mas se dirigiu a mim como o “viajante”. Não entrei na fila de autógrafos, pois tinha um compromisso importante logo em seguida. Fiquei circulando pelo local e aproveitei para falar com alguns amigos de outros encontros de quadrinhos. Entre esses amigos falei com o Felipe e sua esposa, com Julio Schneider, Dorival Vitor Lopes e Valdivino.
Hoje no final da noite fui dar uma olhada nas estatísticas do Blog, algo que eventualmente faço por curiosidade. E nessa verificação me supreendeu os 300 e poucos acessos num único dia, o que não é normal, pois a média diária de acessos varia de 100 até 160 acessos. Então fui verificar de onde vinham os acessos e descobri que a maior parte deles vinha do Twitter. Verificando as estatísticas do Blog desde sua criação, descobri que ele nunca antes tinha sido acessado via Twitter, ou seja, o Blog nunca tinha sido mencionado no Twitter. Tomado de curiosidade continuei investigando as estatísticas e descobri que hoje tinha sido publicado no Twitter de um fã clube e também no Twitter oficial de Maria Cecília & Rodolfo, o link da postagem sobre o show de ontem, que foi publicado no Blog hoje. Então foi essa a razão de tantos acessos via Twitter no dia de hoje. Fiquei contente com isso, de que o Blog está sendo cada vez mais visitado e divulgado em outras ferramentas da internet. E outro detalhe interessante foi que o pequeno vídeo do show que postei no Youtube e publiquei no blog, teve 122 acessos somente hoje.
O encerramento da Festa do Carneiro no Buraco, foi com o bom show de Maria Cecília & Rodolfo. Milagrosamente o show iniciou no horário, o que fez com que muita gente perdesse o início do show. Eu só consegui entrar no local do show quando a quinta música estava sendo cantada. O normal é sempre o início de shows atrasarem, por isso que muita gente foi pega de surpresa. De qualquer forma o show valeu a pena, o público estava animado e os grandes sucessos da dupla foram cantados. Na metade do show ocorreu falta de energia, e o show foi interrompido durante vinte minutos, para depois recomeçar ainda melhor.
Hoje a tarde estive no Parque de Exposições aqui de Campo Mourão, dando uma olhada na Festa do Carneiro no Buraco. O parque estava lotado, tinha muita gente. Na arena de rodeio nem dava pra entrar, pois estava abarrotada. Andei bastante pelo lugar, onde acabei encontrando alguns amigos e parentes.
Ontem em Curitiba, passei a tarde na Festa Julhina do Colégio Medianeira, meu antigo local de trabalho. A festa estava boa, com muita gente e bastante animada. Nos últimos anos eu ia à festa para trabalhar e nem aproveitava. Já dessa vez aproveitei bastante e também revi amigos. E o mais gostoso foi ouvir de muitas pessoas que trabalham lá (não só de amigos) que eu faço falta, que no meu tempo as coisas funcionavam melhor, que eu deveria voltar. Isso para o ego é muito bom e me deixou feliz, com uma sensação de missão cumprida.
Começa hoje aqui em Campo Mourão a 21ª Festa Nacional do Carneiro no Buraco. Particularmente não curto muito essa festa, pois não como carne de carneiro. Se fosse algum outro tipo de festa gastronômica, eu curtiria bem mais. De qualquer forma trata-se de um grandioso evento que movimenta a cidade. Para saber mais sobre a festa acesse: http://www.carneironoburaco.com.br/novo/
Como surgiu o prato típico de Campo Mourão: A iguaria foi criada em 1962 (durante o período de disputa da Copa do Mundo no Chile) por três pioneiros da cidade, depois de assistirem a um filme em que vaqueiros preparavam alimentos sobre brasas, dentro de um buraco cavado no chão. Ênio Queiroz, Joaquim Teodoro de Oliveira e Saul Ferreira Caldas – todos já falecidos – resolveram experimentar o peculiar sistema, mas as primeiras tentativas foram frustradas. Ora os ingredientes não ficavam cozidos, ora era impossível consumir por estar impregnado pela fumaça. Também não foi fácil acertar a melhor combinação entre legumes, tubérculos, condimentos, carne e até fruta. Mas valeu a curiosidade e persistência. No início servido esporadicamente apenas em festas de amigos, o prato foi ganhando fama e na década de 80 passou a ser servido também quando autoridades visitavam a cidade. Um movimento encabeçado pela confraria da Boca Maldita local levou a oficialização da iguaria como prato típico do Município em 1990, na gestão do prefeito Augustinho Vecchi durante a ocupação interina do cargo por Elmo Linhares. A 1ª Festa do Carneiro no Buraco foi realizada já no ano seguinte. Na primeira festa foram servidos 70 tachos, para cerca de 4.200 pessoas. Atualmente são 140 tachos para nove mil pessoas. Em 2003 por iniciativa da administração municipal foi transformadaem Festa Nacional. Oevento, que acontece sempre em meados de julho, acabou transformando o prato típico em verdadeiro símbolo de Campo Mourão, divulgando o Município em todo o Brasil em outros países.
O preparo da Iguaria: O prato típico de Campo Mourão é cozido em um buraco de 1,50 metrosde profundidade e abertura de 1,05 metros, com dois metros cúbicos de lenha seca e um tacho de 30 polegadas, com tampa metálica. Os ingredientes do tempero são batidos no liquidificador, a carne cortada em pedaços pequenos, a qual deve permanecer por três horas na vinha. No tacho untado, a primeira camada é sempre de chuchu e abobrinha. Em seguida, alternam-se as camadas de carne e legumes. No final, colocam-se por cima os tomates, as cebolas e maçãs, inteiros. O restante do tempero que sobrou da vinha é despejado no tacho por cima de todos os legumes. Após a queima de dois metros de lenha no buraco, por um período de seis horas, é descido o tacho, que fica sobre as brasas e coberto com uma tampa metálica e vedado com terra. Ganchos especiais são usados na colocação e retirada do tacho. Após seis horas, a iguaria está pronta. O pirão é preparado com caldo retirado do tacho e farinha de mandioca torrada, além de cheiro verde e pimenta a gosto. O Carneiro no Buraco é servido acompanhado ainda de arroz branco e salada de almeirão. Pode ser acompanhado de vinho, cerveja ou refrigerante. Um tacho dá para cerca de 60 pessoas. Tempo de preparação: aproximadamente 12 horas.
Fonte: Clube da Panela – responsável pela Cozinha Única “Tony Nishimori”.
Na noite de sábado dois rituais marcam ainda a Festa Nacional do Carneiro no Buraco. O primeiro é espetáculo “O Guardião do Fogo”, realizado na Arena do Parque de Exposições pela Fundação Cultural do Municipio a partir de recursos cênicos. No local é apresentada a história da criação do prato típico, desde a descoberta do fogo, até aspectos da recente colonização do Município, e finalmente a implantação do prato típico. Na mesma noite acontece o Ritual do Fogo, com o acendimento dos buracos, às 23h. Durante o ritual, autoridades, atiradores do Tiro de Guerra, entidades e patrocinadores conduzem o fogo com o qual serão acesos os buracos. O cortejo segue em caminhada pelo Parque até o Buraco nº 1, e depois ao Pavilhão dos Buracos e lá solenemente as autoridades fazem o acendimento num clima de magia e rara beleza. No domingo é realizado Ritual de Retirada dos Tachos, o mesmo cortejo se repete com a abertura do tacho nº 01 que marca o início do almoço com o delicioso Prato Típico Carneiro no Buraco.
