III Enduro a Pé de Nova Tebas

Excepcionalmente dessa vez não farei postagens detalhadas sobre esse evento, por exclusiva falta de tempo. Fazer uma postagem detalhada e cheia de fotos demanda algumas horas de trabalho e no momento não tenho tais horas disponíveis. E se deixar para fazer tal postagem detalhada daqui alguns dias ou semanas, acaba perdendo a graça.

O III Enduro a Pé de Nova Tebas, foi realizado entre os dias 12 e 14 de outubro. Ao todo percorremos 73 quilômetros. Passamos por estradas, carreiros, trilhas, rios, pontes, pastos, sítios e fazendas. Enfrentamos sol, frio, vento, cansaço, bolhas nos pés, cachorros (não é Tiago!!), vacas (não é Valtério!!!). Conhecemos muitas pessoas durante a caminhada e fomos recebidos com muito carinho e hospitalidade por onde passamos. Então fica aqui meu agradecimento a todos que contribuíram para que esse Enduro a Pé fosse um sucesso. E também segue meu agradecimento aos companheiros de caminhadas, pois éramos um grupo unido onde um ajudava o outro.

III Enduro a Pé de Nova Tebas

 

Início da caminhada no sítio da família Dal Santo.
Uma das muitas porteiras que atravessamos.
Caminhando entre a criação de ovelhas.
Almoço no primeiro dia de enduro.
Com a família que nos recepcionou no almoço.
No meio do caminho tinha uma ponte.
Caminhando num fim de tarde gelado.
Atravessando rio.
Costela ao fogo de chão.
Bate papo antes do jantar.
O pessoal que nos recebeu no jantar do primeiro dia.
Acampamento ao amanhecer.
Início do segundo dia de enduro.
Caminhando no asfalto quente.
No segundo dia o almoço foi em um pesque pague.
Acampamento no sítio do Alex.
Celso, Tiago, Valtério, Shudy, Vander, Bamba, Alex, Jaque e Marcos.
Chegando à uma fazenda.
Foi terrível caminhar por essa estrada de pedras irregulares.
No pequeno Distrito de Poema.
Almoço na festa da igreja de Poema.
O GPS mostrando os quilômetros caminhados.
O fim da caminhada foi no Morro dos Ventos.

Uma irlandesa no Peabiru (Parte II)

2º Dia – 26/09/2012

Fui acordado às 05h30min pela Marilene.  A chuva tinha parado e o sol despontava no horizonte, mas fazia frio e ventava muito, um vento gelado que chegava a “doer”. Foi difícil sair de dentro da barraca e ainda mais difícil desmontar a barraca e guardar tudo na mochila. Enquanto o pessoal tomava café da manhã, eu que não costumo tomar café da manhã aproveitei para arrumar minhas coisas lentamente. A câmera da Bebhinn tinha secado por completo e voltado a funcionar, sinal de que fiz um ótimo conserto.

Pouco antes das 7h00min nos despedimos dos donos da casa, que tinham nos recepcionado muito bem. Tiramos uma foto com eles e guardamos nossas coisas na carroceria da caminhonete. Por culpa do frio e da bateria meio baleada, a caminhonete não pegou e foi preciso empurrar. Por sorte a caminhonete estava estacionada num local alto e após ter sido empurrada um pouco ela embalou e a Marilene conseguiu fazê-la dar partida, mesmo tendo dificuldade em conseguir dar o tranco de ré. Todos embarcados e partimos rumo à cidade de Corumbataí do Sul, pois tinha um pneu murcho que precisava ser calibrado.

Foi a primeira vez que estive em Corumbataí do Sul, uma cidade pequena e simpática. Após pedir informações encontramos uma borracharia, que ainda estava fechada, pois era muito cedo. Por sorte o dono da borracharia era também dono de uma padaria que ficava ao lado e estava aberta. Enquanto enchiam os pneus da caminhonete eu fui “guiado” para dentro da padaria graças ao delicioso cheiro de pão fresquinho. Não resisti e comprei alguns pães de queijo quentinhos, que ajudaram a combater o frio. O vento estava congelante e logo voltei para o interior da caminhonete. Não demorou muito e pegamos a estrada rumo à cidade de Fênix.

Percorremos algumas estradas de terra e chegamos a um local isolado, onde além de plantações, gado e alguma mata, não existia mais nada. Ficamos um bom tempo sem avistar casas ou pessoas. Teve uma parte da estrada que era ruim e cheia de buracos e a Marilene teve que mostrar suas habilidades de motorista. Fora um ou outro buraco em que ela passava rápido, até que ela se mostrou boa motorista. Teve um momento em que uma vaca atravessou a estrada e meio que empacou, mas logo o dono apareceu e tirou o animal do caminho. E alguns quilômetros depois foi a vez de um cavalo aparecer na estrada e assustado correr um bom tempo em frente à caminhonete. Ele não sabe o perigo que correu!!!

Logo na entrada de Fênix resolvemos fazer um desvio e visitar uma igreja que fica no alto de um morro. Já visitei tal igreja anos atrás e a mesma estava abandonada e deteriorada. Existem algumas duvidas sobre a origem e ano de construção de tal igreja. Já ouvi relatos infundados de que ela era centenária, outros de que ela tinha sido construída pelos jesuítas no século XVII. A verdade é que tal igreja não é tão velha assim e parece que foi construída no final dos anos sessenta, início dos anos setenta do século passado. Ou seja, ela não deve ter mais de cinquenta anos. Ao chegar à igreja vi que a mesma estava sendo reformada. Uma igreja daquelas deveria é ser restaurada, mas pelo que vi ninguém se preocupou com qualquer tipo de restauração.  O que estão fazendo é um reforma que mais parece uma reconstrução da igreja, rebocando com cimento todas as paredes e já fizeram um novo piso de cimento, bem como trocaram o telhado. Quando visitei essa igreja anos antes, o piso tinha sido destruído e possuía muitos buracos, sinal de que pessoas sem noção e mal informadas tinham escavado o piso da igreja em busca do lendário tesouro perdido dos jesuítas. Se tais pessoas soubessem que a igreja não foi construída pelos jesuítas e que ela não é tão antiga, talvez eles não tivessem perdido tempo e principalmente destruído parte de uma igreja, um local sagrado que deveria ser respeitado. Não demoramos muito na igreja, pois a mesma não desperta mais nenhum tipo de interesse para turistas.

Atravessámos a cidade de Fênix e fomos até o Parque Estadual de Vila Rica do Espirito Santo. No parque existe uma grande reserva florestal nativa e as ruínas da redução jesuíta de Vila Rica. O parque é bonito, mas está precisando de algumas reformas. Parece que o governo do Estado não tem se preocupado com tal patrimônio histórico e o dinheiro que envia para o parque mal da para sua conservação. Outro problema do parque é que as escavações que foram iniciadas na região onde ficava a antiga redução de Vila Rica, estão abandonadas há muito tempo por falta de dinheiro. Visitamos o pequeno museu que existe na recepção do parque e depois fomos caminhar por seu interior. Seguimos por uma antiga estrada que atravessa o parque e chega até a margem do rio Ivaí. No passado existiu uma balsa na margem do rio, a qual foi desativada depois que o local foi transformado em parque estadual, bem como a estrada também foi desativada. Pelo caminho fomos observando a mata e avistamos algumas árvores centenárias, inclusive algumas figueiras enormes. Chegando ao final da estrada tiramos algumas fotos em frente ao rio Ivaí, descansamos um pouco e fizemos o caminho de volta. A antiga vila jesuíta ficava nesse local, mas não é possível visualizar nada. As ruínas existentes ficam no meio do mato e como as construções eram de pau a pique, é preciso um trabalho de escavação feito por arqueólogos para que se possa avistar alguma coisa. E não estávamos autorizados a visitar as ruínas ou mexer em algo que avistássemos, então não saímos da estrada.

Antes de ir embora do parque, resolvemos seguir por uma trilha estreita no meio da mata e ir até um lago que foi construído nos anos cinquenta. O local é bonito e possui uma área de repouso com bancos e mesas. Ao chegar ao lago aconteceu uma cena engraçada, quando a Karina se deparou com um lagarto e deu um grito tão alto que o bichinho deve estar correndo até agora mata adentro. Foi difícil saber quem se assustou mais com tal encontro, se a Karina ou o pobre lagarto! E como a Karina num passado recente matou uma aranha enorme com um grito, esse lagarto deve se dar por satisfeito por ainda estar vivo. Descansamos um pouco no lago e logo voltamos à trilha e retornamos a recepção do parque. Não demoramos muito e partimos dali rumo à Fênix.

