Domingo, 19/04/2009:
Acordei pouco depois das 06h00min e mal conseguia me mover. Meu corpo doía por inteiro, principalmente as costas. Foi a maior tortura levantar, desmontar barraca e arrumar as coisas. Tive que tomar um relaxante muscular para suportar as dores. Tomei café, fiz uma rápida visita a igrejinha de madeira e logo fui pra estrada. Alcancei a Zilma e o Emerson e fomos conversando. A estrada estava horrível, com muita poeira e apesar de não serem longas como na tarde anterior, subidas existiam aos montes. Aos poucos o remédio foi fazendo efeito, o corpo aqueceu e as dores se tornaram suportáveis. Caminhamos a manhã toda e além do Emerson e da Zilma, também segui na companhia da Christine e do Valtério. Pouco antes do meio-dia paramos num lugar chamado Pranchinha (ou Pranchita como alguns preferem). Dali teria mais uns três quilômetros de caminhada e depois seguiríamos de ônibus por uns 12 km até a cidade Luziânia. Uma bolha no pé estava incomodando e decidi subir na Toyota da equipe de apoio. Tinha caminhado algo em torno de 47 km em um dia e meio, então achei que não faria falta deixar de caminhar os poucos quilômetros finais, que poderiam piorar a situação de meu pé. Em cima da Toyota fomos eu, Zilma e Mariá. Depois o Valtério se juntou a nós e demos boas risadas. Apesar do sacolejo e de comer poeira, foi divertido. Paramos num lugar onde hoje existe uma plantação de soja, mas que no passado existiu uma pequena comunidade chamada Campina da Lizeta. Nessa comunidade existiam várias casas e famílias, Igreja e Cemitério. Hoje não existe mais nada, apenas soja e mais soja. O que aconteceu na Campina da Lizeta, aconteceu em muitos outros lugares do Paraná. As grandes fazendas de soja, cada vez mais mecanizadas, fizeram que existisse um enorme êxodo rural. As famílias que viviam nesses locais não tinham mais onde morar e tiveram que ir pra cidades maiores, quase sempre indo viver em favelas.
Próximo a Luziânia passamos por um grupo enorme de cavaleiros. Paramos na entrada da cidade e seguimos a pé até um lugar onde seria servido o almoço, para nós e para os cavaleiros que participavam da “Cavalgada do Descobrimento”. No local do almoço conversei com algumas pessoas, tirei fotos e depois fui para a fila da comida. O prato principal era picadão de carne cozida, que confesso não é dos meus pratos preferidos, depois de comer tal prato quase todos os dias durante os dois anos que passei no Exército. Mas a comida estava boa e fui encher o prato de novo.
A tarde seguimos de ônibus para uma cachoeira que fica na saída da cidade, um local muito bonito. A água estava gelada, mas não resisti e acabei entrando. Foi relaxante ficar sentando no pé da cachoeira e também serviu pra tirar um pouco da poeira acumulada pelo caminho. Depois embarcamos no ônibus e seguimos para Campo Mourão. Pelo caminho muita cantoria e um pouquinho de tristeza, pois o final de semana tinha sido tão bom que ninguém queria que terminasse. Chegando em Campo Mourão me despedi do pessoal e fui pra casa. A noite o Wagão me levou até Nova Cantu pra buscar meu carro e ás 23h00min estava de volta na casa de meus pais, exausto, moído, dolorido, mas contente por ter participado de minha terceira Peregrinação pelo Caminho de Peabiru. Esse é o tipo de programa que a pessoa faz uma vez e volta outras vezes ou então nunca mais aparece. È cansativo, mas ao mesmo tempo é prazeroso, você tem contato com pessoas dos locais por onde passa e é sempre bem tratado, o povo é hospitaleiro. Lógico que existem exceções, como os bêbados que me deram informações erradas, mas a maioria do pessoal é muito querida. E você acaba fazendo novos amigos e fortalecendo antigas amizades.
È isso ai, até a(s) próxima(s)!!!!