Ímola 1994

Para quem igual a mim curte Fórmula 1, está sendo lançado o livro Ímola 1994. O livro foi escrito pelo Flavio Gomes, jornalista com 39 anos de profissão e que cobriu durante muitos anos as corridas de Fórmula 1. O Flavio Gomes estava presente em Ímola no dia 1 de maio de 1994, quando aconteceu o acidente que matou Ayrton Senna.

O livro está na fase de pré-venda, o que significa que não está sendo comercializado nos canais convencionais. É uma compra direto com o autor. Para saber mais informações e adquirir o livro, você pode escrever direto para o Flavio Gomes, no e-mail flaviogomes@warmup.com.br

ÍMOLA 1994 narra minha trajetória jornalística como correspondente de Fórmula 1 de vários veículos de imprensa entre o final dos anos 1980 e início da década de 1990 até a cobertura dos acidentes do fim de semana do GP de San Marino de 1994. São 27 capítulos contando histórias passadas em autódromos pelo mundo que retratam uma época em que o trabalho da imprensa era muito diferente de hoje. Não é meu primeiro livro com temática de Fórmula 1. Em 2005 lancei “O Boto do Reno”, com crônicas de viagem. Ele foi reeditado no começo de 2021, mas esgotou em 12 dias. Por isso, quem tiver interesse vai ter de esperar pela terceira, que devo lançar no segundo semestre.

ÍMOLA 1994 tem quase 300 páginas e foi produzido nos primeiros meses deste ano. São textos inéditos com relatos de episódios sobre os quais eu nunca tinha escrito antes, envolvendo os principais personagens de um momento muito específico da Fórmula 1. Gente como Senna, Prost, Mansell, Piquet, Schumacher, Barrichello, Jean-Marie Balestre, Bernie Ecclestone, Luca di Montezemolo, Flavio Briatore, Jean Todt e muitos outros. E fala também da imprensa — brasileira e estrangeira. ÍMOLA 1994, como definiu o escritor e jornalista Mário Magalhães no prefácio do livro, é uma obra sobre automobilismo, viagens, aventuras e, também, “uma história de paixão arrebatadora pelo jornalismo”.

Flavio Gomes

20 anos da morte do Ayrton Senna

Comecei a acompanhar às corridas de Fórmula 1 pela TV, em 1980, influenciado por alguns amigos. Mas desde 1978 assistia uma ou outra corrida, sem entender direito o regulamento ou conhecer os pilotos. Mas a partir de 1980 tomei gosto pela coisa, e foi através da narração do Luciano do Vale, na Globo, que comecei a me interessar pra valer por Fórmula 1. Logo me tornei “piquetista” e no ano seguinte o Nelson Piquet conquistou seu primeiro título na Fórmula 1. Passei a assistir quase todas as corridas pela TV e em 1984 surgiu Ayrton Senna. Eu ainda torcia muito pelo Piquet, mas após a corrida de Mônaco, quando o Senna só não venceu a prova com seu fraco carro Toleman, por culpa dos juízes que encerraram a prova na metade, em razão da chuva, passei a torcer muito pelo Senna.

E a partir de 1985, com o Senna na Lotus e vencendo suas primeiras corridas, passei a assistir todas as provas da temporada de Fórmula 1. Eu organizava minha vida e meus compromissos, para sempre poder assistir as corridas. E assim acompanhei o fenômeno Ayrton Senna desde o começo de sua carreira na Fórmula 1. Assisti ao vivo quase todas as provas de que Senna participou. Continuei tendo uma grande admiração pelo Piquet e também torcia por ele. Mas o Senna era diferente, ele era meio maluco e dirigia além do limite, corria mais riscos. Talvez seja por isso que o Piquet ainda esteja vivo e o Senna morreu há exatos 20 anos.

A morte do Senna foi um momento daqueles que você lembra para o resto da vida, principalmente para aqueles que gostavam de Fórmula 1. E a comoção que aconteceu no Brasil, só tinha visto algo parecido em 1985, quando o Tancredo morreu. Mas a morte do Senna foi ainda mais chocante e emocionou e entristeceu quase todos os brasileiros.

Eu que raramente perdia alguma corrida de Fórmula 1, acabei perdendo justamente a corrida em que o Senna morreu. Já tinha acompanhado as notícias do grave acidente do Rubens Barrichelo na sexta-feira de treinos e da morte do Roland Ratzenberger, no treino de sábado. Naquela época eu vivia em Curitiba e não assisti a corrida, por que tinha dormido com um grupo de amigos na igreja e no domingo íamos fazer uma apresentação no culto da manhã. Lembro que estava batendo papo na calçada e meu amigo Cornélio veio contar que o Senna tinha sofrido um grave acidente e que dificilmente sobreviveria. Achei que ele estava exagerando, pois o Senna era meio que um super-herói imortal. Não me preocupei mais com o assunto, até que fomos almoçar no apartamento da Sônia e da Rosane e ligamos a TV. Estavam falando ao vivo sobre o estado de saúde do Senna. Sei que o almoço foi em clima de velório, onde ninguém falava nada. E finalmente veio a notícia confirmando a morte do Senna. Naquele momento todos perderam á fome e alguns que estavam a mesa ficaram com os olhos cheios de lágrimas.

No resto daquele domingo e nos dias seguintes, fiquei o tempo todo em busca de notícias na TV e nos jornais. A internet ainda caminhava a passos lentos naquele início de maio de 1994 e por essa razão não era tão fácil saber das notícias, igual é hoje em dia. E o mais comovente de tudo foi o dia do sepultamento do Senna, quando milhares de pessoas saíram às ruas de São Paulo para se despedirem do grande ídolo. Para um país carente de heróis, Senna foi o grande herói que o Brasil teve e que levava alegria e enchia de orgulho o sofrido povo brasileiro. Ver as vitórias de Senna pela TV, muitas conquistadas heroicamente, e depois ouvir o hino nacional era motivo de orgulho para os brasileiros.

Depois da morte do Senna, a Fórmula 1 e o Brasil nunca mais foram os mesmos. E minha paixão pela Fórmula 1 foi esfriando cada vez mais. Cheguei a assistir uma corrida de Fórmula 1 ao vivo, mas nem isso fez meu velho interesse pelo automobilismo ser igual era antes da morte do Ayrton Senna. Hoje em dia raramente vejo uma corrida. Prefiro ver o compacto pelo internet, do que acordar cedo aos domingos, ou cancelar algum compromisso para ficar vendo corrida pela TV. Vintes anos se passaram desde a morte de Senna, o Brasil mudou, eu mudei, mas às lembranças do antigo ídolo e herói nacional permanecem e com certeza jamais teremos outro Senna e outros momentos de alegria iguais aos que ele nos proporcionava.

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Lápide de Ayrton Senna (Cemitério do Morumbi - São Paulo) 1985.
Lápide de Ayrton Senna (Cemitério do Morumbi – São Paulo) 1995.

Visitando o túmulo do Ayrton Senna. (jul/1985)
Visitando o túmulo do Ayrton Senna. (jul/1995)