
Esqueceram de mim…

16 ANOS NO AR – Vander Dissenha
Já devo estar beirando ás 130 horas de vôo, inclusive tendo enfrentado vôos de 12 e 10 horas sem paradas. Nunca tive medo, apenas tinha algum receio quando enfrentava alguma turbulência, situação que não é nem um pouco agradável. Mas desde o final de 2006, quando “enfrentei” problemas em dois vôos, acabei ficando com uma certa fobia de voar. Agora em vôos curtos de 50 minutos, como no trecho Curitiba/Porto Alegre, acabo ficando muito ansioso e qualquer ruído ou movimento fora do normal da aeronave, me deixa assustado. O motivo dessa fobia foi uma arremetida em Curitiba em outubro de 2006, durante um vôo da Gol. O tempo estava péssimo e ventava muito. O piloto arremeteu e o avião saiu meio de lado balançando. Foi um susto grande e tive a nítida sensação de que íamos cair. Dois meses depois, novamente de Gol, mas no trecho Curitiba/Maringá, pegamos um forte temporal e tivemos que sobrevoar a cidade durante meia hora, entre raios, trovões e muita turbulência. Foi uma grande tortura e tivemos que ir descer em Londrina. Depois dessa fiquei com medo e fico imaginando como será difícil enfrentar novamente vôos internacionais que duram muitas horas.
Logo mais no final da tarde tenho vôo marcado, de Porto Alegre para Curitiba. Já estou ansioso e até colocar os pés em Curitiba não ficarei sossegado. E o mais chato foi que semana passada sonhei que estava num avião da Tam que se acidentava. Tive um outro sonho parecido ano passado. Ontem a noite, meio que inconscientemente fiz coisas de que gosto muito, como tomar um monte de sorvete, jantar macarrão com molho funghi e tomar Coca-Cola gelada na cama. E pra terminar a noite assisti um filme (onde acontecia um desastre aéreo). Mas estou tentando não ficar pensando nisso tudo, pois senão a fobia aumenta e pode chegar num ponto em que não entro em um avião nem amarrado.
Mas de uma coisa tenho consciência, que é saber que do destino e da vontade de Deus não temos como escapar. Então o que tiver de ser será, independente do que eu faça ou do medo que tenha.
Aqui em São Leopoldo ficamos hospedados em um hotel no centro da cidade. Dessa vez estamos em onze pessoas, sendo seis de Curitiba (Colégio Medianeira) e quatro de Florianópolis (Colégio Catarinense). Para os deslocamentos entre o Hotel e a Unisinos é preciso utilizar uma van da própria universidade. Os deslocamentos da manhã são divertidos, pois o pessoal está descontraído e descansado. Já os deslocamentos do final de tarde são meio tensos, pois estão todos cansados e como sempre um outro atrasa para pegar a van, os demais acabam ficando stressados.
O câmpus é enorme e muito organizado. Como fã de livros, o que mais gosto daqui é da Biblioteca, que ocupa um prédio de sete andares, onde cinco pavimentos são destinados ao acervo, que é composto por milhares de livros e outros documentos. Sempre que sobra um tempo livre corro pra Biblioteca ler alguma coisa.
Hoje eu e o Luis, meu colega de trabalho em Curitiba, nos perdemos após o almoço. A universidade é tão grande, que se perder dentro dela não é algo tão impossível de acontecer. Não encontrávamos a sala onde estávamos tendo treinamento e andamos um monte sem rumo, até encontrar um caminho conhecido que nos levou até nossa sala. Foram bem uns 10 minutos andando sem saber por onde. E olha que já estivemos aqui muitas vezes antes.
Ontem foi dia de madrugar e pegar o voo das 07h00min para Porto Alegre. Após uma hora de um vôo tranquilo, desembarquei no aeroporto Salgado Filho, onde tinha um carro esperando pra me levar a São Leopoldo, que fica na região metropolitana de Porto Alegre. Até o final de 2005 eu conhecia muitas cidades do Rio Grande do Sul, mas não conhecia Porto Alegre. A partir de então essa é décima primeira vez que venho para cá a trabalho. Serão três dias de reuniões na Unisinos, o que fica longe de meu recorde de estadia na cidade. Ano passado cheguei a passar 15 e depois 17 dias direto por aqui.
Mais algumas fotos do “passeio” até o Itapiroca, que fiz com minhas colegas de trabalho Paulinha e Tati, no dia primeiro de março.
Ontem foi aniversário de 16 anos da Erica, minha sobrinha. Ela está ficando enorme, quase da minha altura. Parabéns Erica por mais um ano de vida e toda felicidade do mundo pra você.
Em meados de 1991, teve um concurso de arte promovido pela Prefeitura Municipal, onde muitas obras de arte foram instaladas pelas ruas de Curitiba. Muitas destas obras desapareceram e outras estão esquecidas. Uma das obras esquecidas e que sempre foi minha obra favorita, fica em plena Rua XV de Novembro, entre a Rua Barão do Rio Branco e Rua Monsenhor Celso, num dos lugares mais movimentados da cidade. Não recordo o nome da artista que compôs essa obra. Tentei buscar informações no Google mas não encontrei nada. A artista se inspirou numa antiga cantiga popular e fez uma pequena rua com pedrinhas de brilhante. Na verdade as pedrinhas são de vidro, mas quando a obra foi inaugura as pedras de vidro eram novas e brilhavam, formando uma bela obra de arte. Hoje em dia essa obra esta esquecida, suja e riscada pelos passos de milhares de pessoas que diariamente pisam nela. A maioria nem se da conta de que aquilo é (ou foi) uma obra de arte. Sempre que passo por ali com alguém, conto a historia de tal obra, que mesmo após tantos anos e depois de ter perdido sua beleza, continua sendo minha obra favorita e me trás muitas boas recordações das primeiras vezes que por ela passei.
Se essa rua
Se essa rua fosse minha
Eu mandava
Eu mandava ladrilhar
Com pedrinhas
Com pedrinhas de brilhante
Só pra ver
Só pra ver meu bem passar
Nessa rua
Nessa rua tem um bosque
Que se chama
Que se chama solidão
Dentro dele
Dentro dele mora um anjo
Que roubou
Que roubou meu coração
Se eu roubei
Se eu roubei teu coração
Tu roubaste
Tu roubaste o meu também
Se eu roubei
Se eu roubei teu coração
Foi porque
Só porque te quero bem
Minha câmera foi roubada no final do ano e somente no inicio de fevereiro foi que adquiri uma câmera nova. Então sai para testá-la em duas tardes de domingo. Tirei fotos no Jardim Botânico e no centro de Curitiba. Então hoje aproveito para publicar algumas destas fotos teste.
E dando seqüência ás lembranças dos 20 anos que vim para Curitiba, hoje encerrando a série de lembranças, vou falar um pouco sobre o dia da incorporação, que foi em 13/02/1989.
Após uma noite mais ou menos dormida, eis que levanto cedo e vou para o café. O cardápio era pão com margarina e o famoso “KO”, uma mistura de leite e café em pó, de gosto não muito agradável. O nome “KO” deriva de um produto que se utiliza para dar brilho em metais e que tem a mesma cor e consistência do café com leite que era servido para nós. Usei o tal “KO” de polimento durante os dois anos em que fiquei no Exército , para dar brilho na fivela do cinto da farda de passeio, que era dourada e sempre tinha que estar brilhando.
Após o café ficamos em forma em frente ao pavilhão da CCS ouvindo algumas ladainhas e foram definidos os últimos cortes, ou seja, aqueles que por um motivo ou outro seriam dispensados. Depois todos em fila indiana ficamos esperando o momento de sair do quartel e entrar marchando num ritual de incorporação que existe há anos. Lembro que atrás de mim na fila estava o Mário, um cara de Curitiba que dias depois se tornaria meu companheiro de beliche e armário e que se transformaria num dos melhores amigos que já tive na vida, praticamente um irmão.
O 20º BIB era divido em três Cias de fuzileiros, mais Cia de apóio e CCS. Ao todo seriam uns 500 novos recrutas a serem incorporados. Ainda não éramos considerados soldados, éramos recrutas e/ou conscritos. Só viramos soldados dois meses depois, quando recebemos todo o treinamento básico e participamos da “Operação Boina Preta”, onde tivemos talvez a pior semana de nossas vidas, mas isso é outra história.
Em fila indiana e vestido com roupas civis, seguimos até a rua que fica em frente á entrada do quartel. Lembro (e as fotos desse dia ajudam a lembrar) que usava tênis, uma calça Fioruci preta, comprada no Paraguai e uma camiseta branca da Norpeças, empresa onde eu trabalhava. Com a banda tocando musicas militares entramos marchando portão adentro e depois em forma desfilamos para o Comandante e cantamos o Hino Nacional. Após esse ritual estávamos incorporados e não tinha mais volta. Seria no mínimo um ano até podermos dar baixa e sermos civis novamente. Fomos buscar nosso “enxoval”, que consistia de itens de higiene pessoal, mochila e outras coisas mais e também recebemos nossa farda verde oliva. Meu maior suplicio foi conseguir colocar o cadarço no coturno.
Nesse mesmo dia começou nosso período de quarentena, que consistia em quatro semanas de treinamento intenso e variado, dia e noite. O treinamento ia desde ordem unida, até mexer com armamento, passando por uma aula de boas maneiras. Também aprendemos sobre a hierarquia do Exército e a distinguir seus símbolos e divisas, além de dezenas de outras coisas das quais muitas nem lembro mais. Também tivemos que aprender algumas canções e hinos. O mais difícil para mim foi o hino do Batalhão, onde era necessário assoviar uma estrofe inteira. Eu não sabia (ainda hoje não sei) assoviar. Isso me custou ficar de faxina duas vezes, além de certa vez numa inspeção o comandante do Batalhão aleatoriamente me escolher para chegar perto e me ouvir assobiar. Quando ele percebeu que eu estava “dublando” o assovio, ele me perguntou se não sabia assoviar. Diante de minha resposta ele disse que era melhor eu continuar assoprando como se estivesse assoviando e virou as costas.
Histórias como essa e muitas outras, algumas engraçadas, outras tristes e até mesmo trágicas na época, mas que hoje me fazem rir ao lembrar delas, fazem parte dos dois anos que passei no Exército. Foram dois anos difíceis no inicio, mas com o tempo as coisas foram melhorando. Para contar tudo seria necessário escrever um livro. De pouco mais da metade desses dois anos possuo um diário com tudo registrado. O período que não está registrado no papel, está registrado em minha memória.
Curiosamente em minha carteira de reservista consta o período de serviço militar como “dois anos, zero mês e zero dias”, ou seja, dois anos exatos. Nesse tempo chorei, sofri, derramei suor, lagrimas, passei por momentos de desespero, solidão, medo, alegria e muitos outros sentimentos. Mas acima de tudo estes dois anos ajudaram a me moldar como ser humano e influenciaram diretamente no que sou hoje. Uma pessoa de bem, honesta, trabalhadora, disciplinada e patriota, amigo dos amigos. E nesses dois anos fiz muitos amigos, alguns que se tornaram irmãos, pois as amizades foram forjadas em momentos de dificuldade, onde muitas vezes só tínhamos um ao outro, onde na falta de uma familiar ou de uma companheira, era no ombro do amigo que chorávamos.
