Passeio de trem Morretes / Curitiba

Fizemos o passeio de trem entre Morretes e Curitiba. Na verdade embarcamos pouco depois de Morretes, na Estação Marumbi. Era a primeira vez que a Eliane fazia esse passeio e ela gostou da experiência. Eu já fiz várias vezes, sendo a última vez em 2010. Tal passeio é muito legal e a paisagem é incrível.

Farei duas observações que acho oportunas. A primeira é com relação as árvores do lado da estrada, que cresceram muito e impedem de se ver muitas paisagens que eram possíveis ver no passado.

A segunda observação é com relação ao preço da passagem. A passagem mais barata é R$ 160,00. Achei muito caro! Lembro dos tempos em que a RFFSA administrava o trem e os preços eram bem em conta. Era muito comum nos finais de semana, famílias inteiras pegarem o trem e irem até Morretes ou Paranaguá (naquela época o trem ia até lá) passarem o dia e no final da tarde pegarem o trem de volta para Curitiba. Hoje isso é meio que impossível de se fazer, pois um casal com um filho, gastaria R$ 960,00 para fazer tal passeio, isso comprando a passagem mais barata. A Serra Verde Express, empresa que administra o trem de passageiros atualmente, parece estar mais preocupada com os turistas endinheirados do que com os passageiros comuns, moradores de Curitiba e região metropolitana.

Ponte São João.

Cruz do Barão.
Véu da Noiva.

Túnel do Tempo: Primeiros Socorros

A foto desse Túnel do Tempo é de novembro de 1998. Ela foi tirada no trem que seguia de Paranaguá a Curitiba. Uma funcionária da Serra Verde Express estava limpando meus ferimentos e fazendo curativos em mim. Eu tinha subido pela primeira vez o Pico do Marumbi e na descida errei a trilha, escorreguei e caí nas pedras, ficando pendurado na borda de um penhasco. Consegui evitar de cair no precipício, me arrastando pelas pedras e segurando em alguns pequenos galhos.

Evitei um acidente mais grave, mas me cortei e me esfolei bastante, inclusive tendo parte de minha roupa rasgada. Após o susto consegui descer o restante da trilha e pegar o trem rumo a Curitiba. Ao me ver todo ensanguentado e machucado, a moça da foto veio prestar os primeiros socorros. Não lembro o nome da moça e nem lembro do rosto dela. Mesmo assim serei eternamente agradecido pelos cuidados que teve comigo.

Primeiros socorros no trem. (novembro/1998)
Primeiros socorros no trem. (novembro/1998)

O metrô de Nova York pela lente de Vander Dissenha

A última postagem que fiz aqui no blog, foi sobre “O metrô de Nova York pela lente de Stanley Krubrick”. Então aproveito para fazer esta postagem sobre o metrô de Nova York, através de minha própria lente. São fotos de 2003 e 2011. Ás de 2003 são fotos tiradas ainda com uma câmera de filme, e ás de 2011 com uma câmera digital. Dá para perceber que a qualidade das fotos digitais são melhores.

Conheci pouca coisa do metrô de Nova York, pois ele é enorme. Mas mesmo assim conheci muita coisa do metrô, pois fiz algumas viagens longas e também parei em várias estações. Andar de metrô em Nova York é uma experiência interessante, onde você vê muitas pessoas diferentes e situações inusitadas. Algumas vezes ao andar de metrô em Nova York, eu me sentia dentro de um dos muitos filmes que assisti e que tinha como cenário algum trem ou estação do metrô nova-iorquino.

