Fazia um ano que estava planejando uma viagem mais “distante” e demorada. E por “n” motivos tive que adiar algumas vezes tal viagem. A princípio essa viagem era para ter sido com destino a Europa, mas em razão de problemas físicos que me impossibilitariam de fazer as principais coisas que gostaria de fazer na Europa, acabei mudando o destino da viagem e em vez de Europa segui para a América do Norte. Essa é minha terceira viagem para os Estados Unidos. E mais uma vez o destino principal é a cidade de Orlando, na Florida, onde morei durante um ano entre 2002 e 2003.
Após uma semana corrida onde tive muitas coisas para resolver, finalmente consegui arrumar minha mala, que não era muito grande. As despedidas até que foram tranquilas. As únicas exceções foram minha avó e minha mãe, que choraram um pouco. Não gosto de despedidas e com choro acaba sendo ainda pior, o astral fica lá embaixo. Uma despedida especial aconteceu na noite anterior a viagem. Apesar de ter sido rápida, foi bem interessante. Confesso que nessa despedida fiquei com vontade de ficar, de não viajar. Mas viajei, a vida segue e o futuro dirá o que acontecerá (ou não) quando eu voltar.
Meu irmão me levou até o aeroporto de Maringá . Na despedida nosso amigo Sidão também estava presente. Na hora do embarque os dois ficaram numa cerca próxima a pista do aeroporto, tirando fotos e me zoando de longe. Em Maringá o embarque é feito na pista, e embarquei bem próximo a cerca onde eles estavam. O motivo maior da zoação é melhor eu não contar aqui. Mas com certeza eles gostariam de estar no meu lugar na hora do embarque e não era em razão da viagem… rs! O voo até Curitiba, local da primeira escala, foi tranquilo. Teve apenas uma turbulência curta no meio da viagem, daquelas inesperadas e que acabam dando susto. Em Curitiba fiquei pouco mais de três horas no aeroporto, esperando o voo para São Paulo. Fiquei na Sala Vip da Itaucard, lendo jornal e comendo. Ao menos dessa forma as horas de espera foram agradáveis.
Embarquei no final da tarde rumo à Guarulhos. Outra viagem tranquila, onde o único contratempo foi ter que ficar vinte minutos dando voltas próximo ao aeroporto, pois o tráfego de aviões era grande naquele momento. E os “caras” ainda querem fazer Copa do Mundo e Olímpiada num pais com estrutura tosca igual a do Brasil. No aeroporto de Guarulhos dei uma última ajeitada na mala e na mochila, para ver se não tinha nada que me causasse problema com a segurança da American Airlines, que é bastante rígida. Mesmo chegando para fazer chekin com mais do que as duas horas exigidas, acabei quase perdendo o voo. A fila estava enorme e depois para passar pela revista e raio x, e também pela Polícia Federal, foi um caos. Filas enormes, poucos funcionários e políciais, estrutura medonha, pouco espaço físico. Nas filas você ouvia muito gente questionando como o Brasil vai conseguir comportar eventos esportivos grandiosos iguais Copa do Mundo e Olimpíada, se o maior aeroporto do pais não da conta da demanda de passageiros num dia normal. Até lá muita correria vai acontecer e muito dinheiro vai desaparecer, com certeza!
Embarquei atrasado, mas não fui o único. Teve mais gente que se atrasou por culpa das filas enormes. Isso fez com que o voo saísse com mais de uma hora de atraso. Essa foi a segunda vez que viajei pela American Airlines. O avião era um Boeing 777, enorme. Fui sentado bem no fundão, na penúltima poltrona e ao lado do banheiro. Fiquei no corredor da fila de quatro poltronas do meio. No avião embarcaram várias misses, que tinham participado do Concurso de Miss Universo, que aconteceu em São Paulo. Sempre achei que concurso de miss é uma furada, pois não são as mais bonitas que participam. E mais uma vez ficou comprovada minha teoria, pois já tive namoradas e ficantes mais bonitas do que algumas das misses que estavam no avião. E tinha uma miss de um pais asiático, que eu não ” pegava” de jeito nenhum… rs!!