Éramos em 75 recrutas na CCS de 89 e logicamente não dá pra ser grande amigo de todos. E quando se vive em comunidade, pequenos atritos acontecem. No geral era amigo de quase todos e muitos lembro com saudade, principalmente quando revejo as 320 fotos que tenho daquele período. Em tempos de câmera digital onde é possível tirar 320 fotos no mesmo dia, essa quantidade de fotos pode parecer pouca, mas para aquela época onde as câmeras não eram digitais e tínhamos que comprar as fotos do Jackson, fotografo do quartel, com nosso misero salário, até que essa quantidade é razoável.
Findo aqui essa pequena série de memórias que é comemorativa aos 20 anos de minha vinda para Curitiba e incorporação ao Exército. E essa comemoração é também para homenagear aqueles 75 “moleques” que na manhã de 13/02/1989, há vinte anos, adentraram aos portões do 20º Batalhão de Infantaria Blindado. A partir daquele momento suas vidas mudaram de alguma forma e esses moleques começaram a se tornar homens e a forjar suas personalidades.
E segue uma menção especial ao Renato (Quick), que já nos deixou há muito tempo e ao Joelmir que sofreu um grave acidente fazem alguns anos. Como não tenho contato com todos daquela época, não é possível confirmar se mais alguém daquele grupo já partiu para as terras celestes do infante. Existem alguns boatos de outras mortes, como o Miato e do Claudio, mas nada confirmado.
E para os amigos vivos deixo a seguinte mensagem:
Os heróis já tombaram das alturas,
Covardes, bravos, jazem olvidados;
Seus feitos, tudo aos livros relegados;
Nada mais resta, apenas sepulturas.
E eu, quem sou? Perguntam eu quem sou?
Pois bem, eu lhes direi: sou um soldado
Igual a qualquer outro que lutou,
Que avançou, combateu, foi derrubado.
Mas o importante é que sou (fui) da infantaria…
Hoje faz exatos 20 anos que cheguei em Curitiba, numa chuvosa, cinzenta e meio fria manhã de domingo. Após uma viagem cansativa que durou a noite toda e de ter dormido pouco e mal, acordei na entrada da cidade. Apesar de conhecer Curitiba e ter estado várias vezes na cidade, eu não conhecia o bairro da Bacacheri e nem o quartel do 20º BIB. Lembro que descemos a Rua Treze de Maio e me chamou atenção os prédios antigos e a iluminação do Largo da Ordem, que até então eu não conhecia. Pensei que futuramente precisaria descobrir como voltar ali e conhecer melhor aquele lugar. Mal sabia que 16 anos depois eu ia morar há 150 metros do lugar por onde passamos, em pleno Largo da Ordem.
Eram aproximadamente 06h30min, quando estacionamos em frente ao Quartel do 20º BIB. Seu tamanho me impressionou e após desembarcarmos, entramos em fila por sua entrada principal. Ali já começou a enxeção de saco por parte de alguns soldados antigos. Parecíamos um bando de ovelhas assustadas, seguindo em direção ao abate. Fomos para um dos pavilhões, que vinha a ser a CCS – Cia de Comando e Serviço. Entramos em uma alojamento e passamos toda manhã ali, onde volta e meia aparecia algum cabo ou soldado para fazer pressão psicológica e tentar algum tipo de trote. Entre estes cabos e soldados encontrei um conhecido, amigo antigo de Campo Mourão. Era o João Garaluz, que tinha estudado comigo nos tempos da “Unidade Pólo”. Ele não me deu muita moral, mas também não me pentelhou. Lembro bem de um cara forte, negro, cujo nome era Sebastião e que de cara apelidaram de “Trovão”. A cada dez minutos aparecia um dos soldados antigos e gritava “trovão”, daí o Sebastião tinha que bater no peito e dizer: bum, bum, bum… Depois ficamos na mesma Cia e nos tornamos amigos. O apelido de “Trovão” pegou e durante o ano em que ele serviu ali, era mais conhecido por este apelido do que pelo nome. Outro conhecido era o Douglas, antigo amigo de colégio lá em Campo Mourão. Teve mais dois amigos, o Raul e o Adelson, mas eles foram embora dois dias depois. Outros caras de Campo Mourão acabei encontrando depois e quando aconteceu a incorporação éramos cinco na CCS. Eu, Douglas, Claudio, Odair e Licoski. O Odair tinha estudado comigo na 5ª Série e fazia tempo que não o via, até encontrá-lo ali. O Claudio também tinha estudado comigo anos antes. Em outras Cia´s tinha mais caras de Campo Mourão, ao todo devíamos ser uns 40.
Na hora do almoço seguimos em fila até o refeitório que ficava ali perto e então pude descobrir se a comida de quartel é ruim como sempre tinha ouvido falar. Ao vivo ela aparentava ser pior do que eu imaginava. Peguei meu bandejão e fui pra fila me servir. O cara que estava servindo a comida tentou encher minha bandeja, mas não deixei e sai de fininho. A comida não era ruim, era horrorosa, bem pior do que eu imaginava. Após comermos e ouvirmos uma porção de enxeção, voltamos para o alojamento e ficamos lá até metade da tarde, quando fomos para o Ginásio fazer exame médico.
No exame em Campo Mourão, tinha rodado no exame de vista e nessa época ainda não usava óculos. Apesar de tudo, queria servir e como fiquei um certo tempo na fila do exame de vista, percebi que o Capitão Médico sempre pergunta sobre as letras da mesma fileira. Então decorei a tal linha de letras que ele pedia e dessa forma passei no exame. Ali no Ginásio encontrei mais alguns conhecidos de Campo Mourão, que já serviam no 20º BIB. Entre eles vale a pena destacar o Paulinho (Paulo Bonfim), amigo de infância e que faleceu em um acidente dois anos depois, lá em Campo Mourão. Também tinha o Cabo Siqueira, amigo dos tempos de Colégio Estadual e que depois virou Sargento. E por último o Cabo Fernandes, também amigo dos tempos de Colégio Estadual e que hoje mora em frente a casa de meus pais, lá em Campo Mourão.
Após deixar o Ginásio, voltamos para o alojamento e ficamos lá até anoitecer. Na hora da janta não fui para o refeitório, pois imaginei que a comida requentada do almoço seria ainda pior. Perguntei se podia sair dar uma volta e como ninguém me respondeu, sai de fininho. E de fininho consegui até mesmo sair para fora do Quartel. Ao lado existe a Base Aérea de Curitiba, com um muro branco enorme que segue por alguns quarteirões. Fui seguindo aquele muro até que do outro lado da rua avistei um boteco aberto. Fui até lá, comi um salgadinho e voltei para o Quartel, com medo de que não me deixassem entrar se demorasse muito. Voltei ao alojamento e o pessoal tinha acabado de retornar do refeitório. Alguns foram tomar banho e fui junto. Naquela noite tomei meu primeiro banho gelado (nem frio era) de muitos que tomaria nos dois anos seguintes. O banheiro era no sistema de caldeira e a água quente já tinha sido toda usada. Pouco antes das 22h00min nos mandaram pra cama. Subi num beliche, me cobri com uma manta e fiquei imaginando se teria algum trote depois que apagassem a luz. O Sargento que estava de plantão disse que ninguém iria nos incomodar, pois como ainda não tínhamos passado pela incorporação, éramos considerados civis e ele não queria que nos machucassem com alguma brincadeira de mau gosto, pois se isso ocorresse ele teria problemas. Depois de incorporados a história seria outra, e foi…
As 22h00min em ponto apagaram a luz e algo que me chamou atenção foi um potente farol do radar da Base Aérea, que ficava rodando e de tempos em todos ia iluminando nosso alojamento. Já tinha visto aquela cena muitas vezes, em filmes de prisão. Naquele momento me sentia como prisioneiro ali. No beliche embaixo de mim dormiu um cara de Campo Mourão, que eu não conhecia. Não demorou muito tempo e entrou alguém no alojamento e foi tirando a manta da maioria do pessoal. Quando chegou em mim ele parou, ficou me olhando e não puxou minha manta, seguindo adiante. Pude perceber que fui o único daquela fileira que ficou com a manta, então deduzo que o cara que fez isso foi o Garaluz, que em nome dos velhos tempos me deu uma colher de chá. O cara da cama debaixo começou a chorar e foi ouvindo o choro dele que adormeci. No dia seguinte esse cara da beliche debaixo conseguiu ser liberado e voltou para casa. Fui vê-lo novamente uns cinco anos depois lá em Campo Mourão. Ele ficou me olhado, pois deve ter me reconhecido. Eu nem dei bola, apenas olhei pra ele e dei uma risadinha debochada lembrando do seu choro naquela primeira noite de quartel.
O primeiro dia em Curitiba e no quartel, não foi dos melhores, mas com certeza também não foi dos piores. Outros muito piores ainda estavam por vir.
Hoje faz 20 anos que sai de casa. Foi num sábado á noite, no dia 11/02/1989 que embarquei num ônibus da Sul Americana, com mais 41 caras e seguimos com destino a Curitiba. O tal ônibus era fretado pelo Exército Brasileiro e eu estava indo para uma das maiores aventuras de minha vida, que foi “servir ao Exército”.
Daquela noite lembro bem do momento que me despedi de minha mãe em casa. Ela chorando, mas não muito, pois achava que dali uma semana eu estaria de volta. Minha irmã Vanerli e meu falecido cunhado Clésio, me acompanharam até os fundos da Prefeitura Municipal, onde funcionava a Junta do Serviço Militar. Ali me apresentei a um Sargento e logo entramos em forma para ouvir alguns avisos. Em seguida embarcamos no ônibus e rumamos para Curitiba. Junto seguiam vários amigos de escola e de outros lugares da cidade.
Acomodei-me na última poltrona e fui papeando com quem estava próximo. O papo estava divertido e riamos muito, até que um sargento foi até o fundo e me mandou calar a boca, pois segundo ele eu estava agitando demais o ambiente. Disse que se não me cala-se, ia me trancar no banheiro durante toda a viagem. Diante de tão singela ameaça resolvi ficar quieto e tentar dormir. Mas não consegui, pois a ansiedade era grande e ficava o tempo todo pensando na família e no bom emprego que deixava. Pensava nos amigos, numa ex-namorada (Rosana P.) que tinha me largado um ano antes e por quem ainda sofria e sabia que indo para Curitiba nunca teria chance de voltar com ela. E o que mais me deixava ansioso e com um pouco de medo, era não saber ao certo o que me aguardava nos próximos dias. Eu estava indo para o 20º BIB (Batalhão de Infantaria Blindado), cuja fama de rigor e de ser o pior quartel do sul do Brasil devido a sua rigorosa disciplina e grau de exigência, eu já conhecia há muito tempo devido á histórias de amigos que por lá tinham passado nos últimos anos. E foi em meio a lembranças, medos, saudade e esperanças, que adormeci.