Recentemente estive no aniversário do meu amigo Kayo, que aconteceu na Confraria do Café, em Cianorte. Foi uma noite muito gostosa, uma festa bastante animada onde estavam reunidos amigos e familiares do Kayo. Desejo muita felicidade e vida longa ao Kayo, pois ele merece.
A maluca da minha amiga Fabiola disse que sou perigoso, que tem medo de mim. E para completar disse que minha música era “Só os Loucos Sabem”, do Charlie Brown Jr. Não entendi bem porque ela me acha meio louco, mas ultimamente não ando entendendo muito a mim mesmo e nem aos outros. Então segue a letra e o vídeo da música que minha amiga campineira dedicou a mim e tire você suas próprias conclusões sobre o que ela quis dizer.
Só Os Loucos Sabem
Agora eu sei exatamente o que fazer
Vou recomeçar, poder contar com você
Pois eu me lembro de tudo irmão, eu estava lá também
Um homem quando está em paz não quer guerra com ninguém
Eu segurei minhas lágrimas, pois não queria demonstrar a emoção
Já que estava ali só pra observar e aprender um pouco mais sobre a percepção
Eles dizem que é impossível encontrar o amor sem perder a razão
Mas pra quem tem pensamento forte o impossível é só questão de opinião
E disso os loucos sabem
Só os loucos sabem
Disso os loucos sabem
Só os loucos sabem
Toda positividade eu desejo a você
pois precisamos disso nos dias de luta
O medo cega os nossos sonhos
O medo cega os nossos sonhos
Mina linda, eu quero morar na sua rua
Você deixou saudade
Você deixou saudade
Quero te ver outra vez
Quero te ver outra vez
Você deixou saudade
Agora eu sei exatamente o que fazer
Vou recomeçar, poder contar com você
Pois eu me lembro de tudo irmão, eu estava lá também
Um homem quando esta em paz não quer guerra com ninguém.
A Melhor Forma (Titãs)
A melhor forma de esquecer
É dar tempo ao tempo
A melhor forma de curar o vício
É no início
A melhor forma de escolher
É provar o gosto
A melhor forma de chorar
É cobrindo o rosto
Evitar as rugas
É não olhar no espelho
Esvaziar o revólver
É puxar o gatilho
A melhor forma de esconder as lágrimas
É na escuridão
A melhor forma de enxergar no escuro
É com as mãos
As idéias estão no chão
Você tropeça e acha a solução
Acabar com a dor
É tomar um analgésico
Matar a saudade
É não olhar pra trás
A melhor forma de manter-se jovem
É esconder a idade
A melhor forma de fugir
É a toda velocidade
As idéias estão no chão
Você tropeça e acha a solução
Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine. E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria. E ainda que distribuísse meus bens para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria. O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece. Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal; Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade; Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor nunca falha; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá; Porque, em parte, conhecemos, e em parte profetizamos; Mas, quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado. Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino. Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido. Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor.
1 Coríntios 13
Gostei desse texto bíblico desde a primeira vez que o li há muitos anos atrás. E por um bom tempo achei que o compreendia. Mas estava enganado, pois ele não é de fácil compreensão. Para entender bem esse texto, você precisa viver certas coisas sobre as quais ele fala. Hoje posso dizer que entendo melhor esse texto, pois consigo aceitar certas coisas que antes para mim eram impossíveis de aceitar. Hoje consigo aceitar tais coisas, pois finalmente entendi que amar significa querer o bem da pessoa que amamos, mesmo que tal pessoa não fique ao nosso lado, mesmo que seja preciso abrir mão dessa pessoa para que ela seja feliz. Não é um exercício fácil de realizar, é bastante triste e dolorido, mas se amamos precisamos deixar que a pessoa amada siga o caminho que ela escolheu e não insistir mais, não forçar certas situações. Apenas precisamos deixar a pessoa amada seguir o caminho dela e suportar a dor que isso possa nos causar, e ao mesmo tempo nos sentirmos felizes pela pessoa amada estar buscando o que ela quer.
Bons tempos em que eu colecionava figurinhas do Zequinha. Isso tem mais de trinta anos. Primeiro foi esse álbum da imagem, com as profissões e outras coisas mais. Isso foi em 1980. Como fez sucesso, em 1981 saiu o álbum com fotos e desenhos de cidades e outras coisas importantes do Paraná. Ainda tenho guardado dois álbuns completos, um de cada, que ficaram como recordação daquele tempo gostoso que não volta mais.
Meu pai está fora de casa faz duas semanas. Ele foi para Guarantã, no Mato Grosso, pescar com uns irmãos e um sobrinho dele. Ele que gosta de peixe e de pescaria, deve estar se divertindo muito. Eu não gosto de nenhuma das duas coisas, não curto pesca e não como peixe. Com certeza meu “velho” vai voltar com muitas histórias de pescador para contar.
Hoje à tarde saí dar um volta a pé por Goiânia, para conhecer um pouco da cidade. E passando por um hotel próximo ao hotel onde estou hospedado, vi que estava saindo o ônibus da Seleção Brasileira de Futebol. A Seleção Brasileira está na cidade para jogar um amistoso contra a Holanda, no próximo sábado. Fiquei uns minutos olhando o embarque dos jogadores, mas tinha um certo tumulto que resolvi ir embora logo.
Agora à noite vendo na TV Globo local, reportagens sobre o dia da seleção, acabei vendo que apareci em algumas cenas do embarque. Achei isso curioso, pois nem percebi que tinha sido filmado.
Estou passando uns dias em Goiânia. Essa é a décima segunda capital brasileira que fico conhecendo. Já estive em Goiás antes, mas foi no interior do Estado e já fazem 10 anos isso. Achei Goiânia uma cidade interessante. É grande, movimentada, relativamente limpa, e com muita mulher bonita.
Estava vendo na internet uma entrevista do Lobão, para o Programa do Jô. O Lobão mencionou uma Playmate pela qual foi apaixonado na infância. Então por curiosidade fui procurar no Google quem foi a Playmate do mês e ano que nasci. E encontrei! A Playmate de abril de 1970, chama-se Barbara Hillary, uma loira farta e não muito bela.
Para quem não sabe, a Playmate é a modelo que tem sua foto publicada num pôster central, na edição mensal da Playboy norte americana. Muitas dessas modelos ficaram famosas após terem sido Playmate. No caso da Playmate do mês do meu nascimento, descobri apenas que ela virou enfermeira e se estiver viva é uma avó de 62 anos.
Em razão de problemas técnicos, ainda não tinha publicado aqui no blog o vídeo da viagem pelo Caminho da Fé. Agora que os problemas técnicos foram resolvidos, segue o vídeo. E ouça com o som ligado, senão fica sem graça.
