Após dormir até um pouco mais tarde, chegou a hora de levantar e terminar de arrumar minhas coisas para ir embora. Após vários dias de viagem, já estava sentindo saudades de casa, principalmente da minha cama, pois há dias vinha sentindo dores nas costas por não ter me adaptado às camas onde dormi.
Tudo ajeitado e, pouco antes do meio-dia, fizemos o check-out no hotel. Antes de seguir para o aeroporto, resolvemos almoçar em um Nando’s, que é um restaurante que serve comida indiana. Por ser hora do almoço, o restaurante estava cheio; inclusive, havia alguns indianos de turbante almoçando no local. Na Inglaterra, vivem muitos indianos que, por vários motivos, se mudaram para a terra de seus colonizadores. Para evitar surpresas, olhei o cardápio de ponta a ponta duas vezes e escolhi um sanduíche. Como sou muito chato para comer, prefiro não arriscar em lugares onde vou comer pela primeira vez.
Após almoçar, atravessamos a rua em frente e entramos na estação de metrô Southwark. Até o aeroporto de Heathrow, foi quase uma hora de viagem, e tivemos que trocar de metrô em uma estação quase no meio do caminho. Para evitar problemas, sempre procuramos chegar bem cedo aos aeroportos.
Fomos para a fila de check-in da Latam e ficamos quase uma hora esperando abrir. Então, fizemos o check-in, despachamos nossas malas e fomos passar pela imigração. Sair de um país sempre é mais fácil do que entrar, então não tivemos problemas. Em seguida, fomos para a sala VIP da British Airways, que é parceira da Latam. Ficamos o resto da tarde e o começo da noite na sala VIP, conversando, descansando, comendo e bebendo. Tínhamos à disposição vários freezers de bebidas, principalmente latas de refrigerante pequenas, de 150 ml. Eu e o Wagner bebemos várias latas. Acabei provando uma Ginger Ale cítrica. Adorei esse refrigerante e só não bebi mais porque não tinha espaço no estômago. A Ginger Ale é um refrigerante à base de gengibre. As opções de comida disponíveis eram bem inglesas, e provei algumas com moderação. Acabei gostando de um feijão enorme, com carne de ovelha, que mais parecia uma feijoada feita com feijão marrom. Exagerei e, depois, fiquei passando mal antes, durante e após o voo.
Pouco antes das 21 horas, horário local, embarcamos no avião. Mais uma vez, viajaríamos na classe executiva. Dessa vez, fiquei em um canto, bem no final da classe executiva, e meu irmão ficou em uma poltrona à minha frente. A viagem até o Brasil teria duração de onze horas, o que, mesmo na classe executiva, é desgastante. Serviram o jantar menos de duas horas após a partida. A sobremesa, assim como na ida, era sorvete. Só que, dessa vez, não era Häagen-Dazs. Como eu era o último da fila, não tive opção de escolher o sabor, e me trouxeram um sorvete de chocolate com pedaços de laranja, de uma marca inglesa cujo nome não lembro. O sorvete era horrível, e não sei por que comi tudo. Eu, que já estava mal do estômago, fiquei ainda pior. Não conseguia dormir e vi dois filmes e seis episódios de uma série. Só consegui dormir quando começamos a sobrevoar o Brasil. E justo quando comecei a dormir, iniciou-se uma turbulência severa.
O resto da viagem se resume ao desembarque em São Paulo e, depois, pegar um voo de conexão para Maringá. Lá, passei o resto do dia e, no começo da noite, peguei meu carro, que tinha ficado na garagem do prédio do meu irmão, e segui para minha cidade, minha casa, meus gatos e minha cama querida…
Essa minha terceira viagem para a Europa foi muito legal. Conheci muitos lugares interessantes, conheci pessoas legais, provei comidas novas e diferentes. No geral, não tenho nada a reclamar. Só tenho a agradecer a Deus por tudo ter dado certo, mesmo com os pequenos perrengues que passei, e ao meu irmão pelo convite para viajar com ele, mesmo que tenha sido meio de última hora. No geral foi uma viagem inesquecível!
Deixando o hotel em Londres.O sanduiche indiano do Nando´s.E estação Southwark, que ficava quase ao lado do hotel.A caminho do aeroporto.No aeroporto de Heathrow.Fazendo o chek-in.Lanche na sala Vip da British.A Ginger Ale que me conquistou.Pronto para uma viagem de 11 horas.
Big Ben é um grande sino instalado na torre noroeste do Palácio de Westminster, sede do Parlamento Britânico, localizado em Londres. O nome oficial da torre era originalmente Clock Tower, mas foi renomeada como Elizabeth Tower em 2012 para marcar o Jubileu de Diamante da Rainha Elizabeth II. A torre foi inaugurada durante a gestão de Sir Benjamin Hall, ministro de Estado da Inglaterra, em 1859.
A torre abriga o maior relógio de quatro faces do mundo e é a décima quarta torre de relógio mais alta do planeta. Construída em estilo neogótico, possui 96 metros de altura, tendo sido concluída em 1858 e iniciando suas atividades em 7 de setembro de 1859.
A Torre do Big Ben é um ícone cultural britânico, um dos símbolos mais proeminentes do Reino Unido, frequentemente presente em filmes, séries de televisão e documentários ambientados em Londres.
Em 15 de fevereiro de 1952, o sino tocou 56 vezes, uma por minuto, durante o funeral do Rei Jorge VI, falecido aos 56 anos. Em 27 de julho de 2012, tocou por 3 minutos (das 8h12 às 8h15) para anunciar a abertura dos Jogos Olímpicos de Verão de 2012. Essa foi a primeira vez que o sino tocou fora de sua programação normal desde o funeral de Jorge VI.
História e Construção
A Elizabeth Tower, anteriormente chamada Clock Tower e popularmente conhecida como Big Ben, foi erguida como parte do projeto de Charles Barry para a reconstrução do Palácio de Westminster, após um incêndio devastador em 16 de outubro de 1834. Barry, o arquiteto-chefe, contou com a colaboração de Augustus Pugin para o projeto da torre do relógio, inspirado nos trabalhos anteriores de Pugin, como Scarisbrick Hall, em Lancashire. Esse foi o último projeto de Pugin antes de sua morte.
A torre possui uma estrutura de 96 metros de altura. Os primeiros 61 metros são compostos de alvenaria revestida de calcário Anston, enquanto o restante da torre é de ferro fundido. A base da torre é quadrada, com 15 metros de lado e feita de concreto com 3 metros de espessura, situando-se a 4 metros abaixo do nível do solo. Os mostradores do relógio estão localizados a 55 metros do chão, e o volume interno da torre é de 4.600 metros cúbicos.
Apesar de ser uma das atrações turísticas mais famosas do mundo, o interior da torre não está aberto a visitantes estrangeiros. Apenas residentes do Reino Unido podem agendar visitas através de seus parlamentares. A torre também não possuía elevador, mas um está sendo instalado, eliminando a necessidade de subir seus 334 degraus.
Inclinação da Torre
Devido a mudanças nas condições do solo, a torre sofreu uma ligeira inclinação para o noroeste. Em outubro de 2011, a inclinação era de 0,26 graus, resultando em um desvio de meio metro entre a base e o topo. Especialistas indicam que a inclinação aumentou desde 2003, sem razão aparente. No entanto, autoridades britânicas afirmam que levaria cerca de 10 mil anos para que a torre atingisse uma inclinação crítica semelhante à da Torre de Pisa.
O Relógio
Os quatro mostradores do relógio foram projetados por Augustus Pugin. Cada um tem 7 metros de diâmetro e contém 312 peças de vidro opaco, similares a vitrais. As molduras das bases são douradas, e na base de cada marcador há a inscrição em latim: “DOMINE SALVAM FAC REGINAM NOSTRAM VICTORIAM PRIMAM” (“Deus Salve Nossa Rainha Vitória I”).
O mecanismo do relógio foi projetado pelo horologista Edmund Beckett Denison e pelo astrônomo real George Airy, e construído pelo relojoeiro Edward John Dent. A precisão do relógio é ajustada adicionando ou removendo moedas de cobre no pêndulo. Cada moeda altera a velocidade em 0,4 segundos por dia. O relógio é manualmente acionado três vezes por semana, levando cerca de 1,5 horas.
O Sino Big Ben
O sino original, fundido em 1856 pela John Warner & Sons, pesava 16 toneladas, mas rachou antes de ser instalado. O sino atual, fundido em 1858 pela Whitechapel Bell Foundry, pesa 13,76 toneladas e tem 2,74 metros de diâmetro. Foi erguido na torre em uma operação de 18 horas. Em setembro de 1859, o sino rachou novamente. Para repará-lo, um pedaço de metal foi removido e o martelo foi reposicionado. Desde então, o som do sino é ligeiramente diferente.
Impacto Cultural e Manutenção
O Big Ben é um dos símbolos mais icônicos do Reino Unido. Seu som é transmitido pela BBC Radio 4 desde 1923. A torre passou por uma grande restauração entre 2017 e 2021, com um orçamento que ultrapassou 80 milhões de libras. As obras incluíram a remoção de telhas de ferro fundido, instalação de um elevador e restauração da cor original azul da Prússia nos mostradores do relógio.
Após quatro anos de trabalho, a torre foi reinaugurada em novembro de 2021, a tempo para as festividades de Ano Novo. O Big Ben continua sendo um dos monumentos mais reconhecidos e admirados no mundo inteiro.
Saímos cedo do hotel e fomos pegar o metrô na estação ao lado. Fazia mais um dia de frio e céu nublado. Eu queria visitar a casa do Capitão Scott, o explorador polar que morreu na volta do Polo Sul. Em Londres, as casas onde personagens famosos da história moraram são sinalizadas com uma placa azul. Existe um aplicativo que mostra, num mapa da cidade, onde ficam essas casas.
A casa de Scott era a única que me interessava visitar. Na verdade, a visita se resumia a tirar uma foto em frente à casa, pois entrar nela estava fora de questão, já que foi modificada e tem novos moradores, que com certeza não devem gostar de visitantes estranhos. Pegamos o metrô até perto do local onde a casa ficava e depois um Uber.
Desci em frente à casa, tirei algumas fotos e fiquei observando-a por uns dois minutos, tentando imaginar o que se passava pela cabeça do Capitão Scott quando saiu dali pela última vez, em 1910, para seguir rumo à Antártica numa expedição de três anos da qual não voltou. O local devia ser um pouco diferente e mais calmo do que é atualmente.
Notei que, um pouco antes da casa do Capitão Scott, havia uma plaquinha na porta de outra casa informando que Bob Marley morou ali. Como não gosto de Bob Marley nem de suas músicas, não tive o menor interesse em tirar uma foto da casa onde ele viveu em 1977. Depois dessa visita, voltamos a estação do metrô e fomos rumo ao Palácio de Buckingham.
Descemos numa estação próxima ao Palácio de Buckingham. Atravessamos um grande parque e chegamos em frente ao Palácio, bem na hora da troca da guarda. O local estava cheio de gente, a maioria turistas. Também havia muitos policiais. O Palácio de Buckingham é ao mesmo tempo escritório e residência da família real quando eles estão em Londres. O Palácio também sedia cerimônias oficiais, como banquetes para chefes de Estado visitantes. Cerca de 500 pessoas trabalham no Palácio, incluindo funcionários para assuntos oficiais e domésticos do Rei Charles. A casa original que existia no local foi transformada em Palácio entre 1820 e 1830. A Rainha Vitória foi a primeira monarca a morar no Palácio, de 1837 a 1901.
Assistimos à troca da guarda e tiramos fotos em frente aos enormes portões do Palácio. Depois, ficamos um tempo em uma pequena praça em frente, onde existem muitas esculturas, inclusive uma da Rainha Vitória. Seguimos nosso passeio e fomos caminhando até a Abadia de Westminster. A Abadia é o lugar de descanso final da maioria dos monarcas britânicos e onde se realizam também as coroações e outros grandes eventos que envolvem a família real. Para entrar na Abadia, havia uma fila gigantesca e desistimos de visitá-la. Do outro lado da rua, em frente à Abadia, há uma praça repleta de estátuas de figuras importantes. Gostei muito da estátua de Gandhi. Havia uma manifestação nos arredores, com muitos carros travando o trânsito e um buzinaço sem fim.
Seguimos nosso passeio e chegamos à esquina do Parlamento. Há mais de 500 anos o Palácio de Westminster é a sede das duas Casas do Parlamento: a dos Lordes e a dos Comuns. Seria algo parecido com a nossa Câmara dos Deputados e o Senado, mas o sistema inglês é o parlamentarismo, que é bastante diferente do nosso sistema presidencialista. Num dos cantos do prédio do Palácio de Westminster fica o famoso Big Ben.
O Big Ben é um grande sino instalado na torre noroeste do Palácio de Westminster. O nome oficial da torre em que o Big Ben está localizado era originalmente Clock Tower, mas ela foi renomeada como Elizabeth Tower em 2012 para marcar o Jubileu de Diamante da Rainha Elizabeth II. A torre foi inaugurada durante a gestão de Sir Benjamin Hall, ministro de Estado da Inglaterra, em 1859. A torre do Big Ben é um ícone cultural britânico, um dos símbolos mais proeminentes do Reino Unido e frequentemente aparece em cenas de filmes, séries de televisão, programas ou documentários ambientados em Londres. O sino do Big Ben toca a cada hora, e quatro sinos menores soam a cada quinze minutos.
Um pouco à frente do Parlamento, do outro lado da rua, nas margens do rio Tâmisa, fica a London Eye, uma roda-gigante enorme. Tiramos fotos em frente a ela e só. Meu irmão já tinha dado uma volta nela em uma viagem anterior e disse que demora muito. Eu tenho um trauma de infância com relação a rodas-gigantes, então não tinha o mínimo interesse em andar nela.
Pegamos o metrô na Estação Westminster, que ficava próxima de onde estávamos, e fomos até Piccadilly Circus. Andamos um pouco pela região e também próximo à Trafalgar Square. Fomos até Chinatown. A história desse lugar remonta à década de 1950. A comunidade chinesa da Londres do pós-guerra tinha poucos recursos, e muitos não tinham um lugar para morar, encontrando na área aluguéis baratos. Aconteceu que os soldados britânicos que voltavam do Oriente se apaixonaram pela culinária chinesa e, por isso, surgiram tantos supermercados e restaurantes. Seu sucesso atraiu mais empresários chineses do East End em busca de fortuna, e foi se formando uma reputação de vida noturna.