Vale lembrar um fato histórico dessa noite. O ônibus que embarquei foi o terceiro daquela semana que seguiu para Curitiba e também foi o último na história. Durante vários anos os rapazes de Campo Mourão e região, iam servir uns poucos em Brasília e vários nos quartéis de Curitiba. Aquele ônibus do dia 11/02/1989, foi o último que seguiu de Campo Mourão para Curitiba. No ano seguinte o pessoal da região foi servir no quartel de Cascavel, que era mais perto e anos depois foi aberto um “Tiro de Guerra” em Campo Mourão e ninguém mais da cidade seguiu para Curitiba.
Sempre lembro que naquela noite ocupei o último banco, do último ônibus que levou jovens mouroenses á Curitiba, encerrando um ciclo de vários anos e centenas de jovens que deixaram sua cidade, sua família e foram para a capital do estado cumprir seu dever constitucional e patriótico de servir a pátria. Muitos desses jovens, por diversos motivos jamais retornaram para viver em Campo Mourão novamente. Eu fui um desses jovens…
A partir dessa noite de 20 anos atrás, minha vida mudou totalmente. Conheci muitas pessoas, vivi muitas experiências, sorri, chorei, sofri, me alegrei. Mas como diz Roberto Carlos (de quem não sou fã), o importante é que emoções eu vivi. Ás vezes tento imaginar como teria sido minha vida nestes últimos anos, caso eu não tivesse embarcado no tal último ônibus… ??? Mas tal exercício de tentar imaginar é difícil e nunca saberei realmente o que poderia ter acontecido, que rumo minha vida teria tomado. Então deixo de tentar imaginar e fico feliz em saber que ao menos hoje estou vivo, pois se não tivesse embarcado no tal último ônibus, talvez o destino tivesse me reservado outro rumo e talvez até pudesse ter morrido naquela mesma semana de vinte anos atrás. A vida é feita de ações, que provocam reações. Então a simples decisão de ficar ou partir, ou em que momento partir, pode desencadear um processo de reações que nem sempre são benéficas. Então fico feliz por tudo o que aconteceu desde o dia em que embarquei naquele ônibus e principalmente pelos amigos maravilhosos que fiz a partir daquela noite. E viva a Infantaria!!!!!!!
Sem querer acabei descobrindo que existe uma cidade chamada Wanderlândia e que fica no interior do estado de Tocantins. Eu já sabia que existia uma cidade chamada Wanderlei e que fica na Bahia, próximo a cidade de Wagner (nome de meu irmão). Já de Wanderlândia nunca tinha ouvido falar. O nome da cidade significa terra de Wanderley (o landia deriva do inglês “land”, que significa terra).
Dei uma olhada no site da Prefeitura local e descobri que a cidade possui 9.317 habitantes, sendo que existem mais homens do que mulheres. Enquanto na maior parte do Brasil a maioria da população é formada por mulheres, em Wanderlândia existem 255 homens a mais. Mesmo com esse excesso de homens, fiquei com vontade de conhecer Wanderlândia.
PS: Abaixo o comentário de um leitor do Blog, falando sobre o nome da cidade:
Por: José Carivaldo Alves Braga
Segundo informações do querido pai que já faleceu, somos da família Wanderley, oriunda do Ceará, onde se situaram em um vilarejo, que deram o nome de Aldeia dos Wanderleys, pois os parentes casavam-se entre si, para que continuassem em família. Então, ao passar cidade o Vilarejo de Aldeia dos Wanderleys, resolveram homenagear os primeiros moradores da mesma, dando-lhe o nome de Wanderlâdia.
Essa semana três pessoas (duas no trabalho e uma na clínica onde faço fisioterapia) me disseram que pareço com o Flávio, do Big Brother. Dei uma conferida e não me achei parecido. A única semelhança são os óculos e a barba ruiva.
O pior é que das poucas vezes em vi o Big Brother, achei o tal do Flávio muito chato e meio abichalhado.
Ontem após o trabalho fomos em uma turminha no “Armazém Santa Ana”, comemorar o aniversário da Tati, do setor de informática. Mesmo cansado em uma semana stressante, acabei indo prestigiar o Happy Hour. Primeiro porque a Tati é uma das boas amigas que tenho no Medianeira. E o segundo motivo é que faz tempo que quero conhecer esse lugar, em razão de sua história. O mais interessante é que o armazém não fica longe de casa e sempre passo em frente, mas nunca tinha dado certo de ir lá conhecer. Nos próximos dias publico algumas fotos do aniversário da Tati. Logo abaixo segue um pouco da história do Armazém Santa Ana.
O Armazém Santa Ana tem 70 anos de história, e é o mais antigo de Curitiba ainda em funcionamento. Quando foi criado por Paulo Szpak, um ucraniano que veio ao Brasil em 1929, o local, no distante bairro do Uberaba, era ponto de descanso de tropeiros. Hoje, é ponto de parada de um público que busca uma boa cerveja. Antes de abrir o armazém na casa de madeira típica, pintada de laranja, Paulo trabalhou num areial, em obras de estradas e como sapateiro.
O casarão que vendia secos e molhados, com telhado alto e varanda, também oferecia querosene e grãos a granel. Pedro, o herdeiro, ampliou a gama de produtos, introduzindo a venda de ferramentas, baldes, pregos, lampiões, panelas, e utensílios de ferro e metal, mas também ampliou os de itens de secos e molhados.
Com a terceira geração à frente dos negócios, os filhos Ana e Fábio acompanham o sinal dos tempos, deixando de lado as ferragens, destinando a varanda para ponto de encontro de amigos. Junto aos secos e molhados e ferramentas, passaram a vender salames, queijos, broas caseiras, embutidos, compotas de frutas produzidas artesanalmente, vinhos, cerveja caseira e afins.
Os quitutes preparados na casa são atração à parte para quem gosta de deixar para trás o rebuliço urbano e seguir pela avenida cheia de meandros que leva ao sudeste da cidade, margeando ainda pequenas propriedades agrícolas e bucólicas paisagens com muito verde, mas que aos poucos dão lugar ao progresso e à especulação imobiliária.
No armazém o tempo quase parou sobre a mesa coberta com oleado floral e ladeada pelo banco comprido onde os amigos reúnem em torno de tira-gosto tirado da barrica, do legítimo fernet. No endereço, que em 1934 ganhou alvará como “taverna de segunda classe no Umbará”, enquanto se degusta salame, chouriço, queijo caseiro ou rollmops, o estômago, agradece a brasileiríssima feijoada, ou então ao típico barreado paranaense.
Como os Szpack são de origem ucraniana, não pode também faltar pierog, que é o pastel eslavo de massa cozida. Entre uma e outra garfada, um olhar sobre o imenso balcão de madeira onde, ao lado da variedade de alimentos à venda, martelos, rastelos, pás e vassouras de piaçava disputam espaço e contam um pouco da história do bairro surgido no século 18.
Como opção tradicional de boteco, tem ainda a carne de onça, – carne moída de primeira, servida crua com bastante tempero verde sobre uma fatia de broa de centeio. Para acompanhar, um bom elenco de até 12 variedades de cervejas servidas na temperatura correta, bem gelada. E, para acompanhar, até 30 tipos de cachaça produzidas de forma artesanal e que fazem a festa dos boêmios que têm no armazém o último reduto de uma Curitiba com jeito ainda de cidade do interior onde os colonos vem trazer produtos para a feira.
FONTE: http://www.armazemsantaana.com.br/empresa.html
“O coração humano tem tesouros ocultos. No segredo mantido, No silêncio selado… Os pensamentos, as esperanças, os sonhos, os prazeres… Cujo charme se romperia se revelado.“
Charlote Bronte
Livro “Jane Eyre”, 1847
A frase acima vi num filme dia destes. Achei muito bonita e voltei o filme algumas vezes para ler e copiar. Pesquisando descobri que ela pertence a um livro publicado na Inglaterra em 1847 e que até hoje tem republicações devido ao seu sucesso. Também descobri que já foram feitos dois filmes baseados no livro, com o mesmo título do livro. Vou ver se encontro um destes filmes.
E o filme no qual vi a frase, chama-se “Três Vezes Amor”. É um filme gostoso de ver, com uma boa trilha sonora e um roteiro bem feito. Vale a pena assistir.
Mais um ano iniciando e com as esperanças renovadas de que ele seja melhor do que o ano que passou. Não posso reclamar de 2008, pois foi um bom ano, com muitas coisas boas.
No último dia de 2009 resolvi dar uma arrumada na casa, almocei um Wooper no Burger King e fui ao cinema assistir “Marley e Eu”. Assisti a corrida de São Silvestre pela tv e fiquei com uma vontade enorme de estar lá em São Paulo correndo. Já participei de quatro corridas de São Silvestre, em 2000, 2004, 2005 e 2006 e sempre foi uma experiência maravilhosa. Vamos ver se em 2009 vou novamente correr, pois já estou sentindo saudades.
Tinha alguns convites para passar o Reveillon na casa de amigos, mas resolvi ficar em casa. Não sou muito de festejos e comemorações, acho o dia 31 de dezembro um dia normal como qualquer outro e não vejo razões para tantas comemorações. Exemplo disso é que nos cinco últimos reveillons, três eu tinha passado dormindo.
No último ano tinha passado o Reveillon no meu prédio, junto com minhas duas vizinhas lésbicas, vendo os fogos de artificiio por toda a Curitiba, pois de casa se tem uma ampla visão da cidade. Na rua em frente vários carros param para ver os fogos e sempre tem uma festa enorme na rua. As vizinhas me convidaram para passar a virada do ano com elas, no jardim do prédio e dessa vez elas convidaram vários amigos, todos gays. Foi até divertido e os únicos heteros eram eu e uma vizinha nova que mora no térreo e que estava tão bêbada que caiu na escada e não conseguia levantar. Daí uma das cachorras que é brincalhona, achou que ela estava querendo brincar e foi pular em cima da pobre moça. Tive que ir salvar a vizinha da cachorra e dessa forma iniciei o ano fazendo uma boa ação. Isso é sinal de sorte para o ano novo.
FELIZ 2009!!!!!!!!!!
Passei o Natal em Campo Mourão, como de costume. Dessa vez não fui para Maringá para o “Natal dos Dissenha”, fiquei em Campo Mourão mesmo, com minha mãe, avó, irmã e sobrinha. Como minha avó anda meio adoentada, minha mãe resolveu ficar para cuidar dela e resolvi ficar com minha mãe.
Meu humor não estava dos melhores, pois nos últimos dias tive situações muito stressantes no trabalho e em razão disso quase que não consigo viajar para o Natal. Também tive uns problemas com meu vizinho e ex-amigo, que estava envolvido com drogas e andou roubando algumas coisas minhas. E para piorar ainda mais, minha inflamação de tendão voltou a incomodar e ter que ficar “parado” fez meu humor azedar ainda mais. Então aproveitei o feriadão de cinco dias para descansar e tentar relaxar. Li bastante e todo final de tarde ficava de papo no jardim da casa, sentado naquelas cadeiras de fitas coloridas. O calor era intenso, então quanto menos tempo dentro de casa, melhor era.