Estação Chambers Street. (2003)
Estação Chambers Street. (2003)
Trem passando. (2003)
Trem passando. (2003)
3
Maquinista. (2011)
Trem passando. (2011)
Trem passando. (2011)
Estação da 59 Street. (2011)
Estação da 59 Street. (2011)
Estação da 59 Street. (2011)
Estação da 59 Street. (2011)
Interior de um vagão. (2011)
Interior de um vagão. (2011)
Catracas. (2011)
Catracas. (2011)
Vander, na estação da 42 Street. (2011)
Vander, na estação da 42 Street. (2011)

Viagem ao Peru e Bolívia (24° Dia)

07/06/2012 

Santa Cruz de La Sierra 

Acordei às 10h00min e fiquei vendo TV na cama por algum tempo. Depois levantei, tomei banho frio (não tinha outra opção!), arrumei minhas coisas e saí. Fiz o checkout às 11h30, que era o horário limite para sair do hotel. Saí e atravessei à avenida em frente ao hotel para ir até o Terminal Bimodal. Lá deixei minhas mochilas no guarda volumes e fui para o centro da cidade. A chuva tinha parado, mas continuava nublado e fazendo frio. Ao caminhar pela rua notei que minha calça estava caindo. Após tantos dias comendo comidas ruins, fazendo algumas atividades físicas desgastantes e vivendo em altas atitudes, acabei perdendo alguns quilos.

Eu conhecia o caminho até o centro da cidade, pois estivera passeando por alí algumas semanas antes, no início da viagem. Minha intenção era almoçar no mesmo restaurante onde almocei da outra vez em companhia de alguns amigos. Encontrei o restaurante, mas naquele dia não serviriam almoço. Achei estranho isso, mas não perguntei o motivo. Saí andar pelo centro e então notei que todas as lojas estavam fechadas. Foi então que lembrei que era feriado de Corpus Christi. Nessa viagem eu tinha perdido um pouco a noção de tempo e muitas vezes não sabia que dia da semana ou do mês era, e muito menos me lembrava de feriados. Andei um pouco pelo centro e fui até a praça em frente à Catedral, que mais uma vez estava fechada. Com tudo estando fechado em razão do feriado e Santa Cruz não sendo uma cidade com muitos atrativos para turistas, resolvi voltar para o Terminal Bimodal. Pelo caminho fui procurando algum restaurante aberto, mas não encontrei nenhum.

Na região em frente ao Terminal Bimodal existiam muitos restaurantes e todos estavam abertos. Resolvi procurar outro lugar para almoçar e não o restaurante onde tinha almoçado e jantado no dia anterior. Passei por todos os restaurantes, olhei as mesas, a comida que estava sendo servida e nenhum me agradou. Todos eram sujos e a comida estranha. Tinha até uma pequena churrascaria, cuja churrasqueira ficava na calçada. Dei uma olhada nas carnes que estava sendo assadas e que no meio tinha algumas tripas de boi sendo assadas. Fiquei alguns minutos parado olhando o churrasqueiro e após ver algumas atitudes nada higienicas por parte dele, desisti de comer ali. Fui almoçar no mesmo restaurante do dia anterior, que se não era um exemplo de limpeza e higiene, ao menos a comida era razoável e não tinha me feito mal. Chegando ao restaurante encontrei uma única mesa vazia, pois como das outras vezes estava lotado. Pedi o costumeiro prato feito com arroz, frango, batata frita e comecei a comer.

Á tarde eu não tinha nada para fazer, a não ser esperar o final do dia quando meu trem partiria. Voltou a chover e isso impossibilitou qualquer passeio pela cidade. Entrei em uma lan house e passei o resto da tarde usando a internet. Quando escureceu fui para o Terminal Bimodal e no caminho ouvi música na rua, que vinha de uma loja. Dessa vez era Roberto Carlos, cantando em espanhol. No Terminal Bimodal peguei minhas mochilas no guarda volumes e fui para a fila do embarque. A fila era pequena e quando fui passar pelo portão de embarque me barraram. Ali também era preciso comprar o tal ticket de taxa de embarque. Fui comprar o ticket e voltei para o portão de embarque. O trem estava parado logo em frente e eram somente dois vagões. Creio que por ser o trem luxo que é mais caro, pouca gente costuma viajar nele.