Após caminhar um pouco pela região, ficamos com fome, pois já era meio da tarde. Paramos numa churrascaria brasileira que fica em Chinatown e ali almoçamos um belo churrasco. Depois, fomos andar pelo Soho e voltamos a Piccadilly Circus, onde entramos em algumas lojas. Anoiteceu, esfriou e resolvemos voltar para nosso hotel. Precisávamos arrumar nossas malas, pois no dia seguinte, ou melhor, na noite seguinte, embarcaríamos de volta ao Brasil.
Antes de ir para o hotel, passamos no Tesco, que fica ao lado da estação do metrô, e fizemos algumas compras, inclusive a nossa janta. Minha janta se resumiu a quatro cupcakes com cobertura de chocolate e uma garrafa de Coca-Cola. Gosto de cupcakes e, no Brasil, nunca encontrei nenhum tão saboroso quanto os que comia nos Estados Unidos, quando lá vivi. Descobri que os cupcakes ingleses eram tão bons quanto, ou até melhores do que, os norte-americanos.
Algo que me chamou atenção tanto em Portugal quanto na Inglaterra é que as garrafas PET, sejam de água, suco ou refrigerante, ficam com as tampas presas à garrafa. Elas não se soltam totalmente, como as garrafas PET no Brasil. Depois, fiquei sabendo que, na Europa em geral, as tampas de garrafas PET ficam presas às garrafas. Isso tem por objetivo garantir que a tampa seja reciclada junto com a embalagem e também evitar que a tampa seja perdida após a abertura da garrafa, reduzindo o risco de serem jogadas em rios ou praias. Achei isso bastante interessante, e tal prática bem que podia ser adotada no Brasil.
Após comer, tomar banho e arrumar minha mala e mochila, foi hora de procurar nos bolsos moedas e notas de libras. As notas não são problema se sobrarem, pois podem ser trocadas no Brasil. Já as moedas não são trocadas e acabam se perdendo, gerando um certo prejuízo. Nas últimas semanas, tinha andado com notas de euro e de libras na carteira. Agora, tinha que me livrar delas para, em breve, voltar a ter na carteira somente as desvalorizadas notas de real.
O local onde Scott morava.Casa do Capitão Scott.
Policial londrina.Palácio de Buckingham.Troca da guarda.Em frente aos portões do Palácio de Buckingham.
Palácio de Buckingham.Estátua da Rainha Vitória.Palácio de Buckingham.Palácio de Buckingham.Abadia de Westminster.Ao fundo o Big Ben.Estátua de Gandhi.Wagner, tendo ao fundo o Parlamento.London Eyes.
Chinatown.Churrascaria brasileira em Chinatown.Soho.Confeitaria no Soho.Jantando cupcakes e Coca-Cola.Garrafa com tampa presa.Euros e Libras que sobraram na carteira.
Dormimos até um pouco mais tarde. Alguns podem achar estranho que viajamos para o exterior e, em vez de levantar cedo e ir passear, ficamos dormindo. Explico que, além de ser cansativo andar o dia todo, havia o fator frio, que era muito desgastante. Então, preferimos dormir um pouco mais, pois também não aguentaríamos passar o dia todo na rua. Já fiz muito disso no passado, de andar quilômetros e mais quilômetros quando ia para uma cidade que não conhecia. Na primeira vez que estive em Nova York, no segundo dia na cidade, caminhei cerca de 21 quilômetros. Hoje estou mais velho e não aguento tais exageros, então prefiro descansar bastante e assim aproveitar melhor os passeios quando saio à rua.
Fazia sol, o céu estava limpinho, mas o frio tinha aumentado. Quando saímos do hotel, fazia 3 graus, com sol. Pegamos o metrô na estação próxima de onde estávamos e, após uma viagem curta, descemos, caminhamos um pouco e entramos em outra estação de metrô. Ali pegamos o metrô rumo a Greenwich. Saímos da estação e pegamos um ônibus de dois andares. Sentamos no terceiro banco, mas logo fomos para o primeiro banco da frente, na parte de cima do ônibus. Foi interessante viajar ali e observar o movimento do bairro em sua rotina matinal.
Descemos próximo ao Greenwich Park, que é um dos Parques Reais de Londres, um antigo parque de caça e um dos maiores espaços verdes da cidade. Ele foi o primeiro da cidade a ser fechado, isso em 1433. Logo na entrada, passamos pelo Cutty Sark, que é um clíper (veleiro) britânico. Da classe “extreme clipper”, ele é a última das embarcações de transporte de chá, preservada como símbolo de uma era. Foi construído em 1869. Perto do Cutty Sark, há um túnel subterrâneo que liga Greenwich à Isle of Dogs.
No parque também fica o Observatório Real, onde estão expostos instrumentos científicos. Nele também está a Queen’s House, construída entre 1614 e 1617, sendo um dos mais importantes edifícios da história da arquitetura britânica e o primeiro edifício conscientemente clássico a ser construído na Grã-Bretanha.
Greenwich Park é famoso por lá se situar o Observatório Real de Greenwich, a partir do qual é definido o Meridiano de Greenwich, onde, por definição, a longitude é 0º 0′ 0″ E/W, e que serviu de base para a definição do tempo médio de Greenwich (GMT). Você estudou sobre isso na quinta série. Achei o máximo estar em tal lugar. Andamos por entre as várias construções do parque e algumas partes reconheci de ter visto em filmes. Num canto, vi um pequeno monumento, na verdade um jardim, em homenagem aos mortos no naufrágio do Titanic. Lembro que o navio afundou quando ia da Inglaterra para os Estados Unidos, em 1912.
Sem querer, acabei descobrindo algo que me deixou muito feliz. No parque funcionava o Museu Marítimo Nacional, dedicado à Marinha do Reino Unido, sendo o maior do mundo nesse estilo. Foi inaugurado em 27 de abril de 1937 e recentemente passou por uma reforma completa. Sou um apaixonado pelas aventuras e histórias dos navegadores James Clark Ross, Ernest Shackleton, Robert Falcon Scott, pelas expedições do Terra Nova, do Discovery, do Endurance e da desaparecida Expedição Franklin. Durante muitos anos, colecionei livros sobre tais assuntos e expedições, principalmente as que tentavam chegar pela primeira vez ao Polo Sul. São mais de 30 anos lendo tudo o que encontro sobre tais assuntos, vendo filmes, documentários. E agora, sem querer, eu descobria um museu que até então desconhecia a existência, que com certeza teria objetos originais das expedições e personagens que citei pouco acima.
Meu irmão estava reclamando das dores no joelho e queria ir embora, mas acho que ele entendeu o quanto visitar o museu era importante para mim, devido ao meu sorriso e grau de excitação. Então ele falou para eu visitar o museu, enquanto ele ficaria sentado num banco na recepção, um local confortável e quentinho. Prometi que seria rápido na visita. Melhor ainda, descobri que a entrada era gratuita. Visitei todos os cantos do museu e demorei mais no andar superior, onde existia uma enorme sala dedicada às expedições polares. Eu estava vendo ao vivo diversos objetos originais de muitas expedições polares. Alguns objetos ali expostos, eu tinha ouvido falar muitas vezes nas páginas dos livros que li. Esse foi, sem dúvida, um dos melhores momentos da visita a Londres. Somente quem gosta muito de história e de fatos históricos vai realmente entender o quanto foi maravilhoso para mim visitar tal lugar e ver esses objetos originais das expedições e dos personagens que fizeram parte delas.
Num canto, vi um Ninho de Corvo, que pertenceu à Expedição Discovery, uma expedição oficial britânica das regiões antárticas entre 1901 e 1904, liderada pelo Capitão Robert Falcon Scott. O Ninho de Corvo era uma estação de observação usada para guiar o navio através de águas geladas. Ele ficava preso ao mastro principal do navio, e um homem ficava dentro dele observando o mar à sua frente. Era o único objeto em exposição que não estava totalmente protegido por vidro. Dei uma olhada em volta e não tinha ninguém olhando. Vi algumas câmeras de segurança no teto, mas estavam viradas para o lado oposto. Não resisti e toquei rapidamente o Ninho de Corvo. Parece que pude sentir a energia que emanava de tal objeto e estive mais próximo de todos os homens que fizeram parte da expedição Discovery. Difícil explicar tal sensação e o significado que esse gesto teve para mim. Você com certeza não vai entender!
Tinha uma seção com objetos em exposição que foram usados pelo Capitão Robert Falcon Scott na corrida pelo descobrimento do Polo Sul, em 1911. O norueguês Amundsen e sua equipe chegaram 33 dias antes dos britânicos ao Polo Sul e retornaram em segurança à sua base. Já os britânicos morreram no retorno. A equipe de Scott era formada por cinco homens; dois morreram antes, e o Capitão Scott e dois de seus homens foram encontrados oito meses depois, congelados dentro de sua barraca. Tinham morrido de exaustão, frio e fome, distantes apenas 14 quilômetros de um depósito de comida. Foram sepultados como estavam, dentro da barraca. Quando a notícia das mortes chegou a Londres, a cidade parou. Tinham perdido um de seus grandes exploradores.
Terminada a visita ao museu, onde tirei muitas fotos, fui encontrar meu irmão. Demos como encerrada a visita a Greenwich. Já passava das 13h00, e pegamos um ônibus em frente ao local e fomos até o Millennium Leisure Park, que é uma mistura de shopping e local de shows. Meu irmão queria almoçar no Jimmy’s, um restaurante onde já tinha estado antes e que serve comida de várias partes do mundo. Apesar do horário avançado, o restaurante ainda estava cheio. Metade das comidas servidas eu não tinha a mínima ideia do que eram. Arrisquei provar algumas e gostei. No mais, confiei nas saladas que conhecia e na pizza, que também era servida. Acabei comendo mais do que devia, mas valeu a pena.
Após almoçar, demos uma volta pelo lugar, e meu irmão reclamava cada vez mais das dores no joelho. Resolvemos voltar para o hotel. Após pegar um ônibus e dois metrôs, chegamos ao hotel. Começava a escurecer e, enquanto meu irmão ia para o quarto repousar, resolvi dar uma volta sozinho. Meu irmão me deu algumas sugestões do que visitar ali perto, e fui caminhar. Liguei o Strava, um aplicativo de celular que marca a distância percorrida. Saí caminhando pela avenida em frente ao hotel, depois atravessei uma das pontes do Tâmisa e segui em direção à St Paul’s Cathedral, que é uma catedral anglicana.
Lembro que a Igreja Anglicana é a religião oficial do Estado inglês. Para entrar na catedral, é necessário passar por uma revista com seguranças. Notei que fui o último a entrar e, após eu ter passado pela segurança, começaram a desmontar os equipamentos que barravam a entrada. Ao entrar na catedral, entendi o motivo: estava começando a missa, e ninguém mais podia entrar após o seu início. Fiquei curioso em saber se poderia sair antes do final da missa, pois não tinha o mínimo interesse em assisti-la, ainda mais missa em inglês. Havia uma fita e dois seguranças separando quem queria assistir à missa de quem queria apenas visitar a catedral. Essa fita acabava me impedindo de visitar toda a catedral, mas visitar sua parte de trás e algumas partes da lateral foram suficientes para mim. A catedral é atualmente um dos locais de maior visitação na cidade de Londres. Foi também nesta catedral que o Rei Charles casou-se com Lady Diana Spencer, em 1981. No local da catedral, foi erguida, em 604 d.C., a primeira igreja da Inglaterra, feita de madeira. A cúpula da catedral é a segunda maior do mundo, sendo ultrapassada apenas pela da Basílica de São Pedro, no Vaticano. Durante a Segunda Guerra Mundial, Londres foi bastante bombardeada pelos alemães, nas famosas blitz. Duas vezes, grandes bombas caíram na catedral e não explodiram. Uma dessas bombas, se tivesse explodido, teria destruído a catedral, deixando uma cratera de 30 metros de profundidade no local. Podemos dizer que foi um milagre o que aconteceu.
O que me chamou atenção foi que, em muitas partes das paredes, existiam placas com homenagens a pessoas que morreram, principalmente em guerras ou combates menores. A catedral abriga cerca de 200 memoriais que servem à Ordem do Império Britânico e ao Tesouro Nacional. Porém, muitos tesouros foram perdidos ou furtados da catedral em 1810, quando um grande assalto resultou na perda de importantes artefatos preciosos do local. A catedral ainda abriga os túmulos de notáveis cidadãos britânicos.
Saindo da catedral, fiquei na dúvida se voltava para o hotel ou seguia com meu passeio. Estava esfriando ainda mais e, como estava bem disposto, resolvi caminhar mais um pouco. Segui por uma longa avenida que passa em frente à catedral e, após muitos quarteirões, acabei chegando ao West End, que é a região de Londres comparada à Broadway de Nova York, sendo considerada a Broadway londrina. É um distrito teatral que abriga a maioria dos teatros da capital inglesa. Vi em um teatro que estava em cartaz o musical Mamma Mia!, mas que só teria apresentações no dia em que eu iria embora de Londres. Sou fã do Abba, cujas músicas compõem o musical, e nas visitas que fiz a Nova York em 2003 e 2011, o musical estava em cartaz na Broadway. Em 2003, achei o ingresso muito caro e não fui ver o musical. Depois, me arrependi disso. Em 2011, o musical estava em um teatro mais distante da Broadway, havia fila de espera para reservas, e acabei desistindo de assistir. Também me arrependi depois. Ou seja, essa era a terceira vez que eu tinha a chance de assistir Mamma Mia! e não assisti. Paciência!
Continuei com meu passeio e andei por algumas ruas movimentadas, tomando o cuidado de observar bem os lugares por onde passava para não me perder na volta. Chegou o momento em que achei que já tinha caminhado o suficiente e resolvi voltar para o hotel. Peguei outro caminho e atravessei a Ponte do Milênio, uma ponte suspensa de aço inaugurada em 2000, que cruza o rio Tâmisa e une a zona de Bankside com a City de Londres. Situa-se entre a Ponte de Southwark e a Ponte de Blackfriars. Foi a primeira ponte construída na cidade desde a Tower Bridge, em 1894.