Também pude refletir bastante sobre o futuro e uma das conclusões é que preciso mudar de emprego o mais breve possível, pois o meu emprego está sendo muito desgastante e além de estar fazendo mal para minha saúde, tem me tirado o prazer de fazer outras coisas, pois em razão do stress e da pressão no trabalho, vivo irritado, de mal humor, desanimado.
Essa madrugada aconteceu um acidente horrível bem em frente do meu prédio. Moro num cruzamento, em frente uma rua que fica paralela a Br 116 (futura Linha Verde). O detalhe é que a BR fica “lá embaixo”, uns cem metros do nível de minha rua.
No ínicio da madrugada quatro rapazes após saírem de um jogo de futebol, foram comemorar o aniversário de um deles e tomaram todas. Dai saíram para dar umas voltas de carro e numa praça que fica perto de minha casa resolveram dar alguns cavalos-de-pau com o carro. Então desceram a rua lateral de minha casa a toda velocidade e como não conheciam o local, não se deram conta que a rua terminava e existia um barranco e a Br 116 lá embaixo. Para piorar, faz uns dois meses que em razão das obras da futura “Linha Verde”, o guard rail e as placas que sinalizavam o final da rua, foram retiradas pela Prefeitura. O resultado foi que ao descer a rua correndo demais, o carro dos rapazes litaralmente vôou morro abaixo e foi cair na BR 116 de rodas para cima. Por ironia do detino o aniversariante que completava 21 anos morreu no local e os outros quatro rapazes foram levados gravemente feridos para o hospital.
Tal acidente foi uma sucessão de erros, envolvendo bebida, falta de habilitação e falta de responsabilidade por parte dos rapazes e da Prefeitura por ter retirado a sinalização da rua.
Veja como seria alguns personagens de quadrinhos caso eles envelhecessem com o passar dos anos.
Ontem apresentei junto com Monique, minha colega de Faculdade e de trabalho, o projeto de estágio do curso de História. Teve uma banca formada por alguns professores e assistida por vários alunos. Como fizemos o estágio no mesmo colégio (o colégio onde trabalho), acabamos fazendo a apresentação juntos. Eu falei sobre a parte histórica do colégio e a Monique sobre a parte pedagógica. A principio seriam 20 ou 30 minutos de apresentação, mas no fim foram 01h15min apresentando. Escolhemos como professor da banca o Prof. Décio, que é o mais “fodão” e exigente do curso. Acho que fomos os únicos que escolhemos ele, pois os demais alunos escolheram professores mais “light”. Particularmente gosto do Prof. Décio e também tinha confiança de que junto com a Monique, a exemplo do ano passado, nosso projeto de estágio seria muito bom e então queria que ele fosse testado da melhor forma possível e pela pessoa mais exigente possível. E no fim valeu a pena, pois apesar do professor ter feito uma pergunta que tivemos dificuldade em responder, no final discretamente ele deu um sorriso e um ok o que significou que realmente nos saímos bem.
Saí da faculdade eram 23h20min e no estacionamento só tinha meu carro sozinho lá no fundão. E pra piorar eu estava sem comer nada desde a hora do almoço, com dor de cabeça e o pé machucado doendo. Mas me sentindo feliz e realizado, pois agora encerrei de vez a faculdade e após iniciar três faculdades, finalmente cheguei ao final de uma. Não foi fácil, foram anos de muita luta e sacrifício, finais de semana e madrugadas “perdidas” estudando, muitas horas passando raiva em congestionamentos e um boa grana investida. Mas naquele momento em que segui mancado até o fundo do estacionamento para pegar o carro, tudo isso ficou para trás e só existia uma sensação de missão cumprida. Olhei para o céu e agradeci a Deus por ter me dado forças, principalmente nas horas mais difíceis e nas vezes em que tive vontade de largar tudo.
Fui pra casa fazendo uma retrospectiva mental sobre os momentos bons e ruins pelos quais passei na faculdade. No caminho parei num Habbib´s comprar esfirras pois a fome era muita. Cheguei em casa após a meia-noite, tomei um banho rápido e sentei na cama para comer minhas esfirras. Após comer não lembro de mais nada, só sei que acordei de madrugada sentado na cama, morrendo de frio (fez 9 graus de madrugada), com a tv ligada, luz acesa e um gosto de esfirra na boca.
Mas valeu a pena…
Curitiba terá uma árvore de Natal ecológica esse ano. Com 12 metros de altura a árvore vai iluminar o calçadão da Rua da Quinze (ou Rua das Flores). A “Árvore de Cristal”, como é chamada é feita com material reciclável. Sua estrutura foi preenchida com 4 mil garrafas plásticas cheias de água e líluidos coloridos. A árvore será iluminada com 6 mil watts de luz e poderá ser vista de longe. Espera-se que as garrafas funcionem como uma lente especial para difundir raios luminosos brancos e vermelhos. O “efeito cristal” deverá ser ampliado por microlâmpadas instaladas nas guirlandas e nos enfeites.
O material para montagem da árvore foi recolhido e preparado por famílias atendidas nos 27 Centros de Referência da Assistência Social (Cras) da Fundação de Ação Social (FAS). As garrafas foram retiradas de rios, terrenos baldios e áreas públicas da cidade. Também trabalharam nas etapas iniciais da construção da grande árvore e dos enfeites idosos que são atendidos em sete Centros de Atendimento ao Idoso (Catis).
Ontem á noite fiquei vendo um filme e la pelas 21h00min sai para fora de casa e olhando para o céu algo me chamou atenção. Bem em frente, á lua formava um triangulo com mais duas estrelas (que na verdade eram dois planetas). E para minha sorte acabou a energia elétrica na região que fica em frente ao prédio em que moro, então com pouca luminosidade o céu ficou mais escuro e o tal triangulo estava ainda mais bonito de ver. Fiquei um tempão observando aquilo, pois não me lembrava de ter visto algo igual antes. Só lamentei não ter mais minha câmera fotográfica, pois daria uma bela foto.
Mais tarde assistindo ao Jornal da Globo, vim saber que aquilo que eu tinha visto no céu era um fenômeno raro de acontecer, onde um triângulo luminoso era formado por Vênus, Júpiter e a Lua (crescente). O planeta Vênus é tão luminoso que ganhou o nome da deusa da beleza. Em alguns lugares é chamado de estrela Dalva. Júpiter tem o nome do deus dos deuses. A ultima vez que tal fenômeno ocorreu foi em outubro de 1961 e irá ocorrer outra vez somente em 2052. Fiquei surpreso com tal noticia e ao mesmo tempo feliz em ter presenciado tal coisa, e meio que sem querer. Vamos ver se da próxima vez que o fenômeno ocorrer eu possa presenciar, pois em 2052 estarei com 82 anos e pra ser sincero não sei se consigo sobreviver até chegar a tal idade.
A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são seis horas!
Quando se vê, já é sexta-feira…
Quando se vê, já terminou o ano…
Quando se vê, perdemos o amor da nossa vida.
Quando se vê, já passaram-se 50 anos!
Agora é tarde demais para ser reprovado.
Se me fosse dado, um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente e iria jogando, pelo caminho, a casca dourada e inútil das horas.
Desta forma, eu digo: Não deixe de fazer algo que gosta devido à falta de tempo, a única falta que terá, será desse tempo que infelizmente não voltará mais.
(Mario Quintana)
A filha chega a casa em prantos e diz para a mãe:
– Mãe, mãe, fui violentada por um curitibano!
– Mas… como sabes que era um curitibano?
– Ele obrigou-me a agradecer.
Qual é a diferença entre os curitibanos e os terroristas?
Os terroristas têm simpatizantes.
Qual é a semelhança entre um curitibano humilde e o
Super-Homem?
– Nenhum dos dois existe.
Numa ensolarada manhã em Curitiba, um turista comenta: –
Que manhã bonita! O curitibano que passava a seu lado
comenta:
– Graças, a nós que fazemos o que podemos fazer de melhor.
Como se faz para reconhecer um curitibano numa livraria?
– Ele é o que pede o mapa-mundi de Curitiba.
Um curitibano estava sendo entrevistado na TV.
Perguntaram-lhe:
– Qual a pessoa que mais admira? –
Deus!
– E por que? – Bem, foi ele quem me criou!
O que se deve atirar a um curitibano que está se afogando?
– O restoda família.
O que é o ego? O pequeno curitibano que vive dentro de
cada um de nós..
Qual é o negócio mais lucrativo do mundo?
Comprar um curitibano pelo que ele vale e vendê-lo
pelo que ele pensa que vale.
O curitibanozinho fala com o seu pai:
– Papa, quando eu crescer eu quero ser como você.
– Por que, pía?! – pergunta o orgulhoso curitibano.
– Para ter um piá como eu.
Por que há tantos partos prematuros em Curitiba?
– Nem as mães agüentam um curitibano por 9 meses!
Por que é que os curitibanos em geral, preferem não se casar? –
Porque eles nunca encontram uma mulher que os ame mais do
que eles se amam.
Por que é que não há terremotos em curitiba?
– Porque nem a terra os engole…
Sabem o que dá no cruzamento de um argentino com um curitibano???
Resp.: Um porteiro que pensa que é síndico.
Se vc não reenviar esta mensagem a 10 brasileiros é porque é mais um sacana
dum CURITIBANO.
MANIA DE CURITIBANO
FALA:
*Chama salsicha (hot-dog) de ‘vina’.
*Chama o carro Fusca de ‘fuque’.
*Chama o semáforo de sinaleiro.
*Diz bolacha em vez de biscoito.
*Diz piá em vez de menino.
*Diz guria em vez de menina.
*Diz bexiga ao invés de balão..
*Diz setra em vez de estilingue.
*Diz dolé em vez de picolé.
*Fala ‘escute’ no telefone.
*Chama as coisas pela marca (kboa,bombril,royal…)
*Acha que não tem sotaque nenhum.
*Ri do sotaque de todo mundo (paulista, carioca,mineiro, gaúcho,etc…)
Achando que todo mundo deveria falar como ele.
CLIMA:
*Fala sobre a condição do tempo para puxar conversa com alguém.
*Admira, diariamente, a linda cor cinza do céu curitibano.
*Enfrenta sol, chuva, frio, calor, tudo no mesmo dia e acha legal.
*Mantém as janelas do ônibus fechadas, independente se o dia esta frio, chuvoso ou aquele sol.
*Sai todo agasalhado de manhã, e tira quase tudo até o final do dia.
*O curitibano tem mania de lavar e polir seu carro no sábado ou domingo (o carro fica brilhando), só que toda vez que vai passear.. CHOVE !!!!
PRAIA:
*Fala que vai ‘pra praia’, sem especificar qual.
*As mulheres vão à praia com jóias e maquiadas.