Fizemos uma rápida parada no centro de Fênix, em frente à catedral. Na fachada da igreja existe uma bela pintura, que mostra os jesuítas batizando os índios da região num rio. Do outro lado da rua existe um monumento de gosto duvidoso, que mostra uma ave (Fênix) no alto de um pedestal e no chão algumas bolas que parecem ser ovos. Achei o monumento curioso, mas não bonito. Após tirarmos algumas fotos da igreja e do monumento em frente, embarcamos na caminhonete e saímos da cidade. Seguimos alguns quilômetros por uma estrada asfaltada, até entramos numa estrada de terra e seguir até uma antiga fazenda de café, que atualmente é um hotel fazenda.

O Hotel Fazenda Água Azul (http://www.aguaazul.com.br/), funciona em uma antiga fazenda de café. As antigas casas da colônia onde moravam os trabalhadores foram transformadas em quartos e suítes para receber os hóspedes. A fazenda possui uma enorme área de mata nativa e é possível percorrer parte do interior da mata através de algumas trilhas. Na fazenda existe também um museu que guarda muitos objetos da época que a fazenda plantava somente café e muitos outros objetos que foram trazidos de viagens feitas por membros da família dona da fazenda. O museu é muito bem organizado e seu acervo bastante interessante. Fomos acompanhados numa rápida visita pelo hotel fazenda e percorremos uma das trilhas curtas do lugar. Em seguida fomos almoçar no restaurante do hotel fazenda. A comida estava muito tão boa que acabei comendo demais. Após o almoço ficamos em uma varanda conversando com os donos do hotel fazenda e ouvindo histórias do local.

Á tarde, visitamos o museu, numa visita guiada. Depois fomos ver os novos chalés que estão sendo construídos em outra área da fazenda. Por último percorremos uma trilha pelo meio da mata e passamos por lugares muito bonitos e preservados. Dois dias antes tinha sido avistado nos arredores um casal de onça parda com um filhote. Isso mostra como a mata em torno da fazenda é preservada. Em 1967 o sueco Johan Gabriel Berg von Linde, patriarca da família dona do hotel fazenda, comprou tais terras para cultivar café e decidiu preservar parte da mata, deixando a mesma intacta e proibindo a caça e a pesca no local. Na época ele foi taxado de insano, pois a prática vigente era derrubar toda a mata existente para plantar café e outros tipos de cultura. Naquela época não existia nenhuma preocupação com a ecologia e com a preservação de mata nativa e animais.  O senhor von Linde era um visionário e graças a sua consciência em preservar o meio ambiente e parte da mata nativa de suas terras, hoje é possível admirar e visitar a reserva florestal existente nas terras da família von Linden. Após terminar de percorrer a trilha existente no meio da mata, descansamos um pouco e fomos embora da Fazenda Água Azul.

Marilene, Wagner e Bebhinn seguiram a pé pelos cerca de doze quilômetros até uma outra fazenda, onde pernoitaríamos. Eu e a Karina seguimos na caminhonete. Eu bem que gostaria de ter feito o trajeto final caminhando, mas meu pé machucado tinha inchado bastante e passei a sentir muita dor. Seguimos direto até a fazenda e quando chegamos a Karina ficou conversando com a Dona Penha e eu fiquei dormindo na caminhonete. Eram quase 19h00min quando a Karina foi me chamar para irmos atrás de nossos amigos caminhantes. Tínhamos combinado com a Marilene que se eles não chagassem à fazenda até escurecer, era para irmos buscá-los na estrada. Nem chegamos a sair da fazenda e encontramos o pessoal, então demos meio volta e retornamos à casa da Dona Penha e do Seu Manoel. Fiquei um tempo conversando com o Seu Manoel, que me contou sobre como era a fazenda trinta e poucos anos antes, quando ele começou a trabalhar ali. Naquela época existiam cerca de cinquenta famílias trabalhando e morando nas terras da fazenda. Atualmente existem apenas seis famílias. Isso comprova como foi grande o êxodo agrícola que ocorreu no Paraná nos anos oitenta e que levou muitas famílias a deixarem o campo e irem morar na cidade.

Era para dormirmos na fazenda e percorrer mais um pedaço de estrada na manhã seguinte, mas a Bebhinn mudou seus planos. Ela ficou sabendo sobre inscrições em pedras que existem na região por onde passava o Caminho de Peabiru na cidade de Pitanga e resolveu ir até Pitanga no dia seguinte. Então resolvemos não mais pernoitar na fazenda e regressamos para Campo Mourão após o jantar. Mesmo com nosso “passeio” encurtado, valeu a pena os dois dias que passamos percorrendo trechos por onde passava o lendário Caminho de Peabiru. Conhecemos lugares bonitos, pessoas legais e fizemos novos amigos.

Marilene, Luceni, Wagner, Nesão, Bebhinn, Karina e Vander.
Pegando no tranco.
Igrejinha sendo reformada próximo à Fênix.
Museu do Parque de Vila Rica.
Maquete da antiga redução jesuíta de Vila Rica.
Caminhando pelo interior do Parque Estadual de Vila Rica.
Às margens do Rio Ivaí, no interior do Parque de Vila Rica.
Lago no interior do Parque de Vila Rica.
Catedral de Fênix e a bela pintura em sua fachada.
Monumento de gosto duvidoso.
Um dos chalés do Hotel Fazenda Água Azul.
Museu do Hotel Fazenda Água Azul.
No Hotel Fazenda Água Azul.
Descanso após trilha no interior da Fazenda Água Azul.
Eu e o neto da Dona Penha e Seu Manoel.

Uma irlandesa no Peabiru (Parte I)

Na semana que passou uma irlandesa esteve em Campo Mourão com a única finalidade de visitar alguns locais na região, por onde passava o histórico Caminho de Peabiru. Esse caminho ligava o litoral ao interior do continente e era utilizado pelos indígenas muito antes dos europeus chegarem ao Brasil. Depois do descobrimento ele foi utilizado pelos europeus para desbravar o interior da região sul do Brasil. Um ramal do Caminho de Peabiru passava pela região de Campo Mourão, onde próximo também existiu uma redução jesuíta.

A irlandesa Bebhinn Ramsay, que vive há alguns anos em Florianópolis é uma estudiosa do Caminho de Peabiru e veio conhecer um pouco do caminho que por aqui passava. Quem organizou a visita da irlandesa foi minha amiga Marilene, que é uma grande conhecedora e estudiosa do Caminho de Peabiru. Também fizeram parte do pequeno grupo que acompanhou a irlandesa, minha amiga de caminhadas Karina e o Wagner. Foram dois dias interessantes, caminhando, conhecendo pessoas e locais da região que eu não conhecia.

1º Dia – 25/09/2012

Partimos de Campo Mourão bem cedo numa manhã chuvosa. Nossa primeira parada foi na região conhecida como Barreiro das Frutas, onde em uma pequena reserva florestal existe uma trilha. No momento em que paramos em tal lugar chovia forte e preferi ficar dentro da caminhonete, pois ainda me recuperava de um problema no pé e caminhar no barro exige um esforço pelo qual eu não queria passar, para não forçar meu pé machucado. A Karina ficou comigo na caminhonete e ficamos conversando enquanto esperávamos nossos amigos. De ruim foi que estávamos estacionados ao lado de uma árvore conhecida como Pau D’alho e que exala um cheiro horrível de alho. Nossos amigos não demoraram muito a retornar e logo seguimos viagem.