Ao entrar no quarto, acordei o meu irmão. Perguntei se queria sair para comer e ele respondeu que sim. Saímos, apanhámos o metrô na estação ao lado e descemos na estação Piccadilly Circus. Andámos um pouco e parámos para ver os famosos outdoors localizados num prédio na esquina da Shaftesbury Avenue. Neles, os anúncios da TDK, Sanyo, McDonald’s, Coca-Cola, Samsung e Nescafé marcam presença há décadas. Desde 1908, as luzes de Piccadilly Circus são uma atração turística, iluminando a praça de dia e de noite. Os outdoors gigantes de publicidade foram desligados em 16 de janeiro de 2017 e assim permaneceram até outubro do mesmo ano, quando foram substituídos por outdoors digitais curvos. A única vez em que estiveram desligados por um longo período foi durante a Segunda Guerra Mundial.
A região de Piccadilly Circus foi bastante alterada nos últimos anos e hoje está rodeada de centros comerciais. Durante a década de 1960, era um dos centros da Londres moderna. A área conta com várias atrações turísticas, incluindo a estátua de Eros, os bares e os teatros do West End londrino. A Shaftesbury Memorial Fountain, mais conhecida como Fonte de Eros, foi erguida entre 1892 e 1893. Ela ficava em um outro local e foi movida pela primeira vez, por conta de obras do metro. Durante a Segunda Guerra Mundial, ela foi retirada e guardada, para não ser destruida pelos bombadeios alemães. Em 1947 ela foi colocada no local atual, onde permanece até hoje.
Parámos numa Pizza Hut para jantar. Como já era tarde, o local estava praticamente vazio e quase fechando. Jantámos pizza e saladas que faziam parte de um rodízio. Confesso que a pizza não foi das melhores que já comi. Quanto à salada, tanto eu como o meu irmão confundimos jalapeños com pepinos e ficámos com a boca ardendo durante um bom tempo.
Ao sair da pizzaria, demos mais uma volta pela região, tirámos algumas fotos e fomos apanhar o metrô, que estava bem vazio. Mesmo dentro da estação, fazia bastante frio. Seguimos diretamente para o hotel e fomos dormir.
Cutty Sark.Memorial a desaparecida Expedição Franklin.Túnel subterrâneo que liga Greenwich à Isle of Dogs.Greenwich.Memorial ao Titanic.Memorial ao Titanic.Museu Marítimo NacionalGuia marítimo inglês, de 1671.Alguns objetos do Capitão Scoth.Objetos da Expedição do Terra Nova.Cesto do corvo, do navio Discovery.Greenwich.Greenwich.Queen’s House.Greenwich.Jimmy´s restaurante.Millennium Leisure Park.O Wagner no metrô.St Paul’s Cathedral.Homenagens a mortos em batalha.Missa na St Paul’s Cathedral.O musical Mamma Mia!, em cartaz num teatro.As tradicionais cabines telefônicas.Ponte do Milênio, ao fundo o domo da St Paul’s Cathedral.Túnel que passa sob a Ponte de Southwark.Ponte de Southwark.Na estação de metrô Southwark.Stranger Things, sendo apresentado num teatro em West End.Outdoors na esquina da Shaftesbury Avenue.Fonte de Eros.Na estação de metrô Piccadilly Circus.
Acordamos um pouco mais tarde, fazia frio e o tempo estava fechado. Criamos coragem para sair à rua e fomos direto para a estação do metrô, que ficava perto do hotel. Como ficaríamos poucos dias na cidade, o plano era visitar os pontos turísticos mais conhecidos e frequentados. Havia um lugar que eu queria muito conhecer: o museu de um colégio tradicional nos arredores da cidade. Lá, entre outras coisas, está em exposição o James Caird, um pequeno barco utilizado por Ernest Shackleton e alguns membros da expedição Endurance para chegarem até a Ilha Geórgia do Sul, após perderem seu navio no gelo. Li alguns livros sobre essa expedição e me apaixonei pelo tema. Ainda postarei no blog algo sobre a expedição Endurance.
Infelizmente, o museu só abre uma vez por semana, justamente no dia em que iríamos embora de Londres. Fiquei frustrado, mas fazer o quê? Fica essa visita para uma próxima viagem à cidade.
Começamos nosso passeio por Southwark Wharves, que no passado foi um cais onde atracavam navios com mercadorias. Atualmente, o local tem ruas, áreas para caminhadas e muitos prédios modernos ao redor. Atracado em frente, no rio Tâmisa, está o navio HMS Belfast, que foi utilizado pela Marinha Real na Segunda Guerra Mundial e, desde 1971, tornou-se um museu. Passamos por dentro da Hay’s Galleria e depois paramos em um Starbucks, onde meu irmão tomou seu café da manhã e eu apenas um macchiato bem quente. Aproveitamos para usar o banheiro do local e ficamos um tempão na fila. Algo que notei nos passeios pela cidade foi a dificuldade em encontrar banheiros públicos.
Saímos do quentinho do Starbucks e voltamos a caminhar pelo frio. Fomos até a Tower Bridge, que estava cheia de turistas de todas as partes do mundo, andando por ali e tirando fotos e mais fotos. Vimos a Torre de Londres, visitamos alguns pontos turísticos menores nas redondezas e, então, pegamos um dos tradicionais ônibus vermelhos de dois andares. Seguimos até uma parte mais central da cidade, onde descemos do ônibus e caminhamos pelas ruas, observando tudo o que achávamos interessante.
Não vou descrever em detalhes tudo o que vimos, pois senão a postagem ficaria gigantesca. Nosso passeio nos levou até o Soho, que no passado foi um dos bairros mais elegantes da cidade, conhecido por seus habitantes e pelas festas extravagantes que realizavam. Desde seus primórdios, no fim do século XVII, o bairro é famoso pelos prazeres da mesa, da carne (se é que me entendem?) e do intelecto. Atualmente, o Soho é repleto de bares, restaurantes e cafés. Uma parte do bairro é bastante frequentada pela comunidade LGBTQ+.
Saindo do Soho, fomos caminhar por Trafalgar Square, uma grande praça muito movimentada de dia e de noite. Ela é repleta de restaurantes, cinemas e boates, além de largas avenidas e suntuosos prédios públicos. Eu caminhava atento a tudo ao meu redor, observando o que mais me chamava a atenção. Também observava as pessoas, que passavam aos montes por mim.
Fomos por uma rua que se transformava em uma larga avenida e, no final dela, uns dois quilômetros depois, ficava o Palácio de Buckingham, residência oficial da família real. Achei que seria interessante caminhar até o Palácio, mas meu irmão estava com dor no joelho e resolvemos deixar essa visita para outro dia. Passamos um tempo admirando estátuas de personagens e eventos históricos e depois pegamos o metrô rumo a Notting Hill.
Notting Hill é o bairro mais romântico de Londres, com suas bancas de flores, jardins escondidos e sobrados coloridos. Visitar o bairro foi um pedido meu, e meu irmão, meio a contragosto, não teve como recusar. O filme Um Lugar Chamado Notting Hill (cujo nome original é Notting Hill) é um dos meus favoritos; já assisti várias vezes desde que foi lançado em 1999. Mesmo sem visitar a famosa porta azul da casa de William Thacker (personagem de Hugh Grant no filme), gostei muito do passeio. A casa em questão ficava bem distante de onde estávamos e não valia o esforço de ir até lá, principalmente porque a porta original, que aparece no filme e se tornou famosa, foi trocada há alguns anos.
Após caminharmos por Notting Hill, a fome bateu, pois ainda não tínhamos almoçado. Eram quase 17 horas e já estava escuro, parecendo noite. Ficamos na dúvida sobre onde comer e acabamos escolhendo uma lanchonete indiana de hambúrguer. Foi meio que um tiro no escuro, mas acertamos. O lanche era muito saboroso e a batata frita parecia ter sido submersa em algum tipo de molho antes de ir para a fritura. Estava deliciosa!
Saindo de Notting Hill, pegamos o metrô e voltamos para o hotel. Fazia frio e a temperatura estava caindo ainda mais. Após sair da estação do metrô, paramos em um mercadinho ao lado. Fizemos algumas compras, e aproveitei para comprar algumas águas com gás produzidas na Escócia e na Irlanda. Gosto muito de água com gás e, por onde ando, tanto no Brasil quanto no exterior, procuro novas marcas para experimentar. Voltamos para o hotel e não saímos mais. Dormimos cedo.
Rio Tâmisa e Tower Bridge.Navio museu, HMS Belfast.
Torre de Londres, fundada por volta do final do ano de 1066.
Na fila do banheiro no Starbucks.
Tower Bridge.Wagner e Vander, com a Tower Bridge ao fundo.Tower Bridge.Tâmisa, o rio que cruza Londres.Andando num ônibus de dois andares.
Wagner com dores no joelho.Na região de Trafalgar Square.No final da avenida o Palácio de Buckingham.Em Notting Hill.O fast food indiano em Notting Hill.Estação de metrô de Notting Hill.
Após deserbarcarmos do avião em Londres, passámos pela imigração e, após algumas perguntas, fomos autorizados a entrar na Inglaterra. Algo que achei diferente foi que, no carimbo do passaporte, em vez do nome da cidade, constava o nome do aeroporto, Heathrow. Pegamos um trem que circula pelo aeroporto e fomos até o local onde estavam nossas malas na esteira.
Heathrow Airport é o aeroporto mais movimentado da Inglaterra e um dos mais movimentados do mundo em termos de passageiros internacionais. Heathrow tem cinco terminais e está localizado a cerca de 24 km a oeste do centro de Londres.
Ao sairmos do aeroporto, sentimos o impacto do frio intenso, com uma sensação térmica próxima de zero. Pegámos o metrô e, após uma baldeação e cerca de 40 minutos de viagem, descemos na estação Southwark. Caminhámos cerca de 150 metros até chegarmos ao hotel Ibis, onde ficaríamos hospedados.
Fizemos o check-in e subimos para o nosso quarto, localizado no sétimo andar. Já me hospedei em muitos hotéis da rede Ibis, tanto no Brasil quanto no exterior, e o quarto estava dentro do padrão esperado. No entanto, achei o banheiro muito estranho. Era completamente feito de plástico, parecendo o banheiro de um barco. Além disso, ao andar dentro dele, o chão fazia ruídos e parecia ligeiramente mole, o que me causou uma sensação estranha.
Já era tarde, mas estávamos com fome. Meu irmão lembrou-se de que havia algumas boas lanchonetes próximas ao hotel. Era a sua sétima vez em Londres, e ele já tinha se hospedado antes no mesmo hotel. Acabámos por ir a um estabelecimento que era uma mistura de pizzaria e lanchonete, situado numa esquina próxima ao hotel. Inicialmente, pensamos em comer pizza, mas acabámos por optar por um sanduíche norte-americano. Para acompanhar, pedimos uma Coca-Cola bem gelada. No entanto, achei o sabor da Coca-Cola inglesa bastante inferior ao da Coca-Cola portuguesa, que vínhamos bebendo nos últimos dias. Era demasiadamente adoçada, e não gostei dela. Além disso, se já achava caro pagar, em média, R$ 19,00 por uma garrafinha de Coca-Cola em Portugal, na Inglaterra o preço era ainda mais elevado: cerca de R$ 24,00.
Após comermos, demos uma volta pelas proximidades. Estávamos perto do rio Tâmisa, que atravessa a cidade de Londres e é famoso pelas suas diversas pontes. Fomos até uma delas, tirámos algumas fotos e voltámos para o hotel, pois o frio estava intenso. Já no quarto, organizei algumas coisas da minha mala e mochilas, tomei um banho quente e demorado no banheiro peculiar e, finalmente, deitei-me. Estava feliz por estar em Londres, uma cidade que sempre sonhei em conhecer desde criança.
No aeroporto de Heathrow.Meu irmão no metrô.Na estação Southwark, que ficava perto de nosso hotel.Rio Tâmisa, próximo ao nosso hotel.
Quando tinha por volta de nove anos, existiam três cidades que eu sonhava em conhecer: Nova York, Paris e Londres. Tal sonho era motivado pelos gibis e livros que lia, e pelos filmes que assistia. Mas, naquela época, conhecer uma dessas cidades era para mim o equivalente a viajar para a Lua. Em 1979, vivíamos a época de maiores dificuldades financeiras em minha vida, pois meu pai tinha se acidentado no ano anterior e ficou muito tempo sem trabalhar. Era minha mãe quem se virava em mais de um emprego para sustentar a casa. Ou seja, naquela época éramos “pobre, pobre, pobre, de marré deci.”
Os anos passaram. Muita coisa boa e ruim aconteceu na minha vida, e novos sonhos fizeram parte da minha lista. Mas eu sempre me lembrava das três cidades que queria conhecer. Quando elas apareciam em algum filme, eu prestava mais atenção, observava os lugares que um dia sonhava visitar. Mais anos se passaram, mais coisas aconteceram, e vindo de uma família pobre de uma cidade pequena do interior do Paraná, tive que trabalhar e estudar muito para conseguir realizar alguns sonhos.
Em setembro de 2003, estive pela primeira vez em Nova York. Quando pisei na cidade, não acreditava que estava conhecendo uma das três cidades que sempre sonhei visitar. Em 2011, voltei a Nova York e pude explorar mais lugares que via nos filmes. Minha vida tinha mudado. Eu continuava pobre, mas não era mais “pobre, pobre, pobre, de marré deci”. E tinha aprendido, nos últimos anos, que até mesmo sonhos que muitas vezes parecem impossíveis podem ser concretizados.
Em 2017, conheci Paris. Foi uma visita rápida, mas suficiente para realizar mais uma parte do sonho de muitos anos atrás. Agora só faltava Londres! E, se eu não a conhecesse, não teria problema, pois meu sonho impossível em 1979, em 2017, já estava 66,66% concluído.
