Viagem Europa 2025: Portugal – Dia 4

Saí para fazer alguns passeios. Peguei o micro-ônibus ao lado da faculdade e dei sorte: o caixa estava com defeito, então não precisei pagar os 2 euros da passagem. Desci na estação de Carcavelos e, de lá, peguei o trem rumo a Lisboa. O trem não demorou muito a chegar e, mais uma vez, estava quase vazio. Após 20 minutos de viagem, desembarquei na estação Belém.

Comecei minha caminhada pela margem do rio Tejo até chegar ao Padrão dos Descobrimentos (também chamado de Monumento aos Descobrimentos ou Monumento aos Navegantes). Trata-se de uma caravela estilizada “zarpa ao mar”, levando na proa o Infante D. Henrique, acompanhado por 32 figuras que marcaram a expansão ultramarina e a cultura da época: navegadores, cartógrafos, guerreiros, evangelizadores, cronistas e artistas, todos retratados com os símbolos que os representam.

No local onde hoje está o monumento (ou, pelo menos, nas proximidades), saíram as caravelas de Pedro Álvares Cabral, em 1500, rumo ao Brasil. A ideia de que “descobriram” o Brasil é discutível, pois eles já sabiam da existência dessas terras. Esse discurso de “descobrimento” é algo mais para os livros de história. Na realidade, a expedição de Cabral foi mesmo para tomar posse das terras brasileiras.

Depois de observar o local e tirar algumas fotos, segui caminhando pela margem do Tejo. O sol brilhava e o frio deu uma trégua, o que me permitiu ficar só de camiseta. Notei que eu era o único sem blusa por ali. Alguns minutos depois, cheguei à Torre de Belém. Tinha comprado o ingresso pela internet para visitar o interior da torre, mas a fila estava tão grande que acabei desistindo. Tirei algumas fotos do lado de fora e decidi voltar mais tarde para ver se a fila diminuía.

Continuei minha caminhada e cheguei ao Museu do Combatente, um museu militar. Olhei o exterior, mas não vi nada no interior que justificasse uma visita. Mais adiante, encontrei o Monumento aos Combatentes do Ultramar, uma homenagem aos soldados portugueses mortos nas guerras coloniais de 1961 a 1974. Passei algum tempo ali, observando e contando cerca de 1.700 nomes gravados em paíneis de mármore que formavam um enorme muro.

Atravessei uma passarela que passa sobre uma larga avenida e os trilhos do trem e segui rumo ao Mosteiro dos Jerónimos. O mosteiro é gigantesco. Sua construção começou em 1502 e levou cem anos para ser concluída. Anexa ao mosteiro, há uma igreja, onde logo na entrada estão os túmulos de Vasco da Gama e Luís de Camões. Passei mais de uma hora visitando o mosteiro e a igreja, embora esta última estivesse em restauração, o que dificultou bastante a visão de seu interior.

Próximo ao mosteiro, fui experimentar os famosos e originais Pastéis de Belém. Esses pastéis de nata, que podem ser encontrados por todo Portugal (e até em alguns lugares do Brasil), têm uma diferença: são os autênticos, feitos na fábrica localizada na rua Belém, no bairro Belém. Havia fila para sentar nas mesas, então comprei dois pastéis para viagem e os comi encostado em uma grade, na calçada em frente ao estabelecimento, como várias outras pessoas faziam. Junto com os pastéis, vieram dois envelopes: um com açúcar de confeiteiro e outro com canela. Eles estavam quentes, e o sabor… simplesmente indescritível! Foi uma experiência gastronômica incrível. Tenho certeza de que jamais comerei outros pastéis de nata tão saborosos. É triste pensar que talvez nunca volte ali para provar novamente os pastéis, mas só de ter experimentado uma vez já valeu a pena.

Atravessei a praça em frente ao Mosteiro dos Jerónimos e segui novamente rumo à Torre de Belém. Descobri que há um túnel sob a praça que leva à calçada em frente ao Tejo. Atravessando o túnel, cheguei à torre, e dessa vez dei sorte: apenas 16 pessoas na fila. Após cinco minutos, entrei e explorei tudo o que era possível dentro da torre. Subi até o quarto andar, tirei várias fotos e aproveitei a visita. Originalmente, a torre ficava a 250 metros da margem do rio e era cercada por água. Hoje, a área nos fundos foi aterrada, permitindo o acesso a pé por uma passarela de madeira.

