Túnel do tempo: Ilha do Mel

O Túnel do Tempo de hoje é para lembrar dos anos românticos da Ilha do Mel. No final dos anos 80, a ilha era bem tranquila, não tinha tantas pousadas e bares. Naquela época não existia o trapiche, onde você desembarca sem molhar os pés. Você descia do barco longe da margem e algumas vezes com a água batendo no peito. E tinha que carregar suas coisas sobre a cabeça para não molhar. A gruta de Encantadas não tinha a escadaria que descaracterizou o local. A noite tinha uma animada lambateria, onde os casais tentavam se formar antes das 22h00min, pois a energia era na base do gerador e tinha horário para ser desligada. Depois que tudo ficava escuro, quem tinha encontrado uma paquera, procurava um canto sossegado para namorar. Também foi nessa época que tive pela última vez problema com bicho de pé. Peguei três de uma vez só e no mesmo pé. E também foi aí que tive bicho geográfico, que demorou três meses para ser curado e me fez perder todas as unhas do pé direito. Saudade da Ilha do Mel daquela época, quando ela se parecia mais com uma ilha, meio selvagem.

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Túnel do Tempo: primeiro emprego

Meu primeiro emprego foi em 1984, quando aos 14 anos de idade fui trabalhar de empacotador em um Supermercado. O nome do supermercado era Iguaçu e não existe mais já faz muitos anos. Na época fazer pacotes era mais difícil do que hoje, pois não existiam sacolinhas plásticas, mas sim cartuchos de papel (sacos de papel). Os cartuchos eram de quatro tamanhos e o mais complicado era empacotar utilizando o cartucho grande. Você tinha que colocar os produtos pesados embaixo e depois ir colocando outros produtos por cima de uma forma que eles se “encaixassem” dentro do cartucho de papel e mantivesse o cartucho em pé, com as compras dentro.

Fiquei apenas três meses nesse primeiro emprego e logo fui para outro melhor. Mas lembro com saudade desse primeiro emprego, principalmente por que eu era empacotador do caixa número um, que tinha a operadora de caixa mais bonita do supermercado. Ela era uma paraguaia loira, de olhos azuis, cujo nome complicado não me lembro mais. E em nosso caixa a fila sempre era a maior de todas, composta quase que exclusivamente por homens…

Cartucho de papel. (Foto: www.bocasanta.com.br)
Cartucho de papel. www.bocasanta.com.br

Túnel do Tempo: Primeiros Socorros

A foto desse Túnel do Tempo é de novembro de 1998. Ela foi tirada no trem que seguia de Paranaguá a Curitiba. Uma funcionária da Serra Verde Express estava limpando meus ferimentos e fazendo curativos em mim. Eu tinha subido pela primeira vez o Pico do Marumbi e na descida errei a trilha, escorreguei e caí nas pedras, ficando pendurado na borda de um penhasco. Consegui evitar de cair no precipício, me arrastando pelas pedras e segurando em alguns pequenos galhos.

Evitei um acidente mais grave, mas me cortei e me esfolei bastante, inclusive tendo parte de minha roupa rasgada. Após o susto consegui descer o restante da trilha e pegar o trem rumo a Curitiba. Ao me ver todo ensanguentado e machucado, a moça da foto veio prestar os primeiros socorros. Não lembro o nome da moça e nem lembro do rosto dela. Mesmo assim serei eternamente agradecido pelos cuidados que teve comigo.

Primeiros socorros no trem. (novembro/1998)
Primeiros socorros no trem. (novembro/1998)

Túnel do Tempo: Kart indoor

Essa foto é de meados do ano 2000. Na época era moda corridas de kart indoor e em Curitiba existiam vários locais para tal prática esportiva. Vez ou outra eu costumava correr de kart e até que era um bom piloto. Tinha uma tática boa, principalmente na tomada de tempo, quando os demais corredores ficavam se matando entre si e eu largava por último e ia devagar na primeira volta, até ter pista livre e fazer um bom tempo. Em todas ás vezes que corri larguei na pole position, graças a tal tática.

No dia dessa foto também saí na pole e na corrida disputei a liderança com meu amigo Mauricio Arruda. Mas na última volta tive um momento de Rubens Barrichello, onde a tampa do combustível caiu e a gasolina vazou, caindo no pneu do kart e me fazendo rodar na pista. Daí o Mauricio me ultrapassou e venceu a corrida! E além de ser derrotada na última volta, ainda fiquei todo sujo de gasolina e com as costas um pouco queimada por culpa da gasolina quente que espirrou em mim. Como compensação a dona da pista me deu dois ingressos grátis, mas dali uns dias quando fui utilizá-los, a pista de kart tinha fechado. Depois desse dia nunca mais corri!

E desse dia lembro bem do Marcelo Romeiro, que passou mais tempo batendo nos pneus e rodando na pista, do que propriamente correndo. Nunca vi um corredor de kart fazer tantas barbeiragens…

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Kart indoor. (Curitiba/2000)

Túnel do Tempo: “Ponte da Amizade”

Essa foto “achei” no acervo da família. Ela retrata a Ponte da Amizade, na fronteira do Paraguai com o Brasil (Foz do Iguaçu). A foto foi tirada em 1965, logo após a inauguração da ponte. Só não consegui descobrir ao certo quem tirou a foto, se foi meu pai ou meu avô. A foto está meio tremida, pois foi tirada a partir de um veículo em movimento.

Ponte da Amizade (1965)
Ponte da Amizade (1965)

26 anos da CCS 20 BIB de 1989

Ontem, 13 de fevereiro foi aniversário de vinte e seis anos de incorporação da CCS do 20° BIB, de 1989. Naquela manhã nublada de vinte e seis anos atrás, 75 rapazes passaram a fazer parte da gloriosa Companhia de Comando e Serviço do 20° Batalhão de Infantaria Blindado. Nesse dia muitos destes rapazes começaram a moldar de forma definitiva seu caráter, se tornaram homens. Fui um dos 75 rapazes que fizeram parte da CCS de 1989. Acabei ficando dois anos no Exército e até hoje lembro com carinho e saudade dos muitos amigos que lá fiz, alguns que se tornaram verdadeiros irmãos.