*Fica a ‘temporada’ em Caioba ou Guaratuba mesmo que chova muito mais, do que faça sol.
*Ve o ‘OIL MAN’ andando de sunga no calçadão durante a temporada em Caioba e o resto do ano, na cidade.
ESQUISITICES:
*Faz fila para tudo (ônibus, mercado, banheiro,elevador, etc…).
*Repara nas pessoas como se fossem de outro planeta.
*Cumprimenta o vizinho de anos com ‘oi’ e ‘tchau’.
*Espera a semana inteira pelo final de semana… e quando chega, acaba não fazendo nada.
*Separa o ‘lixo que não é lixo’.
*Anda c/ o bolso cheio de papeis de balas até encontrar uma lixeira.
*Demora muito para arrancar o carro quando o sinal fica verde.
*Acha que tudo em Curitiba é melhor do que em outras cidades sem nunca ter saído daqui.
*Freqüenta Clube Curitibano/Graciosa e santa Mônica e cada 15 dias e se esbalda no Baile do Pato em Pinhais.
*Nao aceita que alguem Fale que curitibano é um povo fechado.
*Convida: ‘Passa lá em casa’ mas nunca dá o endereço.
*Chama o povo do interior paranaense de ‘pé-vermelho’.
*Usa aquelas pastinhas do Positivo falsificadas.
*Diz que a cidade não é mais a mesma por causa da invasão do pessoal de outros estados.
*Come pastel e caldo de cana nas feiras livres.
*Nas festas juninas chama vinho quente de quentão.
*Pega o mesmo ônibus todo santo dia no mesmo horário e não cumprimenta nem motorista nem cobrador.
*Acha que quem não é daqui sempre joga lixo no chão.
PRINCIPAL:
*Rir de si mesmo ao perceber que tudo que foi dito acima é a mais pura verdade…
Participei de outra palestra no SEBRAE, dessa vez com o Amyr Klink, de quem sou admirador confesso. Não sou chegado a tietagens e frescuras do gênero, mas desde que li o primeiro livro do Amyr em 1991, virei um grande admirador do seu trabalho, suas viagens e idéias. Desde então tenho acompanhado a carreira dele, lido seus livros e tal.
A palestra foi bem interessante e divertida, pois as histórias que ele conta, as coisas que viveu, muitas vezes acabam sendo engraçadas. Já tinha assistido uma outra palestra dele em 2000, quando do lançamento do livro “Mar Sem Fim”. Daquela vez peguei autografo no livro, dei um cumprimento de cabeça e só. Já dessa vez consegui autografo em dois livros, tirei foto e ainda conversei um pouco com ele, que me deu uma excelente dica sobre um plano futuro. Só não conversei mais porque a fila para falar com ele estava enorme e como estava me demorando o pessoal estava olhando torto.
Segue uma rápida biografia do Amyr Klink:
Natural de São Paulo, filho de pai libanês e mãe sueca. Começou a freqüentar a região de Paraty (RJ) com a família quando tinha apenas dois anos de idade. Essa cidade histórica do litoral brasileiro é o lugar que o inspirou a viajar pelo mundo. Casou-se em 1996 com a Marina Bandeira, com quem tem as filhas gêmeas Tamara e Laura, nascidas em 1997 e a caçula, Marininha, nascida no ano 2000.
Desde 1965 é colecionador de canoas antigas, tendo ajudado a fundar o Museu Nacional do Mar em São Francisco do Sul (Sta. Catarina). No terreno esportivo, foi remador pelo Clube Espéria, em São Paulo, de 1974 a 1980. No ano de 1978, realizou a travessia Santos-Paraty em canoa (solitário) e em 1980 realizou de catamarã o trecho Paraty-Santos e Salvador-Santos, igualmente em catamarã durante 22 dias; Em 1982, a vela navegou o trecho Salvador – Fernando de Noronha – Guiana Francesa pesquisando correntes para o projeto seguinte: a travessia do Atlântico Sul a remo, em solitário.
Também percorreu mais de dois mil quilômetros num pequeno barco a motor na Amazônia, seguindo o curso dos rios Negro e Madeira. De moto já foi até a Patagônia e escalou a cordilheira dos Andes, percorrendo todo o território do Chile aos 19 anos.
Em 1984, o navegador realizou a primeira Travessia do Atlântico Sul a Remo em Solitário, viagem contada no livro “Cem dias entre céu e mar”. Já em 1986, iniciou viagem preparatória à Antártica e Cabo Horn, a bordo do veleiro polar “Rapa Nui”.
Foi em dezembro de 1989, que teve início o Projeto de Invernagem Antártica, em Solitário, a bordo do veleiro polar “Paratii”, quando percorreu 27 mil milhas da Antártica ao Ártico, em 642 dias. Os livros: “Paratii – Entre dois pólos” e “As janelas do Paratii” relatam e ilustram este projeto.
Em 1992, participou do projeto Faróis do Brasil – Navegação terrestre da Costa Brasileira, em equipe com Klever Kolberg e André Azevedo. Em 1993, viajou novamente pela Costa Brasileira, desta vez pilotando um trike (asa delta motorizada).
Em janeiro de 1997, voltou para a Antártica como consultor de uma equipe de filmagem para captação de imagens de alpinistas de icebergs.
Em 31 de outubro de 1998 iniciou o projeto “Antártica 360” – uma volta ao mundo pelo trecho mais difícil de ser realizada: a circunavegação em torno do continente gelado. Durante 79 dias, Amyr Klink enfrentou sozinho os mares mais temperamentais do planeta e muitos icebergs. É no livro “Mar sem Fim” que se encontra o relato desta viagem.
Em 2000, o navegador começou a desenvolver um projeto de construção de cais flutuantes adequados às condições brasileiras, para serem usados em marinas e portos de lazer. Participou do Rally Paris Dakar Cairo como navegador da equipe brasileira Troller, a bordo de um veículo 100% nacional, ficando em 6º lugar na categoria novatos.
Em 2001, o Veleiro Polar Paratii 2 ficou pronto depois de 8 anos de planejamento. Concebido no mesmo estúdio, o Bouvet-Petit, (estilo) do veleiro Seamaster (antigo Antarctica), este barco foi idealizado por ele próprio para ser uma “plataforma de trabalho”. Em dezembro, Amyr Klink viajou até a Espanha com o novo barco para colocação dos dois mastros “aerorig”, produzidos em Palma de Mallorca.
Em 2002, o navegador concluiu a etapa experimental do Projeto Viagem à China, que prevê a volta ao mundo por uma rota nunca antes percorrida, no Círculo Polar Ártico. A etapa inicial do projeto foi cumprida com sucesso entre 30 de janeiro e 06 de abril. Neste período, Amyr e sua tripulação ultrapassaram o Círculo Polar Antártico, visitaram a Baía Margarida e adentraram o Mar de Bellingshausen, o extremo sul navegável da península antártica. (e de) De lá partiram para a Georgia do Sul para uma escala antes de voltar ao Brasil.
Em 2003/2004 realizou uma reedição da circunavegação polar com o Paratii 2.
Na primeira viagem, com o primeiro Paratii e em solitário, Amyr não teve oportunidade de registrar imagens.
A viagem com o Paratii 2 durou 5 meses, sendo 76 dias para completar a volta ao mundo e que rotulou o Paratii 2 como o veleiro polar mais eficiente que se tem conhecimento.
Com 5 tripulantes, foi possível documentar aquilo que só o Amyr já tinha visto, como desdobramento foi produzido um documentário e uma série de 4 episódios que terá veiculação internacional a cargo do National Geographic Channel.
Esta viagem fechou um ciclo de viagens experimentais que tinham como objetivo a aprovação de novos conceitos construtivos e a aplicação de novas técnicas em produtos de uso cotidiano, submetidos a condições extremas e produzidos com a preocupação de não agredir o meio ambiente.
Formado em Economia pela Universidade de São Paulo (USP) e pós-graduado em Administração de Empresas pela Universidade Mackenzie, o navegador é diretor da Amyr Klink Planejamento e Pesquisa Ltda. e da Amyr Klink Projetos Especiais Ltda. Também foi (é) Sócio-Fundador do Museu Nacional do Mar, em São Francisco do Sul (SC), e da Revista Horizonte Geográfico.
É membro da Royal Geographical Society e Assessor de Expedições da Revista National Geographic Brasil.
Amyr Klink também ministra palestras em seminários para empresas, escolas, universidades, instituições e associações, abordando temas como: planejamento estratégico, gerenciamento de risco, qualidade e trabalho em equipe.
Essa é a semana do emprededor e o SEBRAE, que é um orgão que auxilia as pequenas empresas, está promovendo aqui em Curitiba a semana do empreendedor. São vários cursos e palestras e também algumas palestras chave, com convidados ilustres. Entre estas palestras teve uma que participei, que foi com o Maurício Kubrusly, repórter da Rede Globo e que apresenta o quadro “Me leva Brasil”, do Fantástico. A palestra foi bem iinteressante, pois além de contar histórias de bastidores de reportagens, que muitas vezes são mais interessantes do que as próprias reportagens que vão ao ar, ele utiliza reportagens apresentadas no “Me Leva Brasil” para falar sobre empreendedorismo (lembre-se, estamos na semana do empreendedor). No fim essa palestra acabou sendo um “programa” muito divertido e interessante.
Essa semana comecei a usar uniforme no trabalho. Eu que não gosto de roupa social e nem sapato tinha, tive que me adequar e agora ando de social. O pessoal estava acostumado a sempre me ver de jeans, tênis, agasalho e camiseta, estranhou quando me viram de social. Alguns fizeram piadinhas dizendo que pareço cobrador de ônibus ou porteiro de edificio. Mas a maioria elogiu, principalmente a mulherada. Recebi altos elogios da ala feminina e até pedidos para dar uma “voltinha”.
Estou me acostumando com a nova forma de vestir, mas no fundo preferia jeans, camiseta e tênis. Mas como o chefe mandou usar uniforme, não teve jeito e nem adiantou reclamar.
Hoje é dia da bandeira e quase ninguém lembra. Aqui no colégio onde trabalho não teve nem hasteamento ou hino da bandeira. Nos meus tempos de colégio, datas como esta eram lembradas. Vivíamos numa ditadura, com governo militar, mas ao menos o patriotismo era mais nítido, não acontecia somente em época de copa do mundo.
Acho o hino da bandeira muito bonito, quem fez a letra do hino (Olavo Bilac) estava inspiradíssimo. Lembro bem do dia da bandeira em 2002. Eu estava nos Estados Unidos e pela manhã seguia numa Van com mais doze pessoas, entre brasileiros e hispanos, indo de Orlando para Cocoa Beach. Na época eu trabalhava no hotel Hollydai Inn, de Cocoa Beach. No meio da viagem lembrei que era dia da bandeira no Brasil e comentei isso com o “Honey”, amigo brasileiro que estava sentado ao meu lado. No mesmo instante sem combinar nada começamos a cantar o hino da bandeira ali mesmo dentro da Van. Os hispanos não entenderam direito o que estávamos fazendo e depois que contamos acharam bonito o nosso gesto.