Um grupo de religiosos norte americanos está prevendo o final do mundo para hoje. Segundo a rede “Family Radio”, o Apocalipse bíblico vai ocorrer neste sábado, com a volta de Jesus Cristo e o arrebatamento previsto na Bíblia. Essa previsão é do pastor Harold Camping, de 89 anos. Ele diz ter buscado na Bíblia muitas provas de que a volta de Jesus ocorrerá neste sábado, exatamente 7 mil anos depois de Deus ter salvo Noé do Dilúvio.
Não estou nem um pouco preocupado com isso. No fundo até seria bom que o fim do mundo fosse mesmo hoje, e tudo acabasse. Esse nosso mundo está uma droga, com muita injustiça, guerras, destruição da natureza, maldades e muito mais. E como meu humor hoje não está dos melhores, até preferia que hoje tudo acabasse, que Jesus voltasse e colocasse ordem na casa. Se bem que acredito ter poucas chances de alcançar o paraíso no caso do arrebatamento ocorrer hoje. De qualquer forma ficarei em casa esperando pra ver se o fim do mundo é hoje. Se não for vou dormir e esperar que amanhã meu humor tenha melhorado.
Metade
(Oswaldo Montenegro)
Que a força do medo que tenho
não me impeça de ver o que anseio
que a morte de tudo em que acredito
não me tape os ouvidos e a boca
pois metade de mim é o que eu grito
mas a outra metade é silêncio.
Que a música que ouço ao longe
seja linda ainda que tristeza
que a mulher que eu amo seja pra sempre amada
mesmo que distante
porque metade de mim é partida
mas a outra metade é saudade.
Que as palavras que falo
não sejam ouvidas como prece nem repetidas com fervor
apenas respeitadas como a única coisa
que resta a um homem inundado de sentimento
porque metade de mim é o que ouço
mas a outra metade é o que calo
Que essa minha vontade de ir embora
se transforme na calma e na paz que eu mereço
que essa tensão que me corrói por dentro
seja um dia recompensada
porque metade de mim é o que penso
e a outra metade um vulcão.
Que o medo da solidão se afaste
que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável
que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso
que me lembro ter dado na infância
porque metade de mim é a lembrança do que fui
e a outra metade não sei
Que não seja preciso mais que uma simples alegria
pra me fazer aquietar o espírito
e que o teu silêncio me fale cada vez mais
porque metade de mim é abrigo
mas a outra metade é cansaço
Que a arte nos aponte uma resposta
mesmo que ela não saiba
e que ninguém a tente complicar
porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
porque metade de mim é platéia
e a outra metade é a canção
E que a minha loucura seja perdoada
porque metade de mim é amor
e a outra metade também.
Acabo de assistir na TV um documentário de 2007, sobre o livro/filme Na Natureza Selvagem (Into The Wild). Para quem acompanha o blog há mais tempo, deve ter visto outras postagens relacionadas a essa história, que postei aqui. Sou um fã confesso de tal história e posso dizer que fui inspirado por ela. Desde que li o livro e depois assisti ao filme, fiquei fascinado por tal história. E no período em que andava meio perdido na vida, voltar a essa história, reler o livro e me aprofundar mais na vida de Christopher McCandless, me fez encontrar motivação e forças para dar a volta por cima.
Voltando ao documentário que assisti, ele une o ator/diretor Sean Peen e o escritor Jon Krakauer. O Sean Peen foi quem dirigiu o filme, baseado no livro escrito por Krakauer, que pesquisou a fundo a história de McCandless, seguiu seus últimos passos. No documentário Sean Penn e John Krakauer refazem juntos o caminho percorrido por Christopher McCandless até o Alasca, onde morreu. Durante a viagem os dois trocam impressões sobre a vida, carreira e arte, além de expressarem suas opiniões pessoais sobre McCandless.
Sinopse de Into The Wild: Em 1990, com 22 anos, Christopher McCandless ao terminar a faculdade, doa todo o seu dinheiro a uma instituição de caridade, muda de identidade e parte em busca de uma experiência genuína que transcendesse o materialismo do quotidiano. Abandona, assim, a próspera casa paterna sem que ninguém saiba e mete-se à estrada. Anda por uma boa parte da América (chegando mesmo ao México) de carona, a pé, ou até de canoa, arranjando empregos temporários sempre que o dinheiro faltasse pois, Chris acaba de abandonar o seu carro e queimar todo o dinheiro que levava consigo para se sentir mais livre, mas nunca se fixando muito tempo no mesmo local. Desconfiado das relações humanas e influenciado pelas suas leituras, que incluíam Tolstoi e Thoreau, ansiava por chegar ao Alasca, onde poderia estar longe do homem e em comunhão com a natureza selvagem e pura. O que lhe acontece durante este percurso transforma o jovem num símbolo de resistência para inúmeras pessoas.
Ontem não deu para o Corinthians e perdemos o Campeonato Paulista para o Santos. Futebol é assim mesmo, um dia ganhamos e noutro perdemos, então nada de se lamentar. Eu particularmente gosto de futebol, de acompanhar pela TV, mas não sou e nunca fui fanático. Para mim tanto a alegria da vitória, quanto a tristeza da derrota desaparecem após meia hora. Tenho assuntos e problemas mais importantes para resolver, então não da para ficar muito tempo me preocupando com futebol. Acho tristes aqueles que são fanáticos, que exageram, matam e morrem por causa de uma partida de futebol, a troco de nada.
Gosto de brincar, zoar com os amigos torcedores de outros times, quando somos os vencedores. E quando somos os perdedores aceito numa boa as brincadeiras. Hoje na academia um professor que é corinthiano colocou o hino do Corinthians para tocar. Ele, eu e mais dois torcedores ficamos em sentido com a mão sobre o coração. Foi vaia para todo lado, principalmente por parte da mulherada. Foi divertido, sinal de que levamos numa boa o momento de derrota e que continuamos mais corinthianos do que nunca.
Quando li a sinopse de 127 HORAS, no final de fevereiro, não fiquei nem um pouco interessado em assistir tal filme. Mas depois que duas pessoas falaram que lembraram de mim assistindo ao filme, que tinham visto certas semelhanças de personalidade e de gosto por aventuras entre eu e o personagem do filme, acabei ficando curioso e assisti ao filme. O filme é mediano, foi baseado em fatos reais.
Confesso que também vi semelhanças entre eu e o personagem do filme. Poucas semelhanças, mas vi algumas. Também já me meti em algumas “frias” durante minhas aventuras, e felizmente sempre saí ileso – ou um pouco ralado – bem diferente do cara do filme que saiu sem parte do braço. O maior erro do cara da história foi não ter avisado ninguém sobre o local aonde ia. Já fiz isso muitas vezes, de sair por aí sem avisar ninguém. E outras vezes quando avisava alguém, dizia que ia para um lugar e na metade do caminho mudava os planos e ia para outro canto. Depois de ter visto o filme, com certeza tomarei mais cuidado com relação a isso.
Essa semana dei uma folheada no livro que deu origem ao filme. Tem umas fotos bem interessantes e como de costume parece que o livro é mais completo que o filme. Vou colocar o livro na lista de livros a serem adquiridos no futuro.