Mesmo com chuva e barro a Marilene contrariou minha expectativa e se mostrou uma ótima motorista. Logo chegamos à cachoeira do Boi Cotó e a chuva deu uma trégua. Deixamos a caminhonete guardada na propriedade do seu Antonio Gancebo e seguimos a pé. Foi um pouco complicado caminhar no barro da estrada, pois a terra vermelha da região costuma grudar no calçado quando se transforma em barro. Percorremos um trecho plano e após passar por uma ponte e alguns trechos de mata, começamos a subir um morro. A Karina foi quem mais sofreu com a caminhada, pois estava um pouco fora de forma. E nossa nova amiga irlandesa se mostrou em total forma, pois em nenhum momento se cansava de caminhar. Subimos o morro onde no alto se acredita que no passado existia um cemitério indígena, pois no local foram encontrados alguns vestígios anos atrás. A vista do alto do morro era muito bonita e se podia enxergar a quilômetros de distância. Na volta encontramos um morador da região, que parou conversar conosco e contou algumas coisas sobre o local e inclusive nos mostrou ao longe uma antiga toca de onça. Até início dos anos setenta aquela região era de mata fechada e ali existiam muitos animais, inclusive onças. Logo deixamos o morro para trás e voltamos a caminhar pela estrada. Um ônibus da Prefeitura de Corumbataí do Sul passou por nós e ofereceu carona. Eu, Marilene e Karina aceitamos a carona. Bebhinn e Wagner seguiram caminhando. O ônibus nos deixou numa encruzilhada da estrada, ao lado de um marco do Caminho de Peabiru. A Marilene foi buscar a caminhonete e eu e Karina subimos um pequeno morro ao lado da estrada, onde no alto existe uma capela e uma imagem de São Tomé. No alto do morro eu e Karina descansamos um pouco, tiramos fotos e ficamos conversando. Logo chegaram Bebhinn e Wagner e descemos até a estrada para esperar a Marilene.

Não demorou muito e a Marilene chegou. Embarcamos na caminhonete e seguimos pela estrada rumo à fazenda onde almoçaríamos. No caminho paramos para ver uma árvore que tinha sido destruída por um raio quatro dias antes. A imagem era um pouco assustadora. Logo chegamos à casa do casal Nesão e Luceni, onde um saboroso almoço nos aguardava. Ali fiquei conhecendo a Vera, uma cachorra preta muito simpática e que tinha brigado com um Quati umas semanas antes e acabou levando a pior. Ela teve um olho furado e levou muitos cortes pelo corpo, sendo que muitas cicatrizes eram visíveis e ela andava toda torta. De qualquer forma a cachorra era simpática e foi com minha cara. Após o almoço me deitei em uma rede na varanda e logo peguei no sono.

Fui acordado pela Marilene, me chamando para caminhar. Deu vontade de ficar na rede, pois meu pé machucado doía um pouco. Mas reuni forças e segui meu grupo de amigos na caminhada da tarde. O tempo estava fechado e anunciava chuva. Na caminhada fomos seguidos pela Vera e por outro cachorro. A vera seguia caminhando ao nosso lado ou no meio de nós. Já o outro cachorro era mais tímido e nos seguida a uma curta distância. Após alguns quilômetros o seu Nezão passou por nós de moto e a Vera seguiu seu dono. O outro cachorro nos seguiu por mais um tempo, até que passamos por uma casa de onde saíram três cachorros e deram um carreirão nele. Fiquei de longe torcendo para que nosso pequeno amigo não fosse alcançado pelos três ferozes cachorros.

Chegamos num local onde tivemos que passar por duas cercas de arame farpado e entrar na mata. Logo chegamos até uma pedra, a qual possui marcas circulares. Tal pedra foi encontrada há alguns anos, soterrada no meio do mato. Ninguém sabe a origem de tais marcas na pedra, mas acredita-se que ela esteja diretamente relacionada ao Caminho de Peabiru e aos caminhantes que por ali passaram. Outras pedras com marcas e até espécies de mapas já foram encontradas próximas ao local por onde passava o Caminho de Peabiru. A Bebhinn ficou encantada com tal pedra. Ficamos ao lado da pedra conversando e chegamos à conclusão de que tal pedra ficava em pé, pois uma de suas extremidades é achatada. E outra conclusão foi de que alguém tinha tirado a pedra de seu lugar, para cavar embaixo, pois ela estava caída dentro de um buraco. A lenda do tesouro perdido dos jesuítas é bastante conhecida e muita gente já andou cavando locais próximos ao Caminho de Peabiru em busca de tal tesouro.

Deixamos a pedra para trás e fizemos o caminho de volta até a casa do seu Nezão. Quase chegando a casa começou a chover, mas não chegamos a nos molhar. A caminhada do dia estava encerrada e agora era descansar e se preparar para o dia seguinte. A dona Luceni nos esperava com um delicioso café com pãezinhos caseiros feitos na hora, que estavam um delicia. Após o café fui montar minha barraca na varanda. O Wagner resolveu dormir numa rede na varanda e as meninas iam dormir no interior da casa, em camas confortáveis. Estava faltando energia elétrica na casa e mesmo assim a Marilene resolveu ir tomar banho, frio. Logo que ela saiu do banho a energia voltou e todos os demais puderam tomar banho quente. Ficamos conversando na varanda e eu tentei consertar a câmera da Bebhinn, que tinha sido molhada pela chuva. Utilizei o secador de cabelos da dona Luceni para tentar secar o interior da câmera e a deixei pegando vento a noite toda para tentar secá-la por completo. Logo foi servida a janta e depois enquanto o pessoal foi ver a novela eu preferi me recolher ao interior de minha barraca e dormir, pois estava cansado e a noite fria e chuvosa era convidativa ao sono. Logo dormi e só fui acordar algumas horas depois com o barulho do vento. Ventava muito forte e agradeci pela barraca não estar armada ao ar livre, pois daí sim seria complicado dormir com vento tão forte.

Filhotes na fazenda do Sr. Antonio.
Cachoeira do Boi Cotó.
Marco do Caminho de Peabiru.
Atravessando ponte.
Marilene e Karina.
Local provável do antigo cemitério indígena.
Bebhinn, Wagner, Marilene, Karina e Vander.
Morador local que encontramos pelo caminho.
Capela de São Tomé.
Marco das quatro fronteiras.
Árvore destruída por um raio.
Amoras ao lado da estrada.
Comendo amoras.
Pedra com marcas circulares.
Bebhinn admirando a pedra.
A simpática Vera.
Minha barraca na varanda.

Caminhada na Usina

Aproveitando o sábado de muito calor, fui com minhas amigas Mari e Mariá fazer uma caminhada em volta da Usina Mourão. Minha mãe foi junto, mas como ela não pode caminhar em razão de um problema no joelho, a deixei na chácara de um tio, onde também ficou o carro.

O sol estava de rachar mamona, mas como a Mari conhece alguns “atalhos” na região, acabamos caminhando um bom trecho no meio de árvores. Na sombra estava gostoso caminhar e não foi tão cansativo. O mais difícil foi ouvir as duas “comadres” fofocarem o tempo todo… kkkk!!! Após 1h45min e cerca de sete quilômetros de caminhada, chegamos ao outro lado da Usina, na chácara de nossa antiga amiga de caminhadas, Zilma.

Após um breve descanso, muita água gelada e um animado bate papo, pegamos carona de lancha com um primo meu que estava passeando por lá. Fizemos um passeio pela represa e daí ele nos deixou na chácara do meu tio, onde iniciamos a caminhada. Acabou sendo uma tarde muito agradável, onde tanto o passeio a pé quanto o de lancha foram divertidos.

Mari e Mariá, no início da caminhada.
Caminhando sob árvores.
Mari, Vander e Mariá.
Curtindo o passeio.
Fortes emoções...
No meio da Usina Mourão.

Caminhada no Barreiro das Frutas

O dia amanheceu sem chuva e com um sol bonitinho. Levantar foi complicado, mas como não tinha outra opção dei um jeito de sair de minha aconchegante barraca. O pessoal já estava tomando café, e me juntei a eles. Tomar café da manhã é algo que normalmente não faço, mas quando tem caminhada sempre procuro comer algo, para não caminhar de pança vazia. Comi um sanduba de queijo com presunto e bebi um copo de água. É que só tomo chá e não tinha chá. Preciso reclamar sobre isso com a Marilene, que foi quem organizou a caminhada. Mari, sei que você vai ler isso, então favor levar um caixinha de chá mate natural Leão na próxima caminhada. rs!!!

Antes de sair caminhar desmontamos as barracas, tiramos uma foto com todo nosso grupo e pouco antes das nove iniciamos a caminhada. O primeiro trecho tinha barro, em razão da chuva do dia anterior. E não demorou muito chegamos ao asfalto e seguimos por ele um bom tempo. O clima estava ótimo para caminhar, pois mesmo com sol não fazia muito calor. Como nosso grupo não era grande fomos caminhando próximos uns aos outros. E como é natural se formavam alguns grupinhos ou duplas que seguiam juntos caminhando. O trecho que percorremos no início eu já conhecia de outras caminhadas e passeios de bike. A região é bonita, com muito verde.