Curitiba, 13/02/1989.
Curitiba, 13/02/1989.

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Túnel do Tempo: “Escolinha de Atletismo”

Essa foto quem me enviou foi a Professora Silvana Casali. Ela foi tirada em 1981, no Estádio Municipal de Campo Mourão, para ser publicada num jornal local. A reportagem seria sobre a escolinha de atletismo que tinha sido recém criada e que era coordenada pela Professora Silvana.

Eu tinha 11 anos na época e fiz parte dessa escolinha durante alguns meses. Eu não tinha visto essa foto antes e foi interessante vê-la após mais de trinta anos. Após passados tantos anos, lembro de bem poucos dos que estão na foto. Alguns já até falecerem…

Estou marcado pela seta.
Estou marcado pela seta.

Túnel do Tempo: Estados Unidos 10 anos

Hoje faz dez anos que desembarquei em Orlando nos Estados Unidos, para morar um ano na cidade. Era minha segunda viagem aos Estados Unidos e numa tarde muito quente cheguei ao apartamento da Irene, que seria meu lar por doze meses. Esse ano que passei vivendo nos Estados Unidos foi bastante interessante e me permitiu conhecer pessoas de diversas partes do mundo e também viver experiências inesquecíveis. Foi um ano intenso, cheio de momentos bons e alguns ruins, principalmente a saudade da família.

Brincando com esquilo, no Lago Eola.
Almoço em casa: Neto, Irene, Elói e Vander.
Na Universal Studios.
No Magic Kingdom da Disney World.
Na International Drive.
Com a Betty Boop, no Island Adventure.

Stella Barros Turismo

Hoje está fazendo exatamente dez anos que saí da Stella Barros Turismo, franquia de Curitiba. Foi o melhor emprego que já tive, não em razão do salário, mas sim do ambiente, das pessoas que conheci lá, de tudo o que aprendi. Trabalhei na Stella Barros, de maio de 1993 até janeiro de 1998, e depois de janeiro de 1999 até janeiro de 2002. E saí de forma definitiva por que a agencia fecharia as portas, pois senão acho que estaria lá até hoje.

Na época em que trabalhei na franquia Stella Barros de Curitiba, a operadora Stella Barros era uma das maiores do Brasil, possuía cerca de cinqüenta franquias. Era operadora oficial da Copa do Mundo e Olimpíada, e o carro chefe de vendas eram os pacotes para a Disney. Eu que já gostava de viajar, depois que fui trabalhar na Stella Barros fiquei gostando ainda mais de viagens. Mesmo trabalhando na área administrativa aprendi muita coisa sobre pacotes e roteiros turísticos, companhias aéreas, reserva de hotéis, obtenção de vistos. Aprendi coisas que nos anos seguintes utilizei em viagens que fiz.

Trabalhei com muita gente legal na Stella Barros e foi lá que conheci o Mauricio, grande amigo até hoje, parceiro de muitas aventuras e desventuras pela vida afora e com quem depois também trabalhei junto no Colégio Medianeira de Curitiba. Outros amigos inesquecíveis que lá conheci foram: Consuelo Zardo, Marcelo Romeiro, Paulinha Pasqualine, Sheila Watanabe, Inês Santeti, Marli, Dora, Newton e Ricardo Bayel. E as donas da agencia; Kate e Silvia, com as quais aprendi muita coisa, tanto na área profissional quanto na pessoal e principalmente adquiri uma grande carga cultural, pois ambas eram cultas, viajadas e inteligentes. Então os anos que passei trabalhando para elas foram de intenso aprendizado. E do que mais sinto saudade dessa época, foram dos seis anos que morei nos fundos da agência, numa casa/garagem. E essa casa/garagem tem muitas histórias boas, engraçadas e inesquecíveis. Muita coisa legal acontecia ali nas noites frias de Curitiba e nos finais de semana tranqüilos do bairro Batel. Pena que aquela época não volta mais…

Casa onde a Stella Barros de Curitiba funcionou entre 1993 e 2002.
Confraternização de final de ano. (1994)
Vander, Sheila e Raquel. (1995)
Vander e Ricardo. (1995)
Festinha surpresa no meu aniversário de 26 anos. (1996)
Newton, Paulinha, Marcia, Vander e Mauricio. (1997)
Marcelo, Mauricio e Vander. (2000)
Consuelo e Vander, Tampa - USA. (2002)
A casa/garagem de boas recordações. (foi demolida em 2003)

11 de setembro

Hoje está fazendo dez anos dos atentados terroristas de 11 de setembro. Tal data é marcante para os norte americanos e para o resto do mundo também, pois tal fato é um divisor histórico onde muita coisa que era de um jeito antes do 11 de setembro de 2001, passou a ser de outro jeito após essa data. Ser atacado dentro de seu território feriu muito o orgulho e o patriotismo norte americano. Diferente de nós brasileiros que somos patriotas somente de quatro em quatro anos, os norte americanos em sua maioria são patriotas diariamente.

Muita gente lembra o que estava fazendo em 11 de setembro de 2001. Eu particularmente lembro muito bem. Na época trabalhava numa agencia de turismo em Curitiba e de repente o telefone começou a tocar, gente dizendo para ligarmos a TV. E outras ligações eram para pedir informações sobre passageiros nossos que estavam viajando pelos Estados Unidos naquele dia. Parentes queriam saber número de vôos.  Quando ficou claro que realmente era um atentado terrorista, telefonei para meu irmão e para a Talita, minha namorada na época, perguntando se estavam vendo a TV. Lembro de minha chefe olhando inconformada para a TV e dizendo que Nova York não seria mais a mesma sem o World Trade Center. Naquele dia não fui almoçar, fiquei vendo o noticiário. E a noite não fui para a faculdade, preferi ficar em frente à TV.