Quando estamos longe de nosso país é que sentimos mais saudades dele e onde os símbolos nacionais fazem mais sentido. Parece estranho, mas na verdade somos mais patriotas quando estamos longe do Brasil.
A bandeira acima é um protesto pelos dias atuais, onde a fome, a desordem, o crime e a corrupção imperam no Brasil. Acho que deveríamos mesmo alterar a frase positivista de “Ordem e Progresso” para essa frase realista “Caos e Fome”.
Na sexta-feira vi a previsão do tempo e nela dizia que faria um sábado de sol e calor. Então resolvi fazer algo que há tempos queria fazer, ir de bike até o Caminho do Vinho. Convidei dois amigos, mas ambos não podiam ir, então decidi ir sozinho.
O sábado amanheceu com um sol maravilhoso e muito quente, sai de casa ás 09h30min e segui com destino a São José dos Pinhais. Fui pela Avenida Salgado Filho, que é menos movimentada. Os primeiros quilômetros são os mais difíceis, pois os músculos ainda não estão aquecidos e as pernas doem. Mas depois de um tempo pedalar se torna algo agradável. A pior parte foi atravessar o viaduto que divide Curitiba e São José. A mureta está toda destruída e tive que pedalar numa passarela de um metro sem nenhuma proteção lateral. Qualquer desequilíbrio e eu poderia cair lá embaixo, onde passa uma avenida movimentada e o trilho do trem. E pra quem tem labirintite, que é o meu caso, o risco de desequilíbrio era ainda maior. Mas no fim correu tudo bem, logo atravessei a cidade de São José dos Pinhais e segui em direção as colônias italianas de Muricy e Mergulhão.
Após 23 km de pedalada cheguei ao portal que dá inicio ao Caminho do Vinho. Esse caminho é formado por vários sítios, onde se plantam frutas, verduras e também uva. Existem muitos restaurantes de comida típica, café colonial e venda de queijos e vinhos. É Um típico roteiro gastronômico. Pedalei 4,5 km pelo caminho e parei num restaurante onde já tinha almoçado uns meses antes. O restaurante tem em frente um gramado com árvores e um lago, um local muito bonito.
Estava faminto e me fartei com a comida do local, feita em fogão a lenha. Tinha polenta branca com molho, polenta frita , frango, risoto, lingüiça e muito mais. E de sobremesa sagu e pudim de leite. Só não comi mais, com receio de passar mal na volta para casa. Depois de comer deitei num gramado debaixo de uma árvore e tirei um cochilo. Depois de um tempo calculei que já tinha feito a digestão e peguei o caminho de volta pra casa.
A volta foi mais cansativa, pois já tinha pedalado um monte, o sol estava muito quente e a pança estava cheia. Segui num ritmo lento e constante e pouco antes das 17h00min estava em casa. No meio da caminho parei na casa da Claudinha, minha grande amiga e quase prima, para reabastecer minha garrafinha com água. Foram 55 km pedalados e meu marcador indicava que tinham sido 04h30min de efetiva pedalada. Ou seja, o marcador anota somente o tempo em que estive andando com a bike, quando eu parava o marcador também parava. Somente em casa é que percebi que parte de minhas pernas que ficavam mais expostas ao sol e que a bermuda não cobria, estavam vermelhas, queimadas de sol. Na hora do banho é que senti o quanto estas queimaduras ardiam, mas tudo bem, no final das contas foi um passeio gostoso e aos poucos estou conseguindo fazer maiores quilometragens de bike. A idéia é cada vez fazer percursos maiores, pois desta forma vou melhorando meu condicionamento físico e queimando calorias.
Após onze meses sem participar de corridas de rua em razão de falta de tempo, contusão e falta de motivação, eis que volto de forma triunfal (nem tanto) aos asfaltos curitibanos. E o retorno foi justamente na etapa de Curitiba do “Circuito de Corridas da Caixa”. Foi justamente numa corrida desse circuito, que comecei a correr em 2005, de uma forma mais freqüente. E nas quatro edições que o “Circuito da Caixa” foi realizado em Curitiba, participei de todas as edições. O mais difícil foi levantar ás 06h00min pra poder retirar o chip de cronometragem antes da largada. Mas tudo bem, valeu o sacrifício e me senti contente em poder correr novamente no meio do pessoal. O clima estava excelente pra correr, nubladaço, com uma garoa que caía de vez em quando, mas que não chegava a molhar, só refrescava.
Fui num ritmo tranqüilo e sofri um pouco nos primeiros quilômetros, mas aos poucos as pernas foram destravando. A pior parte foi a subida da OAB, que tem quase um quilometro. Nessa parte me arrastei literalmente, mas consegui terminar a prova correndo e sem ter que parar ou caminhar. Meu tempo foi de 1h06min, o que não é o melhor tempo que já fiz correndo 10 km, mas também não é dos piores.
Depois da corrida encontrei meus velhos amigos de outras corridas, Jeferson e Dionísio. Nos conhecemos na São Silvestre de 2005 e desde então participamos de várias corridas juntos. Pretendo participar de outras corridas ainda esse ano. Não vou correr todas como em 2007 e também não vou ficar tanto tempo sem correr como em 2008. A meta é ao menos uma corrida por mês, para manter o ritmo e rever os amigos.
Já fui várias vezes para a Serra do Mar, na região do Marumbi e por três vezes cheguei até o Topo do Olimpo, o segunda maior montanha paranaense. Já a região do Pico Paraná (o mais alto do Sul do Brasil), que também fica na Serra do Mar, mas em outra direção, eu nunca tinha ido. Falta de vontade não era, mas faltava tempo e companhia, pois lá não é aconselhável andar sozinho. Até que alguns colegas de trabalho resolveram marcar uma “expedição” pra região do Pico Paraná, com a intenção de subir o Itapiroca, que é um dos picos existentes ali e de mais fácil acesso. Então num sábado gelado e meio nublado, nos reunimos bem cedinho no Medianeira (eu, Tati, João Paulo, Paulinha e Cássio, seu marido) e pegamos a estrada em direção a São Paulo. Após uns 40 km rodando pela Régis Bittencourt, entramos a direita numa estradinha de chão e mais 7 km em uma estrada meio difícil, chegamos a Fazenda Pico Paraná. É dentro dessa fazenda que fica o acesso aos vários picos que fazem parte do complexo do Pico Paraná. Fizemos o registro com o pessoal do IAP (Instituto Ambiental do Paraná), pagamos uma taxa de R$ 5,00 que serve pra manutenção do local e por volta das 09h30min iniciamos a subida rumo ao Itapiroca (eita nominho feio). A primeira meia hora foi a mais difícil, pois o ar estava muito gelado e a respiração ficava difícil, o peito doía. O caminho não era dos mais difíceis, até me surpreendi com isso, pois acostumado que estou com a região do Marumbi, esperava no mínimo uma dificuldade semelhante. Logo chegamos no primeiro mirante, que é uma pedra enorme e a vista dali já era estupenda. Dava pra ver longe, muita mata, a Regis Bittencourt com os carros passando e a Represa Capivari – Cachoeira. Após ver tanta beleza, já imaginava o quanto seria ainda mais bonito a vista conforme fossemos subindo. Após um rápido descanso recomeçamos a subida e depois de um tempo chegamos num local cheio de pedras, com uma vegetação estranha. Ventava muito, as nuvens estavam baixas e caia uma garoa fina. Minha camisa que estava molhada de suor, logo secou e fiquei congelado. Pra nossa sorte as nuvens foram se dissipando e o sol apareceu, sinal de que possivelmente teríamos uma vista linda lá do alto.
Após um rápido descanso e algumas fotos, recomeçamos a caminhada, pelo que seria a parte mais difícil. Logo chegamos numa bifurcação, onde pra direita seguia a trilha pro Itapiroca e a esquerda a trilha para o Caratuva. Ficamos na duvida de qual direção seguir e acabamos indo para o lado errado sem saber.
Essa parte lembrava um pouco a trilha que leva ao Marumbi, pois a subida é íngreme, com muitas pedras lisas. O diferencial é que tinha algumas descidas também. Mas não tivemos grandes problemas, apenas estranhamos que por mais que andássemos nunca chegávamos ao topo e a informação que tínhamos era que a subida até o topo do Itapiroca levava em média umas duas horas. Após quase três horas eis que avistamos o topo do morro e após atravessar uma vegetação esquisita, estávamos literalmente acima das nuvens. A vista dali era fabulosa e nos fartamos de tirar fotos. Então percorremos os últimos metros que faltavam até o topo e lá em cima encontramos algumas pessoas que para nossa surpresa informaram que estávamos no Caratuva e não no Itapiroca. Sem saber acabamos subindo o morro mais alto e de acesso mais difícil. No fim ficamos é felizes, pois tínhamos vencido uma dificuldade maior do que a que esperávamos. A única decepção foi que o lado oposto ao que subimos estava coberto pelas nuvens. Desse lado encoberto a vista é ainda mais bonita, pois dá pra ver o mar e se tem um visão frontal do Pico Paraná.
Fizemos uma parada de uma hora pra descanso e lanche e pouco depois das 13h00min iniciamos a descida. Lógico que descer é mais fácil o que subir, apenas o cuidado tem que ser redobrado pois é mais fácil de escorregar no terreno úmido e cair. Eu cai um tombo deitado nas pedras, mas sem maiores conseqüências. E não fui a único a cair. Após 02h00min de caminhada chegamos no ponto de partida e o tempo fechou de vez. Ficamos um tempo sentados num gramado descansando e conversando e foi gostosa aquela sensação de missão cumprida. É sempre prazeroso quando atingimos uma meta e num lugar lindo como aquele é bem mais fácil sentir a presença de Deus. Fomos embora fazendo planos para a conquista de novos morros e a meta principal é o Pico Paraná. Mas ai a brincadeira é mais complicada, pois são umas dez horas entre subida e descida e o caminho é bem mais difícil. Mas com treinamento, perseverança e força de vontade chegaremos lá.
No final da tarde eu já estava de volta a minha casa e as pernas doíam um pouco, mas era menos do que eu esperava. Acho que as corridas e pedaladas que dei nos últimos dias, melhoraram meu condicionamento físico e não sofri tanto na caminhada. De ponto negativo foi o descuido que tive com meus lábios e orelhas, não passei nenhuma proteção e nos dias seguintes sofri um pouco com bolhas no lábio e com as orelhas descascando. Lição aprendida, dá próxima vez me cuidarei melhor com relação ao sol.
Mais uma segunda-feira, com bastante calor e muito trabalho. Mas tudo bem, o final de semana foi legal e deu pra descansar bem.
Ontem, domingo, dormi até tarde, depois almocei um sanduiche gigante em casa, vi um filminho e fui andar de bike. Foram 25 km de ida e volta até o Parque São Lourenço, sempre pela ciclovia. Fiquei impressionado com a quantidade de pessoas que vi caminhando ou pedalando pela ciclovia e também com a quantindade de pessoas nos bares, parques, praças e gramados pelos quais passei pelo caminho. Acho que o curitibano estava cansado de vários finais de semana com frio e chuva que no primeiro domigo de calor (apesar de ficar nublado a tarde) o pessoal aproveitou para bater perna.