Menos de duas horas de caminhada e chegamos à ponte do Rio da Várzea. Depois da ponte enfrentamos a primeira grande subida da caminhada e o tempo fechou, começando a cair uma fina garoa. Mais um pouco caminhando e entramos num lugar de mata fechada, seguindo ao lado do rio e chegamos ao Salto Santa Amália. Pelo plano original, deveríamos atravessar o rio pouco abaixo do Salto Santa Amália e seguir por uma trilha do outro lado. Mas em razão da chuva dos últimos dias o rio estava muito cheio e com a correnteza forte. Então o jeito foi descansar um pouco ali e dar meia volta, seguindo pelo caminho de onde tínhamos vindo. Ao chegar novamente a ponte do Rio da Várzea começou a garoar e algum tempo depois começou a chover mais forte. Acabamos nos molhando, mas foi divertido.

Fizemos um trecho alternativo na volta, para não passar pelo mesmo caminho. Viramos em uma estrada de terra e após pular uma porteira e passar por um pasto cheio de vacas, entramos numa região de mata. A chuva parou e o sol voltou belo e formoso. Mas o barro permanecia e em alguns trechos foi complicado caminhar, pois o barro grudava no calçado e ficava pesado o movimento de levantar os pés ao dar as passadas. Passamos por algumas casas que estavam vazias, pulamos mais duas porteiras e logo chegamos próximo a uma aldeia indígena. Em seguida enfrentamos a maior subida da caminhada e com o sol do meio-dia, acabou sendo a parte mais complicada do caminho. No final da subida paramos sob a sombra de algumas árvores para descansar e parte do pessoal aproveitou para colher jabuticabas.

Após o breve descanso recomeçamos a caminhada e chegamos a Comunidade do Barreiro das Frutas. Nesse local pernoitamos em outubro do ano passado, durante uma caminhada do Caminho de Peabiru. Ali descansamos mais um pouco e voltamos a caminhar. Chegamos de volta ao local do acampamento pouco depois das três horas e um gostoso almoço nos esperava. Antes de comer fui ao lago tirar o barro de minhas botas e depois me sentei junto com alguns amigos ao lado de um córrego, onde colocamos os pés na água fria. Isso foi algo muito relaxante e logo as dores nos pés tinham desaparecido. Em seguida fui almoçar junto com o pessoal. Daí ficamos conversando um tempo e no final da tarde fomos embora. O acampamento e a caminhada foram muito bons e espero reencontrar o pessoal em breve, se não todos, ao menos alguns, para fazermos novas caminhadas e acampamentos.

Todos sorridentes, prontos para caminhar.
Completando o primeiro quilômetro de caminhada.
Caminhando no asfalto.
Ponte do Rio da Várzea.
Salto Santa Amália.
Local onde deveriámos atravessar o rio.
Caminhando sob chuva.
No meio do caminho tinha uma porteira...
Caminhando na mata.
Barro, muito barro...
Breve momento de descanso.
Marilene colhendo jabuticabas.
Momento relax após a caminhada.
Almoço no meio da tarde.

Acampamento no Barreiro das Frutas

Durante as semanas que fiquei fora do Brasil, senti muita saudade dos acampamentos e caminhadas. Eu via as fotos que os amigos postavam no Facebook e no Orkut e ficava com vontade de ter participado com eles de algumas caminhadas e de um acampamento que aconteceu no Morro dos Ventos, em Nova Tebas. E por sorte, tão logo voltei ao Brasil foi marcado um acampamento com caminhada, na região do Barreiro das Frutas.

Choveu muito no dia do acampamento, e mesmo assim a maioria do pessoal compareceu. Acampamos em uma chácara, e não demorou muito para que alguns dos amigos de Maringá chegassem, bem como o Pierin e sua família, que vieram de Cambé. Para a janta fizemos um churrasco, onde eu e o Doni sofremos para acender o fogo. Depois de jantarmos ficamos conversando. Alguns foram dormir cedo, e outros ficaram até tarde conversando. Parte do pessoal dormiu na casa da chácara, nos quartos e na sala. Eu e alguns outros armamos nossas barracas na varanda, para fugir da chuva.

Fui um dos últimos a ir dormir, fiquei conversando e zoando com o pessoal até tarde. Eram umas três da manhã quando entrei em minha barraca. Estava quase pegando no sono quando as nuvens de chuva dispersaram e surgiu uma lua muito clara no céu. Eu não tinha colocado a capa da barraca e a lua deixou a noite muito clara e tive dificuldades para dormir. De madrugada alguém foi ao banheiro e deixou a luz da varanda acesa, e essa luz batia em cheio no meu rosto. Acordei e demorei em pegar no sono. Daí finalmente dormi e nem mesmo ouvi o galo que alguns disseram ter cantado alto desde muito cedo. O chato foi acordar cedo após ter dormido poucas horas. Mas isso era um detalhe, o importante é que a chuva tinha ido embora e o dia prometia uma ótima caminhada, para eu matar minha saudade de andar pelo mato, no barro, sob sol, sob chuva. Essa é uma paixão que muitos não entendem, mas os que entendem e gostam sabem como é bom.

Churrasqueiros fajutos.
Pessoal chegando para jantar.
Me preparando para dormir.
Pessoal papeando.
O Doni trocou a barraca por um sofá.
O Valteco roncando.
Amanhecer no acampamento.

Caminhada na Natureza: Nova Tebas/Pr

Minhas experiências com caminhadas se limitavam as trilhas que fazia na Serra do Mar, próximo a Curitiba e as peregrinações pelo Caminho de Peabiru. Agora descobri que existe um circuito de caminhadas, organizado pela CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE CAMINHADAS. Eu desconhecia que caminhada é considerada um esporte e que existia até mesmo uma confederação. De qualquer forma resolvi aderir ao “esporte” e daqui pra frente vou ficar de olho no calendário de caminhadas organizadas pela confederação, que fazem parte de um projeto denominado Anda Brasil  (http://www.andabrasil.com.br/?q=panels/organization).

E minha primeira caminhada dentro do projeto Anda Brasil, aconteceu na cidade de Nova Tebas. Na verdade foi num local distante 23 km de Nova Tebas. A aventura iniciou antes da caminhada, pois chegar até o local chamado de Mil Alqueires, não foi nada fácil. Pensei que a caminhada sairia de Nova Tebas e cheguei na cidadezinha quase na hora prevista para o início da caminhada. Então tive a infelicidade de descobrir que o local da caminhada seria mais pra frente, e teria que seguir por uma estrada sem asfalto e numa região de serra. Após andar poucos quilômetros me perdi e quando já pensava em desistir e voltar pra casa passou por mim uma caminhonete do Corpo de Bombeiros. Pedi que parassem e numa rápida conversa descobri que estavam indo acompanhar a caminhada, denominada Caminhada na Natureza. Expliquei que estava meio perdido e não conhecia a região, e os bombeiros me pediram para seguí-los. Os segui por 20 quilômetros e foi uma grande aventura. Eles correram bastante e a estrada era ruim, levantava muita poeira e numa região de serra, com muitas subidas e alguns precipícios. Senti-me numa corrida de raly e em muitos momentos a adrenalina foi grande, pois em algumas curvas o carro ia de lado derrapando nas pedras e eu quase sem ver a estrada em razão da poeira. E pra piorar, na parte final tinha uma forte neblina e a combinação poeira+neblina significou visibilidade quase zero. Mesmo assim cheguei ileso ao local do início da caminhada e feliz com o perigoso e delicioso quase raly de que tinha participado.