Nove meses após os atentados, fui pela primeira vez aos Estados Unidos. E nessa viagem deu para perceber que o 11 de setembro ainda estava fresco na memória dos norte americanos. Voltei outra vez aos Estados Unidos e em setembro de 2003 estive em Nova York, e visitei o local onde ficavam as torres gêmeas. Naquela época estavam escavando um buraco enorme para reconstruir o metrô. Muita gente estava visitando o lugar nesse dia e pude ver pessoas rezando e outras chorando.

Que os Estados Unidos são imperialistas e se preocupam mais com seu próprio umbigo, isso é fato. E acho que estão corretos, pois acredito que primeiro devemos pensar em nossa casa e no bem estar dos nossos, para depois pensar nos outros. Isso não é egoísmo, isso é ser racional. Tem muita gente que critica os norte americanos por isso. E no tempo em que lá morei, pude ver de perto que a maioria sabe pouco sobre o resto do mundo, mas sabe muito sobre o próprio pais. Melhor ser assim, do que saber sobre o resto do mundo e não saber quase nada da história de nossa própria cidade, o que é o caso da maioria dos brasileiros.

Durante a faculdade de história tive alguns professores anti-americanos, que diziam boicotar marcas norte americanas e nem Coca- Cola tomavam. O pior é que muitos alunos iam na onda, meio que achando que todo historiador tem que ser de esquerda. No meu caso que não sou de direita, esquerda ou centro, posso dizer que gosto dos Estados Unidos e da cultura americana. Para quem começou a ser alfabetizado com revistinha Disney, que gostava de Elvis Presley e amava filmes de faroeste, não tem como não gostar dos Estados Unidos e de sua cultura. Eles foram espertos e conquistaram o mundo com sua música, seus filmes, seu modo de vida. Então que os demais países (principalmente os de esquerda) tentem fazer o mesmo e que consigam ser tão competentes como os yankees foram nesse quesito.

E estou embarcando para mais uma viagem aos Estados Unidos, pouco depois do 11 de setembro. Vai ser meio “estranho” fazer um vôo interno pela American Airlines, que teve dois aviões destruídos nos ataques terroristas de dez anos atrás. Mas deixando o medo de lado, vou aproveitar ao maximo essa viagem e aproveitar para visitar mais uma vez Nova York e rever o local onde ficavam as torres cuja destruição marcou o mundo.

Ao fundo local onde ficava o World Trade Center. (setembro/2003)
Em frente o local onde ficava o World Trade Center. (setembro/2003)

Túnel do Tempo: 20º BIB

No “Túnel do Tempo” de hoje estou recordando que fazem vinte anos que dei baixa do exército, após passar dois difíceis e inesquecíveis anos no quartel do 20º Batalhão de Infantaria Blindado, em Curitiba. Fui incorporado ao exército em fevereiro de 1989 e dei baixa em fevereiro de 1991. Dessa época guardo muitas recordações e ainda mantenho contato com muitos amigos que serviram comigo. E foi graças a minha ida ao exército que saí de casa, deixei Campo Mourão e fui para Curitiba, onde vivi muitos anos, conheci muitas pessoas e tive muito mais alegrias do que tristezas.

20º BIB
Identificação militar.
Abril/1989.
Abril/1989.
CMC - julho/1989.
Julho/1989.
Manobra da 5ª Região Militar (Três Barras - SC) outubro/1989.
Eu e Mario, parceiro inseparável. Maio/1990.
Comandando recrutas. Maio/1990.
Agosto/1990.
Festa de despedida em fevereiro de 1991. Em pé: Honorato, Paulo Cesar, Germano, Mario, Orlando, Joelmir, Pereira, Odair, Vigilato e Donizete. Agachados: Samuel, Douglas, Marçal, Daniel, Claudio (+) e Vanderlei.
CCS 20º BIB - 1989.

Túnel do Tempo: Estados Unidos

Ontem fez sete anos e um mês que voltei ao Brasil, após um ano vivendo em Orlando, USA. Daquele ano vivendo fora tenho boas recordações. Foi um ano difícil em alguns sentidos, mas muito interessante em outros. E algo que demorei pra me dar conta é que foi um dos melhores anos de minha vida, e que vou lembrar dele para sempre com muito carinho e saudade. Então esse “Túnel do Tempo” é para relembrar esse ano fora do Brasil, que foi de novembro de 2002 até novembro de 2003.

Na Universal Studios. (Orlando, 04/02/2003)
Disney Epcot Center (Orlando, 29/04/2003).
Island Adventure (Orlando, 30/05/2003).
No centro de Orlando. (13/07/2003)
Na Disney World. (Orlando, 07/10/2003)
Em Nova York. (24/09/2003)
Na Times Square. (Nova York, 23/09/2003)

Túnel do Tempo: 1985

A foto desse Túnel do Tempo foi tirada no dia 10/10/1985 durante o desfile de aniversário de Campo Mourão. Ela serve pra mostrar aos amigos que tiravam sarro de mim em razão de minha barba ser vermelha e o cabelo não, que meu cabelo já foi avermelhado. É que depois de 20 anos cortando o cabelo bem curtinho, meu cabelo escureceu e a barba não. O pq? Não sei!!!

Em Campo Mourão: 10/10/1985
Em Campo Mourão: 10/10/1985

11 de setembro

Hoje foi o nono aniversário dos ataques terroristas de 11 de setembro nos Estados Unidos. Um pastor cristão tinha o plano de queimar exemplares do Alcorão, para “comemorar” esse dia. Pura tolice, pois tal gesto só tende a causar mais confusão e intolerância religiosa. E no fundo o tal pastor só quer mesmo é aparecer, pois sua igreja tem somente 30 membros, o que mostra que ele deve ser um pastor mediocre.

