O Túnel do Tempo de hoje é para lembrar dos anos românticos da Ilha do Mel. No final dos anos 80, a ilha era bem tranquila, não tinha tantas pousadas e bares. Naquela época não existia o trapiche, onde você desembarca sem molhar os pés. Você descia do barco longe da margem e algumas vezes com a água batendo no peito. E tinha que carregar suas coisas sobre a cabeça para não molhar. A gruta de Encantadas não tinha a escadaria que descaracterizou o local. A noite tinha uma animada lambateria, onde os casais tentavam se formar antes das 22h00min, pois a energia era na base do gerador e tinha horário para ser desligada. Depois que tudo ficava escuro, quem tinha encontrado uma paquera, procurava um canto sossegado para namorar. Também foi nessa época que tive pela última vez problema com bicho de pé. Peguei três de uma vez só e no mesmo pé. E também foi aí que tive bicho geográfico, que demorou três meses para ser curado e me fez perder todas as unhas do pé direito. Saudade da Ilha do Mel daquela época, quando ela se parecia mais com uma ilha, meio selvagem.
Meu primeiro emprego foi em 1984, quando aos 14 anos de idade fui trabalhar de empacotador em um Supermercado. O nome do supermercado era Iguaçu e não existe mais já faz muitos anos. Na época fazer pacotes era mais difícil do que hoje, pois não existiam sacolinhas plásticas, mas sim cartuchos de papel (sacos de papel). Os cartuchos eram de quatro tamanhos e o mais complicado era empacotar utilizando o cartucho grande. Você tinha que colocar os produtos pesados embaixo e depois ir colocando outros produtos por cima de uma forma que eles se “encaixassem” dentro do cartucho de papel e mantivesse o cartucho em pé, com as compras dentro.
Fiquei apenas três meses nesse primeiro emprego e logo fui para outro melhor. Mas lembro com saudade desse primeiro emprego, principalmente por que eu era empacotador do caixa número um, que tinha a operadora de caixa mais bonita do supermercado. Ela era uma paraguaia loira, de olhos azuis, cujo nome complicado não me lembro mais. E em nosso caixa a fila sempre era a maior de todas, composta quase que exclusivamente por homens…
A foto desse Túnel do Tempo é de novembro de 1998. Ela foi tirada no trem que seguia de Paranaguá a Curitiba. Uma funcionária da Serra Verde Express estava limpando meus ferimentos e fazendo curativos em mim. Eu tinha subido pela primeira vez o Pico do Marumbi e na descida errei a trilha, escorreguei e caí nas pedras, ficando pendurado na borda de um penhasco. Consegui evitar de cair no precipício, me arrastando pelas pedras e segurando em alguns pequenos galhos.
Evitei um acidente mais grave, mas me cortei e me esfolei bastante, inclusive tendo parte de minha roupa rasgada. Após o susto consegui descer o restante da trilha e pegar o trem rumo a Curitiba. Ao me ver todo ensanguentado e machucado, a moça da foto veio prestar os primeiros socorros. Não lembro o nome da moça e nem lembro do rosto dela. Mesmo assim serei eternamente agradecido pelos cuidados que teve comigo.
Essa foto é de meados do ano 2000. Na época era moda corridas de kart indoor e em Curitiba existiam vários locais para tal prática esportiva. Vez ou outra eu costumava correr de kart e até que era um bom piloto. Tinha uma tática boa, principalmente na tomada de tempo, quando os demais corredores ficavam se matando entre si e eu largava por último e ia devagar na primeira volta, até ter pista livre e fazer um bom tempo. Em todas ás vezes que corri larguei na pole position, graças a tal tática.
No dia dessa foto também saí na pole e na corrida disputei a liderança com meu amigo Mauricio Arruda. Mas na última volta tive um momento de Rubens Barrichello, onde a tampa do combustível caiu e a gasolina vazou, caindo no pneu do kart e me fazendo rodar na pista. Daí o Mauricio me ultrapassou e venceu a corrida! E além de ser derrotada na última volta, ainda fiquei todo sujo de gasolina e com as costas um pouco queimada por culpa da gasolina quente que espirrou em mim. Como compensação a dona da pista me deu dois ingressos grátis, mas dali uns dias quando fui utilizá-los, a pista de kart tinha fechado. Depois desse dia nunca mais corri!
E desse dia lembro bem do Marcelo Romeiro, que passou mais tempo batendo nos pneus e rodando na pista, do que propriamente correndo. Nunca vi um corredor de kart fazer tantas barbeiragens…
Essa foto “achei” no acervo da família. Ela retrata a Ponte da Amizade, na fronteira do Paraguai com o Brasil (Foz do Iguaçu). A foto foi tirada em 1965, logo após a inauguração da ponte. Só não consegui descobrir ao certo quem tirou a foto, se foi meu pai ou meu avô. A foto está meio tremida, pois foi tirada a partir de um veículo em movimento.
Ontem, 13 de fevereiro foi aniversário de vinte e seis anos de incorporação da CCS do 20° BIB, de 1989. Naquela manhã nublada de vinte e seis anos atrás, 75 rapazes passaram a fazer parte da gloriosa Companhia de Comando e Serviço do 20° Batalhão de Infantaria Blindado. Nesse dia muitos destes rapazes começaram a moldar de forma definitiva seu caráter, se tornaram homens. Fui um dos 75 rapazes que fizeram parte da CCS de 1989. Acabei ficando dois anos no Exército e até hoje lembro com carinho e saudade dos muitos amigos que lá fiz, alguns que se tornaram verdadeiros irmãos.