Sinopse do filme: O filme 127 HORAS conta a história real do alpinista Aron Ralston, que após sofrer uma queda em um desfiladeiro isolado no estado de Utah (EUA), fica preso e sozinho durante cinco dias. Durante esses dias, o montanhista começa a fazer uma retrospectiva da sua vida, revivendo todos os fatos que aconteceram antes da sua viagem, relembrando amigos, amantes e família. Ralston examina toda a sua vida e cria coragem para sobreviver aos elementos que dificultam a sua recuperação e a volta para um local seguro. Aron fica preso com uma rocha sobre o seu braço, depois de muitas horas sentindo dor e sem ninguém por perto para ajudá-lo, ele decide amputar o membro superior com um canivete que levava consigo. O alpinista descobre assim que tem forças e os recursos necessários para se libertar por qualquer meio necessário, escalar uma parede com 200 metros e caminhar mais de12 km antes de conseguir ser salvo.
Essa semana estive viajando pelo Mato Grosso do Sul. Conhecia pouca coisa desse estado e dessa vez pude conhecer melhor a região. Passei por cidades importantes: Dourados, Naviraí e Campo Grande, que é a décima primeira capital brasileira que venho a conhecer. Fiquei três dias em Campo Grande, onde fiz alguns passeios e visitei uma tia que mora a mais de trinta anos na cidade. A cidade é até bonita, limpa, mas perde em termos de atrativos para cidades aqui do interior do Paraná, como Maringá e Londrina. Mesmo sendo uma capital de estado, o centro da cidade não possui nada interessante e de um modo geral a cidade não tem pontos turísticos marcantes. Mesmo assim valeu o passeio.
No sábado dia 16/04, aconteceu a 2ª PEREGRINAÇÃO NA ROTA SIMBÓLICA E TURÍSTICA DOS CAMINHOS DE PEABIRU NA COMCAM. Dessa vez foi uma caminhada de apenas um dia, onde percorremos cerca de dezesseis quilômetros a pé e mais alguns quilômetros de ônibus. Passamos por um trecho já conhecido, o mesmo que foi percorrido em outubro último. Saímos da periferia de Campo Mourão, almoçamos na Comunidade do Barreiro das Frutas e de lá fomos de ônibus até a Comunidade Boa Esperança. Então caminhamos até a cachoeira do Boi Cotó.
Quase que não participo dessa peregrinação, pois estava gripado e com fortes dores em minhas costas e perna, por culpa da hérnia de disco. Mas como participei de forma consecutiva das últimas cinco peregrinações, fiz um esforço para participar dessa. Encontrei o pessoal logo cedo, na Associação da Coopermibra, que fica perto de casa. Reencontrei muitos amigos de outras peregrinações, o que é sempre agradável. Também tinha um pessoal novo, do curso de Turismo da Fecilcam.
A caminhada iniciou na frente da Associação do Coopermibra e seguimos por estrada de terra, passando ao lado de uma mata e por terra recém arada. Depois andamos pela margem de uma estrada asfaltada, no Anel Viário da cidade, local por onde costumo andar de bike. Saindo da margem da estrada seguimos mais alguns quilômetros por uma estrada de chão, até chegar a Comunidade do Barreiro das Frutas, onde seria servido o almoço. Para mim não foi muito fácil caminhar, pois o mal estar provocado pela gripe me deixou muito cansado. Antes do almoço teve uma palestra com um casal de índios guarani: Mbei Mbei Tupã e Jaxy. Os temas da palestra eram TERRITORIALIDADES INDÍGENA GUARANI e EDUCAÇÃO INDÍGENA. Eu estava tão mal que abdiquei das palestras, e fiquei deitado atrás do pessoal que estava sentado prestando atenção nos palestrantes. Sei que dormi tão profundamente que cheguei a sonhar e depois me contaram que ronquei. Sei que não foi legal ter dormido, que perdi uma boa palestra, mas ou fazia isso, ou então não teria forças para caminhar durante a tarde.
Depois da palestra e do almoço, descansamos um pouco e embarcamos no ônibus da Fecilcam. Então seguimos até a Comunidade Boa Esperança. Desembarcamos, tiramos uma foto com todo o grupo e voltamos a caminhar. Nesse trecho o sol logo foi embora e acabou não sendo muito cansativo a caminhada. Passamos por dentro de uma reserva ecológica. Foi bem legal esse trecho, caminhar por dentro do mato é sempre interessante. Pouco depois das 16h00min chegamos à cachoeira do Boi Cotó. Mesmo gripado, não resisti e entrei na água. Senti frio e a noite mal conseguia falar de tão rouco que fiquei, mas mesmo assim valeu a pena entrar na água. Após o banho de cachoeira teve janta, onde foi servido “porco no tacho”. Jantar às 17h30min é muito cedo para mim e não consegui comer muito. Depois do jantar teve mais uma foto em grupo e retornamos para Campo Mourão, aonde chegamos quando já estava escuro.
Hoje foi publicada uma entrevista minha no Blog do Tex. Esse Blog é de Portugal, e dei a entrevista a convite do Zeca, responsável pelo Blog. Para ler a entrevista, basta acessar o link http://texwillerblog.com/wordpress/?p=27152
“Pior que não terminar uma viagem é nunca partir.”
(Amyr Klink)
Acordei às 6h00mim e vi que ainda chovia e continuava frio. Sabendo que os setenta quilômetros que faltavam até Aparecida seria todo em asfalto, com muitas retas e descidas, resolvi voltar a dormir, pois não teria grande dificuldade para percorrer esse trecho final. Acordei novamente as 9h00min. Ainda chovia e o frio diminuiu um pouco. Arrumei minhas coisas, tomei um rápido café e me despedi da Bianca, agradecendo o bom atendimento. Os três peregrinos tinham saído bem cedo, seguiriam pelo caminho de terra, então não nos veríamos mais. Ao sair à rua, com chuva e frio, respirei fundo e lembrei da cama quentinha que tinha deixado há pouco. Cheguei até cogitar a possibilidade de ficar aquele dia na cidade, descansar, passear e fazer umas comprinhas. Mas logo mudei de idéia, pois até então não tinha parado nenhum dia e não queria fazer isso justamente no último dia. Sem contar que a ansiedade por chegar em Aparecida era enorme. Então melhor pegar a estrada e acabar logo.