Estive no local onde aconteceram os atentados em Nova York, dois anos após o ocorrido, em setembro de 2003. Na época era estranho observar o local do acidente e imaginar tudo o que tinha acontecido ali, quantas vidas inocentes foram perdidas. Uma coisa é soldados morrerem numa guerra, pois foram pra lá sabendo que poderiam morrer. Outra coisa é uma ataque covarde, onde morreram pessoas inocentes, muitas que queriam a paz. E o pior de tudo isso é matar em nome de Deus, matar por religião. Sempre acreditei que religião deve ser sinônimo de amor e não de morte.

Em frente ao local onde ficava o WTC.   

Túnel do Tempo: anos 70

No Túnel do Tempo de hoje, seguem algumas fotos dos anos 70, dos meus tempos de criança em Campo Mourão.

1976

1976: Essa foto foi tirada no quintal de uma vizinha. Na foto estou eu, minha irmã, meu tio Mario, a filha da vizinha, Maristela e uma criança que não lembro o nome.  

junho de 1978    

1978: Nessa foto estou em pé no para choque do caminhão. Nela também aparece meu pai, com o W@gner, meu irmão no colo. Minha irmã está com o Fabio, primo do meu pai, no colo. 

outubro de 1978

1978: Essa foto foi tirada no Colégio Dom Bosco, quando eu estudava o primeiro ano primário.

Túnel do Tempo: USA 1ª Viagem

Esse Túnel do Tempo é pra lembrar que está fazendo oito anos que viajei para os Estados Unidos pela primeira vez (maio/junho de 2002). Tinha intenção de ficar um ano, mas após três semanas resolvi retornar ao Brasil e ficar uns meses de férias por aqui. E foi o que fiz na época, sendo que no final do ano voltei aos Estados Unidos e dessa vez fiquei um ano por lá (na verdade 363 dias).

Nessa primeira viagem fiquei na casa de minha amiga Consuelo, que foi minha guia e ensinou como me virar em Orlando. Esses ensinamentos foram de grande validade quando retornei pra lá no final do ano. Fizemos alguns passeios por Orlando e fomos até a cidade de Tampa, distante 100 km de Orlando, visitar um parque bastante conhecido, o Busch Gardens. Depois aprendi a me virar um pouco e fiz passeios sozinhos por Orlando. Também trabalhei dez dias na lavanderia de um hotel, para saber como era trabalhar por lá. Tudo isso valeu como experiência e foram três semanas muito marcantes, pois a primeira vez nos “states” a gente nunca esquece.

Conjunto onde a Consuelo morava. (Orlando, FL – maio 2002)
Lavando louça. (Orlando, FL - 26/05/2002)
No Busch Gardens. (Tampa, FL - 19/05/2002)
No Busch Gardens com Consuelo e seus vizinhos. (Tampa, FL - 19/05/2002)
No ponto de ônibus num domingo de quase 40 graus. (Orlando, FL)
Passeando pelo centro de Orlando. (26/05/2002)
Lago Eola, no centro de Orlando. (26/05/2002)

          Na Disney World. (Orlando, FL - 31/05/2002)

Túnel do Tempo: Alemanha 2002

O Túnel do Tempo de hoje é sobre a viagem para Alemanha que fiz em maio de 2002, junto com a Talita minha ex-noiva. A viagem foi cansativa, quase doze horas de voo num MD 11 da Varig, com uma enorme turbina traseira muito barulhenta. Mas foi uma viagem muito legal, pois foi minha primeira vez na Europa, então por essa razão foi inesquecivel. Desembarcamos em Frankfurt e a Eunice irmã da Talita e seu cunhado Jens foram nos buscar. Dali viajamos uns 300 km de carro até Lindscheid, cidade onde moram. Fiquei uma semana passeando por muitos lugares da cidade, conhecendo pessoas, visitando pontos turísticos. Compras não fiz muitas, pois era tudo muito caro. O que mais comprei foram chocolates alemães, suíços e belgas, que são de ótima qualidade e eram baratos.

A razão dessa viagem foi acompanhar a Talita que estava se mudando para a Alemanha e para que eu tirasse qualquer duvida com relação a voltar com ela ou não. Nosso plano quando noivamos era de nos casarmos e irmos morar na Alemanha por tempo indeterminado. Depois teve o rompimento do noivado, mas existiam algumas duvidas de minha parte e essa viagem serviu para eliminar essas duvidas. Lá tive a certeza de que não queria casar e nem ficar morando na Europa. Então após uma semana voltei para o Brasil. Levaram-me até Hagem, uma cidade próxima e lá embarquei num trem para Frankfurt, onde peguei um avião para o Brasil. Na pressa de colocar minhas coisas no trem acabei não me despedindo da Talita. Quando fui voltar para me despedir dela o trem partiu e mal consegui vê-la pela janela. Até parecia cena de filme, a despedida que não aconteceu. Ali se encerrava de vez nosso relacionamento, uma história que começara sete anos antes na Argentina. Depois desse dia fomos nos ver novamente seis anos depois, no sepultamento do pai dela em Curitiba, eu namorando outra e ela casada com um alemão e tendo uma filha. Ela continua na Alemanha e já tem uma segunda filha. Pouco antes do ultimo Natal nos encontramos em Curitiba e pude conhecer sua segunda filha e seu marido. Ela acabou me perdoando por tudo o que a fiz sofrer em razão do rompimento do noivado e eventualmente conversamos por email. Talvez ano que vem faça uma visita a ela e sua família lá na Alemanha, se minha planejada viagem pra Europa der certo.

Com Talita, Jens e Eunice.
Com Talita, indo pra igreja numa fria manhã de domingo.
Comendo um autentico salsichão alemão.
Passeando pelo centro de Lindscheid.