Essa foto quem me enviou foi a Professora Silvana Casali. Ela foi tirada em 1981, no Estádio Municipal de Campo Mourão, para ser publicada num jornal local. A reportagem seria sobre a escolinha de atletismo que tinha sido recém criada e que era coordenada pela Professora Silvana.
Eu tinha 11 anos na época e fiz parte dessa escolinha durante alguns meses. Eu não tinha visto essa foto antes e foi interessante vê-la após mais de trinta anos. Após passados tantos anos, lembro de bem poucos dos que estão na foto. Alguns já até falecerem…
Hoje faz dez anos que desembarquei em Orlando nos Estados Unidos, para morar um ano na cidade. Era minha segunda viagem aos Estados Unidos e numa tarde muito quente cheguei ao apartamento da Irene, que seria meu lar por doze meses. Esse ano que passei vivendo nos Estados Unidos foi bastante interessante e me permitiu conhecer pessoas de diversas partes do mundo e também viver experiências inesquecíveis. Foi um ano intenso, cheio de momentos bons e alguns ruins, principalmente a saudade da família.
Hoje está fazendo exatamente dez anos que saí da Stella Barros Turismo, franquia de Curitiba. Foi o melhor emprego que já tive, não em razão do salário, mas sim do ambiente, das pessoas que conheci lá, de tudo o que aprendi. Trabalhei na Stella Barros, de maio de 1993 até janeiro de 1998, e depois de janeiro de 1999 até janeiro de 2002. E saí de forma definitiva por que a agencia fecharia as portas, pois senão acho que estaria lá até hoje.
Na época em que trabalhei na franquia Stella Barros de Curitiba, a operadora Stella Barros era uma das maiores do Brasil, possuía cerca de cinqüenta franquias. Era operadora oficial da Copa do Mundo e Olimpíada, e o carro chefe de vendas eram os pacotes para a Disney. Eu que já gostava de viajar, depois que fui trabalhar na Stella Barros fiquei gostando ainda mais de viagens. Mesmo trabalhando na área administrativa aprendi muita coisa sobre pacotes e roteiros turísticos, companhias aéreas, reserva de hotéis, obtenção de vistos. Aprendi coisas que nos anos seguintes utilizei em viagens que fiz.
Trabalhei com muita gente legal na Stella Barros e foi lá que conheci o Mauricio, grande amigo até hoje, parceiro de muitas aventuras e desventuras pela vida afora e com quem depois também trabalhei junto no Colégio Medianeira de Curitiba. Outros amigos inesquecíveis que lá conheci foram: Consuelo Zardo, Marcelo Romeiro, Paulinha Pasqualine, Sheila Watanabe, Inês Santeti, Marli, Dora, Newton e Ricardo Bayel. E as donas da agencia; Kate e Silvia, com as quais aprendi muita coisa, tanto na área profissional quanto na pessoal e principalmente adquiri uma grande carga cultural, pois ambas eram cultas, viajadas e inteligentes. Então os anos que passei trabalhando para elas foram de intenso aprendizado. E do que mais sinto saudade dessa época, foram dos seis anos que morei nos fundos da agência, numa casa/garagem. E essa casa/garagem tem muitas histórias boas, engraçadas e inesquecíveis. Muita coisa legal acontecia ali nas noites frias de Curitiba e nos finais de semana tranqüilos do bairro Batel. Pena que aquela época não volta mais…
Hoje está fazendo dez anos dos atentados terroristas de 11 de setembro. Tal data é marcante para os norte americanos e para o resto do mundo também, pois tal fato é um divisor histórico onde muita coisa que era de um jeito antes do 11 de setembro de 2001, passou a ser de outro jeito após essa data. Ser atacado dentro de seu território feriu muito o orgulho e o patriotismo norte americano. Diferente de nós brasileiros que somos patriotas somente de quatro em quatro anos, os norte americanos em sua maioria são patriotas diariamente.
Muita gente lembra o que estava fazendo em 11 de setembro de 2001. Eu particularmente lembro muito bem. Na época trabalhava numa agencia de turismo em Curitiba e de repente o telefone começou a tocar, gente dizendo para ligarmos a TV. E outras ligações eram para pedir informações sobre passageiros nossos que estavam viajando pelos Estados Unidos naquele dia. Parentes queriam saber número de vôos. Quando ficou claro que realmente era um atentado terrorista, telefonei para meu irmão e para a Talita, minha namorada na época, perguntando se estavam vendo a TV. Lembro de minha chefe olhando inconformada para a TV e dizendo que Nova York não seria mais a mesma sem o World Trade Center. Naquele dia não fui almoçar, fiquei vendo o noticiário. E a noite não fui para a faculdade, preferi ficar em frente à TV.
Nove meses após os atentados, fui pela primeira vez aos Estados Unidos. E nessa viagem deu para perceber que o 11 de setembro ainda estava fresco na memória dos norte americanos. Voltei outra vez aos Estados Unidos e em setembro de 2003 estive em Nova York, e visitei o local onde ficavam as torres gêmeas. Naquela época estavam escavando um buraco enorme para reconstruir o metrô. Muita gente estava visitando o lugar nesse dia e pude ver pessoas rezando e outras chorando.