Após quatro dias longe de Curitiba e do trabalho, eis que estou de volta. Foram dias interessantes, onde pude visitar a família, descansar, percorrer os 54 km do Caminho de Peabiru e pensar…, pensar muito sobre meu futuro. Mas as decisões ou rumos decididos não posso contar aqui, isso fica somente dentro de minha cabecinha. Dessa vez além do plano A, formulei também um plano B, um C e até um D. A unica coisa que posso adiantar é que em todos estes planos, devo ficar por Curitiba ao menos até o final de 2009.
Aproveito para postar mais algumas fotos da peregrinação pelo Caminho de Peabiru.
A peregrinação desse ano pelo Caminho de Peabiru foi ainda melhor do que a do ano passado. Pude rever amigos, fazer novas amizades e dessa vez o clima ajudou, pois não tivemos chuva. No primeiro dia o tempo estava nublado e caíram algumas gotas de chuva. Já no segundo dia o sol estava alto e fazia muito calor.
Todos esperavam que a exemplo do ano passado, nas refeições teríamos porco ou leitão, ou leitão e porco, mas por incrível que pareça não teve porco (e nem leitão) em nenhum das refeições. Comida foi o que não faltou e vale á pena destacar o “Boi na Brasa” que foi servido na primeira noite, em Campina do Amoral e a “Vaca Atolada” servida na segunda noite, em Canjarana. Em ambas as refeições repeti três vezes e achei que ia passar mal.
Não vou contar os detalhes da peregrinação segundo minha visão, mas vou contar utilizando o relatório oficial que foi publicado no site do Necapecan.
VIII PEREGRINAÇÃO NO CAMINHO DE PEABIRU DA COMCAM
PROGRAMAÇÃO:
Simpósio – 10/10/2008
Horário: 20h30min.
Local: Associação Comunitária de Campina do Amoral/Luiziana
Jantar: Prato Típico: boi na brasa
Pouso: Associação Comunitária de Campina do Amoral
Peregrinação 1º dia – 11/10/2008
6h às 6h45min – café da manhã – Associação Comunitária
6h45m. – exercícios de aquecimento e início caminhada
12h – almoço – cidade de Mamborê
14h – reinício caminhada
18h – Comunidade de Canjarana – Mamborê
20h – Jantar – Vaca atolada
Pouso – Salão comunitário e acampamento no mesmo local
Peregrinação 2º dia – 12/10/2008
7h às 8h15m. – exercíco de aquecimento, dança guarani, escolhe-um, chuá, café-da-manhã e início caminhada
14h – almoço no município de Farol
Campo Mourão, dia 10 de outubro de dois mil e oito.
“Abra a janela ó querida
Venha ver o luar cor de prata…”
São mais ou menos quatro horas da tarde e um grupo de peregrinos, acompanhados do Ademar, da Regional de Turismo sediada em Cascavel, se dirige ao Parque do Lago. É ali já onde começa, então, a doce aventura da oitava peregrinação no Caminho de Peabiru da COMCAM. Em torno do totem guarani envelhecido, os peregrinos ouvem a história da cultura guarani na sua mística procura pela Terra Sem Mal. Conhecem-se. Ouvem-se nas histórias desconhecidas que trazem de distintos recantos, às vezes até nem tanto…
O totem foi implantado pelos próprios guaranis vindos da aldeia Araribá, município de Bauru, estado de São Paulo no dia 09 de outubro de 2004, por volta das dezoito horas pelo vice-cacique Marcílio, sua mãe e com toda a clã, finalizando o I Simpósio do Caminho de Peabiru da COMCAM. Ele marca o início do projeto na COMCAM. Traz a cor guarani vermelha do urucum. O traçado é em sapé guaimbê e em sua arte e estética é entalhado em quatro lados apontando para quatro direções: Norte, Sul, Leste e Oeste. Um lado protege as águas e a mata. Outro a estrada, outro o nascer e outro o pôr do sol. Representa o Pai de todos. Em cada peregrinação, em respeito e homenagem à tradição guarani da “busca da Terra Sem Mal” peregrinos se juntam ao Totem orientados pelo NECAPECAM.
Na seqüência, todos se preparam para a ida a Campina do Amoral, onde se realizará o VIII Simpósio do Caminho de Peabiru da COMCAM. O ônibus sai da praça da Catedral, mas antes os peregrinos são chamados pelo Padre para que recebam a bênção da partida.
São por volta de trinta quilômetros até Campina do Amoral, que levam o tempo suficiente para que a interação se inicie. Afinal, é mais um grupo novo, embora muitos já sejam peregrinos cativos. A volta é sempre gratificante, como é bom ver cada um que retorna!
Em Campina do Amoral já estão mais peregrinos, de Santa Catarina. Vêm trazer sua história, experiência do Peabiru como “o caminho que leva à montanha do sol”, conforme dirão mais tarde na oportunidade que terão para transmitirem sua importante mensagem. A comunidade trabalha e o “boi na brasa” já invade o barracão num aroma irresistível. Mas, é preciso antes conhecer sobre Luiziana, o hospitaleiro município que tão bem recebe a caravana. Também conhecer um pouco mais sobre o Caminho de Peabiru da COMCAM, sobre o Caminho de Peabiru de Santa Catarina.
Professor José, líder da cultura luzinense conduz a cerimônia, acompanhado de Fátima, a Secretária de Educação e Cultura de Luiziana, do vereador local, reeleito, e do líder da anfitriã Campina do Amoral. Apresentam seu município, suas belezas naturais e oferecem a hospitalidade da comunidade da COMCAM, já tão peculiar e conhecida de grande parte dos peregrinos.
Na continuidade, Jefferson, da Secretaria de Meio Ambiente de Maringá fala da importância de se recuperar o eco-sistema no entorno do Caminho de Peabiru. Agora se junta ao grupo, contribuindo com seus conhecimentos e traduzindo a mensagem que repassa aos ouvintes: consciência e ação para uma mudança dignificante no sofrido ambiente em que vivemos. Bom lembrar que muitos peregrinos do Caminho de Peabiru se juntam a movimentos de “cura da Terra”, orientados pela nação indígena guarani, pelo desgaste que o planeta vem sofrendo desde as desenfreadas expansões colonialistas do século XVI. Jefferson foi capaz de demonstrar, de forma clara e segura, como contribuir para o resgate do eco sistema no entorno do Caminho de Peabiru. Obrigada, amigo! Quando as mensagens se encerram, o jantar é servido. Obrigada, José, Fátima, Marilene, Marius e Ricardo! O delicioso “boi na brasa” é prato típico de Luiziana e foi ali mesmo “engenhado”, atraindo centenas de visitantes no mês do aniversário do município, em outubro. Ricardo e Marius vêm de Santa Catarina e apresentam seu projeto do Caminho de Peabiru. Para eles, por causa do Monte Cristo, o projeto ganha o lema “Caminho da montanha do sol”.É muito prazeroso ouvi-los. Sejam bem-vindos, de agora em diante, seremos parceiros!
Gratos pela calorosa recepção, os peregrinos se preparam para o pouso da primeira noite no evento da VIII Peregrinação no Caminho de Peabiru. A noite não quer silenciar: é o silo da COAMO que ininterruptamente alardia seu trabalho; e ó galo, imponente, majestoso, anunciando e tecendo não só a manhã, mas também a madrugada toda. É a chuva que cai mansa, mas sem parar, no telhado de prata da Associação.
São seis horas da manhã e num repente a luz quebra o sono de todos: Jaurita dá bom dia e começam os preparativos para o primeiro dia de caminhada. A equipe de apoio se movimenta, a comunidade mais uma vez prestigia os caminheiros com um reforçado café-da-manhã. Chegam novos peregrinos, na verdade, velhos e esperados amigos. È hora do alongamento, depois da foto de todo o grupo, conforme sugere Porfírio, companheiro peregrino da Chapada dos Guimarães.
Os campos exibem o trabalho humano no capim seco e podado dos trigais, nas mudas viçosas dos milharais, do azevem . Aqui e ali se movimentam solitários trabalhadores na ininterrupta paisagem agrícola que expulsou a densa floresta dos pinheirais, das perobas. Uma e outra árvore denunciam aqui e lá a antiga floresta.
A frescura da limpa manhã saúda o peregrino. Por ele passam os amigos da equipe de apoio: a água, o cereal, a fruta, o remédio para os pés cansados. Aqui e ali também as águas límpidas de riachos escondidos pela parca vegetação ciliar são um convite para se refrescar, para admirar…
As crianças completam a paz da paisagem na sua espontaneidade e graça. São filhos de peregrinos que compartilham da venturosa marcha que lembra a “busca da Terra Sem Mal” dos guaranis. Como essas crianças dignificaram e embelezaram a VIII Peregrinação! Também há muitos jovens na caminhada, jovens que trazem a esperança de um futuro melhor, tão diferentes da juventude-massa que tristemente desfila diante de nós, na mídia cotidiana, que assiste à vida passar, jovens perdidos nos apelos consumistas da sociedade moderna e de seus efeitos desastrosos para a humanidade! Como é bom conhecer uma juventude sadia e sábia!
Ricardo e Marius procuram não perder nada de significativo, filmando, conversando, e acompanham passo a passo com o cachorro Muki a VIII peregrinação.
E a curiosidade se aguça na água de Sant’Ana. Professor José, no Simpósio, falara do olho da Santa, dos milagres daquele lugar. Os peregrinos ali banham seus cabelos, nutrem-se da milagrosa seiva.
Revigorados, continuam a caminhada rumo ao município de Mamborê. Na paisagem, intercalam-se trigais e milharais, que hora descem, ora sobem movimentando o solo dadivoso de Luiziana, o maior município em extensão da COMCAM ( são 908.604 km2 com uma população média de 7.000 habitantes). Luiziana se destaca pela fanfarra que tem merecido os melhores prêmios do Brasil, pelas cavalgadas, pelas trilhas e cachoeiras.
Em Mamborê os peregrinos são recebidos pelos prefeito e vice-prefeito, pela comunidade, na Praça das Flores. Ali está um marco das peregrinações que a cidade recebeu tão acolhedoramente. Seguem para o CTG, onde lhes é servido um delicioso almoço acompanhado das palavras amigas dos anfitriões e de intenso calor humano.
Após um breve descanso, o ônibus devolve os peregrinos ao seu itinerário. Rumo à Canjarana, cada um se encanta nas lembranças que deixaram os amigos mamborenses. A hospitalidade desse município será eternalizada nos corações peregrinos de muitas partes do Brasil.