Atravessei parte da cidade pedalando por uma ciclovia. Depois segui por uma rua até chegar ao famoso e belo portal da cidade. Após passar o portal, parei para tirar uma foto, da mesma posição de onde tirará uma foto meses antes. Alguns funcionários da Coca-Cola, que estavam do outro lado da estrada, gritaram para mim desejando boa sorte. Agradeci e segui em frente. O início da pedalada foi em subida, mas logo cheguei na parte de descida e comecei a descer a serra de Campos do Jordão. Segui pelo acostamento, pela mão correta. Eu não precisava pedalar, era só deixar a bike seguir no embalo. A estrada era bastante movimentada e perigosa. Meu maior problema era quando passava algum caminhão e jogava água em mim. Segui descendo a serra, com todo cuidado. No meio do caminho fiz uma parada num mirante ao lado da estrada. Descansei um pouco, bebi água e ia comer uma banana que tinha pegado na pousada antes de sair. Então surgiram dois cachorros, com cara de famintos. Fiquei com dó e dei minha banana a eles, que comeram e ficaram com cara de quero mais. Voltei à estrada e tive que atravessar um viaduto. Segui ao lado da mureta, que era baixa e qualquer descuido eu podia cair no precipício. Quando passava algum caminhão, dava o maior medo. Foi assustador passar por esse viaduto. Segui serra abaixo e a chuva não dava folga. Passei por um túnel e pouco depois cheguei ao final da serra. A chuva finalmente parou e o frio também.
Parei num trevo para tirar fotos e descansar um pouco. Daí voltei a pedalar e segui vários quilômetros por uma estrada reta e com curvas e descidas suaves. Após uma hora de pedal, cheguei a Pindamonhangaba e atravessei a periferia da cidade. Parei em uma padaria lanchar e voltei para a estrada. Era o trecho final, então o cansaço tinha ido embora e a ansiedade dominava. Percorri vários quilômetros por uma larga ciclovia que passa ao lado da estrada. Esse trecho é muito habitado e famoso pelos assaltos a peregrinos. Então evitei fazer paradas e não tirei fotos. Em trechos assim é melhor não mostrar objetos de valor. Segui numa velocidade constante, percorrendo grandes retas. Chegava a ser monótono passar por esse trecho. Quando a ciclovia acabou, passei a pedalar pela lateral da estrada, tomando cuidado com os carros. Pouco antes das 14h00min cheguei à Aparecida.
Em setembro do ano passado estive rapidamente na cidade de Aparecida, quando seguia viagem para o estado do Rio de Janeiro. Então algumas ruas por onde estava passando eram-me familiares. Fui seguindo as setas do Caminho da Fé e quando vi uma placa num poste informando que faltavam somente dois quilômetros para terminar o Caminho da Fé, o coração bateu mais forte. Mais alguns minutos pedalando e finalmente avistei o Santuário de Nossa Senhora Aparecida. De meus lábios saíram um “Eu consegui!”. Era o último quilômetro a ser percorrido, e igual ao primeiro quilômetro que percorri, treze dias antes, lágrimas desceram pelos olhos. Não demorou muito e entrei no estacionamento do Santuário. Tinha percorrido setenta quilômetros nesse dia. Meu odômetro indicava que eu tinha percorrido 501 quilômetros pelo Caminho da Fé, um feito e tanto para mim. Parei no estacionamento, em frente ao Santuário e tirei algumas fotos. Então sentei no chão, sob uma fina garoa e ali fiquei durante muitos minutos, curtindo aquela sensação boa de dever cumprido. Fiquei curtindo o momento e lembrei-me de muita coisa que tinha acontecido nos últimos dias. Lembrei dos momentos de dificuldade, do cansaço, das pessoas que me ajudaram, dos amigos que fiz, dos cachorros que correram atrás de mim. Estava envolto por diversos sentimentos que não dá para explicar aqui, pois certas coisas a gente sente, não explica. Essa viagem foi uma grande aventura, um desafio, um exercício de fé, um feito extraordinário para mim. Algo para lembrar pelo resto da vida, e um dia na velhice contar para os netos.
“Quanto mais simples a casa, mais sincero é o bom dia.”
(Pato Fu)
Levantei bem cedo, pois nesse dia pretendia dormir em Campos do Jordão, distante 60 km. E nesse dia também passaria pela pior subida do Caminho da Fé. Arrumei minhas coisas, tomei um café da manhã reforçado e parti, pouco depois das 7h30min. Na periferia da cidade quase fui atropelado. Estava subindo uma rua tranqüila, quando um carro saiu da garagem de uma casa dando ré e atravessou a rua de uma vez. Por muito pouco a motorista do carro não me acertou em cheio. Total barbeiragem dela.
Saindo da cidade segui durante três quilômetros por uma estrada asfaltada, com ótimas descidas. Daí entrei numa estrada de terra e segui por grandes retas e muitas descidas. Com uma hora de pedal eu já tinha percorrido oito quilômetros, o que era uma boa quilometragem. Mas logo as descidas terminaram e cheguei à parte das subidas. Na primeira subida encontrei um boiadeiro tocando algumas cabeças de gado e tive que me espremer no canto da estrada para não ser atropelado. Vencida a primeira subida do dia, que não foi das maiores, passei a seguir por uma longa reta e cheguei a uma pequena comunidade, chamada Cantagalo. Vi uma faixa informando que no Bar do Alfredo, tinha carimbo para a credencial. Parei no bar, ganhei o carimbo, tomei uma Tubaína para matar a sede e conversei um pouco com o Alfredo, pessoa bastante simpática. Despedi-me e segui em frente.
Entrei numa região de mata fechada, um lugar bonito. Então passei por uma placa informando que estava na divisa de Minas Gerais com São Paulo. Após alguns dias eu voltava ao estado de São Paulo. Ao sair da área de mata, vi no fundo de um vale a cidade de Luminosa. Até a cidade seria uma grande descida, com várias curvas e onde eu sairia de São Paulo e voltaria para Minas Gerais. Luminosa é uma cidade mineira. A descida foi meio complicada, pois passei por um trecho com muitas pedras na estrada e tive que tomar bastante cuidado. Ao entrar na pequena cidade de Luminosa, parei para tirar algumas fotos e ao tirar a foto de uma égua parada em frente a uma casa, o dono dela fez questão que eu tirasse uma foto montado na égua. Seu Juca, o dono da égua, era um típico mineiro do interior, simpático e conversador. Montei na égua e tirei a foto. Depois sentei ao lado do Seu Juca e fiquei conversando com ele e com seu sobrinho, Elias, que estava na cidade a passeio. Seu Juca me convidou para almoçar em sua casa. Agradeci o convite e expliquei que precisava pedalar muito naquele dia e era melhor não almoçar, apenas faria um lanche leve. Despedi-me e segui em frente. Antes de sair da cidade, parei em uma pousada para pegar o carimbo na credencial.