Saindo passear em Lindscheid

Casa do Jens e da Eunice, onde fiquei hospedado em Lindscheid.

Igreja de Deus em Lindscheid.
Na estação de Hagen, esperando o trem para Frankfurt. (09/05/2002)

Túnel do Tempo: Nordeste 1998

Esse “Túnel do Tempo” é pra relembrar de uma aventura que fiz junto com minha amiga Carmen, em fevereiro de 1998. Fomos para o Nordeste, de ônibus de linha, convencional. Foram 50 horas de viagem até Recife, duas noites dormidas dentro do busão. O legal foi que no final da viagem todos se conheciam, era a maior animação, até parecia excursão. Na Rodoviária de Recife, na despedida pessoas se abraçavam trocavam endereço, tinha gente chorando.

Essa aventura durou 21 dias, onde nos hospedamos em Albergues da Juventude. Em Pernambuco estivemos em Olinda, Recife, Marinha Farinha, Itamaracá e Porto de Galinhas. Depois fomos para  o Rio Grande do Norte, onde estivemos em Natal, Parnamirin visitando uma amiga e algumas praias e dunas um pouco mais distantes. Então fomos para Alagoas, onde ficamos em Maceió e visitamos lugares próximos.

O bom de ficar hospedado em Albergues é que se conhece muita gente e acabávamos nos juntando para fazer passeios. Por exemplo em Natal juntamos 20 pessoas e alugamos quatro bugs para passear pelas dunas. Em Olinda alugamos uma Kombi para ir até a Ilha de Itamaracá e depois uma Van para ir á Porto de Galinhas. Acabou sendo uma viagem muito divertida, onde conhecemos muitas pessoas e lugares lindos.

Carmen, Vander e Marcia (Olinda – PE  10/02/98)
Praia de Boa Viagem (Recife – PE  12/02/98)
Piscinas naturais (Porto de Galinhas – PE  13/02/98)
Marcia, Vander e Carmen (Porto de Galinhas – PE  13/02/1998)
Coroa do Avião (Ilha de Itamaracá – PE  14/02/98)
Passeio de bug (Natal – RN  17/02/98)
Passeio de bug pelas dunas, com o pessoal do Albergue (Natal – RN  17/02/98)
Passeio de barco (Praia da Pipa – RN  18/02/98)
Praia deserta (Maceio – AL  21/02/98)

Túnel do Tempo: Consuelo

O “Túnel do Tempo” de hoje é em homenagem a minha amiga Consuelo. Ontem á noite conversamos por um longo tempo via MSN e telefone. Fazia tempo que não nos falávamos e ontem ela me “procurou” pois percebeu que eu não andava muito bem. O papo foi bom e me deu um certo animo.

Conheci a Consuelo em meados dos anos noventa, quando trabalhava na Stella Barros Turismo. No inicio não nos dávamos muito bem, vivíamos brigando. Até que um dia a Dona Silvia, nossa chefa, nos trancou na sala de reuniões e mandou que resolvêssemos nossas diferenças. A partir desse dia nos tornamos amigos.

Faz alguns anos que ela foi morar nos Estados Unidos e recentemente nasceu a filhinha dela, Helena. Em maio de 2002, na primeira vez que fui para os Estados Unidos, foi na casa dela que fiquei morando  em Orlando, durante três semanas.

A foto abaixo foi tirada nessa viagem em maio de 2002, durante um passeio ao Busch Gardens, na cidade de Tampa. Estávamos com boné e camisetas da Stella Barros e graças a isso entramos de forma gratuita no parque, como se fossemos guias.

 
 

Consuelo e Vander  (Tampa - Florida, 05/2002)

Túnel do Tempo: Stella Barros Turismo

Nesse “Túnel do Tempo” aproveito para publicar uma foto dos tempos em que trabalhei na Stella Barros Turismo. Foi lá que conheci o Mauricio, o qual se tornou um grande amigo e que hoje trabalha comigo aqui no Medianeira. Essa foto foi tirada no início de 1997, em minha mesa de trabalho. Na foto aparecem além do Mauricio, também o Newton, Paulinha e Marcia Lippi.

Newton, Paulinha, Marcia, Vander e Mauricio. (Curitiba, 1997)

Túnel do Tempo: JIDI Uberaba

Esse “Túnel do Tempo” de hoje é para lembrar do pessoal da JID da Igreja de Deus do bairro Uberaba, em Curitiba. Entre 1993 e 1995 convivi com o pessoal de lá e fiz grandes amigos.

JID 2004
JIDI Uberaba - 12/10/1994

Em pé da esquerda para a direita: Adriane, Milton, Estelinha, Marlene, Claudia, Cornélio, Rainer, Wilberto, Rone, Marcia e Cerli. Agachados: Sérgio Godoy, Dani,  Pastor Sérgio, Vanderlei, Magda, Sonia e Décio.

Essa foto foi tirada na tarde do feriado de 12 de outubro de 1994. Fizemos uma linguiçada e depois uma tarde de esportes. Nessa época a Igreja ainda estava em contrução.

Túnel do Tempo: atleta estudantil

Hoje inauguro o “Túnel do Tempo” aqui no blog. Nele estarei publicando semanalmente alguma foto antiga e contando alguma história relacionada á foto. E pra inaugurar o “Túnel do Tempo”, publico três fotos dos tempos de adolescência em Campo Mourão, quando era esportista no colégio. São fotos de quando tinha 13, 14 e 15 anos. 

               Time de vôlei do Colégio Estadual, que foi montado ás pressas para disputador os Jogos Estudantis de Campo Mourão em novembro de 1983. Ficamos em segundo lugar, perdendo a final para o Colégio Afirmativo (hoje Colégio Integrado).