A chegada a Canjarana é festiva. Distrito muito bem cuidado, possui uma lindíssima igreja, cujo padroeiro é São Roque e amplo pátio onde se localizam o barracão de festa, os banheiros, tudo muito bem organizado. As belas jovens desfilam seus encantos enquanto mães e crianças se divertem na confraternização coletiva pelo Dia da Criança. Os peregrinos descansam no gramado. Banham-se e logo já estão revigorados: o jantar é preparado pelo próprio vice-prefeito, Dominguinhos, que recebe os peregrinos como uma família. Dominguinhos traz sua família, o ambiente é acolhedor e solidário. Ao final, agora já com ainda mais visitantes, inclusive o prefeito e sua família, o som gostoso da viola invade o barracão trazendo alegria e graça.
Mais uma noite desce. Os peregrinos, já cansados, quase que desmaiam. A noite os acolhe exaustos, com uma lua escandalosamente bela.
Manhã se desenhando, os galos preparam a cantoria matinal, mas um outro som mavioso os supera:
Abre a janela, ó querida
Venha ver o luar cor de prata
Venha ouvir o som deste meu pinho
Na canção de uma serenata
Sei que dorme sonhando com outro
Desprezando quem é teu amor
Quem tu ama de ti nem se lembra
Quem te quer você não dá valor
Só a lua de mim tem piedade
Porque nunca me deixa sozinho
E não sabe fazer falsidade
Ilumina sempre meu caminho
E o sereno nas folhas da mata
Como o sol vai caindo no chão
Vai sumindo como o nosso amor
Foi se embora no teu coração
Como as nuvens que passa depressa
Foi assim que passou nosso amor
Só te peço que nunca se esqueça
Tudo aquilo que você jurou
E quem falta com o juramento
Com o tempo vai se arrepender
Porque o mundo é uma grande escola
Pra ensinar quem não sabe viver
Toninho da Gaita, Luiz Gonzaga, Noel Leotério, João Ribeiro, Luiz e Luizinho… eternamente grata a todos! È indescritível o sentimento que toma conta de cada peregrino nessa toada santa! Melodias que acompanharão com certeza muitas, senão todas as manhãs desses peregrinos…
É doze de outubro, dia da Padroeira do Brasil e há devotos de Nossa Senhora da Aparecida entre os peregrinos. Ela é homenageada pelos seresteiros, assim como Nossa Senhora do Rocio, padroeira de Paranaguá e do Paraná. Em meio à cantoria, dançam peregrinos. Depois de um belo repertório, lá se vão nossos encantadores pássaros mamborenses…
É hora de alongamento, de preparação para a caminhada do dia. Serão por volta de vinte quilômetros.
Moray Luza reúne os peregrinos na dança guarani, na brincadeira inocente de se olhar e se escolher, no energético chuá.
O chuá é uma criação de Moray Luza na primeira peregrinação. Vindo de São Paulo, capital, esse peregrino possui amplo conhecimento cultural e místico das tradições andinas, tendo sido um grande líder para os estudiosos do Caminho de Peabiru. Sua mensagem é de amplitude da compreensão humana, planetária, da paz mundial. Chuá lembra e representa as águas, o seu batismo e pureza.
Chega o café-da-manhã. Chega a hora de partir para o último trecho da peregrinação. Trinca-ferros, bem-te-vis, curiós, pardais, quero-queros, anus, azulões e outros cantores encantam a natureza e continuam a cantoria não deixando sós os peregrinos.
O olhar peregrino vê que a terra vai clareando, os pés vão pisando mais fofa e lentamente o solo, o relevo vai se aplainando… De repente é só areia, mas é ainda o trigal, o milharal. Vêem-se pés de café, eucalipto para lenha, azevem, algum gado, ovelhas.
No meio da caminhada, já em Farol, outra fonte milagrosa: agora, as águas de João Maria…João Maria, o “Monge da Lapa” teria percorrido o Paraná, ajudando os necessitados, em diferentes épocas. Há quem diga que foram dois, três monges. Que todos os monges benzedeiros chamavam-se por força João Maria. Mas, há quem diga que é o mesmo, envelhecido a cada fase, naturalmente. Eram comuns as benzedeiras na época. João Maria seria apenas um benzedeiro? Em meados do século XIX o Paraná vivia intensos movimentos de colonização, de conflitos de posses, com intensas manifestações de cunho popular, religiosas. O místico João Maria surge nesse contexto.
Os peregrinos também ali banham seus cabelos, bebem de sua água e oram. Depois, debaixo das poucas árvores, sombra suficiente para acolher os corpos já meio cansados, divagam… Mas ainda falta mais da metade do percurso… é bom pôr os pés na estrada!
Muita areia, muda o vento, o sol se impõe bem mais forte. Os passos são mais lentos, mas o conforto da água, do cereal ajuda a continuar…
De repente, as vozes dos pássaros se perdem no som barulhento dos rojões que vêm da cidade: é a tradição dos fogos do Dia de Nossa Senhora Aparecida. É meio-dia e o ritual se estende até meio-dia e quinze. Silêncio novamente. Os primeiros peregrinos alcançam a sede do município. No estádio municipal a acolhida final do município mais jovem da COMCAM. Uma deliciosa refeição, antecedida de falas que agradecem, oram, saúdam…
Pierim e Amani conduzem as preces. Lembram da importância do dia para a cultura brasileira – dia da padroeira do Brasil- lembram do momento singular que nos reúne à volta da refeição tão carinhosamente oferecida pelos farolenses…
Esta VIII peregrinação marcou pelo apelo à harmonia, à união, com peregrinos trazendo suas famílias, filhos, numa convivência de ricas experiências e diálogo, o que muito ensinou a todos, com certeza. Lembrou a santidade e pureza das águas – duas fontes visitadas por crentes de toda a parte do Brasil e rios de águas límpidas… Lembrou a linguagem universal, a música, presente nos caminhos de Peabiru de Mamborê pelos seus encantadores cantores que definitivamente se fizeram presentes, pela sua melodia, nos corações de todos os peregrinos. Lembrou por tudo isso, a fé e a esperança num mundo melhor. A Terra Sem Mal tem que ser possível.
É hora de partir, não sem antes, abraçar, fotografar. Os corpos estão cansados, mas as almas fortalecidas, já aguardando a nova aventura da nona peregrinação. Promessa de volta.
Obrigada, amigos peregrinos!
Obrigada a todas as autoridades municipais que tão bem acolheram a caravana!
Obrigada a todos que tornaram possível mais uma poderosa experiência de buscas e de encontros!
PEREGRINOS – 8ª PEREGRINAÇÃO NO CAMINHO DE PEABIRU
Peregrino |
Cidade e Estado de Origem |
Alexandra Y. Fernandes Brescansin |
Maringá – PR |
Antonio Porfírio da Silva |
Chapada dos Guimarães – MT |
Amani Spachisnki |
Campo Mourão – PR |
Celso Amâncio de Mello |
Maringá – PR |
Claudemir Pierin |
Cambé – PR |
Cristina Lidia Pienaro |
Campo Mourão |
Daniel Alexandre Moray Luza |
São Paulo – SP |
Danielli Salete Pereira |
Cascavel – PR |
Daisy Fontan Santiago |
Maringá – PR |
Edson Roberto Brescansin |
Maringá – PR |
Eliana Jacovós |
Maringá – PR |
Fabio Alexandro Sexugi |
Peabiru – PR |
Izalino Inácio Paixão |
Ubiratã – PR |
Jair Avelino Jacovós |
Maringá – PR |
Jeferson |
Maringá – PR |
Jeferson R. Spode Flores |
Cascavel – PR |
José Vanderlei Dissenha |
Curitiba – PR |
Lorenilda Oliveira |
Campo Mourão-PR |
Luciane Zuanazzi |
Cascavel – PR |
Lucas Santos Pierin |
Cambé – PR |
Marius Bantati |
Joinvile – SC |
Rafael |
Maringá |
Raquel Egidio Leal e Silva |
Maringá – PR |
Roberto Takechi Hirai |
Maringá – PR |
Rodrigo Zonta |
Maringá – PR |
Rosalindo Crepaldi |
Maringá |
Ricardo Gomes Moreira |
Joinvile – SC |
Sidnei Peres Junior |
Maringá – PR |
Sinclair Pozza Casemiro |
Campo Mourão – PR |
Valter Ferreira de Araujo |
Maringá – PR |
Zélia B. Braz Hirai |
Maringá – PR |
Cavaleiros
Neuso de Oliveira |
Mamborê |
Neno Picinin |
Mamborê |
João Paulo |
Mamborê |
Luizinho |
Mamborê |
Felipe Moraes |
Mamborê |
Cavaleiros anônimos |
Equipe de Apoio
Antonio Gancedo |
NECAPECAM |
Antonio |
IAP |
Cristina |
Professora Educação Física |
Darcy Deitos |
Hotel Paraná Palace |
Edson Battilani |
IAP |
Jairo Aloisio Araujo |
NECAPECAM |
Jaurita Machado Lessak |
NECAPECAM |
Maria Luiza da Silva |
NECAPECAM |
Manoel Sirino dos Santos |
NECAPECAM |
Marilene Celant Miranda da Silva |
NECAPECAM |
Silvio Cezar Walter |
NECAPECAM |
Vanessa |
NECAPECAM |
Enfermeiras e motoristas |
Municípios de: Luiziana, Mamborê e Farol |
Cozinheiros e cozinheiras |
Municípios de: Luiziana, Mamborê e Farol |
Fonte: http://www.caminhodepeabiru.com.br/
Após quatro dias estou de volta a Campo Mourão, dessa vez para ficar quatro dias, sendo que dois dias estarei percorrendo pela segunda vez o Caminho de Peabiru. A viagem foi gelada, saímos de Curitiba debaixo de muito frio e ao chegar a Guarapuava o frio estava ainda pior. Mas pior mesmo foi o fato do aquecedor do ônibus estar quebrado. As coisas só melhoraram quando chegamos em Campo Mourão, pois não estava tão frio. No decorrer do dia esquentou e deu até pra ficar sem camisa.
Hoje é aniversário de Campo Mourão, que completa 61 anos de idade. Fui ver o desfile comemorativo, algo que eu não fazia há uns dez anos. Lembrei também do tempo em que eu desfilava, sendo que a última vez foi em 1985. Bons tempos aqueles, o desfile era bonito, a rua estava cheia de pessoas, era uma festa muito animada. O que vi hoje foi um desfile fraco, desorganizado e com pouca gente assistindo. Decadência total…
Logo mais no final da tarde parto para a pequena comunidade de “Campina do Amoral”. A noite vai ter um simpósio sobre o “Caminho de Peabiru” e depois será oferecido um jantar típico, que provavelmente deve ser porco ou leitoa. Ano passado foi a mesma coisa, em dois dias de peregrinação pelo Caminho de Peabiru, comi mais porco do que comeria durante um ano inteiro. Então nos próximos dois dias estarei longe da civilização e longe da internet. Na volta conto como foi.
A expectativa é que não faça frio e principalmente que não chova. Também espero resisitir bem a caminhada, pois serão 60 km em dois dias e diferente do ano passado quando eu estava em excelente forma física, esse ano estou fora de forma e com três quilos a mais de peso, que se concentra quase todo na minha barriga.