Após sair de Luminosa segui por um reta longa e depois comecei a subir. Em algum lugar dessa subida devo ter voltado ao estado de São Paulo, mas não tinha nada sinalizando. Era o começo da maior subia do Caminho da Fé. Eu subiria cerca de novecentos metros de altitude e para isso percorreria uns sete quilômetros, sempre subindo. O jeito era empurrar a bike e sob o sol do meio dia a tarefa não era das mais fáceis. Minha água ficou quente e logo comecei a sentir fome. Arrependi-me de não ter aceitado o convite do Seu Juca, e também de não ter feito um lanche na cidade. Passei por uma pousada meio que perdida no alto da estrada. Como não vi ninguém, não parei para ver se vendiam comida. Entrei no meio de uma plantação de bananas e algumas bananeiras estavam com cachos de bananas maduras. Teve um momento em que senti vontade de pular a cerca e roubar algumas bananas. Mas roubar não é comigo, então desisti da idéia. Não andei cinqüenta metros e vi dois homens com enormes facões, no meio do bananal, colhendo bananas. Fiquei imaginando o que teria acontecido se eu tivesse invadido a plantação para roubar bananas e eles me vissem. Em meio a esses pensamentos segui em frente e numa curva, onde as bananeiras ficavam no alto, ao lado da estrada, vi algumas bananas boas caídas na estrada. Recolhi as bananas, verifiquei se estavam boas e as comi. Foram as melhores bananas que comi na vida e dessa forma matei minha fome sem precisar roubar. A subida foi ficando cada vez mais inclinada e não demorou para eu passar por uma porteira e entrar num pasto. Cheguei em uma pequena curva, muito inclinada e sofri para passar por ela. Depois cheguei a uma pequena reta e me sentei numa pedra ao lado da estrada para descansar um pouco. Dali a vista era muito bonita e alcançava muitos quilômetros de distância. Era possível ver a cidade de Luminosa ao longe e também parte da estrada que tinha percorrido durante a manhã. Após descansar alguns minutos segui em frente e logo encontrei um monte de vacas deitadas na estrada, impedindo minha passagem. Havia alguns bezerros e tomei bastante cuidado ao passar por eles. Felizmente não tive problemas e segui em frente.
A subida parecia não ter fim e quando cheguei ao final dela foi um grande alivio. Segui por uma pequena descida e algumas curtas retas, logo chegando a uma nova subida. Minha água acabou e sob o sol forte isso foi um enorme problema. Segui empurrando a bike e cheguei numa região com bastante araucárias. Em uma curva dei de frente com um monte de bois e vacas que estavam mais uma vez parados no meio da estrada. Ao tentar passar pela lateral, um boi partiu para cima de mim. Quase me joguei por cima de uma cerca de arame farpado. Tentei tocar o gado, mas eles nem se mexiam. Fui andando centímetro por centímetro, bem devagar ao lado da estrada e assim consegui passar por eles. Mais um susto sem conseqüências, felizmente. Algumas curtas retas e cheguei a uma região de mata fechada. Andar pela sombra era um alivio, pois o sol estava muito quente. Tive que enfrentar uma grande subida, com pedras soltas que me faziam escorregar. Não foi nada fácil passar por esse trecho, mas a recompensa veio quase no final da subida, quando encontrei uma fonte de água. Pude matar minha sede com uma água maravilhosamente gelada. Enchi minhas garrafinhas de água e segui em frente.
No meio da tarde finalmente cheguei ao final das grandes subidas e passei a percorrer uma região mais plana, onde em volta existiam muitas araucárias. Entrei em um trecho de mata fechada e segui por ele durante algum tempo. Depois cheguei a um trecho de descida e curvas, ainda no meio da mata. Passei por uma placa do Caminho da Fé que indicava que faltavam cem quilômetros até Aparecida. Continuei descendo pela estrada de terra no meio da mata e alguns minutos depois cheguei num cruzamento e a partir dali comecei a subir por uma estrada asfaltada. A estrada não tinha acostamento e possuía muitas curvas. Tive que tomar cuidado nas curvas, para não ser atropelado. O sol que tinha me castigado durante todo o dia, foi embora. Surgiu uma névoa e depois uma garoa fina. Empurrei a bike por cerca de meia hora, até chegar ao final do trecho de subida. Finalmente atingi a altitude máxima naquele dia e passei a percorrer uma longa descida, num trecho com muitas curvas. O tempo fechou de vez e começou a fazer frio. Para quem tinha passado calor a maior parte do dia, agora passava a sentir frio. Desci em alta velocidade, em alguns trechos cheguei a atingir 60 km/h. Fui tomando bastante cuidado nas curvas fechadas, e por sorte poucos carros passaram por mim. Passei pela entrada que leva ao complexo da Pedra da Baú, ponto turístico de Campo do Jordão e onde estive em setembro do ano passado. Por culpa da névoa não foi possível ver a Pedra do Baú. Desci tão embalado que acabei não parando na pousada que fica pouco antes da localidade de Campista. Essa pousada era ponto para carimbar a credencial. Parei somente no final da grande descida.
Eram pouco mais de 16h00min quando parei em um bar ao lado da estrada. Fiz um rápido lanche e conversei com o dono do bar. Estava sentindo muito frio e fiquei analisando minhas opções. Podia voltar três quilômetros e passar a noite na pousada que vi ao lado da estrada. Ou então seguir mais alguns quilômetros por estrada de terra, até Campos do Jordão. Escolhi a segunda opção, que era meu plano original. Ao lado do bar o Caminho da Fé seguia por uma estrada de terra, passando pelo meio de uma floresta. Tinha percorrido pouco mais de dois quilômetros pelo meio do mato, quando começou a chover forte. A estrada virou um lamaçal e nos trechos de subida, quando tinha que empurrar a bike, a situação piorava, pois o chão ficava escorregadio. Não tinha outra opção, era seguir em frente a qualquer custo. Eu estava muito cansado e sentindo cada vez mais frio. Teve um trecho no meio da mata, onde dava medo passar. Segui por mais de uma hora nessa estrada até que cheguei a um local sem mata, onde existiam retas e descidas e pude voltar a pedalar.
Cheguei às imediações da cidade e passei a pedalar no asfalto. Não demorou muito e voltei a percorrer uma estrada de chão, com muito barro. Depois de alguns minutos voltei a um trecho de asfalto, mais uma vez no meio do mato e foi aí que passei por um grande susto. Uma moto passou por mim, e na curva seguinte vi a moto parada ao lado da estrada, e o motoqueiro em pé no meio da estrada. Ao passar por ele, fui encarado de uma forma estranha e ao olhar para trás vi que o motoqueiro tinha subido na moto. Fiquei com a sensação de que seria assaltado e passei a pedalar rápido, com todas as minhas forças. Para minha sorte era uma longa descida e quando a moto me alcançou eu estava numa região com casas em volta e pessoas próximas, num ponto de ônibus. O motoqueiro passou por mim bem devagar, me encarando. Reduzi a velocidade e parei perto das pessoas no ponto de ônibus. Esperei alguns minutos e voltei a pedalar, ainda ressabiado. Finalmente cheguei efetivamente á cidade de Campos do Jordão e logo estava na avenida principal. Campos do Jordão era a primeira cidade na rota do Caminho da Fé, onde eu já estivera antes. A cidade é muito bonita e famoso ponto turístico do estado de São Paulo. No inverno a cidade é invadida por paulistanos de média e alta classe. É uma cidade cara, e por essa razão que em minha visita anterior fiquei hospedado em uma cidade próxima, onde as pousadas eram mais baratas.
Andei alguns quarteirões por uma avenida movimentada, sob chuva. Virei duas vezes à esquerda e cheguei à pousada que constava no guia. Por ser ponto de parada de peregrinos que percorrem o Caminho da Fé, essa pousada não é cara como as demais pousadas da cidade. Já estava escuro quando toquei a campainha da pousada. Eu estava cansado, molhado, cheio de barro e tremendo de frio. Quem me atendeu foi a Bianca, uma moça bastante simpática. Guardei a bike num depósito e levei minhas coisas até um quarto coletivo, cheio de beliches. Em seguida fui tomar um banho quente. Debaixo do chuveiro foi que me dei conta de que havia percorrido sessenta quilômetros, passando por trechos muito difíceis. Estava exausto, todo dolorido, mas feliz. No dia seguinte chegaria à Aparecida, finalizando minha viagem pelo Caminho da Fé.