Que os Estados Unidos são imperialistas e se preocupam mais com seu próprio umbigo, isso é fato. E acho que estão corretos, pois acredito que primeiro devemos pensar em nossa casa e no bem estar dos nossos, para depois pensar nos outros. Isso não é egoísmo, isso é ser racional. Tem muita gente que critica os norte americanos por isso. E no tempo em que lá morei, pude ver de perto que a maioria sabe pouco sobre o resto do mundo, mas sabe muito sobre o próprio pais. Melhor ser assim, do que saber sobre o resto do mundo e não saber quase nada da história de nossa própria cidade, o que é o caso da maioria dos brasileiros.
Durante a faculdade de história tive alguns professores anti-americanos, que diziam boicotar marcas norte americanas e nem Coca- Cola tomavam. O pior é que muitos alunos iam na onda, meio que achando que todo historiador tem que ser de esquerda. No meu caso que não sou de direita, esquerda ou centro, posso dizer que gosto dos Estados Unidos e da cultura americana. Para quem começou a ser alfabetizado com revistinha Disney, que gostava de Elvis Presley e amava filmes de faroeste, não tem como não gostar dos Estados Unidos e de sua cultura. Eles foram espertos e conquistaram o mundo com sua música, seus filmes, seu modo de vida. Então que os demais países (principalmente os de esquerda) tentem fazer o mesmo e que consigam ser tão competentes como os yankees foram nesse quesito.
E estou embarcando para mais uma viagem aos Estados Unidos, pouco depois do 11 de setembro. Vai ser meio “estranho” fazer um vôo interno pela American Airlines, que teve dois aviões destruídos nos ataques terroristas de dez anos atrás. Mas deixando o medo de lado, vou aproveitar ao maximo essa viagem e aproveitar para visitar mais uma vez Nova York e rever o local onde ficavam as torres cuja destruição marcou o mundo.
No “Túnel do Tempo” de hoje estou recordando que fazem vinte anos que dei baixa do exército, após passar dois difíceis e inesquecíveis anos no quartel do 20º Batalhão de Infantaria Blindado, em Curitiba. Fui incorporado ao exército em fevereiro de 1989 e dei baixa em fevereiro de 1991. Dessa época guardo muitas recordações e ainda mantenho contato com muitos amigos que serviram comigo. E foi graças a minha ida ao exército que saí de casa, deixei Campo Mourão e fui para Curitiba, onde vivi muitos anos, conheci muitas pessoas e tive muito mais alegrias do que tristezas.
Ontem fez sete anos e um mês que voltei ao Brasil, após um ano vivendo em Orlando, USA. Daquele ano vivendo fora tenho boas recordações. Foi um ano difícil em alguns sentidos, mas muito interessante em outros. E algo que demorei pra me dar conta é que foi um dos melhores anos de minha vida, e que vou lembrar dele para sempre com muito carinho e saudade. Então esse “Túnel do Tempo” é para relembrar esse ano fora do Brasil, que foi de novembro de 2002 até novembro de 2003.
A foto desse Túnel do Tempo foi tirada no dia 10/10/1985 durante o desfile de aniversário de Campo Mourão. Ela serve pra mostrar aos amigos que tiravam sarro de mim em razão de minha barba ser vermelha e o cabelo não, que meu cabelo já foi avermelhado. É que depois de 20 anos cortando o cabelo bem curtinho, meu cabelo escureceu e a barba não. O pq? Não sei!!!
Hoje foi o nono aniversário dos ataques terroristas de 11 de setembro nos Estados Unidos. Um pastor cristão tinha o plano de queimar exemplares do Alcorão, para “comemorar” esse dia. Pura tolice, pois tal gesto só tende a causar mais confusão e intolerância religiosa. E no fundo o tal pastor só quer mesmo é aparecer, pois sua igreja tem somente 30 membros, o que mostra que ele deve ser um pastor mediocre.
Estive no local onde aconteceram os atentados em Nova York, dois anos após o ocorrido, em setembro de 2003. Na época era estranho observar o local do acidente e imaginar tudo o que tinha acontecido ali, quantas vidas inocentes foram perdidas. Uma coisa é soldados morrerem numa guerra, pois foram pra lá sabendo que poderiam morrer. Outra coisa é uma ataque covarde, onde morreram pessoas inocentes, muitas que queriam a paz. E o pior de tudo isso é matar em nome de Deus, matar por religião. Sempre acreditei que religião deve ser sinônimo de amor e não de morte.
No Túnel do Tempo de hoje, seguem algumas fotos dos anos 70, dos meus tempos de criança em Campo Mourão.
1976: Essa foto foi tirada no quintal de uma vizinha. Na foto estou eu, minha irmã, meu tio Mario, a filha da vizinha, Maristela e uma criança que não lembro o nome.
1978: Nessa foto estou em pé no para choque do caminhão. Nela também aparece meu pai, com o W@gner, meu irmão no colo. Minha irmã está com o Fabio, primo do meu pai, no colo.
1978: Essa foto foi tirada no Colégio Dom Bosco, quando eu estudava o primeiro ano primário.