Na comunidade Mil Alqueires existe uma igrejinha, um pequeno salão de festas e algumas poucas casas. O local era no alto de uma serra e a região era muito bonita. Fiz a inscrição que foi gratuita, ganhei um crachá que deveria ser carimbado em quatro pontos da caminhada e fui para o local de aquecimento. Acabei encontrando alguns conhecidos de Maringá, que tinham participado comigo da peregrinação pelo Caminho de Peabiru. Conversei um pouco com o pessoal e ás 09h00min iniciou a caminhada. Fui junto com o pessoal de Maringá, pois conversar durante a caminhada é mais gostoso e sempre tem alguém pra tirar fotos. Tinha muita gente participando, muitos adolescentes, todos da região. O percurso seria de 14 km, por uma região bastante acidentada e com muitas subidas fortes. Naquele momento fiquei pensando se aquele pessoal conseguiria chegar até o final. Mais tarde descobri que a maioria do pessoal pegou carona com dois ônibus que acompanharam a caminhada. Chamou-me a atenção um grupo da cidade de Pitanga, que chegou todo uniformizado e com muitas mulheres. Pensei que o pessoal caminhava sempre e que estava bem preparado. No final todo esse grupo subiu num ônibus, quando chegamos à subida mais íngreme e sob o sol do meio dia. Quando cheguei ao final do caminho (caminhando) todo esse grupo estava almoçando.

Os primeiros quilômetros da caminhada foram de descida, passando por estradas, plantações de soja recém plantadas, algumas fazendas e pelo meio do mato. A região é muito bonita e dava gosto caminhar por ela. No caminho fizemos uma parada num local chamado “Casa de Pedra”, que na verdade é uma gruta onde da pra entrar. Ainda pelo caminho paramos numa fazenda pra tomar limonada e seguimos em frente. Fizemos algumas paradas pra carimbar o crachá e pra tirar fotos. Caminhei quase o tempo todo com o Jair, Ieda, Rosangela, Ivanir, Miralva e Terezinha, todos de Maringá. Depois encontrei o Valterio, o Celso e os outros meninos de Maringá, que chegaram atrasados e caminharam no final da turma. Combinamos de nos encontrar em futuras caminhadas e talvez acampar ali mesmo nos Mil Alqueires.

A parte final da caminhada foi a mais difícil, onde descemos um morro muito íngreme. Paramos um tempo num rio, onde tinham duas pequenas cachoeiras. Numa delas dava pra ver alguns peixinhos tentando subir a cachoeira, fazendo a piracema, indo procriar no mesmo local onde nasceram. Após sairmos do rio pegamos a estrada e enfrentamos o trecho mais difícil, com uma subida sem fim, poeira e o sol do meio dia que estava mais quente que de costume. O último ponto de carimbo do crachá era no pé de um pequeno morro, onde no alto foi colocada uma luneta para se observar a bela vista da região. Não tive forças para subir o morro e olhar pela luneta, guardei minhas últimas energias para caminhar os dois quilômetros finais. Depois desse último ponto de carimbo, poucas pessoas seguiram caminhando, a maioria pegou carona nos ônibus da equipe de apoio. O numeroso grupo de Pitanga estava todo dentro de um ônibus e o líder do grupo desceu com um monte de crachás na mão e foi pegar os carimbos. Não achei aquilo certo, mas achei melhor ficar quieto. O trecho final segui com a Ieda e a Rosangela, literalmente comendo poeira. Chegamos ao mesmo local da partida, mas pelo outro lado, pois tínhamos caminhado em círculo. Estavam todos almoçando, pois além da caminhada estava acontecendo no local uma festa. Pelo que vi menos da metade do pessoal que iniciou a caminhada terminou a mesma caminhando. Cheguei arrebentado, mas feliz por ter superado mais um desafio e por não ter sentido minhas dores da hérnia de disco, sinal de que estou quase que totalmente curado.

Fui almoçar e me deparei com a comida fria e o refrigerante quente. Ou seja, quem caminhou realmente o trecho todo acabou sendo prejudicado e quem pegou caronas pelo caminho teve comida quente e refrigerante frio. Mas tudo bem, o importante é que cumpri a missão que tinha escolhido e minha consciência estava tranqüila, pois caminhei o trecho todo e isso para mim é o que vale. Não sou do tipo que faz algo pela metade e depois conta vantagem para os amigos dizendo que fez algo que na verdade não fez. Após almoçar me despedi dos amigos e peguei estrada. Daí se iniciou outra aventura, que foi a falta de gasolina. Eu tinha gasolina suficiente pra ir até Nova Tebas e voltar, mas não contava que teria que andar 56 km em estrada de chão além do que previa. Na volta a gasolina entrou na reserva e ao chegar a Nova Tebas descobri que na região os postos não abrem nos finais de semana. Ainda tentei ir à casa do dono de um posto de gasolina, que um morador me mostrou onde era, mas ele não estava em casa. Então eu tinha duas opções, ou ficava ali até não sei que hora esperando o dono do posto chegar em casa ou arriscava chegar ao posto aberto mais próximo dali, que ficava a quase 50 km. Pensei um pouco e resolvi arriscar, pois a estrada era de serra e quase toda de descidas, onde daria pra ir no embalo. Dei sorte e quando encontrei um posto aberto o carro estava começando a falhar. Mais um quilometro e eu ficaria parado na estrada com pane seca. No final das contas valeu a aventura toda. Foi um dia interessante, divertido, onde revi amigos, fiz novos amigos e superei mais uma meta em busca de minha total cura física e mental. Que venham outras caminhadas!!!

PARA AMPLIAR CLIQUE NA IMAGEM

Brincando de raly no meio da neblina.
Bela paisagem.
Início da caminhada.
Caminhando por dentro de uma fazenda.
Caminhando…
Parada para carimbar o crachá.
Na “Casa de Pedra”.
Ivanir, Jair, Ieda, Vander e Rosangela.
Chegando em mais uma fazenda.
Vander, Miralva, Rosangela, Ivanir, Terezinha, Ieda e Jair.
Ando devagar porque já tive pressa …
Uma das belas paisagens do caminho.
Eu e o grupo do Jair, que veio de Maringá.
No rio com os “meninos” de Maringá.
Festa na Comunidade Mil Alqueires.

Caminho do Itupava

No sábado pela manhã, eu e Hiroo, meu vizinho, fomos fazer o Caminho do Itupava. Esse caminho foi aberto entre os anos de 1625 e 1650. Por quase três séculos foi o único caminho entre o litoral paranaense e a região de Curitiba. Algumas fontes contam que ele foi aberto pelos portugueses, outras dizem que foi por caçadores indígenas. Boa parte do caminho é calçado com pedras e alguns registros dizem que esse calçamento foi feito pelos Jesuítas, outros dizem que foi por escravos. A caminhada se inicia a 1.000 metros de altitude, sendo que o final está praticamente ao nível do mar. Nos últimos anos o caminho passou por algumas modificações, como a colocação de pontes por sobre os rios que cortam o caminho, mas a maior parte permanece da mesma forma como na época em que os primeiros viajantes a subir a Serra do Mar trafegavam por ali. Já percorri o caminho uma vez em 2002, mas seguindo um pouco pela estrada de ferro e atravessando a Represa da Copel que existe logo no inicio da Serra. Dessa vez seguimos pelo caminho original, sem atalhos.

Fomos de carona com o pai do Hiroo, até o ponto inicial do caminho, na cidade de Borda do Campo. Após preencher um cadastro obrigatório do Posto do IAP, iniciamos a caminhada ás 08h00min. O clima estava bom para caminhar, fazia sol e um friozinho simpático. Nossa meta era percorrer os 16,3 km do Caminho do Itupava e depois seguir mais 3,7 km até a Estação de trem do Marumbi, para pegar o trem de passageiros que segue para Curitiba quase no final da tarde. Caso ocorresse algum imprevisto e perdêssemos o trem, nossa meta seria andar mais 8 km até Morretes e voltar de ônibus para Curitiba.

No inicio da caminhada imprimimos um ritmo forte, que serviu para esquentar o corpo. Eu estava caindo de sono, pois tinha saído na noite anterior e dormido menos uma hora e meia. Ou seja, era algo insensato fazer uma caminhada tão longa após uma noite mal dormida. Mas resolvi arriscar, confiando em minha raça e força de vontade. Meu único receio continuava sendo o tendão do pé direito, que não está cem por cento.