Passei mais de uma hora explorando a torre e fui um dos últimos a sair, já ao final do horário de visitação. Caminhei até a estação de trem Belém e peguei o trem até o Cais do Sodré. Já estava escuro. Segui caminhando para a Praça do Comércio, onde andei por cerca de uma hora e meia pelas redondezas, até que o frio começou a apertar. Decidi que era hora de ir embora. Caminhei até a estação Cais do Sodré e peguei o trem para Carcavelos.

Cheguei ao alojamento da faculdade pouco antes das 21 horas. Foi o dia em que voltei mais tarde. Depois de tomar banho e descansar um pouco, meu irmão me chamou para jantar no restaurante da faculdade. Mais uma vez, pedi o carbonara de 11 euros. Desta vez, experimentei uma Pepsi, e achei o sabor muito melhor que o da versão brasileira.

Soube que a Coca-Cola portuguesa é considerada uma das mais saborosas do mundo porque a única fábrica no país usa água de uma região específica. Um amigo que foi diretor da Coca-Cola já me disse que o que mais interfere no sabor do refrigerante é a qualidade da água utilizada. Curiosamente, é raro encontrar Coca-Cola portuguesa por aqui; geralmente, é mais fácil achar a versão fabricada na Espanha. A produção local, ao que parece, é mais cara e acaba sendo exportada para outros países da União Europeia. Dizem que a Coca mais gostosa é a de 290 ml na garrafa de vidro. Ainda não encontrei essa versão aqui, mas lembro de ter tomado uma em 2017, na Espanha, e realmente era deliciosa.

De volta ao meu quarto, passei algum tempo vendo notícias no celular e acabei perdendo o sono. Só consegui dormir depois das três da manhã. Isso era sinal de que, no dia seguinte, acordaria mais tarde do que de costume.

Em frente ao Padrão dos Descobrimentos.
Padrão dos Descobrimentos.
Torre de Belém.
Museu dos Combatentes.
Monumento dos Combatentes do Ultramar.
Travessia da Passarela.
Preça em frente ao Mosteiro dos Jerónimos.
Mosteiro dos Jerónimos e sua igreja.
Claustro do Mosteiro dos Jerónimos.
No antigo refeitório do Mosteiro.
Fabrica de Pastéis de Belém.
Interior de um dos andares da Torre de Belém.
Torre de Belém.

 

Viagem Europa 2025 – Padrão dos Descobrimentos

De autoria do arquiteto Cottinelli Telmo (1897–1948) e do escultor Leopoldo de Almeida (1898–1975), o monumento representa uma caravela estilizada, avançando ao mar com o Infante D. Henrique à proa, ladeado por um conjunto de 32 figuras históricas, personagens emblemáticos da expansão ultramarina e da cultura portuguesa da época. Entre os representados encontram-se navegadores, cartógrafos, guerreiros, evangelizadores, cronistas e artistas, cada um caracterizado pelos símbolos que os individualizam.

Um mastro estilizado, orientado no eixo Norte–Sul, exibe em cada uma das suas faces dois escudos portugueses com cinco quinas, circundados por uma faixa com 12 castelos. Ao centro, diversas flores-de-lis adornam o conjunto. Adossadas ao mastro encontram-se três estruturas triangulares curvas, que dão a ilusão de velas enfunadas pelo vento, reforçando o simbolismo marítimo do monumento.

A face norte é marcada por dois gigantes de cantaria, que contêm as seguintes inscrições em letras metálicas:

  • À esquerda, sobre uma âncora:
    AO INFANTE D. HENRIQUE E AOS PORTUGUESES QUE DESCOBRIRAM OS CAMINHOS DO MAR;
  • À direita, sobre uma coroa de louros:
    NO V CENTENÁRIO DO INFANTE D. HENRIQUE 1460–1960.

O acesso ao interior é feito por uma escadaria central de nove degraus, que conduz a um átrio com vista privilegiada sobre a área circundante. Um segundo lanço, com cinco degraus, leva a um portal com arco de volta perfeita, decorado por uma moldura formada por aduelas.

O monumento é ladeado por duas esferas armilares metálicas, posicionadas sobre plataformas paralelepipédicas que reforçam a ligação ao tema da navegação.

Características técnicas:

  • Altura: 56 m
  • Largura: 20 m
  • Comprimento: 46 m
  • Fundações: 20 m
  • Figura central (Infante): 9 m
  • Figuras laterais (32): 7 m

Atualmente o acesso ao interior do monummento não é permitido, pois o mesmo passa por reforma e restauro.