E finalmente, em 2025, estou conhecendo Londres. Não foi planejado, foi de última hora. Estou muito feliz em realizar o sonho impossível daquele garotinho de nove anos, que em 1979 sonhava em conhecer lugares distantes, mesmo vivendo num bairro periférico de uma cidade pequena, cujas ruas, na época, nem asfalto tinham — era tudo poeira.
Hoje sou um homem feito, quase chegando aos 55 anos, mas ainda trago no coração muito daquele garotinho do passado. Sou muito grato por chegar onde cheguei, pois fui muito além do que sonhei e acredito que irei ainda mais além. E sonhos, mesmo os impossíveis, podem ser realizados. Sou prova disso!
A cama do hotel era bem mais confortável do que a minha cama no alojamento da Nova, o que ajudou a aliviar a dor nas costas que vinha me incomodando nos últimos dias. Acordamos mais tarde e ainda tivemos tempo de tomar no hotel o café da manhã, que em Portugal é chamado de pequeno-almoço. Foi a minha última oportunidade de comer pastéis de nata portugueses.
Por volta do meio-dia, pegamos uma van do hotel que fazia o transfer para o aeroporto. No aeroporto ficamos um bom tempo à espera da abertura do balcão de check-in da British. Chamou-me a atenção uma equipa de resgate holandesa que estava acompanhada por vários cães, alguns de raça e outros não. Assim que o balcão da British abriu, fizemos o check-in, despachamos as malas grandes e seguimos para a sala VIP da companhia.
A sala VIP era espaçosa, mas estava bastante cheia. Almocei um macarrão à carbonara, mas nem de longe se comparava ao carbonara do restaurante da faculdade. Também comi alguns sanduíches e provei doces portugueses que ainda não conhecia. Senti falta dos pastéis de nata. Algo que me chamou a atenção foi que praticamente todos os passageiros na sala VIP eram brancos, enquanto todos os funcionários — da segurança, da limpeza e da cozinha — eram negros. Não vou comentar nada sobre isso, deixo para você refletir sobre o assunto.
Não pudemos ficar muito tempo na sala VIP. Fomos passar pela imigração e depois seguimos para o nosso portão de embarque. Depois de meia hora de espera, passamos pelo portão e embarcamos num ônibus que nos levou até o avião na pista. O avião era um A320, e sentamo-nos em uma das primeiras filas. O voo teria duração de duas horas e meia. Tentei dormir, mas não consegui. Foi servido um lanche, e notei que o refrigerante vinha numa lata de 150 ml, um tamanho meio que padrão em alguns países europeus. Descobrimos que um dos comissários era brasileiro. Ele foi muito simpático e nos atendeu muito bem durante toda a viagem.
Achei que não haveria mais nenhuma refeição após o lanche, mas foi servido o jantar. Escolhi uma massa, com salada de grão-de-bico. Já estava escuro quando chegamos ao nosso destino. Ao desembarcar, fiz questão de me despedir do comissário brasileiro, cujo nome acabei esquecendo. Ele sorriu e segurou minha mão com suas duas mãos.
Ao sair do avião e entrar no finger, senti um frio intenso. Havíamos saído de uma cidade fria para outra ainda mais fria. Fazia cerca de zero graus.
A vista de nosso quarto no hotel.Hotel de nossa última noite em Lisboa.Equipe de resgate holandesa.Sala VIP da British.Minha última refeição em Portugal.Já embarcado no A320,Vander e Wagner.Lanche no avião.
Durante o cerco a Lisboa, em 1147, D. Afonso Henriques fez uma promessa: caso conseguisse conquistar a cidade mandaria erguer um mosteiro dedicado a São Vicente, um santo muito venerado entre os moçárabes. Esse mosteiro foi fundado no mesmo ano, do lado de “fora” das muralhas da cidade e assim se justifica a toponímia do edifício.
Mais tarde, em 1580, dava-se início à Dinastia Filipina, cuja grande obra deixada foi a reconstrução do Mosteiro de São Vicente de Fora. Este projeto teve como principais arquitetos Filippo Terzi, Juan Herrera e Baltazar Álvares, e é considerada a primeira grande construção Maneirista em Portugal, que serviu de modelo a outras edificações religiosas.
No entanto, foi nos faustosos reinados de D. Pedro II e D. João V (séculos XVII e XVIII) que se aplicou o rico recheio artístico decorativo que se pode observar atualmente, nomeadamente os mármores embutidos e os painéis de azulejos.
O Mosteiro esteve ocupado por cónegos da Ordem Regrante de Santo Agostinho, desde a sua fundação até 1834, data da extinção das ordens religiosas. Neste período destaca-se a passagem de Santo António pelo Mosteiro, local onde viveu os seus primeiros tempos enquanto monge. No século XIX passa a pertencer ao Estado e nele é instalado o Liceu Gil Vicente, entre outros serviços estatais. Atualmente, o Mosteiro acolhe a Cúria do Patriarcado.
Pontos de Interesse:
Portaria
Entrada nobre do mosteiro, também funcionou num curto período de tempo como capela privada do Patriarca D. José Neto. Foi ricamente decorada no século XVIII com mármores embutidos, azulejos que retratam a reconquista cristã e a fundação do mosteiro, e uma pintura no teto de Vicente Bacchareli.
Cisterna
A cisterna é uma construção do século XII e é o principal vestígio do que resta do mosteiro medieval fundado por D. Afonso Henriques. Tinha como principal função armazenar a água das chuvas que seria utilizada nas lides domésticas do mosteiro.
Claustros
Existem dois claustros a sul da Igreja que se encontram revestidos com painéis de azulejos barrocos. Estes retratam cenas profanas variadas, que foram inspiradas em gravuras francesas.
Igreja
Foi mandada construir por D. Afonso Henriques em 1147 logo após a conquista da cidade de Lisboa, exatamente no local onde se encontrava instalado um dos acampamentos dos cruzados. Afirmando politicamente a nova dinastia, D. Filipe I em 1582 decide reconstruir este monumento, que se tornou um dos pioneiros do Maneirismo em Portugal.
Sacristia
A sacristia é ainda utilizada nos dias de hoje e é considerado o ex-libris do mosteiro devido à sua decoração com mármores coloridos embutidos, do século XVIII, com motivos florais. Nas escavações ali realizadas foram encontrados túmulos antropomórficos pertencentes aos cruzados de D. Afonso Henriques.
Panteão Real
D. João IV escolheu implantar o panteão da sua dinastia no Mosteiro de São Vicente de Fora para assim se apropriar de forma simbólica da refundação dos seus antecessores. Neste panteão encontram-se os túmulos de quase todos os elementos da Dinastia de Bragança, a última e a maior da História de Portugal.
Panteão Patriarcal
Foi na antiga Sala do Capítulo que o Cardeal-Patriarca Manuel Gonçalves Cerejeira, em 1949, decidiu erguer o Panteão dos Patriarcas, cujo supervisor de obra fora Raul Lino. Nele é possível observar os túmulos de quase todos os patriarcas, desde D. Carlos da Cunha até D. José Policarpo.
Capela Palhavã
Os “Meninos de Palhavã” eram três filhos ilegítimos do rei D. João V, e nesta capela estão sepultados apenas dois deles. Anteriormente o espaço funcionava como capela da Nossa Senhora da Encarnação.
Capela de Santo Antônio
Este foi o primeiro espaço conventual onde Santo Antônio entrou enquanto monge. Cumpriu o seu noviciado na Ordem Regrante de Santo Agostinho e acredita-se que o local desta capela corresponde à localização do aposento do santo no mosteiro medieval.
Vista Panorâmica
A partir do terraço do mosteiro é possível aceder a uma das mais belas paisagens sobre a cidade. É considerado um dos miradouros secretos de Lisboa, com uma vista panorâmica a 360º.
Mais fotos do Mosteiro
Exposição de trajes antigos.Um dos lados do Claustro.Panteão Real dos Bragança.
Hoje foi o dia de fazer meu último passeio por Lisboa, e escolhi um lugar que há muito queria conhecer: o Mosteiro de São Vicente de Fora. A construção do mosteiro teve início em 1147, sendo posteriormente reconstruído em 1580, e, nos séculos XVII e XVIII, recebeu seu rico acervo artístico e decorativo.
O mosteiro é deslumbrante. Subi até seu telhado e tive a oportunidade de contemplar uma vista panorâmica de 360 graus da cidade de Lisboa. Entre os principais atrativos, destacam-se: a Cisterna, uma construção do século XII que é o principal vestígio do mosteiro medieval fundado por D. Afonso Henriques; o Panteão Real, onde estão sepultados quase todos os membros da Dinastia de Bragança, a última e mais longa da história de Portugal. Dom Pedro I também foi sepultado ali, mas seu túmulo está vazio, pois, em 1973, seus restos mortais foram exumados e enviados para o Brasil, onde repousam no Memorial da Independência, em São Paulo. Outro ponto de destaque é a Capela de Santo Antônio. Foi nesse mosteiro que Santo Antônio iniciou sua vida religiosa, após entrar no mosteiro como monge. Acredita-se que a capela esteja no local exato onde ficava o aposento do santo durante sua permanência no mosteiro. Aproveitei a visita para tocar no pé de Santo Antônio e ter uma conversa séria com ele. Tenho uma situação delicada que vem se arrastando há muito tempo e pedi ajuda para ele: se não resolver este ano tal situação, vou desistir definitivamente de casar. Ou resolvo tal situação e caso esse ano, ou desisto de vez de casamento e filhos. Agora o Santo que lute, para resolver tal problema…
O Mosteiro de São Vicente de Fora tem muitas outras áreas interessantes, por isso, farei uma postagem exclusiva sobre ele e seus principais atrativos. Após a visita ao mosteiro, retornei a Carcavelos, onde comi meu último prato de carbonara no restaurante da faculdade. Já estou sentindo saudades desse delicioso macarrão! Depois, organizei minhas coisas e arrumei as malas. No final da tarde seguimos para um hotel, próximo ao aeroporto de Lisboa. Carcavelos ficava para trás, mas sempre levarei boas lembranças dos dias que passei na simpática cidade litoranêa.
Ônibus que pegavámos pra ir da Nova até a estação de trem.Entrada do Mosteiro de São Vicente de Fora.Rua ao lado do Mosteiro.Parte da Cisterna medieval.Vendo fantasmas, no Panteão dos Bragança.A sepultura vazia de D. Pedro I (também conhecido com D. Pedro IV, Rei de Portugal).Vista do alto do telhado do Mosteiro.Capela de Santo Antonio.Lisboa.
Hoje foi um dia tranquilo, dedicado ao trabalho e ao encerramento do curso da VCW. Aproveitei para descansar bastante, pois não estava me sentindo muito bem. Ter tomado chuva e passado frio no dia anterior, durante a visita ao Palácio de Queluz, não me fez muito bem. Estava com receio de pegar um resfriado, então, em vez de sair para passear à tarde, preferi ficar descansando.
À noite, fomos jantar fora e comemos comida brasileira, da qual eu já estava sentindo falta. Para acompanhar, experimentei uma Coca-Cola alemã. Uma das vantagens de estar em um país que faz parte da União Europeia é a facilidade de encontrar produtos fabricados em diversos países do bloco. Eu já conhecia a Coca-Cola alemã de anos atrás, mas não lembrava mais do sabor – que, na minha opinião, perde para a Coca-Cola portuguesa.
Ainda falando sobre produtos fabricados e comercializados dentro da União Europeia, vou compartilhar uma curiosidade. Sou fã do chocolate Smarties, que não é produzido no Brasil. Ele lembra bastante o Confeti, que por muitos anos foi fabricado pela Lacta. Conheci o Smarties quando morei nos Estados Unidos e, confesso, me viciei. Nos últimos anos, tenho encontrado a versão americana no Paraguai, mas aqui em Portugal achei Smarties em vários supermercados e aproveitei para fazer um pequeno estoque.
Mais tarde, descobri que os Smarties que comprei vieram de quatro países diferentes: Portugal, Alemanha, Itália e Irlanda. Foi divertido provar um de cada caixa para comparar os sabores, já que há pequenas diferenças entre eles. Depois de degustar todos, cheguei à conclusão de que o Smarties mais gostoso ainda é o fabricado nos Estados Unidos.
Junto com o Pastel de Nata e os Smarties, algo que comi quase todos os dias aqui em Portugal foi o flan de baunilha. Conheci esse flan na Espanha em 2017, quando percorri o Caminho de Santiago de Compostela. Depois, ainda em 2017, também o encontrei nos supermercados de Portugal. Agora, nesta viagem, estou comendo quase uma bandeja de flan por dia. Sorte que são baratos!
Os flans vendidos no Brasil, que são semelhantes a esse, têm um sabor muito inferior. Aliás, em outras viagens, percebi que muitos produtos vendidos no Brasil, como iogurtes e sorvetes, também são de qualidade inferior. São mais “aguados” e menos cremosos. Os sorvetes brasileiros, por exemplo, contêm muita gordura hidrogenada, excesso de água e pouco leite.
Voltamos cedo para o alojamento. Comecei a arrumar minhas coisas, pois o dia de ir embora de Portugal está se aproximando. Percebi que preciso dar um destino (comendo) aos alimentos que ainda tenho no balcão e no frigobar.
Ainda me sentindo um pouco mal, com princípio de resfriado, resolvi ir dormir logo. O curioso é que, do lado de fora, a temperatura está perto de zero graus, enquanto dentro do quarto permanece sempre em 23°C. Confesso que, no próximo inverno no Brasil, em casa vou sentir falta desse sistema de aquecimento do nosso alojamento, que o mantém quente 24 horas por dia.
Encerramento do VCW.Posando para o foto oficial do curso.Smarties, uma de minhas perdições.Confeti, que era vendido no Brasil.Flan de baunilha.Sempre tenho algum alimento no quarto.
O Palácio de Queluz, localizado em Sintra, Portugal, é um dos palácios mais emblemáticos do país e um dos melhores exemplos da arquitetura rococó em Portugal. Construído no século XVIII, foi inicialmente uma residência de verão da família real portuguesa e, mais tarde, tornou-se a residência oficial de D. João VI e da corte portuguesa antes da fuga para o Brasil em 1807.
