Viagem Europa 2025: Portugal – Dia 1

Após algumas horas de sono profundo, a comissária de bordo me despertou. Faltava cerca de uma hora para aterrissarmos em Lisboa. Fui ao banheiro fazer o que é costume fazer em um banheiro pela manhã e, ao retornar ao meu assento, serviram o café da manhã: farto e saboroso. Depois disso, fiquei olhando o monitor à minha frente, observando os dados do voo, especialmente a quilometragem restante até Lisboa. Acabei me distraindo e, como estava em um local sem acesso a visão das janelas, tomei um grande susto quando o avião pousou com uma pancada forte no chão. Não percebi que estávamos na fase final de aterrissagem. Ficamos parados na pista por alguns longos minutos antes de seguirmos para nossa posição de desembarque.

Fui o quarto passageiro a sair do avião. Lá fora, o tempo estava escuro, chuvoso e frio. Era minha segunda vez em Portugal. Em setembro de 2017, passei apenas um dia em Lisboa, depois de ficar um dia na cidade do Porto vindo da Espanha. Naquela ocasião, conheci muito pouco da cidade. Desta vez, com mais dias disponíveis, pretendo explorar melhor Lisboa e seus arredores.

Eu e meu irmão passamos pela imigração sem qualquer problema. O policial fez as perguntas básicas e logo nos liberou. Só não gostei do carimbo no passaporte, que estava com a tinta fraca, mal dando para ler. Para viajantes, os carimbos são como uma espécie de coleção: guardamos como lembranças dos países por onde passamos. Tenho um carimbo bastante raro que poucos brasileiros possuem. Mesmo meu irmão, que viaja mais do que eu, não tem. Trata-se de um carimbo do Brasil, que é exclusivo para estrangeiros. No entanto, anos atrás, ao voltar ao Brasil pela Bolívia, um agente de imigração sonolento carimbou meu passaporte brasileiro com o carimbo oficial. Quando percebeu o erro, pediu desculpas, mas eu disse que não havia problema. Sabia que tinha ganhado uma raridade.

Nossas malas demoraram bastante para aparecer na esteira e estavam um pouco molhadas. Seguimos para fora do aeroporto, pegamos um táxi e fomos ao centro de Lisboa, onde mora um amigo e sócio do meu irmão. Saí do táxi me sentindo mal, bastante enjoado. Acho que a culpa foi dos vários “cheirinhos” artificiais pendurados no carro. Tenho sensibilidade a alguns aromas, e esses artificiais em especial sempre me fazem mal.

O Luís, amigo do meu irmão, nos recepcionou calorosamente e logo entramos no espaçoso apartamento. Havia mais duas pessoas por lá, recém-chegadas do Brasil, que participariam do mesmo curso que meu irmão. Quando comentei com meu irmão que estava enjoado, Luís ouviu e me levou até a sacada, onde me fez sentar numa poltrona. Ele disse para eu respirar ar puro e trouxe uma garrafa de água gaseificada. Eu, que adoro água com gás, provei e aprovei a versão portuguesa de água com gás. Depois de alguns minutos na sacada, comecei a me sentir melhor.

Luís havia preparado um almoço especial para os visitantes: algo bem português. O problema é que eu, o enjoado da história, não como nada que venha da água. O almoço era bacalhau e polvo assados. Acabei comendo apenas os acompanhamentos: batatas e vagens assadas, que estavam deliciosas. Após o almoço, descemos para a garagem do prédio e embarcamos na van que Luís havia alugado para transportar os participantes do curso.

Dentro da van estava quentinho, enquanto do lado de fora o frio e a chuva predominavam. Seguimos por uma estrada à beira-mar rumo a Carcavelos, a 16 quilômetros dali. No caminho, passamos por construções históricas e Luís, se mostrando o melhor guia turístico possível (mesmo não sendo guia), nos contou suas histórias. Vimos a Torre de Belém de longe, parcialmente escondida por árvores. Esse é o ponto turístico de Lisboa, que mais tenho vontade de conhecer. Em 2017, na minha primeira passagem por Lisboa, não tive tempo de visitá-la. Desta vez, vou voltar para uma visita completa, o que certamente renderá uma postagem exclusiva no blog.