Esse Túnel do Tempo é pra lembrar que está fazendo oito anos que viajei para os Estados Unidos pela primeira vez (maio/junho de 2002). Tinha intenção de ficar um ano, mas após três semanas resolvi retornar ao Brasil e ficar uns meses de férias por aqui. E foi o que fiz na época, sendo que no final do ano voltei aos Estados Unidos e dessa vez fiquei um ano por lá (na verdade 363 dias).
Nessa primeira viagem fiquei na casa de minha amiga Consuelo, que foi minha guia e ensinou como me virar em Orlando. Esses ensinamentos foram de grande validade quando retornei pra lá no final do ano. Fizemos alguns passeios por Orlando e fomos até a cidade de Tampa, distante 100 km de Orlando, visitar um parque bastante conhecido, o Busch Gardens. Depois aprendi a me virar um pouco e fiz passeios sozinhos por Orlando. Também trabalhei dez dias na lavanderia de um hotel, para saber como era trabalhar por lá. Tudo isso valeu como experiência e foram três semanas muito marcantes, pois a primeira vez nos “states” a gente nunca esquece.
Conjunto onde a Consuelo morava. (Orlando, FL – maio 2002)
O Túnel do Tempo de hoje é sobre a viagem para Alemanha que fiz em maio de 2002, junto com a Talita minha ex-noiva. A viagem foi cansativa, quase doze horas de voo num MD 11 da Varig, com uma enorme turbina traseira muito barulhenta. Mas foi uma viagem muito legal, pois foi minha primeira vez na Europa, então por essa razão foi inesquecivel. Desembarcamos em Frankfurt e a Eunice irmã da Talita e seu cunhado Jens foram nos buscar. Dali viajamos uns 300 km de carro até Lindscheid, cidade onde moram. Fiquei uma semana passeando por muitos lugares da cidade, conhecendo pessoas, visitando pontos turísticos. Compras não fiz muitas, pois era tudo muito caro. O que mais comprei foram chocolates alemães, suíços e belgas, que são de ótima qualidade e eram baratos.
A razão dessa viagem foi acompanhar a Talita que estava se mudando para a Alemanha e para que eu tirasse qualquer duvida com relação a voltar com ela ou não. Nosso plano quando noivamos era de nos casarmos e irmos morar na Alemanha por tempo indeterminado. Depois teve o rompimento do noivado, mas existiam algumas duvidas de minha parte e essa viagem serviu para eliminar essas duvidas. Lá tive a certeza de que não queria casar e nem ficar morando na Europa. Então após uma semana voltei para o Brasil. Levaram-me até Hagem, uma cidade próxima e lá embarquei num trem para Frankfurt, onde peguei um avião para o Brasil. Na pressa de colocar minhas coisas no trem acabei não me despedindo da Talita. Quando fui voltar para me despedir dela o trem partiu e mal consegui vê-la pela janela. Até parecia cena de filme, a despedida que não aconteceu. Ali se encerrava de vez nosso relacionamento, uma história que começara sete anos antes na Argentina. Depois desse dia fomos nos ver novamente seis anos depois, no sepultamento do pai dela em Curitiba, eu namorando outra e ela casada com um alemão e tendo uma filha. Ela continua na Alemanha e já tem uma segunda filha. Pouco antes do ultimo Natal nos encontramos em Curitiba e pude conhecer sua segunda filha e seu marido. Ela acabou me perdoando por tudo o que a fiz sofrer em razão do rompimento do noivado e eventualmente conversamos por email. Talvez ano que vem faça uma visita a ela e sua família lá na Alemanha, se minha planejada viagem pra Europa der certo.
Esse “Túnel do Tempo” é pra relembrar de uma aventura que fiz junto com minha amiga Carmen, em fevereiro de 1998. Fomos para o Nordeste, de ônibus de linha, convencional. Foram 50 horas de viagem até Recife, duas noites dormidas dentro do busão. O legal foi que no final da viagem todos se conheciam, era a maior animação, até parecia excursão. Na Rodoviária de Recife, na despedida pessoas se abraçavam trocavam endereço, tinha gente chorando.
Essa aventura durou 21 dias, onde nos hospedamos em Albergues da Juventude. Em Pernambuco estivemos em Olinda, Recife, Marinha Farinha, Itamaracá e Porto de Galinhas. Depois fomos para o Rio Grande do Norte, onde estivemos em Natal, Parnamirin visitando uma amiga e algumas praias e dunas um pouco mais distantes. Então fomos para Alagoas, onde ficamos em Maceió e visitamos lugares próximos.
O bom de ficar hospedado em Albergues é que se conhece muita gente e acabávamos nos juntando para fazer passeios. Por exemplo em Natal juntamos 20 pessoas e alugamos quatro bugs para passear pelas dunas. Em Olinda alugamos uma Kombi para ir até a Ilha de Itamaracá e depois uma Van para ir á Porto de Galinhas. Acabou sendo uma viagem muito divertida, onde conhecemos muitas pessoas e lugares lindos.
No Túnel do Tempo de hoje, uma foto tirada em abril de 1989, quando aconteceu minha formatura da “Boina Preta”. Foi o dia em que deixei de ser recruta e me tornei soldado. Estava com 19 anos recém completados e muitos sonhos pela frente. Bons tempos aqueles, apesar das dificuldades…
O “Túnel do Tempo” de hoje é em homenagem a minha amiga Consuelo. Ontem á noite conversamos por um longo tempo via MSN e telefone. Fazia tempo que não nos falávamos e ontem ela me “procurou” pois percebeu que eu não andava muito bem. O papo foi bom e me deu um certo animo.