Sempre dou azar em voos, seja com atrasos, turbulências, cancelamentos e com pessoas que sentam ao meu lado. Dessa vez mesmo com um avião cheio de misses, do meu lado fui um gordinho. O cara ocupava o assento dele, metade do assento do cara que estava a sua esquerda e metade do meu assento. Quando vi meu vizinho de viagem, imaginei que a viagem seria longa e torturante. E não foi diferente, pois teve bastante turbulência no início da viagem e no fundo chacoalha bem mais. Outro problema foi que toda hora as comissárias ficavam passando no corredor e esbarrando em mim, bem como o pessoal que ia ao banheiro. E para piorar, no dia anterior eu tinha retirado os pontos de um ferimento que fiz na cabeça. E no local dos pontos ficou uma pequena ferida que incomodava e o local da ferida era justamente onde a cabeça encostava na poltrona. Então dormir durante a viagem acabou sendo algo muito complicado. Pouco antes da meia noite foi servido o jantar, que talvez em razão da fome que eu estava, achei muito saboroso. Depois assisti três filmes para passar o tempo. Na metade do último acabei pegando no sono. Fui acordado umas duas horas depois, pelo meu vizinho de poltrona. Ele disse que estava precisando ir ao banheiro urgentemente e que tinha ficado mais de uma hora se segurando, pois não queria me acordar. Não reclamei, pois estávamos quase no final da viagem e os comissários estavam servindo o café da manhã.
Chegamos em Miami ainda estava escuro. O fuso horário com relação ao Brasil é de uma hora a menos. Daqui uns dias será de três horas a menos, pois vai acabar o horário de verão na Florida e começar o horário de verão no Brasil. O desembarque foi demorado e tranquilo. Depois fui fazer os trâmites de imigração. Algumas perguntas, várias respostas e me deram seis meses de permanência. Depois fui passar pela aduana e o cara que me atendeu implicou com minha mala, que era pequena. Respondi a ele que pretendia comprar muitas roupas e mais uma mala aqui nos Estados Unidos. Ele não se convenceu muito disso e me mandou para a fila do raio x, e revista especial. Bem que eu podia ter dito a ele que outro motivo da mala ser pequena é porque nos Estados Unidos as roupas não são secadas em varais, mas sim em secadoras. E como o algodão que utilizam na fabricação das roupas no Brasil é de péssima qualidade, as roupas encolhem quando são lavadas aqui nos Estados Unidos. As cuecas e meias então, após três lavagens e secagens ficam parecendo roupas de criança. Como não sabia se ele ia entender tal explicação, ou se ia achar que eu estava zoando com ele, achei melhor ficar quieto e seguir para a fila que ele me indicou.
Após passar pelo raio x, entregar minha mala para um funcionário da imigração e seguir para mais alguns trâmites, onde tive que tirar o tênis e a meia, além de responder mais um monte de perguntas, finalmente me liberaram e fui procurar o portão de embarque para o próximo e último voo. O aeroporto de Miami, bem como o de Orlando, meu destino final, são enormes. Tem até um pequeno trem que temos que utilizar para ir de um local a outro do aeroporto. Como era a terceira vez que eu estava no Aeroporto de Miami, não tive grandes problemas em encontrar meu portão de embarque. Estava amanhecendo o dia quando entrei no avião, para uma curta viagem até Orlando, distante 400 km dali. Quando o avião começou a se mover rumo ao ponto de decolagem lembrei de algo meio tolo, mas interessante. Dali meia hora eu estaria em Orlando, e seria a primeira vez na vida em que em menos de 24 horas eu teria estado nas três cidades onde já morei: Campo Mourão, Curitiba e Orlando.