O trecho inicial do caminho passa por uma pedreira abandonada e por algumas trilhas de terra em meio á mata. Alguns trechos de subida não muito forte se alternavam com descidas. Somente após uma hora de caminhada é que passamos a caminhar pelo trecho de pedras original do Caminho do Itupava. Daí o cuidado tinha que ser redobrado, pois estava tudo úmido e escorregadio. Ao chegar no primeiro rio, atravessamos pela ponte que foi colocada no local. Da outra vez que passei por ali, tinha atravessado o rio com água no meio da coxa. Era mais emocionante atravessar pelo rio, mais como a água estava gelada, resolvi deixar a emoção de lado e atravessar pela ponte. Nossa primeira parada foi na Casa Ipiranga (em outro post conto a história desse local). Tiramos algumas fotos, demos uma olhada pelo lugar, ou melhor, pelo que sobrou do lugar, e subimos alguns metros pelo trilho do trem até onde existe uma pequena cachoeira e uma roda d’agua. Tinha uma porção de gente acampada ali e ficamos um tempo descansando e conversando com dois caras que estavam totalmente bêbados e drogados. Os caras eram repetitivos e não falavam coisa com coisa. Verificando o relógio, o mapa de quilometragem e horário da trilha, descobrimos que estávamos pouco mais de uma hora abaixo do tempo estipulado no mapa. Ou seja, podíamos até diminuir nosso ritmo, que teríamos tempo de sobra para cumprir nossa meta, que era pegar o trem na Estação Marumbi.

Resolvemos partir e alguns metros abaixo seguindo pelo trilho do trem, reencontramos o Caminho do Itupava. Esse trecho se mostrou difícil, com muita subida e alguns lamaçais que mais pareciam areia movediça. Tivemos que tomar muito cuidado para não escorregar e nem ficar atolados ao passar pelos lamaçais. Começamos a encontrar vários grupos de pessoas, que aproveitando o feriadão e o tempo bom, também se aventuravam por ali. Em alguns trechos tínhamos que diminuir o ritmo e andar atrás destas pessoas. Mas logo passávamos por elas e continuávamos em nosso ritmo. E assim seguimos por toda a manhã, subindo morro, descendo morro, cuidando pra não cair. O Hiroo caiu sentado duas vezes, eu passei ileso. Foram apenas alguns escorregões sem queda e alguns furos de espinho na mão. Teve um momento em que tive que escolher entre cair ou segurar numa árvore cheia de espinhos. Escolhi os espinhos.

Atravessamos alguns riachos e rios não muito grandes, quase sempre pulando de uma pedra a outra. Todos eram de água cristalina e serviam para matarmos nossa sede. Logo começamos a ouvir o barulho dos trens e sabíamos que nossa meta para descanso e almoço estava próxima. O pior trecho acabou sendo a descida do morro que leva até o Santuário de Nossa Senhora do Cadeado (em outro post conto sobre esse local). É uma descida muito inclinada e por sorte, na parte final foram colocados abençoados corrimões. No Santuário aproveitamos para descansar e lanchar. Parece que os demais grupos também tiveram a mesma ideia. A vista dali é muito bonita, em frente da para ver boa parte da estrada de ferro e muitos morros.

Após o “almoço” e o descanso, retornamos ao caminho, dessa vez morro abaixo. Esse trecho final é complicado, pois a descida é íngreme e as pedras escorregadias. Mas correu tudo bem e após quase uma hora de caminhada chegamos na parte plana, e atravessamos por pontes dois rios e alguns riachos por pinguelas. E finalmente chegamos ao fim do caminho. O caminho original seguia até Paranaguá, mas ele não existe mais, sobre seu trajeto original foram construídos estradas e até uma BR.

Tínhamos tempo de sobra até pegar o trem, então subimos tranquilamente morro acima em direção ao Marumbi. Paramos na Estação Engenheiro Langue, que está abandonada, mas foi reformada faz alguns anos. Ali existe um vitral muito bonito, mas que está com vários pedaços quebrados. O que dá pena mesmo são das casas abandonadas. No passado elas eram utilizadas pelo trabalhadores da Rede Ferroviária Federal. Bem que a ALL (America Latina Logística) que tem a concessão da Rede Ferroviária naquele lugar, poderia reformar estas casas e utilizá-las como pousada ou algo parecido. Após um breve descanso e algumas fotos, seguimos pela trilha de 850 metros que leva até a Estação Marumbi. Essa trilha corta caminho e passa pelo trilho do trem. O trilho faz algumas voltas até chegar a Estação. No caminho paramos para ver um trem de carga descendo a serra carregado. É algo bonito e barulhento de se ver. Mais alguns minutos de caminhada e finalmente chegamos na Estação Marumbi. Foram 07h10min de percurso, sendo 06h10min de efetiva caminhada e 01h00min de descanso. A estação estava cheia de gente e ficamos descansando até a chegada o trem, que atrasou um pouco.

Ás 16h10min, embarcamos no trem e fomos observando a maravilhosa vista da serra do mar. Alguns lugares por onde passamos são de dar medo, mas a beleza da paisagem compensa qualquer coisa. Chegamos em Curitiba no inicio da noite, cansados, doloridos, mas felizes e realizados por termos cumprido com exito o desafio proposto. Agora é descansar e planejar a próxima aventura.

Caminho do Itupava e Casa Ipiranga.
Caminho do Itupava e Casa Ipiranga.
Água cristalinas.
Águas cristalinas.
Santuário de Nossa Senhora do Cadeado.
Santuário de Nossa Senhora do Cadeado.
Trilho, tunel e trem...
Túnel,  trem e trilho…
Trechos do Caminho do Itupava.
Trechos do Caminho do Itupava.
Sobre os trilhos.
Sobre os trilhos.
Estação Engenheiro Langue.
Estação Engenheiro Langue.
Estação Engenheiro Langue e Eatação Marumbi.
Estação Engenheiro Langue e Estação Marumbi.
De trem rumo a Curitiba.
De trem rumo á Curitiba.

CAMINHO DE PEABIRU

Galera reunida pouco antes de iniciar a caminhada no dia 11/10.
Galera reunida pouco antes de iniciar a caminhada no dia 11/10.
Manhã do segundo dia de peregrinação, partindo de Canjarana.
Manhã do segundo dia de peregrinação, partindo de Canjarana.

A peregrinação desse ano pelo Caminho de Peabiru foi ainda melhor do que a do ano passado. Pude rever amigos, fazer novas amizades e dessa vez o clima ajudou, pois não tivemos chuva. No primeiro dia o tempo estava nublado e caíram algumas gotas de chuva. Já no segundo dia o sol estava alto e fazia muito calor.

Todos esperavam que a exemplo do ano passado, nas refeições teríamos porco ou leitão, ou leitão e porco, mas por incrível que pareça não teve porco (e nem leitão) em nenhum das refeições. Comida foi o que não faltou e vale á pena destacar o “Boi na Brasa” que foi servido na primeira noite, em Campina do Amoral e a “Vaca Atolada” servida na segunda noite, em Canjarana. Em ambas as refeições repeti três vezes e achei que ia passar mal.

Não vou contar os detalhes da peregrinação segundo minha visão, mas vou contar utilizando o relatório oficial que foi publicado no site do Necapecan.

PROGRAMAÇÃO:

Simpósio – 10/10/2008

Horário: 20h30min.
Local: Associação Comunitária de Campina do Amoral/Luiziana
Jantar: Prato Típico:  boi na brasa
Pouso: Associação Comunitária de Campina do Amoral

Peregrinação 1º dia – 11/10/2008

6h às 6h45min – café da manhã – Associação Comunitária
6h45m. – exercícios de aquecimento e início caminhada
12h – almoço – cidade de Mamborê
14h – reinício caminhada
18h – Comunidade de Canjarana – Mamborê
20h  – Jantar – Vaca atolada
Pouso – Salão comunitário e acampamento no mesmo local

Peregrinação 2º dia – 12/10/2008

7h às 8h15m. – exercíco de aquecimento, dança guarani, escolhe-um, chuá, café-da-manhã  e  início caminhada
14h – almoço no município de Farol

Campo Mourão, dia  10 de outubro de dois mil e oito.