Conheci a Consuelo em meados dos anos noventa, quando trabalhava na Stella Barros Turismo. No inicio não nos dávamos muito bem, vivíamos brigando. Até que um dia a Dona Silvia, nossa chefa, nos trancou na sala de reuniões e mandou que resolvêssemos nossas diferenças. A partir desse dia nos tornamos amigos.
Faz alguns anos que ela foi morar nos Estados Unidos e recentemente nasceu a filhinha dela, Helena. Em maio de 2002, na primeira vez que fui para os Estados Unidos, foi na casa dela que fiquei morando em Orlando, durante três semanas.
A foto abaixo foi tirada nessa viagem em maio de 2002, durante um passeio ao Busch Gardens, na cidade de Tampa. Estávamos com boné e camisetas da Stella Barros e graças a isso entramos de forma gratuita no parque, como se fossemos guias.
Nesse “Túnel do Tempo” aproveito para publicar uma foto dos tempos em que trabalhei na Stella Barros Turismo. Foi lá que conheci o Mauricio, o qual se tornou um grande amigo e que hoje trabalha comigo aqui no Medianeira. Essa foto foi tirada no início de 1997, em minha mesa de trabalho. Na foto aparecem além do Mauricio, também o Newton, Paulinha e Marcia Lippi.
Essa foto foi tirada em outubro de 2007, em uma praia próxima á São Francisco do Sul – SC. Tinhámos ido para um retiro e num momento de folga fomos jogar futebol na praia.
Esse “Túnel do Tempo” de hoje é para lembrar do pessoal da JID da Igreja de Deus do bairro Uberaba, em Curitiba. Entre 1993 e 1995 convivi com o pessoal de lá e fiz grandes amigos.
Em pé da esquerda para a direita: Adriane, Milton, Estelinha, Marlene, Claudia, Cornélio, Rainer, Wilberto, Rone, Marcia e Cerli. Agachados: Sérgio Godoy, Dani, Pastor Sérgio, Vanderlei, Magda, Sonia e Décio.
Essa foto foi tirada na tarde do feriado de 12 de outubro de 1994. Fizemos uma linguiçada e depois uma tarde de esportes. Nessa época a Igreja ainda estava em contrução.
Hoje inauguro o “Túnel do Tempo” aqui no blog. Nele estarei publicando semanalmente alguma foto antiga e contando alguma história relacionada á foto. E pra inaugurar o “Túnel do Tempo”, publico três fotos dos tempos de adolescência em Campo Mourão, quando era esportista no colégio. São fotos de quando tinha 13, 14 e 15 anos.
Time de vôlei do Colégio Estadual, que foi montado ás pressas para disputador os Jogos Estudantis de Campo Mourão em novembro de 1983. Ficamos em segundo lugar, perdendo a final para o Colégio Afirmativo (hoje Colégio Integrado).
Time de basquete do Colégio Estadual, que ficou em terceiro lugar nos Jogos Estudantis de Campo Mourão em novembro de 1984. O garotinho agachado junto á bola é o Wagner, meu irmão, que na época tinha seis aninhos.
Esse é o time de basquete do Colégio Unidade Pólo, que disputou os Jogos Escolares do Paraná Fase Regional, em 1985. Fomos desclassificados na primeira fase, mas desse time, eu, Silvinho, Everaldo e Paulo Fernando, faríamos parte da equipe que no ano seguinte foi Campeã dos Jogos Escolares do Paraná Fase Regional em Umuarama e que no final de 1986 disputou a fase final dos Jogos Escolares do Paraná na cidade de Rio Negro. O cara de óculos e calça jeans é o Agnaldo, falecido num acidente de moto já faz alguns anos. A publicação dessa foto fica sendo uma homenagem a ele.
E dando seqüência ás lembranças dos 20 anos que vim para Curitiba, hoje encerrando a série de lembranças, vou falar um pouco sobre o dia da incorporação, que foi em 13/02/1989.
Após uma noite mais ou menos dormida, eis que levanto cedo e vou para o café. O cardápio era pão com margarina e o famoso “KO”, uma mistura de leite e café em pó, de gosto não muito agradável. O nome “KO” deriva de um produto que se utiliza para dar brilho em metais e que tem a mesma cor e consistência do café com leite que era servido para nós. Usei o tal “KO” de polimento durante os dois anos em que fiquei no Exército , para dar brilho na fivela do cinto da farda de passeio, que era dourada e sempre tinha que estar brilhando.
Após o café ficamos em forma em frente ao pavilhão da CCS ouvindo algumas ladainhas e foram definidos os últimos cortes, ou seja, aqueles que por um motivo ou outro seriam dispensados. Depois todos em fila indiana ficamos esperando o momento de sair do quartel e entrar marchando num ritual de incorporação que existe há anos. Lembro que atrás de mim na fila estava o Mário, um cara de Curitiba que dias depois se tornaria meu companheiro de beliche e armário e que se transformaria num dos melhores amigos que já tive na vida, praticamente um irmão.
O 20º BIB era divido em três Cias de fuzileiros, mais Cia de apóio e CCS. Ao todo seriam uns 500 novos recrutas a serem incorporados. Ainda não éramos considerados soldados, éramos recrutas e/ou conscritos. Só viramos soldados dois meses depois, quando recebemos todo o treinamento básico e participamos da “Operação Boina Preta”, onde tivemos talvez a pior semana de nossas vidas, mas isso é outra história.