📜 História do Palácio
Construção (1747-1789): Encomendado pelo Infante D. Pedro de Bragança, futuro marido e rei consorte de D. Maria I, o palácio foi projetado pelo arquiteto Mateus Vicente de Oliveira e, mais tarde, por Jean-Baptiste Robillon, que introduziu um estilo mais elaborado e inspirado em palácios franceses.
Residência Real: Durante o reinado de D. Maria I, tornou-se um importante centro da vida da corte portuguesa.
Declínio e Preservação: Após a ida da corte para o Brasil (1807), o palácio perdeu importância, mas foi restaurado no século XX e hoje é um dos monumentos históricos mais visitados de Portugal.
🏛 Arquitetura e Decoração
O palácio combina estilos barroco, rococó e neoclássico, destacando-se por:
Salão do Trono: Rico em talha dourada e espelhos.
Sala dos Embaixadores: Um dos espaços mais luxuosos, com decorações douradas e teto pintado.
Jardins de Queluz: Inspirados nos jardins franceses, com lagos, fontes e estátuas, destacando-se o Canal dos Azulejos.
Quarto de D. Quixote: Onde nasceu e faleceu D. Pedro I, Imperador do Brasil e Rei de Portugal como D. Pedro IV.
🎭 Curiosidades
Apelidado de “Versailles Português”, devido à sua arquitetura e jardins requintados.
Foi cenário de bailes e festas luxuosas da corte portuguesa no século XVIII.
Atualmente, além de museu, é usado para cerimônias oficiais do governo português.
O Palácio de Queluz, pelo lado de fora.Sala de Dança.Capela.
Parte das louças do Palácio.
Sala dos Embaixadores (ao fundo os tronos do Rei e da Rainha).Sala dos Embaixadores.Quarto onde Dom Pedro I nasceu, em 1798, e morreu em 1834.Canal dos Azulejos.Fundos do Palácio.Parte dos Jardins do Palácio.
Mais uma manhã fria e chuvosa, com atividades na NOVA. À tarde, decidi passear e, antes de sair, juntei todas as moedas de euro espalhadas pelo quarto. Se no Brasil as moedas são escassas, aqui em Portugal, sobram. Em qualquer lugar que você vá, ao pagar em dinheiro, recebe uma porção de moedas de troco. Como minha partida de Portugal se aproxima, quero me livrar das moedas o quanto antes.
Em minhas experiências gastronômicas locais, experimentei um iogurte de melancia e melão. Fui mais pela curiosidade, mas, para minha surpresa, o sabor era agradável.
Após pegar dois ônibus e rodar quase uma hora, cheguei a Sintra, uma cidade turística no sopé da serra de Sintra, perto de Lisboa. Durante muito tempo, Sintra foi um refúgio da realeza, e sua paisagem arborizada é pontuada por quintas e palácios em tons pastéis. Meu destino na cidade era um palácio: fui visitar o Palácio de Queluz, residência de três gerações da Família Real portuguesa. Foi lá que Dom Pedro I nasceu e, anos depois, faleceu no mesmo quarto em que veio ao mundo. Não me estenderei muito sobre o palácio nesta postagem, pois ele vai merecer uma publicação à parte.
Passei o resto do dia explorando o Palácio de Queluz, que é imenso e belíssimo. Seus jardins são enormes, mas a chuva atrapalhou bastante meu passeio. Chovia e parava, parava e chovia… Acabei me molhando um pouco, mesmo com minha jaqueta corta-vento. O que mais sofreu foram meus pés. Tenho bastante resistência ao frio, mas, quando os pés se molham, essa resistência desaparece. Ainda assim, a visita valeu muito a pena—o Palácio de Queluz foi um dos lugares que mais gostei nesta viagem a Portugal.
Aqui tem o equivalente a R$ 109,25.Iogurte de Melancia e Melão.Em Sintra.Entrada do Palácio de Queluz.No interior do Palácio.No quarto em que Dom Pedro I, nasceu e morreu.Vista de parte dos jardins do Palácio.Nos fundos do Palácio de Queluz.Esperando o ônibus próximo ao Palácio de Queluz.
Mais uma manhã de atividades na Nova, e à tarde consegui ir a Lisboa dar uma volta. Mas, na verdade, eu deveria ter ficado no alojamento. Primeiro, porque mal saí começou a chover e a temperatura caiu bastante. E segundo, porque o trem quebrou e fiquei mais de uma hora na estação esperando que o problema fosse resolvido.
Andei um pouco pelo centro de Lisboa, me perdendo pelas ruas e conhecendo novos lugares. A chuva caiu forte, e eu já estava me preparando para ir embora, quando ela deu uma trégua e consegui visitar uma velha amiga. A Maria Helena é da minha cidade, estudamos juntos o ensino médio, e ela mora em Portugal há quase 20 anos. A visita foi rápida, mas foi muito agradável, e ainda pude conhecer uma de suas netas.
Decidi voltar antes que a chuva recomeçasse. Depois de pegar dois metrôs, um trem e um ônibus, finalmente cheguei ao alojamento. Já estava tarde, fazia muito frio e, após um banho demorado e um lanche rápido, fui direto para a cama.
Esperando o trem que quebrou.Entrada de uma estação do Metrô.Vander, Maria Helena e Nicole.Rua estreita.No Metrô.
O dia amanheceu com sol e pouco frio. No entanto, conversando mais tarde com algumas pessoas que acordaram antes de mim, descobri que o dia tinha começado com chuva forte e até granizo. O clima daqui é realmente meio imprevisível! Pela manhã, assisti às aulas do curso de certificação VCW. Teve até um coffee break, onde aproveitei para comer alguns pastéis de nata. No almoço, comi um sanduíche no quarto e passei boa parte da tarde trabalhando no meu notebook.
Quase no final da tarde, fui com meu irmão até Carcavelos. Fomos de Uber e voltamos de patinete. Lá, visitamos uma loja de informática e depois passamos no supermercado próximo à estação de trem, onde fizemos algumas compras. Aproveitei para comprar uma Fanta, pois estava curioso para saber se, assim como a Coca-Cola, a versão portuguesa da Fanta seria mais saborosa que a brasileira.
À noite, lanchei no quarto e passei um bom tempo fazendo a inscrição para um mestrado em História em uma faculdade da minha cidade. Para ser sincero, nem sei se realmente quero fazer esse mestrado, caso seja aprovado. Hoje foi só a inscrição; no próximo mês, haverá duas etapas de provas e outras avaliações antes de eu saber se fui aceito.
Antes de dormir, resolvi experimentar a Fanta portuguesa. Achei o sabor horrível, parecia Cebion, e a cor é amarelada, diferente da brasileira, que é alaranjada. Pelo menos matei minha curiosidade. Daqui para frente, vou manter distância da Fanta de Portugal!
Curso de certificação VCW.Equipe VCW Brasil.Prestando atenção na aula.Fachada de uma casa, achei bonito.No centro de Carcavelos.Vendo o por do sol no centro de Carcavelos.Liberando o patinete.Fanta portugesa (ruim a beça!).
Depois do almoço, fui lavar roupas. Como não trouxe meias, camisetas e cuecas suficientes para todos os dias da viagem, já sabia que precisaria encontrar uma lavanderia self-service em algum momento. Dei sorte, pois no subsolo do alojamento onde estava hospedado havia uma lavanderia. Já utilizei lavanderias desse tipo em outras viagens, sempre no esquema de colocar moedas para que a máquina de lavar e a secadora funcionassem. No entanto, a lavanderia do alojamento funcionava por aplicativo. Tive que baixar um app, adicionar créditos, escolher a máquina que iria utilizar (identificada por números em uma lista) e, só depois disso, a máquina foi liberada para uso. Se eu não tivesse um celular com acesso à internet, teria ficado com minhas roupas sujas.
Enquanto esperava as roupas lavarem, fui para uma sala de repouso ao lado da lavanderia e fiquei lendo um guia sobre Lisboa, confortavelmente sentado em um puff. O aplicativo enviou uma mensagem avisando que o processo de lavagem tinha terminado. Voltei à lavanderia e coloquei as roupas na secadora. O problema dessas máquinas de secar é que elas costumam encolher roupas feitas no Brasil, especialmente as de algodão de baixa qualidade. Quando morei nos Estados Unidos, entre 2002 e 2003, o apartamento onde vivia não tinha varal nem espaço para instalar um. Ele era equipado com máquinas de lavar e secar, e, após um mês lavando as roupas que trouxe do Brasil, tive que jogar fora todas as meias, cuecas e camisetas de algodão porque encolheram demais. Acabei comprando roupas de algodão fabricadas nos Estados Unidos, e, mesmo após dezenas de lavagens, elas não encolhiam. Curioso, não!
Com as roupas lavadas e secas, fui esperar meu irmão na portaria do alojamento. Havíamos combinado de dar uma volta na praia e ver o pôr do sol. Alugamos patinetes em uma central que ficava dentro da faculdade e seguimos até a beira-mar. O dia estava ensolarado, mas ventava muito e fazia bastante frio. Ficamos cerca de meia hora andando de patinete e, depois de ver o pôr do sol, que aqui é no lado oposto ao que vemos no Brasil, resolvemos encerrar o passeio, pois o frio estava intenso. Minhas mãos estavam duras e vermelhas de segurar o guidão do patinete.
Devolvemos os patinetes em uma central de autoatendimento em frente à praia. O esquema de aluguel e devolução funcionava via aplicativo de celular. Seguimos rumo à faculdade e atravessamos o túnel que liga a praia até ela. Mesmo sendo cedo, por volta das 18h, resolvemos ir direto jantar. Fomos ao restaurante onde costumamos jantar quase todos os dias. Fomos os primeiros clientes da noite e comemos um delicioso calzone.
Depois do jantar, voltei para o meu quarto e fui direto me deitar. O vento frio tinha me causado uma dor de cabeça. Acabei pegando no sono e só acordei quase três horas depois, com o celular tocando. Era minha irmã reportando um problema com meus gatos. Atendi o celular assustado e meio sonolento. Confesso que estou um pouco traumatizado com ligações da minha mãe e da minha irmã em horários incomuns, pois, no ano passado, as chamadas delas “fora de horário” eram sempre para me informar sobre notícias ruins.
Depois de despertar, resolvi tomar banho e ler um pouco. Por fim, vim escrever no blog. Agora estou esperando o sono voltar para ir para a cama…
Lavando roupas.Rolezinho na beira mar.Um belo por do sol.Mãos congelando de frio…
Domingo, o plano era dormir até mais tarde. Acordei às 11h, olhei pela janela e vi que o tempo estava ruim, com vento e chuva fina. Voltei para a cama, onde fiquei mais um tempo. Depois, levantei, tomei banho, me arrumei e, às 13h30, mandei uma mensagem para o meu irmão para saber se estava tudo bem com ele. Combinamos de nos encontrar na portaria às 14h30.
No horário combinado, nos encontramos na portaria e decidimos almoçar em um restaurante em frente, do outro lado da avenida e próximo à praia. Fomos caminhando até lá e, conforme nos aproximávamos da praia, o vento aumentava. O lado bom de ter ido almoçar mais tarde foi que não havia fila, algo comum nos restaurantes daqui nos finais de semana.
Escolhemos uma mesa e, após olhar o cardápio, pedimos risoto de funghi e um calzone. Íamos almoçar comida italiana em Portugal. Para acompanhar, pedimos a deliciosa Coca-Cola de garrafa. A comida demorou um pouco para chegar, mas valeu a espera, pois estava muito saborosa.
Depois de comer, fomos caminhar pela praia em frente e tiramos algumas fotos. O mar estava revolto, e o vento, cada vez mais forte. A chuva caía fraca às vezes, parava por um momento e logo voltava. Com o tempo ruim, não tínhamos a mínima vontade de passear por Lisboa ou outra cidade próxima. Meu irmão sugeriu alugar patinetes, pois havia uma central de aluguel próxima de onde estávamos. Usando um aplicativo de celular, foi muito fácil alugar os patinetes.
Andamos um pouco com os patinetes pela beira-mar e depois fomos até a Nova, pois meu irmão queria pegar algo no seu quarto. Ao atravessar a estrada em frente à faculdade, achei melhor empurrar o patinete. As pessoas respeitam muito a faixa de pedestres por aqui; é só se aproximar dela que os carros param. Cheguei a andar com o patinete em um trecho da rua, ao lado dos carros, mas não gostei da experiência. Achei inseguro andar muito perto de carros em movimento.
Após uma breve parada na faculdade, decidimos ir de patinete até o centro de Carcavelos. Foi uma experiência legal seguir pela ciclovia, mas não dava para se empolgar muito e correr, pois a ciclovia molhada fazia com que fosse fácil derrapar e cair. Devolvemos os patinetes em um local autorizado, próximo à estação de trem. Íamos ao supermercado onde sempre vamos, mas meu irmão sugeriu irmos a um supermercado maior, que ficava cerca de um quilômetro de onde estávamos. Caminhamos pela cidade até chegar nesse outro supermercado, que era grande e cheio de produtos diferentes. Fizemos algumas compras, basicamente de comida, e pegamos um Uber de volta para nossos alojamentos na faculdade.
Quando cheguei ao alojamento, já era quase fim de tarde e estava começando a escurecer. Fiquei no quarto escrevendo, assistindo a vídeos no notebook, comendo, usando o celular e, assim, terminou meu domingo, que foi mais voltado ao descanso. Alguns podem achar estranho uma pessoa de férias precisar descansar, mas prefiro assim: alternar momentos de passeios pela cidade com momentos de descanso. Principalmente em dias frios e chuvosos, quando não vejo razão para sair e enfrentar o mau tempo. Em dias assim, nada melhor do que um quarto quente, comida farta e uma cama gostosa.
O dia amanheceu ensolarado e com pouco frio. Já que era sábado, eu e meu irmão decidimos passear. Pegamos um ônibus até o centro de Carcavelos, onde almoçamos em um restaurante em frente à estação de trem. Pedimos um bife na mostarda, com batatas fritas, que estavam deliciosas. Para acompanhar, tomamos Coca-Cola em garrafas de 350 ml. Como são difíceis de encontrar, sempre que vamos a um lugar que as vende, aproveitamos para beber o que é considerada a melhor Coca-Cola da Europa.