“Abra a janela ó querida
Venha ver o luar cor de prata…”

São mais ou menos quatro horas da tarde e um grupo de peregrinos, acompanhados do Ademar, da Regional de Turismo sediada em Cascavel, se dirige ao Parque do Lago. É ali já onde começa, então, a doce aventura da oitava peregrinação no Caminho de Peabiru da COMCAM. Em torno do totem guarani envelhecido, os peregrinos ouvem a história da cultura guarani na sua mística procura pela Terra Sem Mal. Conhecem-se. Ouvem-se nas histórias desconhecidas que trazem de distintos recantos, às vezes até nem tanto…

O totem foi implantado pelos próprios guaranis vindos da aldeia Araribá, município de Bauru, estado de São Paulo no dia 09 de outubro de 2004, por volta das dezoito horas pelo vice-cacique Marcílio, sua mãe e com toda a clã, finalizando o I Simpósio do Caminho de Peabiru da COMCAM. Ele marca o início do projeto na COMCAM. Traz a cor guarani vermelha do urucum. O traçado é em sapé guaimbê e em sua arte e estética é entalhado em quatro lados apontando para quatro direções: Norte, Sul, Leste e Oeste. Um lado protege as águas e a mata. Outro a estrada, outro o nascer e outro o pôr do sol. Representa o Pai de todos. Em cada peregrinação, em respeito e homenagem à tradição guarani da “busca da Terra Sem Mal” peregrinos se juntam ao Totem orientados pelo NECAPECAM.

Na seqüência, todos se preparam para a ida a Campina do Amoral, onde se realizará o VIII Simpósio  do Caminho de Peabiru da COMCAM. O ônibus sai da praça da Catedral, mas antes os peregrinos são chamados pelo Padre para que recebam a bênção da partida.

São  por volta de trinta quilômetros até Campina do Amoral, que levam o tempo suficiente para que a interação se inicie. Afinal, é mais um grupo novo, embora muitos já sejam peregrinos cativos. A volta é sempre gratificante, como é bom ver cada um que retorna!

Em Campina do Amoral já estão mais peregrinos, de Santa Catarina. Vêm trazer sua história, experiência do Peabiru como “o caminho que leva à montanha do sol”, conforme dirão mais tarde na oportunidade que terão para  transmitirem sua importante mensagem. A comunidade trabalha e o “boi na brasa” já invade o barracão num aroma irresistível. Mas, é preciso antes conhecer sobre Luiziana, o hospitaleiro município que tão bem recebe a caravana. Também conhecer um pouco mais sobre o Caminho de Peabiru da COMCAM, sobre o Caminho de Peabiru de Santa Catarina.

Professor José, líder da cultura luzinense conduz a cerimônia, acompanhado de Fátima, a Secretária de Educação e Cultura de Luiziana, do vereador local, reeleito, e do líder da anfitriã Campina do Amoral. Apresentam seu município, suas belezas naturais e oferecem a hospitalidade da comunidade da COMCAM, já tão peculiar e conhecida de grande parte dos peregrinos.

Na continuidade, Jefferson, da Secretaria de Meio Ambiente de Maringá fala da importância de se recuperar o eco-sistema no entorno do Caminho de Peabiru. Agora se junta ao grupo, contribuindo com seus conhecimentos e traduzindo a mensagem que repassa aos ouvintes: consciência e ação para uma mudança dignificante no sofrido ambiente em que vivemos. Bom lembrar que muitos peregrinos do Caminho de Peabiru se juntam a movimentos de “cura da Terra”, orientados pela nação indígena guarani, pelo desgaste que o planeta vem sofrendo desde as desenfreadas expansões colonialistas do século XVI. Jefferson foi capaz de demonstrar, de forma clara e segura, como contribuir para o resgate do eco sistema no entorno do Caminho de Peabiru. Obrigada, amigo! Quando as mensagens se encerram, o jantar é servido. Obrigada, José, Fátima, Marilene, Marius e Ricardo! O delicioso “boi na brasa” é prato típico de Luiziana e foi ali mesmo “engenhado”, atraindo centenas de visitantes no mês do aniversário do município, em outubro. Ricardo e Marius vêm de Santa Catarina e apresentam seu projeto do Caminho de Peabiru. Para eles, por causa do Monte Cristo, o projeto ganha o lema “Caminho da montanha do sol”.É muito prazeroso ouvi-los. Sejam bem-vindos, de agora em diante, seremos parceiros!

Gratos pela calorosa recepção, os peregrinos se  preparam para o pouso da primeira noite  no evento da VIII Peregrinação no Caminho de Peabiru. A noite não quer silenciar:  é o silo da COAMO que ininterruptamente alardia seu trabalho; e ó galo, imponente, majestoso, anunciando e   tecendo não só a  manhã, mas também a madrugada toda.  É a chuva que cai mansa, mas sem parar,  no telhado de prata da Associação.

São seis horas da manhã e num repente a luz quebra o sono de todos: Jaurita dá bom dia e começam os preparativos para o primeiro dia de caminhada. A equipe de apoio se movimenta, a comunidade mais uma vez prestigia os caminheiros com um reforçado café-da-manhã. Chegam novos peregrinos, na verdade, velhos e  esperados amigos. È hora do alongamento, depois da foto de todo o grupo, conforme sugere Porfírio, companheiro peregrino da Chapada dos Guimarães.

Os campos exibem o trabalho humano no capim seco e podado dos trigais, nas mudas viçosas dos milharais, do azevem . Aqui e ali se movimentam solitários trabalhadores na ininterrupta paisagem agrícola que expulsou a densa floresta dos pinheirais, das perobas. Uma e outra árvore denunciam aqui e lá a antiga floresta.

A frescura da limpa manhã saúda o peregrino. Por ele passam os amigos da equipe de apoio: a água, o cereal, a fruta, o remédio para os pés cansados. Aqui e ali também as águas límpidas de riachos escondidos pela parca vegetação ciliar são um convite para se refrescar,  para admirar…

As crianças completam a paz da paisagem na sua espontaneidade e graça. São filhos de peregrinos que compartilham da venturosa marcha que lembra a “busca da Terra Sem Mal” dos guaranis. Como essas crianças dignificaram e embelezaram  a VIII Peregrinação! Também há muitos jovens na caminhada, jovens que trazem a esperança de um futuro melhor, tão diferentes da juventude-massa que tristemente desfila diante de nós, na mídia cotidiana, que assiste à vida passar, jovens perdidos nos apelos consumistas da sociedade moderna e de seus efeitos desastrosos para a humanidade! Como é bom conhecer uma juventude sadia e sábia!

Ricardo e Marius procuram não perder nada de significativo, filmando, conversando, e acompanham passo a passo com o cachorro Muki a VIII peregrinação.

E a curiosidade se aguça na água de Sant’Ana. Professor José, no Simpósio, falara do olho da Santa, dos milagres daquele lugar. Os peregrinos ali banham seus cabelos, nutrem-se da milagrosa seiva.

Revigorados, continuam a caminhada rumo ao município de Mamborê.  Na paisagem, intercalam-se trigais e milharais, que hora descem, ora sobem movimentando o solo dadivoso de Luiziana, o maior município em extensão da COMCAM ( são 908.604 km2 com uma população média de 7.000 habitantes). Luiziana se destaca pela fanfarra que tem merecido os melhores prêmios do Brasil, pelas cavalgadas, pelas trilhas e cachoeiras.

Em Mamborê os peregrinos são recebidos pelos prefeito e vice-prefeito, pela comunidade, na Praça das Flores. Ali está um marco das peregrinações que a cidade recebeu tão acolhedoramente.  Seguem para o CTG, onde lhes é servido um delicioso almoço acompanhado das palavras amigas dos anfitriões e de intenso calor humano.

Após um breve descanso, o ônibus devolve os peregrinos ao seu itinerário. Rumo à Canjarana, cada um se encanta nas lembranças que deixaram os amigos mamborenses. A hospitalidade desse município será eternalizada nos corações peregrinos de muitas partes do Brasil.

A chegada a Canjarana é festiva. Distrito muito bem cuidado, possui uma lindíssima igreja, cujo padroeiro  é São Roque e amplo pátio onde se localizam o barracão de festa, os banheiros, tudo muito bem organizado. As belas jovens desfilam seus encantos enquanto mães e crianças se divertem na confraternização coletiva pelo Dia da Criança. Os peregrinos descansam no gramado. Banham-se e logo já estão  revigorados: o jantar é preparado pelo próprio vice-prefeito, Dominguinhos, que recebe os peregrinos como uma família. Dominguinhos traz sua família, o ambiente é acolhedor e solidário. Ao final, agora já com ainda mais visitantes, inclusive  o prefeito e sua família, o som gostoso da viola invade o barracão trazendo alegria e graça.

Mais uma noite desce. Os peregrinos, já cansados, quase que desmaiam. A noite os acolhe exaustos,  com uma lua escandalosamente bela.