Fui para o quarto, onde escolhi uma beliche inferior, num canto e me deitei. Descansei um pouco e fiquei pensando no que fazer. Precisava achar um local para comer e também queria comprar alguns chocolates, que são uma das especialidades da cidade. Mas estava frio, chovia e eu teria que sair de chinelos. Pensando no que fazer fui até uma sala, onde três peregrinos conversavam. Apresentei-me a eles e conversamos um pouco. Marcos e Marcelo, dois primos e outro senhor, de nome Serafim, estavam percorrendo o Caminho da Fé a pé. Eles tinham se conhecido pelo caminho, e estavam caminhando juntos. Um dos primos tinha machucado o joelho e daí pegaram carona no trecho final até Campos do Jordão. Serafim foi o único que atravessou o trecho final no meio do mato, e disse que também teve medo de passar por ali. Chegou o dono da pousada, Edson, e entrou na conversa. Daí a Bianca falou que faria janta, o que agradou a todos, pois não precisaríamos sair à rua para comer. Enquanto a janta era feita, engatamos um gostoso papo. Uma hora depois a janta foi servida, e comi bastante. Depois ficamos batendo papo por mais um tempo e o Edson chegou a cantar algumas músicas ao violão. Conversei um pouco com a Bianca e ela contou parte de sua vida, sobre ter morado no México e de como começou a trabalhar na pousada. Ela estava fazendo um trecho do Caminho da Fé, quando se hospedou na pousada e depois recebeu o convite para morar e trabalhar ali. Conversei com o Edson e ele me aconselhou a fazer o trecho entre Campos do Jordão e Pindamonhangaba, pelo asfalto e não pelo Caminho da Fé. Dei uma olhada no guia e ali também dizia que em dias de chuva não era para fazer esse trecho de bike, pois seria intransitável. Mais um pouco de papo com o pessoal, algumas fotos e todos foram dormir. Eu estava exausto e uma cama confortável era tudo o que queria. Somando-se a isso, o frio e o barulho da chuva, o sono veio logo, de forma intensa.
“Peregrinar é respeitar o seu corpo, acariciar os seus pés todos os dias, deitar debaixo de uma árvore e se entregar. É tomar uma forte decisão: desistir, nunca.”
(Kátia Esteves)
Levantei pouco depois das 8h00mim e não acreditei que tinha dormido por doze horas a fio. Minhas pernas doíam muito, em compensação a dor e o amortecido do pulso tinham desaparecidos. Arrumei minhas coisas, busquei as roupas no varal e desci tomar café na padaria que fica embaixo da pousada. Eram 9h45min quando parti. Atravessei a cidade e cheguei a uma passarela que passa por cima da rodovia Fernão Dias. Logo entrei numa estrada de terra e segui por várias descidas, em meio a muitas árvores. Depois cheguei a uma subida bastante íngreme e que foi difícil transpor. Quando cheguei ao alto dessa subida, olhei para trás e vi a cidade de Estiva, ao longe. Dali dava para ver muitos dos morros que tinha atravessado nos últimos dias. Era difícil acreditar que eu tinha superado toda aquela distância e aqueles morros. Do alto também dava para ver a chuva se aproximando. Logo começaram as descidas e corri bastante para fugir da chuva. Cheguei à pequena cidade de Consolação e parei numa pousada ao lado da igreja da cidade, onde carimbei minha credencial e aproveitei para almoçar. Durante o almoço era possível ouvir o som dos trovões e ver o tempo fechado. Fiquei parado na porta da pousada e um carro parou em frente. O motorista disse que estava vindo de Paraisópolis, meu próximo destino, e que estava chovendo muito por lá. Que era melhor eu esperar um pouco para pegar a estrada. Agradeci a informação e resolvi esperar. No fim das contas a chuva acabou não caindo em Consolação.
Quando o sol voltou, decidi que era hora de voltar a pedalar. Saí da pequena cidade e percorri três quilômetros por uma estrada asfaltada. Esse trecho asfaltado deve ser novo, pois não constava no guia. Logo entrei numa região muito bonita, com muitas retas e descidas discretas, passando por muitos pastos. Tive que passar por dentro de uma grande fazenda e próximo a uma casa um cachorro veio correndo em minha direção. Era uma pequena subida e não tinha como fugir do cachorro. Esperei pelo pior, imaginando uma forma de me defender. Ao chegar perto o cachorro saltou sobre a bike e para minha sorte ele só queria brincar. Foi um grande susto! Continuei seguindo por entre várias fazendas de gado, numa região bonita, onde aproveitei para tirar muitas fotos. No final do dia cheguei a uma subida íngreme e depois de passar por ela, teve um longa descida, bastante radical e cheia de buracos, onde precisei tomar bastante cuidado.
Cheguei à Paraisópolis bem no final da tarde e me hospedei na Pousada da Praça, ao lado da catedral da cidade. A dona da pousada, Jurema, foi muito simpática e me deixou a vontade. Até liberou uma mangueira para que eu lavasse a bike, que para variar estava toda embarreada. A pousada tinha um estilo todo especial, muito aconchegante e também foi um dos melhores lugares em que me hospedei durante a viagem pelo Caminho da Fé. Após limpar e arrumar minhas coisas, tomei banho e fui dar uma volta pela cidade. Lanchei e aproveitei para cortar o cabelo, que quanto mais curto, melhor fica para usar o capacete. Depois voltei para a pousada, onde coloquei o diário de viagem em dia, vi um pouco de tv e dormi cedo. Estava quase no fim da viagem. Se tudo corresse bem, faltavam apenas dois dias para chegar à Aparecida. Nos próximos dois dias pretendia fazer boas quilometragens, então era melhor descansar o maximo possível.
“Peregrinar é renunciar as vaidades e mordomias do cotidiano. É ir de peito aberto, ao encontro de pessoas de todas as nacionalidade, religiões e crenças. É a total falta de identidade que permite uma liberdade maior, sem máscaras. Não se sabe quem é pobre ou quem é rico. Isso não importa. Os julgamentos, comuns no dia-a-dia, são deixados de lado.”
(Katia Esteves)
Levantei 8h30min, olhei pela janela e vi que fazia sol. Arrumei minhas coisas e fui tomar café. Perguntei sobre minhas três amigas e fiquei sabendo que elas tinham partido bem cedo. Não me demorei no café e logo parti. Atravessei a cidade e após uns dez minutos de pedalada cheguei numa estrada de terra. O sol estava forte, mas o barro era bastante, sinal de que tinha chovido muito durante a noite. Os primeiros quilômetros foram de curtas subidas e longas descidas. Após uma hora encontrei minhas três amigas, bem no início de uma longa subida. Subi junto com elas, empurrando a bike. Pegamos um trecho com bastante barro e passamos por um leiteiro, com sua caminhonete atolada ao lado da estrada. Ele pediu que avisássemos uma pessoa num sitio, um pouco a frente de onde estávamos, para que ela viesse o socorrer. E assim fizemos nossa boa ação do dia, parando no sítio e dando o recado.