Fomos de trem para Lisboa e desembarcamos na Estação Cais do Sodré, que, aliás, é o ponto final do trem que parte de Carcavelos. Ao sair da estação, atravessamos a grande avenida em frente e fomos ao Time Out Market, uma espécie de mercado municipal moderno. Lá, aproveitamos para comer pastéis de nata — o nome correto dos pastéis que não são produzidos pela famosa Fábrica de Pastéis de Belém. Já estou viciado: como pelo menos um pastel de nata por dia. Ao sair do Time Out, seguimos para um passeio descompromissado na tranquila tarde de sábado, deixando o roteiro livre para explorar a cidade.
Seguimos caminhando em direção à Praça do Comércio, onde sentamos em um banco numa esquina para observar o movimento. Depois passeamos pela praça, tiramos fotos e subimos a Rua Augusta. Paramos em algumas lojas para dar uma olhada, mas os preços proibitivos em euros nos desanimaram de comprar qualquer coisa. Passamos pelo Hard Rock Café, onde meu irmão comprou algumas camisetas para sua coleção.
Continuamos nosso passeio, já que meu irmão queria visitar um shopping que ele conheceu na última viagem a Portugal. Ele queria pegar um Uber, mas o convenci a irmos a pé, pois assim poderíamos explorar de perto algumas áreas de Lisboa que ainda não conhecíamos. Ele topou, e seguimos caminhando. O problema é que boa parte do percurso era de subida. Fizemos uma pausa para descansar em um banco e, ao levantar, senti uma dor forte nas costas, como se fossem choques. Parece que meu ciático está querendo inflamar. A última vez que tive problemas com ele foi em 2017, quando estive na Espanha e precisei até ir ao hospital. Pelo jeito, meu ciático não gosta da Europa, porque no Brasil ele não tem me incomodado nos últimos anos. Acho que o verdadeiro motivo das dores é a cama que tenho dormido, que apesar de confortável, não tem feito bem para minhas costas, pois todo dia acordo com dores. E, principalmente, o clima frio e úmido daqui. De qualquer forma, fiz alguns alongamentos e consegui continuar a caminhada.
Chegamos a uma parte da cidade que muitos chamam de “Nova Lisboa”. É como se fosse outra cidade: os prédios são novos e têm um estilo moderno, nada que lembre as construções antigas que se vê no restante de Lisboa. Quando finalmente chegamos ao shopping, meu irmão ficou aliviado. Havíamos caminhado pouco mais de seis quilômetros desde o Cais do Sodré. Ele não está acostumado a caminhar tanto e ficou bem cansado. Eu não me cansei, já que quase todos os dias caminho três quilômetros na esteira da academia. Mesmo com as dores nas costas, a caminhada foi tranquila para mim.
No shopping, que é enorme, passeamos por várias lojas, fizemos algumas compras e decidimos jantar. Escolhemos um restaurante simpático na praça de alimentação. Ambos pedimos hambúrgueres, que estavam deliciosos. O pão era especialmente gostoso. Como no almoço, tomamos as famosas Coca-Colas portuguesas nas garrafinhas de 350 ml. Aqui, quase todos os lugares oferecem a opção de beber a Coca-Cola com limão e gelo, mas diferente do Brasil, aqui o limão é siciliano. Prefiro não comentar o preço do lanche, porque, se convertido para reais, assusta. A Coca-Cola saiu por volta de R$ 19,00 cada.
Quando saímos do shopping, já estava escuro e fazia frio. Brinquei com meu irmão perguntando se ele queria caminhar até a estação de trem. Ele quase me xingou! Pegamos um Uber direto para a Faculdade Nova. Estávamos a vinte quilômetros de distância, mas o trânsito estava tranquilo, e vinte minutos depois já estávamos em nossos quartos.
Fiquei no quarto, acordado até tarde, escrevendo no blog, lendo e, quando o sono finalmente chegou, fui dormir na cama, que, embora não seja tão confortável para minhas costas, é bem aconchegante e quente.
O dia amanheceu com tempo fechado, com uma garoa fina e muito frio. No meio da tarde fui até o centro de Carcavelos, onde peguei o trem rumo a Cascais, no fim da linha, na direção oposta a Lisboa. Quase todo o percurso, de cerca de 11 quilômetros, segue próximo ao mar.
Em Cascais, caminhei bastante pelo centro da cidade e fui até a praia, que estava completamente deserta. A água estava congelante, e entrar nela seria arriscar uma hipotermia. Achei a cidade muito bonita e bem organizada, claramente voltada para o turismo. Poderia ser comparada a uma versão portuguesa de Balneário Camboriú, mas sem os enormes edifícios. A cidade tem origem no distante ano de 1364 e, hoje, é um dos principais destinos turísticos de Portugal.
Depois de explorar tudo o que achei interessante em Cascais, peguei o trem novamente, no sentido Lisboa. Após cerca de três quilômetros, desci em Estoril. A cidade faz parte do município de Cascais, mas seu centro não tem o mesmo apelo turístico. O que vi foram mais prédios e construções comerciais. No alto de uma grande praça está o Cassino Estoril, muito famoso e considerado o maior cassino da Europa.
Em Estoril, há também um autódromo que, entre 1984 e 1996, recebeu corridas de Fórmula 1. Foi lá, em 1985, que Ayrton Senna conquistou sua primeira pole position e sua primeira vitória na categoria, pilotando a icônica Lotus preta e dourada. Pensei em visitar o autódromo, mas descobri que ele fica no lado oposto e um pouco distante de onde eu estava. Como o dia já estava escurecendo, mesmo sendo pouco mais de 17 horas, decidi voltar para Carcavelos.
Embarquei novamente no trem e logo desci na estação de Carcavelos. Aproveitei para ir ao mercado próximo. Fiz algumas compras e segui para o alojamento da Nova. Meu irmão saiu para jantar com o pessoal do curso, então fiz um lanche no quarto e dormi cedo.
Saí para fazer alguns passeios. Peguei o micro-ônibus ao lado da faculdade e dei sorte: o caixa estava com defeito, então não precisei pagar os 2 euros da passagem. Desci na estação de Carcavelos e, de lá, peguei o trem rumo a Lisboa. O trem não demorou muito a chegar e, mais uma vez, estava quase vazio. Após 20 minutos de viagem, desembarquei na estação Belém.
Comecei minha caminhada pela margem do rio Tejo até chegar ao Padrão dos Descobrimentos (também chamado de Monumento aos Descobrimentos ou Monumento aos Navegantes). Trata-se de uma caravela estilizada “zarpa ao mar”, levando na proa o Infante D. Henrique, acompanhado por 32 figuras que marcaram a expansão ultramarina e a cultura da época: navegadores, cartógrafos, guerreiros, evangelizadores, cronistas e artistas, todos retratados com os símbolos que os representam.
No local onde hoje está o monumento (ou, pelo menos, nas proximidades), saíram as caravelas de Pedro Álvares Cabral, em 1500, rumo ao Brasil. A ideia de que “descobriram” o Brasil é discutível, pois eles já sabiam da existência dessas terras. Esse discurso de “descobrimento” é algo mais para os livros de história. Na realidade, a expedição de Cabral foi mesmo para tomar posse das terras brasileiras.
Depois de observar o local e tirar algumas fotos, segui caminhando pela margem do Tejo. O sol brilhava e o frio deu uma trégua, o que me permitiu ficar só de camiseta. Notei que eu era o único sem blusa por ali. Alguns minutos depois, cheguei à Torre de Belém. Tinha comprado o ingresso pela internet para visitar o interior da torre, mas a fila estava tão grande que acabei desistindo. Tirei algumas fotos do lado de fora e decidi voltar mais tarde para ver se a fila diminuía.
Continuei minha caminhada e cheguei ao Museu do Combatente, um museu militar. Olhei o exterior, mas não vi nada no interior que justificasse uma visita. Mais adiante, encontrei o Monumento aos Combatentes do Ultramar, uma homenagem aos soldados portugueses mortos nas guerras coloniais de 1961 a 1974. Passei algum tempo ali, observando e contando cerca de 1.700 nomes gravados em paíneis de mármore que formavam um enorme muro.
Atravessei uma passarela que passa sobre uma larga avenida e os trilhos do trem e segui rumo ao Mosteiro dos Jerónimos. O mosteiro é gigantesco. Sua construção começou em 1502 e levou cem anos para ser concluída. Anexa ao mosteiro, há uma igreja, onde logo na entrada estão os túmulos de Vasco da Gama e Luís de Camões. Passei mais de uma hora visitando o mosteiro e a igreja, embora esta última estivesse em restauração, o que dificultou bastante a visão de seu interior.
Próximo ao mosteiro, fui experimentar os famosos e originais Pastéis de Belém. Esses pastéis de nata, que podem ser encontrados por todo Portugal (e até em alguns lugares do Brasil), têm uma diferença: são os autênticos, feitos na fábrica localizada na rua Belém, no bairro Belém. Havia fila para sentar nas mesas, então comprei dois pastéis para viagem e os comi encostado em uma grade, na calçada em frente ao estabelecimento, como várias outras pessoas faziam. Junto com os pastéis, vieram dois envelopes: um com açúcar de confeiteiro e outro com canela. Eles estavam quentes, e o sabor… simplesmente indescritível! Foi uma experiência gastronômica incrível. Tenho certeza de que jamais comerei outros pastéis de nata tão saborosos. É triste pensar que talvez nunca volte ali para provar novamente os pastéis, mas só de ter experimentado uma vez já valeu a pena.
Atravessei a praça em frente ao Mosteiro dos Jerónimos e segui novamente rumo à Torre de Belém. Descobri que há um túnel sob a praça que leva à calçada em frente ao Tejo. Atravessando o túnel, cheguei à torre, e dessa vez dei sorte: apenas 16 pessoas na fila. Após cinco minutos, entrei e explorei tudo o que era possível dentro da torre. Subi até o quarto andar, tirei várias fotos e aproveitei a visita. Originalmente, a torre ficava a 250 metros da margem do rio e era cercada por água. Hoje, a área nos fundos foi aterrada, permitindo o acesso a pé por uma passarela de madeira.
Passei mais de uma hora explorando a torre e fui um dos últimos a sair, já ao final do horário de visitação. Caminhei até a estação de trem Belém e peguei o trem até o Cais do Sodré. Já estava escuro. Segui caminhando para a Praça do Comércio, onde andei por cerca de uma hora e meia pelas redondezas, até que o frio começou a apertar. Decidi que era hora de ir embora. Caminhei até a estação Cais do Sodré e peguei o trem para Carcavelos.
Cheguei ao alojamento da faculdade pouco antes das 21 horas. Foi o dia em que voltei mais tarde. Depois de tomar banho e descansar um pouco, meu irmão me chamou para jantar no restaurante da faculdade. Mais uma vez, pedi o carbonara de 11 euros. Desta vez, experimentei uma Pepsi, e achei o sabor muito melhor que o da versão brasileira.
Soube que a Coca-Cola portuguesa é considerada uma das mais saborosas do mundo porque a única fábrica no país usa água de uma região específica. Um amigo que foi diretor da Coca-Cola já me disse que o que mais interfere no sabor do refrigerante é a qualidade da água utilizada. Curiosamente, é raro encontrar Coca-Cola portuguesa por aqui; geralmente, é mais fácil achar a versão fabricada na Espanha. A produção local, ao que parece, é mais cara e acaba sendo exportada para outros países da União Europeia. Dizem que a Coca mais gostosa é a de 290 ml na garrafa de vidro. Ainda não encontrei essa versão aqui, mas lembro de ter tomado uma em 2017, na Espanha, e realmente era deliciosa.
De volta ao meu quarto, passei algum tempo vendo notícias no celular e acabei perdendo o sono. Só consegui dormir depois das três da manhã. Isso era sinal de que, no dia seguinte, acordaria mais tarde do que de costume.
Em frente ao Padrão dos Descobrimentos.Padrão dos Descobrimentos.Torre de Belém.Museu dos Combatentes.Monumento dos Combatentes do Ultramar.Travessia da Passarela.Preça em frente ao Mosteiro dos Jerónimos.Mosteiro dos Jerónimos e sua igreja.Claustro do Mosteiro dos Jerónimos.No antigo refeitório do Mosteiro.Fabrica de Pastéis de Belém.Interior de um dos andares da Torre de Belém.Torre de Belém.
No início do século XIX, em Belém, próximo ao Mosteiro dos Jerónimos, funcionava uma refinaria de cana-de-açúcar associada a uma pequena loja de comércio variado. Com a Revolução Liberal de 1820, todos os conventos e mosteiros de Portugal foram fechados em 1834, resultando na expulsão do clero e dos trabalhadores.
Buscando uma forma de sobrevivência, alguém ligado ao Mosteiro começou a vender na loja alguns pastéis doces, que rapidamente passaram a ser chamados de “Pastéis de Belém”.
Naquela época, Belém era uma área afastada da cidade de Lisboa, e o trajeto até lá era feito por barcos a vapor. Apesar disso, a grandiosidade do Mosteiro dos Jerónimos e da Torre de Belém atraía muitos visitantes, que logo se acostumaram a saborear os deliciosos pastéis originários do Mosteiro.
Em 1837, teve início a produção dos “Pastéis de Belém” em instalações anexas à refinaria, seguindo a antiga “receita secreta” vinda do Mosteiro. Essa receita, transmitida exclusivamente aos mestres pasteleiros que os preparam artesanalmente na chamada “Oficina do Segredo”, permanece a mesma até os dias de hoje.
Atualmente, a única fábrica legítima dos “Pastéis de Belém” preserva o sabor autêntico da antiga doçaria portuguesa, graças à criteriosa seleção de ingredientes e ao rigoroso processo de fabricação. O único pastel de nata que pode ser chamado de “Pastel de Belém” é o feito na fábrica de pastéis localizada próximo ao Mosteiro dos Jerónimos, na Rua Belém, no atual Bairro Belém.
A Igreja do Mosteiro dos Jerónimos, também conhecida como Igreja de Santa Maria de Belém, apresenta uma planta em cruz latina, composta por três naves de igual altura, configurando uma imponente igreja-salão.