Manhã se desenhando, os galos  preparam  a cantoria matinal, mas um outro  som mavioso  os supera:

Abre a janela, ó querida

Venha ver o luar cor de prata
Venha ouvir o som deste meu pinho
Na canção de uma serenata
Sei que dorme sonhando com outro
Desprezando quem é teu amor
Quem tu ama de ti nem se lembra
Quem te quer você não dá valor
 
Só a lua de mim tem piedade
Porque nunca me deixa sozinho
E não sabe fazer falsidade
Ilumina sempre meu caminho
E o sereno nas folhas da mata
Como o sol vai caindo no chão
Vai sumindo como o nosso amor
Foi se embora no teu coração
 
Como as nuvens que passa depressa
Foi assim que passou nosso amor
Só te peço que nunca se esqueça
Tudo aquilo que você jurou
E quem falta com o juramento
Com o tempo vai se arrepender
Porque o mundo é uma grande escola
Pra ensinar quem não sabe viver

Toninho da Gaita, Luiz Gonzaga, Noel Leotério, João Ribeiro, Luiz e Luizinho… eternamente grata a todos! È indescritível o sentimento que toma conta de cada peregrino nessa toada santa! Melodias que acompanharão com certeza muitas, senão todas as manhãs desses peregrinos…

É doze de outubro, dia da Padroeira do Brasil e há devotos de Nossa Senhora da Aparecida entre os peregrinos. Ela é homenageada pelos seresteiros, assim como Nossa Senhora do Rocio, padroeira de Paranaguá e do Paraná. Em meio à cantoria, dançam peregrinos. Depois de um belo repertório, lá se vão nossos encantadores pássaros mamborenses…

É hora de alongamento, de preparação para a caminhada do dia. Serão por volta de vinte quilômetros.

Moray Luza reúne os peregrinos na dança guarani, na brincadeira inocente de se olhar e se escolher, no energético chuá.

O chuá é uma criação de Moray Luza na primeira peregrinação. Vindo de São Paulo, capital, esse peregrino possui amplo conhecimento cultural e místico das tradições andinas, tendo sido um grande líder para os estudiosos do Caminho de Peabiru. Sua mensagem é de amplitude da compreensão humana, planetária, da paz mundial. Chuá lembra e representa as águas, o seu batismo e pureza.

Chega o café-da-manhã. Chega a hora de partir para o último trecho da peregrinação. Trinca-ferros, bem-te-vis,  curiós, pardais, quero-queros, anus, azulões e outros cantores encantam a natureza  e continuam a cantoria não deixando sós os peregrinos.

O olhar peregrino vê que a terra vai clareando, os pés vão pisando mais fofa e lentamente o solo, o relevo vai se aplainando… De repente é só  areia, mas é ainda o trigal, o milharal. Vêem-se pés de café, eucalipto para lenha, azevem, algum gado, ovelhas.

No meio da caminhada, já em Farol, outra fonte milagrosa: agora, as águas de João Maria…João Maria, o “Monge da Lapa” teria percorrido o Paraná, ajudando os necessitados, em diferentes épocas. Há quem diga que foram dois, três monges. Que todos os monges benzedeiros chamavam-se por força João Maria. Mas, há quem diga que é o mesmo, envelhecido a cada fase, naturalmente. Eram comuns as benzedeiras na época. João Maria seria apenas um benzedeiro? Em meados do século XIX o Paraná vivia intensos movimentos de colonização, de conflitos de posses, com intensas manifestações de cunho popular, religiosas. O místico João Maria surge nesse contexto.

Os peregrinos também ali banham seus cabelos, bebem de sua água e oram. Depois, debaixo das poucas árvores, sombra suficiente para acolher os corpos já meio cansados, divagam… Mas ainda falta mais da metade do percurso… é bom pôr os pés na estrada!

Muita areia, muda o vento, o sol se impõe bem mais forte. Os passos são mais lentos, mas o conforto da água, do cereal ajuda a continuar…

De repente, as vozes dos pássaros se perdem no som barulhento dos rojões que vêm da cidade: é a tradição dos fogos do Dia de Nossa Senhora Aparecida. É meio-dia e o ritual se estende até meio-dia e quinze. Silêncio novamente. Os primeiros peregrinos alcançam a sede do município. No estádio municipal a acolhida final do município mais jovem da COMCAM. Uma deliciosa refeição, antecedida de falas que agradecem, oram, saúdam…

Pierim e Amani conduzem as preces. Lembram da importância do dia para a cultura brasileira – dia da padroeira do Brasil- lembram do momento singular que nos reúne à volta da refeição tão carinhosamente oferecida pelos farolenses…

Esta VIII peregrinação marcou pelo apelo à harmonia, à união, com peregrinos trazendo suas famílias, filhos, numa convivência de ricas experiências e diálogo, o que muito ensinou a todos, com certeza. Lembrou a santidade e pureza das águas – duas fontes visitadas por crentes de toda a parte do Brasil e rios de águas límpidas… Lembrou a linguagem universal, a música, presente nos caminhos de Peabiru de Mamborê pelos seus encantadores cantores que definitivamente se fizeram presentes, pela sua melodia, nos corações de todos os peregrinos. Lembrou por tudo isso, a fé e a esperança num mundo melhor. A Terra Sem Mal  tem que ser possível.

É hora de partir, não sem antes, abraçar, fotografar. Os corpos estão cansados, mas as almas fortalecidas, já aguardando a nova aventura da nona peregrinação. Promessa de volta.

Obrigada, amigos peregrinos!

Obrigada a todas as autoridades municipais que tão bem acolheram a caravana!

Obrigada a todos que tornaram possível mais uma poderosa experiência de buscas e de encontros!

 

PEREGRINOS – 8ª PEREGRINAÇÃO NO CAMINHO DE PEABIRU

Peregrino

Cidade e Estado de Origem

Alexandra Y. Fernandes Brescansin

Maringá – PR

Antonio Porfírio da Silva

Chapada dos Guimarães – MT

Amani Spachisnki

Campo Mourão – PR

Celso Amâncio de Mello

Maringá – PR

Claudemir Pierin

Cambé – PR

Cristina Lidia Pienaro

Campo Mourão

Daniel Alexandre Moray Luza

São Paulo – SP

Danielli Salete Pereira

Cascavel – PR

Daisy Fontan Santiago

Maringá – PR

Edson Roberto Brescansin

Maringá – PR

Eliana Jacovós

Maringá – PR

Fabio Alexandro Sexugi

Peabiru – PR

Izalino Inácio Paixão

Ubiratã – PR

Jair Avelino Jacovós

Maringá – PR

Jeferson

Maringá – PR

Jeferson R. Spode Flores

Cascavel – PR

José Vanderlei Dissenha

Curitiba – PR

Lorenilda Oliveira

Campo Mourão-PR

Luciane Zuanazzi

Cascavel – PR

Lucas Santos Pierin

Cambé – PR

Marius Bantati

Joinvile – SC

Rafael

Maringá

Raquel Egidio Leal e Silva

Maringá – PR

Roberto Takechi Hirai

Maringá – PR

Rodrigo Zonta

Maringá – PR

Rosalindo Crepaldi

Maringá

Ricardo Gomes Moreira

Joinvile – SC

Sidnei Peres Junior

Maringá – PR

Sinclair Pozza Casemiro

Campo Mourão – PR

Valter Ferreira de Araujo

Maringá – PR

Zélia B. Braz Hirai

Maringá – PR

 Cavaleiros

Neuso de Oliveira

Mamborê

Neno Picinin

Mamborê

João Paulo

Mamborê

Luizinho

Mamborê

Felipe Moraes

Mamborê

Cavaleiros anônimos

Equipe de Apoio

Antonio Gancedo

NECAPECAM

Antonio

IAP

Cristina

Professora Educação Física

Darcy Deitos

Hotel Paraná Palace

Edson Battilani

IAP

Jairo Aloisio Araujo

NECAPECAM

Jaurita Machado Lessak

NECAPECAM

Maria Luiza da Silva

NECAPECAM

Manoel Sirino dos Santos

NECAPECAM

Marilene Celant Miranda da Silva

NECAPECAM

Silvio Cezar Walter

NECAPECAM

Vanessa

NECAPECAM

Enfermeiras e motoristas

Municípios de: Luiziana, Mamborê e Farol

Cozinheiros e cozinheiras

Municípios de: Luiziana, Mamborê e Farol

Fonte: http://www.caminhodepeabiru.com.br/