30 Anos da morte de Ayrton Senna

Comecei a acompanhar às corridas de Fórmula 1 pela TV, em 1980, influenciado por alguns amigos. Mas desde 1978 assistia uma ou outra corrida, sem entender direito o regulamento ou conhecer os pilotos. Mas a partir de 1980 tomei gosto pela coisa e foi através da narração do Luciano do Vale, na Globo, que comecei a me interessar para valer por Fórmula 1. Logo me tornei piquetista e no ano seguinte o Nelson Piquet conquistou seu primeiro título na Fórmula 1. Passei a assistir quase todas as corridas pela TV e em 1984 surgiu Ayrton Senna. Eu ainda torcia muito pelo Piquet, mas após a corrida de Mônaco, quando o Senna só não venceu a prova com seu fraco carro Toleman, por culpa dos juízes que encerraram a prova na metade em razão da chuva, passei a torcer muito pelo Senna.

E a partir de 1985, com o Senna na Lotus e vencendo suas primeiras corridas, passei a assistir todas as provas da temporada de Fórmula 1. Eu organizava minha vida e meus compromissos, para sempre poder assistir as corridas. E assim acompanhei o fenômeno Ayrton Senna desde o começo de sua carreira na Fórmula 1. Assisti ao vivo quase todas as provas de que Senna participou. Continuei tendo uma grande admiração pelo Piquet e também torcia por ele. Mas o Senna era diferente, ele era meio maluco e dirigia além do limite, corria mais riscos. Talvez seja por isso que o Piquet ainda esteja vivo e o Senna morreu há exatos 30 anos.

A morte do Senna foi um momento daqueles que você lembra para o resto da vida, principalmente para aqueles que gostavam de Fórmula 1. Eu que raramente perdia alguma corrida de Fórmula 1, acabei perdendo justamente a corrida em que o Senna morreu. Já tinha acompanhado as notícias do grave acidente do Rubens Barrichello na sexta-feira de treinos e da morte do Roland Ratzenberger, no treino de sábado. Naquela época eu vivia em Curitiba e não assisti a corrida no domingo, pois tinha dormido com um grupo de amigos na igreja que frequentava na época e íamos fazer uma apresentação no culto da manhã. Lembro que estava batendo papo na calçada em frente a igreja e meu amigo Cornélio veio contar que o Senna tinha sofrido um grave acidente e que dificilmente sobreviveria. Achei que ele estava exagerando, pois o Senna era meio que um super-herói imortal. Não me preocupei mais com o assunto, até que fomos almoçar no apartamento da Sônia e da Rosane e ligamos a TV. Estavam falando ao vivo sobre o estado de saúde do Senna. Sei que o almoço foi em clima de velório, onde ninguém falava nada. E finalmente veio a notícia confirmando a morte. Naquele momento todos perderam á fome e alguns que estavam a mesa ficaram com os olhos cheios de lágrimas.

No resto daquele domingo e nos dias seguintes, fiquei o tempo todo em busca de notícias na TV e nos jornais. A internet ainda caminhava a passos lentos naquele início de maio de 1994 e por essa razão não era tão fácil saber das notícias, igual é hoje em dia. E o mais comovente de tudo foi o dia do sepultamento do Senna, quando milhares de pessoas saíram às ruas de São Paulo para se despedirem do grande ídolo. Para um país carente de heróis, Senna foi o grande herói que o Brasil teve e que levava alegria e enchia de orgulho o sofrido povo brasileiro. Ver as vitórias de Senna pela TV, muitas conquistadas heroicamente e depois ouvir o hino nacional era motivo de orgulho para os brasileiros.

Depois da morte do Senna, a Fórmula 1 e o Brasil nunca mais foram os mesmos. E minha paixão pela Fórmula 1 foi esfriando um pouco. Cheguei a assistir uma corrida de Fórmula 1 ao vivo, no autódromo de Interlagos em 2000, mas nem isso fez meu velho interesse pelo automobilismo ser igual era antes da morte do Ayrton Senna. Entre 2010 e 2019, fiquei alguns anos sem ver corridas e no período da pandemia de Covid, meu antigo interesse e paixão pela Fórmula 1 voltou. Tenho assistido todas as corridas e acompanhado o noticiário. Mesmo não tendo piloto brasileiro atualmente na Fórmula 1, tenho achado os campeonatos interessantes e os carros de hoje são bem mais modernos e seguros do que os carros de 30 anos atrás, quando o Senna se acidentou.

Trinta anos se passaram desde a morte do Senna, o Brasil mudou, eu mudei, mas às lembranças do antigo ídolo e herói nacional permanecem e com certeza jamais teremos outro Senna e outros momentos de alegria iguais aos que ele nos proporcionava, principalmente nas manhãs de domingo.

Capacete do Ayrton Senna em 1994.
Lápide de Ayrton Senna, Cemitério do Morumbi – São Paulo, 1995.
Visitando o túmulo do Ayrton Senna – Julho /1995.

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