Colégio Estadual - 1983
Colégio Estadual - 1983

                  Time de basquete do Colégio Estadual, que ficou em terceiro lugar nos Jogos Estudantis de Campo Mourão em novembro de 1984. O garotinho agachado junto á bola é o Wagner, meu irmão, que na época tinha seis aninhos.

Colégio Estadual - 1984
Colégio Estadual - 1984
 

          Esse é o time de basquete do Colégio Unidade Pólo, que disputou os Jogos Escolares do Paraná Fase Regional, em 1985. Fomos desclassificados na primeira fase, mas desse time, eu, Silvinho, Everaldo e Paulo Fernando, faríamos parte da equipe que no ano seguinte foi Campeã dos Jogos Escolares do Paraná Fase Regional em Umuarama e que no final de 1986 disputou a fase final dos Jogos Escolares do Paraná na cidade de Rio Negro. O cara de óculos e calça jeans é o Agnaldo, falecido num acidente de moto já faz alguns anos. A publicação dessa foto fica sendo uma homenagem a ele.

Colégio Unidade Polo - 1985
Colégio Unidade Polo - 1985

HÁ 20 ANOS… (PARTE III)

E dando sequência às lembranças dos 20 anos de minha vinda para Curitiba, hoje, encerrando esta série de memórias, vou falar um pouco sobre o dia da incorporação, ocorrido em 13/02/1989.

Após uma noite mais ou menos dormida, levantei cedo e fui para o café. O cardápio era pão com margarina e o famoso “KO”, uma mistura de leite e café em pó de gosto não muito agradável. O nome “KO” vinha de um produto usado para dar brilho em metais, que tinha a mesma cor e consistência daquela bebida. Durante os dois anos em que fiquei no Exército, usei o verdadeiro “KO” de polimento para dar brilho na fivela dourada do cinto da farda de passeio, que sempre precisava estar impecável.

Depois do café, ficamos em forma em frente ao pavilhão da CCS ouvindo algumas instruções, e então foram definidos os últimos cortes — aqueles que, por algum motivo, seriam dispensados. Em seguida, todos em fila indiana, aguardamos o momento de sair do quartel e entrar marchando no tradicional ritual de incorporação. Lembro que, atrás de mim na fila, estava o Mário, um curitibano que, dias depois, se tornaria meu companheiro de beliche e armário, além de um dos melhores amigos que já tive — praticamente um irmão.

O 20º BIB era dividido em três companhias de fuzileiros, mais a Companhia de Apoio e a CCS. Ao todo, cerca de 500 novos recrutas seriam incorporados. Ainda não éramos soldados, mas recrutas ou conscritos. Só ganhamos o título de soldados dois meses depois, após recebermos o treinamento básico e participarmos da “Operação Boina Preta” — talvez a semana mais dura de nossas vidas, mas essa é outra história.

De roupas civis, seguimos em fila até a rua em frente à entrada do quartel. Lembro (e as fotos confirmam) que eu usava tênis, uma calça Fiorucci preta comprada no Paraguai e uma camiseta branca da Norpeças, empresa onde trabalhava. Com a banda tocando músicas militares, entramos marchando portão adentro, desfilamos para o Comandante e cantamos o Hino Nacional. Após esse ritual, estávamos oficialmente incorporados — e não havia mais volta. No mínimo um ano até dar baixa e voltar à vida civil. Recebemos nosso “enxoval”, com itens de higiene, mochila e outros pertences, além da farda verde-oliva. Meu maior suplício foi conseguir passar o cadarço no coturno.

Nesse mesmo dia começou nosso período de quarentena: quatro semanas de treinamento intenso e variado, de dia e de noite. Aprendemos ordem unida, manuseio de armamento, noções de hierarquia, símbolos e divisas, além de boas maneiras e diversas canções militares. A mais difícil para mim foi o hino do Batalhão, que exigia assoviar uma estrofe inteira. Eu não sabia (e até hoje não sei) assoviar. Isso me rendeu duas faxinas e uma situação constrangedora quando, durante uma inspeção, o comandante me escolheu para ouvi-lo assobiar. Ao perceber que eu apenas “dublava”, perguntou se eu não sabia assoviar. Respondi que não, e ele apenas disse: “Então continue soprando como se estivesse assoviando”, e virou as costas.

Histórias como essa — algumas engraçadas, outras tristes e até trágicas na época, mas que hoje me fazem rir — marcaram os dois anos que passei no Exército. Foram difíceis no início, mas melhoraram com o tempo. Para contar tudo, seria preciso escrever um livro. De pouco mais da metade desse período, tenho um diário com registros. O resto está guardado na memória.

Na minha carteira de reservista consta o tempo de serviço militar como “dois anos, zero mês e zero dias” — dois anos exatos. Nesse período, chorei, sofri, derramei suor e lágrimas, enfrentei medo, solidão, desespero, mas também vivi alegria, companheirismo e amizade. Acima de tudo, esses dois anos ajudaram a me moldar como pessoa: honesta, trabalhadora, disciplinada, patriota e amiga dos amigos. Fiz amizades que se tornaram irmandades, forjadas em momentos de dificuldade, quando muitas vezes só tínhamos uns aos outros.

Na CCS de 1989 éramos 75 recrutas. Claro que não dava para ser grande amigo de todos, mas, no geral, me dava bem com quase todos. Lembro de muitos com saudade, principalmente ao rever as 320 fotos que guardo daquele período. Hoje, com câmeras digitais, isso pode parecer pouco, mas na época — quando dependíamos do fotógrafo do quartel, o Jackson, e do nosso mísero soldo para pagar — era uma quantidade significativa.

Encerro aqui esta pequena série de memórias, em homenagem aos 20 anos da minha chegada a Curitiba e da incorporação ao Exército. Esta lembrança é também uma homenagem àqueles 75 “moleques” que, na manhã de 13/02/1989, entraram pelos portões do 20º Batalhão de Infantaria Blindado. Suas vidas mudaram de alguma forma naquele momento. Ali, meninos começaram a se tornar homens.