Na metade da grande subida existia um local de descanso. Era um casa vazia, com uma gruta ao lado e ao lado da gruta uma torneira com água de bica. Eu e Vanda chegamos primeiro a essa casa e sentamos num banco, debaixo de uma árvore, onde ficamos ouvindo um “passo preto” cantando. Pouco tempo depois chegaram às outras duas. Fiquei uns minutos ali descansando, daí despedi-me das três e voltei a empurrar a bike pela estrada. A subida era enorme e parecia não ter fim, e caminhar sob o sol quente era bem desgastante. Cheguei à porteira de uma fazenda e tive que atravessar um pasto. Logo na entrada, debaixo de uma árvore muitas vacas estavam paradas a sombra, impedindo a passagem. Com bastante cuidado segui pelo canto da estrada e conforme avançava as vacas iam saindo da frente. Ao chegar perto de um bezerro, ele não saiu da estrada e sua mãe veio para cima de mim. Saí rapidamente de perto do bezerro e já estava quase subindo um barranco e deixando a bike para trás, quando a vaca brava desistiu de mim e parou ao lado do bezerro, numa posição de proteção. O susto foi grande e me afastei dali rapidinho. Segui mais alguns minutos pelo pasto, até que cheguei ao final da subida. Ao sair da fazenda tive certa dificuldade para passar com a bike por baixo de uma árvore que tinha caído sobre a porteira.
Cheguei a um local alto, no topo de um morro. A vista era muito bonita, dava para enxergar longe. Ali pude ver que o restante do dia seria subindo e descendo morros. Voltei a pedalar e após algumas retas longas, cheguei a uma grande e radical descida. Desci em boa velocidade e com todo o cuidado. Foi um trecho bastaste técnico, onde precisei aliar velocidade, equilíbrio e mãos no freio. Estou pegando prática em tais descidas, que já consigo descer em alta velocidade e com pouca margem de risco de queda. Passei pela placa que indicava que faltavam “apenas” 200 quilômetros até a cidade de Aparecida. Pouco depois cheguei a uma ponte caída, creio que por culpa das chuvas. Ao lado da ponte foi feita uma passagem provisória, uma estrutura de madeira não muito confiável e foi por ela que passei com todo o cuidado.
Às 13h00min em ponto cheguei à pequena cidade de Tocos do Mogi. Passei na Pousada da Dona Terezinha, para carimbar minha credencial e depois segui pela avenida principal da cidade. Parei em um bar e entrei para almoçar pastel de milho e Tubaína. O pastel era ainda melhor do que o da noite anterior. O recheio de queijo parecia requeijão. Paguei a conta e ao sair, um pessoal me chamou até uma mesa. Um dos rapazes, Nei, viu escrito Campo Mourão em minha camiseta e perguntou se eu era de lá. Então ele contou que tinha morado durante quase seis anos em Campo Mourão. Na mesa tinha um outro senhor, cuja prima mora em Cianorte. Sentei-me a mesa com eles e batemos um longo e animado papo. Todos foram muito simpáticos e ao tirarmos uma foto, chamaram até o dono do bar para se juntar a nós. Dentro do bar levei uma picada de marimbondo, que doeu muito. Daí lembrei-me do conselho do dia anterior e fiquei feliz por ter comprado uma caixa de antialérgico. Tomei um comprimido, despedi-me do pessoal e parti.
O sol estava ainda mais quente e minha vontade era de deitar debaixo de uma árvore e dormir. Mas não fiz isso, segui em frente e comecei a rodar por uma região muito bonita, uma serra com muito verde. Cheguei então ao início de uma descida bastante radical e longa. No fundo do vale era possível ver uma pequena comunidade e também a estrada. Respirei fundo, me enchi de coragem e desci a estrada feito louco, gritando muito, numa média de 40 km/h até chegar ao fundo do vale. Essa descida foi adrenalina pura, muito emocionante. No fundo do vale passei em frente de algumas casas e bares, cheios de pessoas. Não parei, segui em frente até chegar ao pé de uma grande subida. Essa região é conhecida por ser grande produtora de morangos. Levei um bom tempo subindo, e em alguns trechos mais íngremes a estrada possuía um calçamento, para possibilitar que os carros passassem nos dias de chuva. Fiz algumas paradas durante a subida, para descansar e também admirar a paisagem. Era possível ver a longa descida por onde eu tinha vindo e também parte da subida. Após o final da longa subida, passei por alguns trechos de retas e pequenas descidas.
Quase no final da tarde cheguei ao alto de um morro de onde era possível ver a cidade de Estiva, no fundo de um vale. Parei ao lado de uma cerca e fiquei alguns minutos admirando a vista do lugar. No meu caso, que não estava correndo contra o tempo, que não tinha pressa em chegar à Aparecida, eu podia me dar ao luxo de muitas vezes parar e curtir as belas paisagens do Caminho da Fé. Subi na bike e desci a longa estrada até chegar a Estiva. A cidade é pequena. Fui até uma pousada que constava no guia e chegando lá descobri que a mesma estava fechada. Felizmente existia outra e voltei alguns quarteirões até ela.
A Pousada da Poka fica em cima de uma padaria e é muito confortável. Foi um dos melhores lugares onde me hospedei durante a viagem. Depois de tomar banho, aproveitei para usar a lavandeira e lavei algumas roupas e meu tênis. Meu pulso estava muito dolorido e amortecido, por culpa da picada do marimbondo. Fui lanchar e ao voltar para a pousada encontrei um peregrino que também estava hospedado ali. Ele era apicultor e falei a ele sobre a picada de marimbondo que tinha levado e sobre meu pulso estar muito dolorido e amortecido. Ele me disse que algumas espécies de marimbondo tem a picada mais dolorida do que muitas espécies de abelhas. E que a dor e o amortecimento logo passariam. Fiquei mais tranqüilo com a informação e fui para meu quarto. Estava cansado e com o efeito do antialérgico, que provoca sono, fui dormir às 20h00min e só acordei doze horas depois.
Hoje fiz 41 anos… Tô ficando velho, ou melhor, ficando experiente. Diferente do ano passado quando meu aniversário foi meio estranho, esse ano foi um dia muito gostoso. Eu que nunca gostei de aniversários, que sempre detestei meu dia de aniversário, dessa vez curti a data. Passei parte do dia em Cianorte, com a Andréia e o restante do dia em Campo Mourão, com a família. A comemoração foi simples, em família, com direito a jantar fora, e depois comer bolo em casa. Durante todo o dia recebi muitas ligações, emails, mensagens via SMS, Orkut, Facebook e MSN. Foram pouco mais de cem pessoas me desejando feliz aniversário e muitas coisas mais. Então meu muito obrigado a todos que se lembraram dessa data e também para aqueles que esqueceram ou então lembraram e preferiram ignorar a data por algum motivo.