Nos dias que antecederam a viagem, peguei forte nos treinamentos com bicicleta, principalmente em trechos de subida. Já fazia dois meses que fazia aulas de spinning duas vezes por semana. A professora pegava pesado, então eu estava até que bem fisicamente. E vez ou outra também fazia algum pedal com os amigos do Grupo Sou Bike, de Campo Mourão, cidade onde vivo e que fica no Oeste do Paraná. Estava ciente de que não iniciaria a viagem cem por cento preparado, mas sabia que a cada dia de pedalada iria me condicionar melhor fisicamente. Iniciaria a viagem percorrendo trechos menores e fazendo algumas pausas maiores para descanso. E na metade final da viagem, percorreria trechos mais longos e descansaria menos. A estratégia era essa e durante a viagem se mostrou correta, sendo que cometi somente um erro de estratégia, justamente no último dia de viagem.
Fiquei alguns dias pensando sobre qual bicicleta utilizar na viagem. Não sabia se utilizava minha bicicleta aro 26 ou se comprova uma bicicleta aro 29, para realizar a viagem com ela. Pesquisei sobre o assunto, li alguns relatos de cicloturistas que percorreram a Estrada Real nos últimos anos e somado com a experiência que adquiri na cicloviagem de 2011 pelo Caminho da Fé, optei por viajar com minha velha bike aro 26. Foram dois motivos principais que me fizeram decidir pela aro 26. O primeiro motivo foi que ela é mais resistente para as estradas ruins que eu iria percorrer, principalmente carregando doze quilos de bagagem. E segundo, em razão da manutenção, pois ela é mais fácil na aro 26. A aro 29 com freio hidráulico, tem uma manutenção mais difícil e especifica, que carece de algumas ferramentas especiais que não se encontra em qualquer oficina de bicicletas. Por experiência anterior sabia que na maioria das cidades pequenas do interior não existem mecânicos especializados, peças ou ferramentas próprias para bicicletas com freio a disco/hidráulico. Quando de minha viagem pelo Caminho da Fé, conheci dois ciclistas que desistiram da viagem antes da metade do caminho, por culpa de problemas de freio. Eles não encontraram nenhuma oficina de bicicletas que tivessem ferramentas para consertarem seus freios a disco. Por isso tiveram que cancelar suas viagens e voltar para casa.
Também em razão de leituras e experiência, optei por não levar mochila de hidratação, mais conhecida como Camel Back. Ela vai nas costas e nela cabem em média dois litros de água. O problema é que a mochila acaba esquentado as costas e te faz suar mais do que o normal. E no caso de cicloviagem, onde geralmente você pedala de seis a dez horas por dia, a mochila de hidratação acaba mais atrapalhando do que ajudando. Diante disso, minha escolha foi levar uma garrafa plástica de um litro, que vai no suporte da bike, e no caminho comprava garrafas de água mineral de 1,5 litro e amarrava ela na garupa da bike. Isso se mostrou muito prático durante a viagem, mesmo quando a água ficava morna dentro das garrafas. Mas na mochila de hidratação isso não seria muito diferente.
Eu já tinha quase todo o equipamento necessário para executar a viagem de bike. Tinha a bicicleta, o principal item. Também tinha o alforje, que é aquela mochila que vai numa garupa atrás na bike. Tinha uma bolsa para guidão e uma para o cano, ambas novas, que tinha comprado em minha última viagem aos Estados Unidos, em 2011 e nunca as tinha usado. Tinha roupas de ciclismo, ferramentas e todos os itens pequenos necessários para a viagem. A única coisa que faltava era a garupa para colocar na parte traseira da bike, e nela acondicionar o alforje com as roupas, remédios, material de higiene e outras coisas mais. A questão da garupa resolvi rapidamente, tendo encomendado a um amigo que foi ao Paraguai, que trouxesse uma para mim, com sistema de chaveta, que tornava fácil colocar e tirar a garupa da bike. E além de barata, essa garupa se mostrou prática e resistente. E também tinha a mala bike, uma espécie de bolsa enorme onde você coloca a bike dentro, depois de tirar as rodas e os pedais e daí pode carregar ela no ombro. A vantagem de carregar a bike numa mala bike, é que não reclamam da bike quando você vai pegar um ônibus ou um avião. Já cheguei a andar no Metrô de São Paulo com minha bike dentro da mala bike e não tive problema algum.
Na viagem eu teria autonomia para levar nove quilos no alforje traseiro e mais dois quilos na bolsa de guidão. Foi complicado escolher o que levar e que ficasse dentro dessa autonomia de peso. Primeiro separei os itens mais importantes e que não poderia deixar para traz. Depois separei os de meia importância e por último as miudezas. No final pesei tudo e o peso excedente eliminei tirando algumas roupas. Também separei o guia que utilizaria na viagem e um caderno onde faço anotações e que acaba sendo meu diário de viagem. É esse caderno que me ajuda a escrever, pois através das anotações que faço nele é que escrevo sobre a viagem no meu blog e depois utilizo tais informações para ajudar a escrever meus livros sobre viagens. E as informações do caderno são completadas com as muitas fotos que tiro e também com a memória, que por enquanto é boa.