Uma menção especial ao Renato (Quick), que já nos deixou há muito tempo, e ao Joelmir, que sofreu um grave acidente há alguns anos. Não sei ao certo sobre todos — há boatos de que o Miato e o Claudio também tenham falecido, mas nada confirmado.

Para os amigos vivos, deixo esta mensagem:


Os heróis já tombaram das alturas,
Covardes, bravos, jazem olvidados;
Seus feitos, tudo aos livros relegados;
Nada mais resta, apenas sepulturas.

E eu, quem sou? Perguntam: eu quem sou?
Pois bem, eu lhes direi: sou um soldado,
Igual a qualquer outro que lutou,
Que avançou, combateu, foi derrubado.

Mas o importante é que sou (ou fui) da Infantaria.

CCS - 20º BIB - 1989.
CCS – 20º BIB – 1989.

HÁ 20 ANOS… (PARTE II)

Hoje faz exatos 20 anos que cheguei a Curitiba, numa manhã de domingo chuvosa, cinzenta e meio fria. Depois de uma viagem cansativa durante toda a noite, dormindo pouco e mal, acordei já na entrada da cidade. Apesar de conhecer Curitiba e de ter vindo várias vezes para cá, eu não conhecia o bairro Bacacheri nem o quartel do 20º BIB.

Lembro que descemos a Rua Treze de Maio e me chamaram a atenção os prédios antigos e a iluminação do Largo da Ordem, que até então eu não conhecia. Pensei que, em algum momento, precisaria voltar ali para explorar melhor o lugar. Mal sabia que, 16 anos depois, eu iria morar a apenas 150 metros dali, em pleno Largo da Ordem.

Eram aproximadamente 6h30 quando estacionamos em frente ao quartel do 20º BIB. Seu tamanho me impressionou. Após desembarcarmos, entramos em fila pela entrada principal e ali já começou a “encheção de saco” por parte dos soldados mais antigos. Parecíamos um bando de ovelhas assustadas, seguindo para o abate. Fomos levados a um dos pavilhões, a CCS – Companhia de Comando e Serviço. Entramos em um alojamento e passamos a manhã toda ali, sendo constantemente abordados por cabos e soldados que faziam pressão psicológica e tentavam aplicar trotes.

Entre eles, encontrei um conhecido: João Garaluz, amigo antigo de Campo Mourão, dos tempos da “Unidade Polo”. Ele não me deu muita atenção, mas também não me incomodou. Lembro também de um rapaz forte, negro, chamado Sebastião, que logo ganhou o apelido de “Trovão”. A cada dez minutos algum soldado gritava “Trovão!”, e ele tinha que bater no peito e responder: “bum, bum, bum!”. Mais tarde, servimos na mesma companhia e nos tornamos amigos. O apelido pegou de tal forma que, durante todo o tempo em que serviu, ele era mais conhecido como Trovão do que pelo próprio nome.

Outro reencontro foi com Douglas, também amigo de colégio em Campo Mourão. Depois apareceram mais alguns conhecidos: Raul e Adelson, que, no entanto, foram embora dois dias depois. Mais tarde, no processo de incorporação, percebi que éramos cinco de Campo Mourão na CCS: eu, Douglas, Cláudio, Odair e Licoski. O Odair tinha estudado comigo na 5ª série, e fazia muito tempo que não o via até reencontrá-lo ali. O Cláudio também havia sido colega anos antes. No total, incluindo outras companhias, devíamos ser uns 40 rapazes de Campo Mourão.

Na hora do almoço seguimos em fila até o refeitório, ansiosos para descobrir se a comida de quartel era realmente ruim, como sempre se dizia. Ao vivo, parecia ainda pior do que eu imaginava. Peguei meu bandejão, entrei na fila e o soldado que servia tentou encher minha bandeja, mas recusei educadamente e saí de fininho. A comida era simplesmente horrorosa, muito além do que eu esperava. Depois de comermos — e ouvirmos mais algumas broncas — voltamos para o alojamento, onde ficamos até a metade da tarde, quando fomos ao ginásio para o exame médico.

No exame em Campo Mourão, eu havia sido reprovado no teste de visão, já que ainda não usava óculos. Mas queria servir. Percebi, na época, que o médico sempre pedia para ler a mesma linha de letras. Então decorei a sequência e, assim, consegui passar.

No ginásio encontrei mais alguns conhecidos de Campo Mourão que já serviam no 20º BIB. Entre eles, o Paulinho (Paulo Bonfim), amigo de infância que infelizmente faleceu em um acidente dois anos depois. Também reencontrei o Cabo Siqueira, colega dos tempos de Colégio Estadual, que depois se tornaria sargento, e o Cabo Fernandes, outro amigo da mesma época, que hoje mora em frente à casa dos meus pais.

Depois do exame, voltamos ao alojamento e lá permanecemos até o anoitecer. Na hora da janta, resolvi não ir ao refeitório: imaginei que a comida requentada seria ainda pior. Perguntei se poderia sair para dar uma volta, e como ninguém respondeu, saí de fininho. Consegui inclusive sair para fora do quartel. Ao lado ficava a Base Aérea de Curitiba, com um longo muro branco que seguia por alguns quarteirões. Fui acompanhando o muro até encontrar, do outro lado da rua, um boteco aberto. Entrei, comi um salgadinho e voltei rapidamente, com medo de não conseguirem me deixar entrar novamente. Quando cheguei ao alojamento, os demais já estavam retornando do refeitório. Alguns foram tomar banho e fui junto.