Embarquei no trem e me senti frustrado, pois esse Trem da Morte não era nada parecido com o Trem da Morte das histórias que li em livros. Esse trem em que estava embarcado era a versão luxuosa do Trem da Morte, com poltronas macias e reclinaveis, ar condicionado, TVs de plasma passando filmes norte americanos e banheiro limpo. Eu que esperei tanto tempo para viajar no clássico Trem da Morte, acabei tendo que me contentar com a versão luxo e sem graça do trem. Viajar pelo Trem da Morte é uma espécie de ritual e todo mochileiro que se preze um dia deve passar por tal ritual, deve fazer tal viagem, para então ser considerado um mochileiro de verdade. Eu que viajo há muitos anos no estilo mochileiro, ainda não tinha tal viagem no meu currículo.

A viagem de trem entre Santa Cruz de La Sierra e Porto Quijarro, na fronteira com o Brasil, é de pouco mais de seiscentos quilômetros. O nome Trem da Morte, ao contrário do que muitos imaginam não é em razão da estrada ser perigosa, com desfiladeiros e cheia de pontes prestes a cair. O nome Trem da Morte é por que no século passado durante uma grande epidemia de febre amarela que assolou a região de Santa Cruz de La Sierra, esse trem foi utilizado para transportar muitas pessoas doentes e também corpos de mortos na epidemia. E muitos dos doentes transportados no trem, morreram durante a viagem. Além disso, naquela época a ferrovia se encontrava em péssimas condições de conservação e muitos descarrilhamentos com mortes aconteciam, aumentado ainda mais a má fama da ferrovia e tornando “famoso” o Trem da Morte.

Atualmente existem três tipos de trens percorrendo o trecho entre Santa Cruz de La Sierra e Porto Quijarro (e vice versa). Tem o Regional, que é o preferido dos viajantes, pois é o mais barato. O Regional é considerado o Trem da Morte clássico, pois sua viagem dura em média 19 horas e normalmente está lotado. Ele costuma ter pessoas dormindo pelo chão e transportando galinhas dentro dos vagões. Nesse tipo de trem é permitida a entrada de vendedores, então em cada parada que o trem faz muita gente entra e desce dos vagões, vendendo diversos tipos de produtos. O Regional também é o preferido pelos mochileiros do mundo todo que buscam fazer a famosa viagem pelo Trem da Morte. O trem intermediario é o Expresso Oriental, cuja viagem tem duração média de 16 horas e o preço é um pouco maior do que o Regional. O trem mais luxuoso é o Ferrobus, que é o mais chique e caro, e cuja duração da viagem é de cerca de 12 horas. Era justamente no Ferrobus que eu ia viajar. O mais caro, mais luxuoso, mais confortável e mais sem graça dos trens. E justamente o trem pelo qual eu não queria viajar. Mas não tive opção, pois tinha ficado mais de um dia esperando um trem que partisse de Santa Cruz e tanto meu dinheiro, quanto minha paciência estavam no fim e eu queria voltar logo para casa.

Acomodei-me em minha poltrona, que era bastante confortável. Meu vagão estava quase vazio, com mais seis pessoas somente. Dentro do vagão fazia muito frio e mais tarde descobri que o sistema de ar condicionado estava com defeito e por isso que ficava tão frio dentro do trem. Entrei dentro de meu saco de dormir e fiquei vendo um filme que passava em uma TV presa ao teto, no corredor do trem. E para minha surpresa logo apareceram duas moças com um carrinho igual os de serviço de bordo de aviões. Elas traziam o jantar! O trem era mesmo chique, tinha até jantar quente. O cardápio era arroz, batata cozida e carne assada. Para beber tinha água e Coca-Cola. E de sobremesa tinha pudim. A comida era boa, pena que em pouca quantidade. Mesmo tendo gostado da comida, do filme e do conforto do trem, fiquei decepcionado e frustrado, pois aquela não era a viagem pelo Trem da Morte que tanto planejei e esperei. Paciência! O jeito era me conformar e talvez um dia voltar ali e fazer a viagem pelo Trem da Morte clássico, desconfortável, sujo, cheio de gente e extremamente lento…

Praça no centro de Santa Cruz de La Sierra.
Catedral de Santa Cruz de La Sierra.
Muro pichado no centro de Santa Cruz.
Rua em frente ao hotel onde me hospedei.
Na fila de embarque do trem.
Interior do trem.
A comida servida no trem.