Em fila indiana e vestido com roupas civis, seguimos até a rua que fica em frente á entrada do quartel. Lembro (e as fotos desse dia ajudam a lembrar) que usava tênis, uma calça Fioruci preta, comprada no Paraguai e uma camiseta branca da Norpeças, empresa onde eu trabalhava. Com a banda tocando musicas militares entramos marchando portão adentro e depois em forma desfilamos para o Comandante e cantamos o Hino Nacional. Após esse ritual estávamos incorporados e não tinha mais volta. Seria no mínimo um ano até podermos dar baixa e sermos civis novamente. Fomos buscar nosso “enxoval”, que consistia de itens de higiene pessoal, mochila e outras coisas mais e também recebemos nossa farda verde oliva. Meu maior suplicio foi conseguir colocar o cadarço no coturno.
Nesse mesmo dia começou nosso período de quarentena, que consistia em quatro semanas de treinamento intenso e variado, dia e noite. O treinamento ia desde ordem unida, até mexer com armamento, passando por uma aula de boas maneiras. Também aprendemos sobre a hierarquia do Exército e a distinguir seus símbolos e divisas, além de dezenas de outras coisas das quais muitas nem lembro mais. Também tivemos que aprender algumas canções e hinos. O mais difícil para mim foi o hino do Batalhão, onde era necessário assoviar uma estrofe inteira. Eu não sabia (ainda hoje não sei) assoviar. Isso me custou ficar de faxina duas vezes, além de certa vez numa inspeção o comandante do Batalhão aleatoriamente me escolher para chegar perto e me ouvir assobiar. Quando ele percebeu que eu estava “dublando” o assovio, ele me perguntou se não sabia assoviar. Diante de minha resposta ele disse que era melhor eu continuar assoprando como se estivesse assoviando e virou as costas.
Histórias como essa e muitas outras, algumas engraçadas, outras tristes e até mesmo trágicas na época, mas que hoje me fazem rir ao lembrar delas, fazem parte dos dois anos que passei no Exército. Foram dois anos difíceis no inicio, mas com o tempo as coisas foram melhorando. Para contar tudo seria necessário escrever um livro. De pouco mais da metade desses dois anos possuo um diário com tudo registrado. O período que não está registrado no papel, está registrado em minha memória.
Curiosamente em minha carteira de reservista consta o período de serviço militar como “dois anos, zero mês e zero dias”, ou seja, dois anos exatos. Nesse tempo chorei, sofri, derramei suor, lagrimas, passei por momentos de desespero, solidão, medo, alegria e muitos outros sentimentos. Mas acima de tudo estes dois anos ajudaram a me moldar como ser humano e influenciaram diretamente no que sou hoje. Uma pessoa de bem, honesta, trabalhadora, disciplinada e patriota, amigo dos amigos. E nesses dois anos fiz muitos amigos, alguns que se tornaram irmãos, pois as amizades foram forjadas em momentos de dificuldade, onde muitas vezes só tínhamos um ao outro, onde na falta de uma familiar ou de uma companheira, era no ombro do amigo que chorávamos.
Éramos em 75 recrutas na CCS de 89 e logicamente não dá pra ser grande amigo de todos. E quando se vive em comunidade, pequenos atritos acontecem. No geral era amigo de quase todos e muitos lembro com saudade, principalmente quando revejo as 320 fotos que tenho daquele período. Em tempos de câmera digital onde é possível tirar 320 fotos no mesmo dia, essa quantidade de fotos pode parecer pouca, mas para aquela época onde as câmeras não eram digitais e tínhamos que comprar as fotos do Jackson, fotografo do quartel, com nosso misero salário, até que essa quantidade é razoável.
Findo aqui essa pequena série de memórias que é comemorativa aos 20 anos de minha vinda para Curitiba e incorporação ao Exército. E essa comemoração é também para homenagear aqueles 75 “moleques” que na manhã de 13/02/1989, há vinte anos, adentraram aos portões do 20º Batalhão de Infantaria Blindado. A partir daquele momento suas vidas mudaram de alguma forma e esses moleques começaram a se tornar homens e a forjar suas personalidades.
E segue uma menção especial ao Renato (Quick), que já nos deixou há muito tempo e ao Joelmir que sofreu um grave acidente fazem alguns anos. Como não tenho contato com todos daquela época, não é possível confirmar se mais alguém daquele grupo já partiu para as terras celestes do infante. Existem alguns boatos de outras mortes, como o Miato e do Claudio, mas nada confirmado.
Hoje faz exatos 20 anos que cheguei em Curitiba, numa chuvosa, cinzenta e meio fria manhã de domingo. Após uma viagem cansativa que durou a noite toda e de ter dormido pouco e mal, acordei na entrada da cidade. Apesar de conhecer Curitiba e ter estado várias vezes na cidade, eu não conhecia o bairro da Bacacheri e nem o quartel do 20º BIB. Lembro que descemos a Rua Treze de Maio e me chamou atenção os prédios antigos e a iluminação do Largo da Ordem, que até então eu não conhecia. Pensei que futuramente precisaria descobrir como voltar ali e conhecer melhor aquele lugar. Mal sabia que 16 anos depois eu ia morar há 150 metros do lugar por onde passamos, em pleno Largo da Ordem.