Naquela noite tomei meu primeiro banho gelado — nem frio era, era gelado mesmo — de muitos que viriam nos dois anos seguintes. O sistema era de caldeira, e a água quente já havia acabado. Pouco antes das 22h nos mandaram para a cama. Subi num beliche, me cobri com uma manta e fiquei pensando se haveria algum trote depois do apagar das luzes. Mas o sargento de plantão disse que ninguém nos incomodaria, já que ainda não tínhamos passado pela incorporação e éramos considerados civis. Ele não queria correr o risco de algum acidente. Depois da incorporação, avisou ele, a história seria outra — e realmente foi.

Às 22h em ponto as luzes se apagaram. Algo que me chamou a atenção foi o potente farol do radar da Base Aérea, que girava e de tempos em tempos iluminava o alojamento. Aquilo me lembrou cenas de filmes de prisão. Naquele momento, eu realmente me sentia preso.

No beliche de baixo dormia um rapaz de Campo Mourão que eu ainda não conhecia. Pouco tempo depois, alguém entrou no alojamento puxando as mantas de quase todos. Quando chegou a minha vez, parou, me olhou e seguiu adiante sem puxar a minha. Percebi que fui o único daquela fileira que manteve a manta. Acredito que tenha sido o Garaluz, que, em nome dos velhos tempos, me deu uma colher de chá. Já o rapaz do beliche de baixo começou a chorar. Foi ouvindo aquele choro que acabei adormecendo. No dia seguinte ele foi dispensado e voltou para casa. Anos depois o vi em Campo Mourão: ele me olhou como quem reconhecia, mas eu apenas sorri de forma debochada, lembrando de seu choro naquela primeira noite de quartel.

Meu primeiro dia em Curitiba e no quartel não foi dos melhores — mas com certeza também não foi dos piores. Os dias realmente difíceis ainda estavam por vir.

20º BIB (1989)
20º BIB (1989)
20º BIB (2009)
20º BIB (2009)

HÁ 20 ANOS…

Hoje faz 20 anos que saí de casa. Foi num sábado à noite, em 11/02/1989, que embarquei num ônibus da Sul Americana com mais 41 rapazes, rumo a Curitiba. O ônibus havia sido fretado pelo Exército Brasileiro, e eu estava prestes a iniciar uma das maiores aventuras da minha vida: servir ao Exército.

Daquela noite lembro bem da despedida de minha mãe em casa. Ela chorava, mas não muito, acreditando que eu voltaria em uma semana. Minha irmã Vanerli e meu cunhado Clésio (já falecido) me acompanharam até os fundos da Prefeitura Municipal, onde funcionava a Junta do Serviço Militar. Lá, apresentei-me a um sargento e logo entramos em forma para ouvir algumas instruções. Em seguida, embarcamos no ônibus e seguimos viagem. Entre os recrutas, estavam vários amigos de escola e conhecidos da cidade.

Acomodei-me na última poltrona e comecei a conversar com quem estava por perto. O papo estava animado e ríamos bastante, até que um sargento veio até o fundo e mandou que eu calasse a boca, dizendo que eu estava “agitando demais” o ambiente. Ameaçou-me dizendo que, se não me calasse, me trancaria no banheiro durante toda a viagem. Diante da “singela” ameaça, resolvi ficar quieto e tentar dormir. Mas não consegui. A ansiedade era grande: pensava na família, no bom emprego que deixava para trás, nos amigos, em uma ex-namorada (Rosana P.), que me abandonara um ano antes e por quem ainda sofria. Sabia que, indo para Curitiba, nunca mais teria chance de voltar com ela. O que mais me afligia, porém, era o medo do desconhecido: não saber o que me aguardava nos próximos dias. Eu estava indo para o 20º BIB (Batalhão de Infantaria Blindado), conhecido por seu rigor e fama de ser o quartel mais duro do sul do Brasil, pela disciplina e grau de exigência. Histórias de amigos que haviam servido lá nos anos anteriores só reforçavam essa reputação. E foi em meio a lembranças, medos, saudade e esperanças que, enfim, adormeci.

Vale lembrar um fato histórico daquela noite: o ônibus em que embarquei foi o terceiro daquela semana a seguir para Curitiba — e também o último da história. Durante muitos anos, jovens de Campo Mourão e região serviam parte em Brasília e vários nos quartéis de Curitiba. Mas aquele ônibus de 11/02/1989 foi o último a sair de Campo Mourão para lá. No ano seguinte, os rapazes da região passaram a servir no quartel de Cascavel, que era mais próximo. Anos depois, abriu-se um Tiro de Guerra em Campo Mourão, e ninguém mais da cidade seguiu para Curitiba.

Sempre lembro que, naquela noite, ocupei o último banco do último ônibus que levou jovens mourãoenses a Curitiba — encerrando um ciclo de vários anos e centenas de rapazes que deixaram sua cidade e sua família para cumprir o dever constitucional e patriótico de servir à pátria. Muitos desses jovens, por diferentes motivos, jamais retornaram para viver em Campo Mourão. Eu fui um deles.

A partir daquela noite de 20 anos atrás, minha vida mudou completamente. Conheci muitas pessoas, vivi inúmeras experiências: sorri, chorei, sofri, me alegrei. Mas, como diz Roberto Carlos (de quem não sou fã), “o importante é que emoções eu vivi”. Às vezes tento imaginar como teria sido minha vida nesses últimos anos caso eu não tivesse embarcado naquele último ônibus… mas é um exercício inútil. Nunca saberei que rumo teria tomado. Prefiro pensar que, se não tivesse ido, talvez o destino tivesse me reservado um caminho ainda mais difícil — ou até a morte, naquela mesma semana de fevereiro de 1989.

A vida é feita de ações que provocam reações. Uma simples decisão — ficar ou partir, e o momento em que isso acontece — pode desencadear processos imprevisíveis. Por isso, sou grato a tudo o que vivi desde aquela noite em que embarquei naquele ônibus, especialmente pelos amigos maravilhosos que conquistei a partir dali.

E viva a Infantaria!

Escudo do Exército Brasileiro.
Escudo do Exército.