Logo à entrada, destacam-se os túmulos de Vasco da Gama e de Luís de Camões, esculpidos no século XIX pelo artista Costa Mota. Avançando pelo interior, na parede norte encontram-se confessionários trabalhados, enquanto no lado sul sobressaem grandes janelas decoradas com vitrais concebidos por Abel Manta.
A abóbada do cruzeiro, com uma largura impressionante de 30 metros, cobre o espaço de forma contínua, exemplificando a ambição tardomedieval de criar amplos vãos com o mínimo de suportes. Neste espaço grandioso, onde se concentram símbolos régios, a ornamentação atinge o seu auge, refletindo a riqueza e a sofisticação da época.
No transepto, os túmulos de figuras históricas reforçam a relevância do monumento. No braço esquerdo estão sepultados o Cardeal-Rei D. Henrique e os filhos de D. Manuel I. Já no braço direito encontram-se os restos mortais do Rei D. Sebastião e dos descendentes de D. João III.
A Igreja é reconhecida como monumento nacional e está classificada como Património Mundial pela UNESCO, um testemunho da sua importância histórica, artística e cultural. Atualmente passa por restauro e reforma, o que atrapalha um pouco a visita ao seu interior.
Obra-prima da arquitetura portuguesa, o Real Mosteiro de Santa Maria de Belém, comumente conhecido como Mosteiro dos Jerónimos, foi originalmente destinado à Ordem de São Jerónimo. Classificado como Monumento Nacional desde 1907, o mosteiro foi inscrito na Lista do Património Mundial da UNESCO em 1983.
Atualmente, a igreja, que ainda abriga serviços religiosos e está aberta para visitas patrimoniais, juntamente com o claustro, secularizado no século XIX, compõem o conjunto patrimonial mais visitado de Portugal.
O edifício foi construído por iniciativa do rei D. Manuel I, cujo reinado decorreu entre 1495 e 1521, e dependeu de meios financeiros avultados e de recursos artísticos exigentes, que este poderoso mecenas disponibilizou. Situa-se numa das zonas mais qualificadas de Lisboa, um cenário histórico e monumental junto ao rio Tejo, local de onde partiram as naus e caravelas no tempo das descobertas.
D. Manuel I mandou construir a Torre de Belém com a finalidade de proteger, não apenas o porto de Lisboa, a barra do Tejo, mas também o Mosteiro dos Jerónimos, então em construção. Na época, a configuração da barra do Tejo proporcionava efetiva proximidade e ligação visual entre os dois empreendimentos régios – a Torre construiu-se no rio, a 250 metros da margem, sobre um afloramento basáltico, e o Mosteiro foi erigido na margem, em frente da praia do Restelo.
A excelência do edificado é devedora da experiência do primeiro mestre, Diogo de Boytac, e de outros notáveis arquitetos e escultores provenientes de diferentes regiões da Europa. Entre estes, destacam-se o biscainho João de Castilho, que dirigiu as obras a partir de 1517, após ter concluído o portal sul da igreja – ricamente decorado, onde se destacam as imagens do Santo Patrono de Portugal, Arcanjo S. Miguel (ao cimo), e a imagem de Santa Maria de Belém (ao centro) –, e o escultor francês Nicolau Chanterene, a quem se deve o portal ocidental. Este portal ostenta com visível aparato os retratos dos reis patronos, D. Manuel I e D. Maria de Castela, referidos pelos cronistas como sendo “tirados do natural”.
O conjunto monástico conserva, além da igreja manuelina, grande parte das magníficas dependências conventuais que contribuíram para a sua fama internacional, incluindo o claustro quinhentista, o antigo refeitório dos monges e a sala da antiga livraria.
A Torre de Belém, originalmente chamada de Torre de São Vicente a Par de Belém e oficialmente denominada Torre de São Vicente, é uma fortificação situada na margem direita do rio Tejo, onde outrora existia a praia de Belém. Inicialmente, a torre era completamente cercada pelas águas do rio em todo o seu perímetro. No entanto, ao longo dos séculos, o recuo das águas e a sedimentação fizeram com que a torre passasse a integrar a terra firme.
Com o tempo, a torre foi perdendo a sua função original de defesa da barra do Tejo. Durante a ocupação filipina, os antigos paióis militares foram convertidos em calabouços. Internamente, a torre mantém uma divisão clássica em quatro pisos: a Sala do Governador, a Sala dos Reis, a Sala de Audiências e, no topo, a Capela, com suas características abóbadas quinhentistas.
A Torre de São Vicente, cuja construção teve início em 1514, fazia parte de um sistema de defesa idealizado por João II de Portugal para proteger a entrada da bacia do Tejo. Esse sistema incluía ainda a Torre de São Sebastião da Caparica (1481), localizada na margem sul do rio, e a Torre de Santo António de Cascais (1488), situada a oeste.
O monumento é um exemplo marcante de nacionalismo, evidenciado pelas decorações que o adornam: brasões de armas de Portugal, inscrições com cruzes da Ordem de Cristo nas janelas do baluarte e outros elementos que remetem à época áurea do país como potência global durante o início da Idade Moderna.
A construção da torre foi iniciada em 1514, durante o reinado de D. Manuel I (1495–1521), sob a supervisão do arquiteto Francisco de Arruda. Erguida sobre um afloramento rochoso no leito do rio Tejo, em frente à antiga praia de Belém, a estrutura foi concebida para substituir uma nau artilhada que anteriormente exercia funções defensivas na área e marcava o ponto de partida das frotas para as Índias. Diogo Boitaca, responsável pelas obras do vizinho Mosteiro dos Jerónimos, também colaborou nos trabalhos iniciais da torre. A obra foi concluída em 1520, tendo como seu primeiro alcaide Gaspar de Paiva, nomeado em 1521.
Com a evolução das tecnologias de guerra, a torre foi gradualmente perdendo sua utilidade militar. Ao longo dos séculos, desempenhou diversas funções: registo aduaneiro, posto de sinalização telegráfico, farol e até prisão. Durante o reinado de Filipe II de Espanha (1580–1598), os seus paióis foram transformados em calabouços usados para deter presos políticos, função que também exerceu no reinado de D. João IV de Portugal (1640–1656). Um dos detidos mais notáveis foi o Arcebispo de Braga, D. Sebastião de Matos de Noronha, opositor do movimento restauracionista de D. João IV.
A torre passou por diversas remodelações ao longo dos séculos, destacando-se as intervenções do século XVIII, que incluíram a renovação das ameias, do varandim do baluarte, do nicho da Virgem voltado para o rio, e do claustrim. O design arquitetônico e volumétrico da torre, que remete à forma de uma nau, reflete uma síntese de beleza, originalidade e inovação.
Juntamente com o Mosteiro dos Jerónimos, a Torre de Belém foi classificada como Património Mundial da UNESCO em 1983 e eleita uma das Sete Maravilhas de Portugal em 2007.
De autoria do arquiteto Cottinelli Telmo (1897–1948) e do escultor Leopoldo de Almeida (1898–1975), o monumento representa uma caravela estilizada, avançando ao mar com o Infante D. Henrique à proa, ladeado por um conjunto de 32 figuras históricas, personagens emblemáticos da expansão ultramarina e da cultura portuguesa da época. Entre os representados encontram-se navegadores, cartógrafos, guerreiros, evangelizadores, cronistas e artistas, cada um caracterizado pelos símbolos que os individualizam.
Um mastro estilizado, orientado no eixo Norte–Sul, exibe em cada uma das suas faces dois escudos portugueses com cinco quinas, circundados por uma faixa com 12 castelos. Ao centro, diversas flores-de-lis adornam o conjunto. Adossadas ao mastro encontram-se três estruturas triangulares curvas, que dão a ilusão de velas enfunadas pelo vento, reforçando o simbolismo marítimo do monumento.
A face norte é marcada por dois gigantes de cantaria, que contêm as seguintes inscrições em letras metálicas:
À esquerda, sobre uma âncora: AO INFANTE D. HENRIQUE E AOS PORTUGUESES QUE DESCOBRIRAM OS CAMINHOS DO MAR;
À direita, sobre uma coroa de louros: NO V CENTENÁRIO DO INFANTE D. HENRIQUE 1460–1960.
O acesso ao interior é feito por uma escadaria central de nove degraus, que conduz a um átrio com vista privilegiada sobre a área circundante. Um segundo lanço, com cinco degraus, leva a um portal com arco de volta perfeita, decorado por uma moldura formada por aduelas.
O monumento é ladeado por duas esferas armilares metálicas, posicionadas sobre plataformas paralelepipédicas que reforçam a ligação ao tema da navegação.
Características técnicas:
Altura: 56 m
Largura: 20 m
Comprimento: 46 m
Fundações: 20 m
Figura central (Infante): 9 m
Figuras laterais (32): 7 m
Atualmente o acesso ao interior do monummento não é permitido, pois o mesmo passa por reforma e restauro.
O dia amanheceu frio, mas desta vez com sol. No início da tarde, saí, peguei o ônibus até o terminal e de lá um trem para Lisboa. Sentei-me do lado direito do trem, que estava com poucos passageiros. Há um trecho em que o trem passa próximo à praia, oferecendo uma vista bonita. Desci na última estação, chamada Cais do Sodré, localizada no bairro que leva o mesmo nome. O Cais do Sodré é um animado destino de vida noturna e gastronomia em Lisboa.
Vi no mapa do celular que a Praça do Comércio ficava a apenas 800 metros de onde eu estava e fui caminhando até lá. Na minha viagem anterior a Portugal, em 2017, visitei a Praça do Comércio e seus arredores, mas naquela ocasião jamais imaginei que um dia voltaria a pisar naquele lugar. A Praça do Comércio está localizada junto ao rio Tejo, numa área que foi o local do palácio dos reis de Portugal durante cerca de dois séculos. Hoje, a praça é parcialmente ocupada por departamentos governamentais. É uma das maiores praças da Europa, com aproximadamente 36.000 m² (180m x 200m). Durante muito tempo, foi a entrada nobre de Lisboa. Nos degraus de mármore do cais em frente à praça, vindos pelo rio, desembarcaram chefes de Estado e outras figuras importantes.
A praça é enorme, cercada por construções antigas e embelezada por um portal monumental. Lembrei-me das aulas de história na faculdade: foi na Praça do Comércio que, em 1º de fevereiro de 1908, o rei D. Carlos (penúltimo rei de Portugal) e seu filho, o Príncipe Real D. Luís Filipe, foram assassinados enquanto passavam pelo local.
Depois de dar uma volta e tirar algumas fotos na praça, subi pela Rua Augusta, uma via fechada ao trânsito, famosa por sua concentração de lojas, muitas delas de grandes marcas internacionais. A rua é frequentemente tomada por turistas, artistas de rua, artesãos e vendedores ambulantes. Já conhecia a Rua Augusta e continuei caminhando até o final dela. A partir dali, tudo era novidade para mim. Comecei a explorar lugares desconhecidos, caminhando sem rumo por cerca de duas horas, subindo e descendo ladeiras, observando o que podia e tirando fotos do que achava interessante. Em alguns momentos, sentia-me completamente perdido, sem saber se estava me afastando ou me aproximando do rio Tejo, a região que conhecia melhor.
Gosto de me perder assim quando visito cidades novas ou pouco conhecidas. É uma forma de conhecer melhor o lugar e descobrir atrações e locais interessantes que não aparecem nos guias turísticos. Passei por uma parte da cidade com ruas estreitas, habitada majoritariamente por pessoas de origem árabe. Em uma das ladeiras, havia uma enorme escada rolante que usei para subir. Bem no meio da subida, começou a chover, e não havia onde me abrigar. Felizmente, a chuva foi fraca e rápida.
Voltei para a região mais próxima ao rio Tejo e continuei caminhando, descendo ladeiras. Passei em frente à Santa Casa da Misericórdia, que fica em um prédio antigo com uma igreja ao lado. Em frente, havia uma estátua do Padre Antônio Vieira e, na base da estátua, uma placa contando sobre seus anos de catequização de índios no Brasil. O Padre Antônio Vieira era jesuíta. Trabalhei por sete anos com padres jesuítas em Curitiba, em um colégio mantido por uma associação religiosa chamada Associação Antônio Vieira.
Quando começou a escurecer e esfriar mais, resolvi seguir em direção ao terminal de trens e metrô do Cais do Sodré. Recebi uma mensagem do meu irmão dizendo que estava no apartamento do Luís, amigo dele. Como o apartamento ficava perto de onde eu estava, decidi passar por lá. Chegando em frente ao prédio, sentei-me em um banco e mandei uma mensagem avisando onde estava. Mal enviei a mensagem e meu irmão e o Luís apareceram. Começou a chover, então resolvemos voltar para a faculdade, em busca do conforto e calor de nossos quartos. Em vez de pegar o trem, meu irmão achou melhor chamar um Uber. Assim que entramos no carro, a chuva apertou. Daquele ponto até nosso alojamento na Universidade NOVA eram 16 quilômetros. Mesmo sendo horário de pico e com chuva, a viagem foi rápida.
De volta ao meu quarto, descansei, tomei banho, escrevi um pouco e depois fui jantar com meu irmão. Mais uma vez comi o carbonara de todas as noites. Conversamos um pouco, e cada um foi para o seu quarto. Acabei dormindo cedo mais uma vez.
Caminho que fiz entre o Cais do Sodré e Praça do Comércio.
Praça do Comércio.Elevador de Santa Justa.
Subindo ladeira de escada rolante.Santa Casa de Misericórdia.Estátua do Padre Antonio Vieira.
Acordei cedo, após uma merecida noite de sono. Me ajeitei e fui encontrar meu irmão na portaria. Pegamos um ônibus ao lado da faculdade e fomos até o centro de Carcavelos. No ônibus encontramos alguns brasileiros que também estão fazendo o curso do VCW na faculdade NOVA Sbe. Estava sol, mas fazia um pouco de frio. A viagem de ônibus durou cerca de cinco minutos.