Eram aproximadamente 06h30min, quando estacionamos em frente ao Quartel do 20º BIB. Seu tamanho me impressionou e após desembarcarmos, entramos em fila por sua entrada principal. Ali já começou a enxeção de saco por parte de alguns soldados antigos. Parecíamos um bando de ovelhas assustadas, seguindo em direção ao abate. Fomos para um dos pavilhões, que vinha a ser a CCS – Cia de Comando e Serviço. Entramos em uma alojamento e passamos toda manhã ali, onde volta e meia aparecia algum cabo ou soldado para fazer pressão psicológica e tentar algum tipo de trote. Entre estes cabos e soldados encontrei um conhecido, amigo antigo de Campo Mourão. Era o João Garaluz, que tinha estudado comigo nos tempos da “Unidade Pólo”. Ele não me deu muita moral, mas também não me pentelhou. Lembro bem de um cara forte, negro, cujo nome era Sebastião e que de cara apelidaram de “Trovão”. A cada dez minutos aparecia um dos soldados antigos e gritava “trovão”, daí o Sebastião tinha que bater no peito e dizer: bum, bum, bum… Depois ficamos na mesma Cia e nos tornamos amigos. O apelido de “Trovão” pegou e durante o ano em que ele serviu ali, era mais conhecido por este apelido do que pelo nome. Outro conhecido era o Douglas, antigo amigo de colégio lá em Campo Mourão. Teve mais dois amigos, o Raul e o Adelson, mas eles foram embora dois dias depois. Outros caras de Campo Mourão acabei encontrando depois e quando aconteceu a incorporação éramos cinco na CCS. Eu, Douglas, Claudio, Odair e Licoski. O Odair tinha estudado comigo na 5ª Série e fazia tempo que não o via, até encontrá-lo ali. O Claudio também tinha estudado comigo anos antes. Em outras Cia´s tinha mais caras de Campo Mourão, ao todo devíamos ser uns 40.
Na hora do almoço seguimos em fila até o refeitório que ficava ali perto e então pude descobrir se a comida de quartel é ruim como sempre tinha ouvido falar. Ao vivo ela aparentava ser pior do que eu imaginava. Peguei meu bandejão e fui pra fila me servir. O cara que estava servindo a comida tentou encher minha bandeja, mas não deixei e sai de fininho. A comida não era ruim, era horrorosa, bem pior do que eu imaginava. Após comermos e ouvirmos uma porção de enxeção, voltamos para o alojamento e ficamos lá até metade da tarde, quando fomos para o Ginásio fazer exame médico.
No exame em Campo Mourão, tinha rodado no exame de vista e nessa época ainda não usava óculos. Apesar de tudo, queria servir e como fiquei um certo tempo na fila do exame de vista, percebi que o Capitão Médico sempre pergunta sobre as letras da mesma fileira. Então decorei a tal linha de letras que ele pedia e dessa forma passei no exame. Ali no Ginásio encontrei mais alguns conhecidos de Campo Mourão, que já serviam no 20º BIB. Entre eles vale a pena destacar o Paulinho (Paulo Bonfim), amigo de infância e que faleceu em um acidente dois anos depois, lá em Campo Mourão. Também tinha o Cabo Siqueira, amigo dos tempos de Colégio Estadual e que depois virou Sargento. E por último o Cabo Fernandes, também amigo dos tempos de Colégio Estadual e que hoje mora em frente a casa de meus pais, lá em Campo Mourão.
Após deixar o Ginásio, voltamos para o alojamento e ficamos lá até anoitecer. Na hora da janta não fui para o refeitório, pois imaginei que a comida requentada do almoço seria ainda pior. Perguntei se podia sair dar uma volta e como ninguém me respondeu, sai de fininho. E de fininho consegui até mesmo sair para fora do Quartel. Ao lado existe a Base Aérea de Curitiba, com um muro branco enorme que segue por alguns quarteirões. Fui seguindo aquele muro até que do outro lado da rua avistei um boteco aberto. Fui até lá, comi um salgadinho e voltei para o Quartel, com medo de que não me deixassem entrar se demorasse muito. Voltei ao alojamento e o pessoal tinha acabado de retornar do refeitório. Alguns foram tomar banho e fui junto. Naquela noite tomei meu primeiro banho gelado (nem frio era) de muitos que tomaria nos dois anos seguintes. O banheiro era no sistema de caldeira e a água quente já tinha sido toda usada. Pouco antes das 22h00min nos mandaram pra cama. Subi num beliche, me cobri com uma manta e fiquei imaginando se teria algum trote depois que apagassem a luz. O Sargento que estava de plantão disse que ninguém iria nos incomodar, pois como ainda não tínhamos passado pela incorporação, éramos considerados civis e ele não queria que nos machucassem com alguma brincadeira de mau gosto, pois se isso ocorresse ele teria problemas. Depois de incorporados a história seria outra, e foi…
As 22h00min em ponto apagaram a luz e algo que me chamou atenção foi um potente farol do radar da Base Aérea, que ficava rodando e de tempos em todos ia iluminando nosso alojamento. Já tinha visto aquela cena muitas vezes, em filmes de prisão. Naquele momento me sentia como prisioneiro ali. No beliche embaixo de mim dormiu um cara de Campo Mourão, que eu não conhecia. Não demorou muito tempo e entrou alguém no alojamento e foi tirando a manta da maioria do pessoal. Quando chegou em mim ele parou, ficou me olhando e não puxou minha manta, seguindo adiante. Pude perceber que fui o único daquela fileira que ficou com a manta, então deduzo que o cara que fez isso foi o Garaluz, que em nome dos velhos tempos me deu uma colher de chá. O cara da cama debaixo começou a chorar e foi ouvindo o choro dele que adormeci. No dia seguinte esse cara da beliche debaixo conseguiu ser liberado e voltou para casa. Fui vê-lo novamente uns cinco anos depois lá em Campo Mourão. Ele ficou me olhado, pois deve ter me reconhecido. Eu nem dei bola, apenas olhei pra ele e dei uma risadinha debochada lembrando do seu choro naquela primeira noite de quartel.