Demos uma volta pelo pequeno centro da cidade e paramos numa padaria para tomar café da manhã. A padaria era atendida por uma brasileira. Aliás, brasileiros víamos por toda parte. Nosso café da manhã foi misto quente e Pepsi. Depois do café, fomos até um supermercado próximo, chamado Pingo Doce, onde fizemos algumas compras. Pegamos o ônibus de volta para o nosso alojamento na faculdade. Meu irmão foi encontrar o pessoal do curso, e eu fui trabalhar no quarto.
Passei boa parte do dia trabalhando, pois esse era o dia de enviar a parte final do faturamento mensal para os clientes. Felizmente, levando meu notebook junto, consigo trabalhar em qualquer lugar que tenha conexão com internet. Meu plano era terminar o trabalho logo após o almoço e ir passear em Lisboa. No entanto, tive alguns problemas técnicos e, por conta disso, deixei o passeio para o dia seguinte.
Quase no final da tarde consegui passear pela praia, onde cheguei atravessando um túnel que sai da faculdade e leva até a praia do outro lado. Ventava muito e fazia frio, mas mesmo assim consegui caminhar cinco quilômetros, indo pela pista de caminhada ao lado da praia e voltando por uma calçada ao lado da estrada, onde ventava menos.
Voltando da caminhada, peguei o ônibus que leva até o centro da cidade e fui fazer mais compras no Pingo Doce. Como tinha pago a passagem de ônibus pela manhã, guardando o comprovante você tem direito a andar no mesmo ônibus várias vezes no mesmo dia. Quando saí do mercado já estava escuro e logo peguei o ônibus de volta para a faculdade.
De volta ao meu quarto, trabalhei mais um pouco enquanto esperava meu irmão voltar. À noite, fomos jantar no mesmo restaurante da noite anterior e comi novamente um prato de carbonara. Começou a chover e, mesmo sendo dentro da faculdade, o restaurante fica no lado contrário do nosso alojamento. Tivemos que voltar para o alojamento debaixo de chuva, que estava muito gelada e chegava a doer as orelhas quando a água batia nelas.
No meu quarto, arrumei algumas coisas, conversei com minha mãe e irmã pelo celular e WhatsApp e fui dormir cedo. Chuva e frio do lado de fora, cama quente do lado de dentro. Fico com a cama…
Em frente ao alojamento.Brasileiros no busão.Carcavelos.Café da manhã.No centro de Carcavelos.Forte próximo a faculdade.Caminhada a beira mar.Trabalhando no quarto.O carbonara de 11 Euros.
Após algumas horas de sono profundo, a comissária de bordo me despertou. Faltava cerca de uma hora para aterrissarmos em Lisboa. Fui ao banheiro fazer o que é costume fazer em um banheiro pela manhã e, ao retornar ao meu assento, serviram o café da manhã: farto e saboroso. Depois disso, fiquei olhando o monitor à minha frente, observando os dados do voo, especialmente a quilometragem restante até Lisboa. Acabei me distraindo e, como estava em um local sem acesso a visão das janelas, tomei um grande susto quando o avião pousou com uma pancada forte no chão. Não percebi que estávamos na fase final de aterrissagem. Ficamos parados na pista por alguns longos minutos antes de seguirmos para nossa posição de desembarque.
Fui o quarto passageiro a sair do avião. Lá fora, o tempo estava escuro, chuvoso e frio. Era minha segunda vez em Portugal. Em setembro de 2017, passei apenas um dia em Lisboa, depois de ficar um dia na cidade do Porto vindo da Espanha. Naquela ocasião, conheci muito pouco da cidade. Desta vez, com mais dias disponíveis, pretendo explorar melhor Lisboa e seus arredores.
Eu e meu irmão passamos pela imigração sem qualquer problema. O policial fez as perguntas básicas e logo nos liberou. Só não gostei do carimbo no passaporte, que estava com a tinta fraca, mal dando para ler. Para viajantes, os carimbos são como uma espécie de coleção: guardamos como lembranças dos países por onde passamos. Tenho um carimbo bastante raro que poucos brasileiros possuem. Mesmo meu irmão, que viaja mais do que eu, não tem. Trata-se de um carimbo do Brasil, que é exclusivo para estrangeiros. No entanto, anos atrás, ao voltar ao Brasil pela Bolívia, um agente de imigração sonolento carimbou meu passaporte brasileiro com o carimbo oficial. Quando percebeu o erro, pediu desculpas, mas eu disse que não havia problema. Sabia que tinha ganhado uma raridade.
Nossas malas demoraram bastante para aparecer na esteira e estavam um pouco molhadas. Seguimos para fora do aeroporto, pegamos um táxi e fomos ao centro de Lisboa, onde mora um amigo e sócio do meu irmão. Saí do táxi me sentindo mal, bastante enjoado. Acho que a culpa foi dos vários “cheirinhos” artificiais pendurados no carro. Tenho sensibilidade a alguns aromas, e esses artificiais em especial sempre me fazem mal.
O Luís, amigo do meu irmão, nos recepcionou calorosamente e logo entramos no espaçoso apartamento. Havia mais duas pessoas por lá, recém-chegadas do Brasil, que participariam do mesmo curso que meu irmão. Quando comentei com meu irmão que estava enjoado, Luís ouviu e me levou até a sacada, onde me fez sentar numa poltrona. Ele disse para eu respirar ar puro e trouxe uma garrafa de água gaseificada. Eu, que adoro água com gás, provei e aprovei a versão portuguesa de água com gás. Depois de alguns minutos na sacada, comecei a me sentir melhor.
Luís havia preparado um almoço especial para os visitantes: algo bem português. O problema é que eu, o enjoado da história, não como nada que venha da água. O almoço era bacalhau e polvo assados. Acabei comendo apenas os acompanhamentos: batatas e vagens assadas, que estavam deliciosas. Após o almoço, descemos para a garagem do prédio e embarcamos na van que Luís havia alugado para transportar os participantes do curso.
Dentro da van estava quentinho, enquanto do lado de fora o frio e a chuva predominavam. Seguimos por uma estrada à beira-mar rumo a Carcavelos, a 16 quilômetros dali. No caminho, passamos por construções históricas e Luís, se mostrando o melhor guia turístico possível (mesmo não sendo guia), nos contou suas histórias. Vimos a Torre de Belém de longe, parcialmente escondida por árvores. Esse é o ponto turístico de Lisboa, que mais tenho vontade de conhecer. Em 2017, na minha primeira passagem por Lisboa, não tive tempo de visitá-la. Desta vez, vou voltar para uma visita completa, o que certamente renderá uma postagem exclusiva no blog.
Chegamos à NOVA School of Business & Economics, onde o curso será realizado. Eu e meu irmão ficaremos hospedados no alojamento da faculdade. Como muitos alunos estão de férias, os quartos vazios são alugados para turistas. O alojamento fica a cerca de 300 metros do mar, mas, com o inverno rigoroso, não haverá chance de ir à praia. Fizemos o check-in, preenchi a ficha de hospedagem e a recepcionista, uma portuguesa chamada Maria, elogiou minha letra (de forma), que, segundo ela, é bonita. Pelo que me lembro, essa foi a primeira vez que alguém elogiou minha letra.
Os quartos são confortáveis, com cama, mesa, cadeiras, armários, frigobar, micro-ondas, utensílios básicos de cozinha e um banheiro aquecido a gás. Não gostei muito do estilo europeu do chuveiro tipo ducha, que você tem que fixar num cano se não quiser tomar banho com a ducha na mão. E tembém não gostei da cortina de plástico, que sempre deixa água ir parar no chão. Prefiro os chuveiros fixos e os boxes de vidro, ou acrilico, no estilo brasileiro. O aquecimento do quarto é central e fica ligado quase o dia todo.
Depois de ajeitar nossas coisas, fomos conhecer a faculdade. O campus é moderno, com uma estrutura que eu nunca vi no Brasil: restaurante, lanchonetes, mercado, academia, espaços de estudo e até um túnel que leva à praia. Passei a tarde sendo apresentado a pessoas e tentando ser discreto, pois não farei o curso que meu irmão e os demais brasileiros farão, então deixava o pessoal do curso trocar informações e conversar, evitava me intrometer na conversa deles. Ser discreto, ou seja, ficar quieto, só aumentava meu sono. No final do dia, nos levaram num local onde acontecem recepções e jantares. Duas máquinas de café gratuitas salvaram minha vida: três cappuccinos e um mocha resolveram o problema do sono sem fim.
Aqui escurece às 17h30min nessa época do ano, e estamos três horas à frente do horário do Brasil. Isso me deixa meio confuso: meu estômago fica maluco, sinto sono em horários errados. Demoro alguns dias para me acostumar com a mudança de horários e rotina. Daí, quando me acostumo, já estará na hora de voltar para o Brasil, e lá vou sofrer mais alguns dias para me adaptar à antiga rotina.
Após tomar banho e descansar um pouco, encontrei meu irmão na recepção, e fomos jantar em um restaurante que fica dentro da faculdade. Mesmo não sendo época de aulas normais, o lugar estava cheio. Sentamos em uma mesa em um canto, e meu irmão pediu um prato de macarrão com camarão. Vi no cardápio que a maioria dos pratos tinha peixe ou frutos do mar. Acabei escolhendo um macarrão carbonara, que é um dos tipos de macarrão que mais gosto. A alimentação nas lanchonetes e restaurante dentro da faculdade é subsidiada, ou seja, mais barata do que em estabelecimentos fora dali. Mesmo sendo mais barato, meu macarrão à carbonara custou 11,00 euros, o que dá cerca de R$ 66,00. Pensando em euros, é barato; já em reais, é caro. Mas, se você começar a calcular o preço das coisas em reais, fica meio maluco e passa fome. Então é melhor pensar no custo 1 x 1 e deixar para passar mal quando for pagar as faturas do cartão de crédito nos próximos doze meses, já que quase tudo estou parcelando em 10 ou 12 vezes.
Depois de comer, ficamos conversando com o garçom que nos atendeu, que é brasileiro e está há pouco tempo em Portugal. A recepcionista também era brasileira, com sotaque do Nordeste, enquanto o garçom nos contou que era do Rio de Janeiro. Eu e meu irmão voltamos para o alojamento, e cada um foi para o seu quarto. Terminei de arrumar minhas coisas e logo fui para a cama. Esse clima de inverno costuma me dar sono, e, após ter dormido poucas horas nos últimos dias, o que mais queria era poder dormir algumas horas numa cama quentinha e confortável… ZZZZzzz…
Café da manhã no avião.Desembarque.Água que curou meu enjoo.Na van, vendo a Torre de Belém.Nova School of Business and Economics.Nova School.Nova School.Nova School.Alojamento dos estudantes.Momento de repouso.
Eu estava planejando tirar alguns dias de férias em janeiro e ir para a Serra do Mar paranaense. Pretendia subir o Pico Paraná mais uma vez. Nos últimos dois meses, vinha treinando intensamente quase todos os dias. Porém, precisei interromper os treinos duas vezes de forma não planejada: a primeira, por causa de uma cirurgia na boca, em que levei vinte pontos e fiquei vários dias sem poder fazer qualquer esforço físico; e a segunda, devido a uma forte gripe causada pelo vírus da influenza.
No entanto, os planos mudaram de última hora quando recebi um convite do meu irmão para viajar a Portugal com ele. Cancelei a ida a Curitiba e à Serra do Mar e comecei a me preparar para atravessar o Atlântico. Seria a minha terceira viagem à Europa. Meu irmão estava indo para Portugal para cursar a segunda fase de um programa em uma faculdade de negócios em Cascais, uma cidade litorânea próxima a Lisboa. Dois anos atrás, ele já havia concluído a primeira etapa do curso e agora retornaria para finalizá-lo.
Embora não fosse o momento ideal para visitar a Europa, especialmente com o euro nas alturas, não resisti ao convite. Eu tinha algumas economias guardadas e planejei parcelar os custos extras em suaves prestações no cartão de crédito. Além disso, senti que merecia uma viagem dessas após o terrível ano de 2024, que quase não me permitiu viajar.
Com tudo acertado, e depois de passar uma noite em claro por ter ido a uma festa, finalizei os preparativos, ajeitei minhas coisas e saí de madrugada de carro rumo a Maringá. Lá, deixei meu carro na garagem do meu irmão e seguimos juntos para o aeroporto. Pegamos um voo da Gol direto para Guarulhos, onde passamos o dia aguardando nosso voo para Lisboa. Optamos pelo primeiro voo do dia para evitar problemas com os temporais previstos para o dia, já que não queríamos correr o risco de o aeroporto fechar ou o voo atrasar.
No aeroporto de Guarulhos, almoçamos e demos uma volta pelo terminal. Acabei me deparando com a Mariana Becker, a repórter de Fórmula 1 da Band, que também trabalhou muitos anos na Globo cobrindo o mesmo esporte. Como fã de Fórmula 1 e acompanhando as corridas desde 1980, não resisti e, educadamente, pedi para tirar uma foto. Ela foi muito simpática e até se desculpou por estar com os olhos inchados.
Seguimos para a sala VIP da Latam, onde passamos a maior parte do dia cochilando, mexendo no celular e, principalmente, comendo. O espaço oferecia muitas opções de comidas, lanches, doces, sorvetes e bebidas, tudo de graça. Por volta das 21h, deixamos a sala VIP e fomos procurar nosso portão de embarque. Fazia muito calor, e parecia que parte do aeroporto estava sem refrigeração. O embarque começou às 22h30 e foi tranquilo. Graças a algumas milhas acumuladas, eu teria a chance de viajar pela primeira vez na classe executiva. Para um voo de quase 10 horas, o conforto extra seria muito bem-vindo. Só preciso tomar cuidado para não me acostumar mal, porque, no futuro, provavelmente terei que voltar à classe econômica.
O início da viagem foi tranquilo, e, mesmo estando acordado há quase 40 horas, eu não sentia sono. Aproveitei para assistir a um filme e, em seguida, jantar, com direito a um sorvete Häagen-Dazs de sobremesa. Mais luxo, impossível! Após cerca de três horas de voo e algumas turbulências ao sobrevoar a Bahia, o sono finalmente chegou. Ajustei minha poltrona, que ficava completamente horizontal, e dormi quase o resto da viagem.
Tietando a Mariana Becker no aeroporto.Descansando na sala vip.Fui sentando na última fileira da classe executiva.Meu irmão foi sozinho na janela.