O primeiro dia em Curitiba e no quartel, não foi dos melhores, mas com certeza também não foi dos piores. Outros muito piores ainda estavam por vir.
Hoje faz 20 anos que sai de casa. Foi num sábado á noite, no dia 11/02/1989 que embarquei num ônibus da Sul Americana, com mais 41 caras e seguimos com destino a Curitiba. O tal ônibus era fretado pelo Exército Brasileiro e eu estava indo para uma das maiores aventuras de minha vida, que foi “servir ao Exército”.
Daquela noite lembro bem do momento que me despedi de minha mãe em casa. Ela chorando, mas não muito, pois achava que dali uma semana eu estaria de volta. Minha irmã Vanerli e meu falecido cunhado Clésio, me acompanharam até os fundos da Prefeitura Municipal, onde funcionava a Junta do Serviço Militar. Ali me apresentei a um Sargento e logo entramos em forma para ouvir alguns avisos. Em seguida embarcamos no ônibus e rumamos para Curitiba. Junto seguiam vários amigos de escola e de outros lugares da cidade.
Acomodei-me na última poltrona e fui papeando com quem estava próximo. O papo estava divertido e riamos muito, até que um sargento foi até o fundo e me mandou calar a boca, pois segundo ele eu estava agitando demais o ambiente. Disse que se não me cala-se, ia me trancar no banheiro durante toda a viagem. Diante de tão singela ameaça resolvi ficar quieto e tentar dormir. Mas não consegui, pois a ansiedade era grande e ficava o tempo todo pensando na família e no bom emprego que deixava. Pensava nos amigos, numa ex-namorada (Rosana P.) que tinha me largado um ano antes e por quem ainda sofria e sabia que indo para Curitiba nunca teria chance de voltar com ela. E o que mais me deixava ansioso e com um pouco de medo, era não saber ao certo o que me aguardava nos próximos dias. Eu estava indo para o 20º BIB (Batalhão de Infantaria Blindado), cuja fama de rigor e de ser o pior quartel do sul do Brasil devido a sua rigorosa disciplina e grau de exigência, eu já conhecia há muito tempo devido á histórias de amigos que por lá tinham passado nos últimos anos. E foi em meio a lembranças, medos, saudade e esperanças, que adormeci.
Vale lembrar um fato histórico dessa noite. O ônibus que embarquei foi o terceiro daquela semana que seguiu para Curitiba e também foi o último na história. Durante vários anos os rapazes de Campo Mourão e região, iam servir uns poucos em Brasília e vários nos quartéis de Curitiba. Aquele ônibus do dia 11/02/1989, foi o último que seguiu de Campo Mourão para Curitiba. No ano seguinte o pessoal da região foi servir no quartel de Cascavel, que era mais perto e anos depois foi aberto um “Tiro de Guerra” em Campo Mourão e ninguém mais da cidade seguiu para Curitiba.
Sempre lembro que naquela noite ocupei o último banco, do último ônibus que levou jovens mouroenses á Curitiba, encerrando um ciclo de vários anos e centenas de jovens que deixaram sua cidade, sua família e foram para a capital do estado cumprir seu dever constitucional e patriótico de servir a pátria. Muitos desses jovens, por diversos motivos jamais retornaram para viver em Campo Mourão novamente. Eu fui um desses jovens…
A partir dessa noite de 20 anos atrás, minha vida mudou totalmente. Conheci muitas pessoas, vivi muitas experiências, sorri, chorei, sofri, me alegrei. Mas como diz Roberto Carlos (de quem não sou fã), o importante é que emoções eu vivi. Ás vezes tento imaginar como teria sido minha vida nestes últimos anos, caso eu não tivesse embarcado no tal último ônibus… ??? Mas tal exercício de tentar imaginar é difícil e nunca saberei realmente o que poderia ter acontecido, que rumo minha vida teria tomado. Então deixo de tentar imaginar e fico feliz em saber que ao menos hoje estou vivo, pois se não tivesse embarcado no tal último ônibus, talvez o destino tivesse me reservado outro rumo e talvez até pudesse ter morrido naquela mesma semana de vinte anos atrás. A vida é feita de ações, que provocam reações. Então a simples decisão de ficar ou partir, ou em que momento partir, pode desencadear um processo de reações que nem sempre são benéficas. Então fico feliz por tudo o que aconteceu desde o dia em que embarquei naquele ônibus e principalmente pelos amigos maravilhosos que fiz a partir daquela noite. E viva a Infantaria!!!!!!!