Chegamos à NOVA School of Business & Economics, onde o curso será realizado. Eu e meu irmão ficaremos hospedados no alojamento da faculdade. Como muitos alunos estão de férias, os quartos vazios são alugados para turistas. O alojamento fica a cerca de 300 metros do mar, mas, com o inverno rigoroso, não haverá chance de ir à praia. Fizemos o check-in, preenchi a ficha de hospedagem e a recepcionista, uma portuguesa chamada Maria, elogiou minha letra (de forma), que, segundo ela, é bonita. Pelo que me lembro, essa foi a primeira vez que alguém elogiou minha letra.

Os quartos são confortáveis, com cama, mesa, cadeiras, armários, frigobar, micro-ondas, utensílios básicos de cozinha e um banheiro aquecido a gás. Não gostei muito do estilo europeu do chuveiro tipo ducha, que você tem que fixar num cano se não quiser tomar banho com a ducha na mão. E tembém não gostei da cortina de plástico, que sempre deixa água ir parar no chão. Prefiro os chuveiros fixos e os boxes de vidro, ou acrilico, no estilo brasileiro. O aquecimento do quarto é central e fica ligado quase o dia todo.

Depois de ajeitar nossas coisas, fomos conhecer a faculdade. O campus é moderno, com uma estrutura que eu nunca vi no Brasil: restaurante, lanchonetes, mercado, academia, espaços de estudo e até um túnel que leva à praia. Passei a tarde sendo apresentado a pessoas e tentando ser discreto, pois não farei o curso que meu irmão e os demais brasileiros farão, então deixava o pessoal do curso trocar informações e conversar, evitava me intrometer na conversa deles. Ser discreto, ou seja, ficar quieto, só aumentava meu sono. No final do dia, nos levaram num local onde acontecem recepções e jantares. Duas máquinas de café gratuitas salvaram minha vida: três cappuccinos e um mocha resolveram o problema do sono sem fim.

Aqui escurece às 17h30min nessa época do ano, e estamos três horas à frente do horário do Brasil. Isso me deixa meio confuso: meu estômago fica maluco, sinto sono em horários errados. Demoro alguns dias para me acostumar com a mudança de horários e rotina. Daí, quando me acostumo, já estará na hora de voltar para o Brasil, e lá vou sofrer mais alguns dias para me adaptar à antiga rotina.

Após tomar banho e descansar um pouco, encontrei meu irmão na recepção, e fomos jantar em um restaurante que fica dentro da faculdade. Mesmo não sendo época de aulas normais, o lugar estava cheio. Sentamos em uma mesa em um canto, e meu irmão pediu um prato de macarrão com camarão. Vi no cardápio que a maioria dos pratos tinha peixe ou frutos do mar. Acabei escolhendo um macarrão carbonara, que é um dos tipos de macarrão que mais gosto. A alimentação nas lanchonetes e restaurante dentro da faculdade é subsidiada, ou seja, mais barata do que em estabelecimentos fora dali. Mesmo sendo mais barato, meu macarrão à carbonara custou 11,00 euros, o que dá cerca de R$ 66,00. Pensando em euros, é barato; já em reais, é caro. Mas, se você começar a calcular o preço das coisas em reais, fica meio maluco e passa fome. Então é melhor pensar no custo 1 x 1 e deixar para passar mal quando for pagar as faturas do cartão de crédito nos próximos doze meses, já que quase tudo estou parcelando em 10 ou 12 vezes.

Depois de comer, ficamos conversando com o garçom que nos atendeu, que é brasileiro e está há pouco tempo em Portugal. A recepcionista também era brasileira, com sotaque do Nordeste, enquanto o garçom nos contou que era do Rio de Janeiro. Eu e meu irmão voltamos para o alojamento, e cada um foi para o seu quarto. Terminei de arrumar minhas coisas e logo fui para a cama. Esse clima de inverno costuma me dar sono, e, após ter dormido poucas horas nos últimos dias, o que mais queria era poder dormir algumas horas numa cama quentinha e confortável… ZZZZzzz…

Café da manhã no avião.
Desembarque.
Água que curou meu enjoo.
Na van, vendo a Torre de Belém.
Nova School of Business and Economics.
Nova School.
Nova School.
Nova School.
Alojamento dos estudantes.
Momento de repouso.

Viagem Europa 2025

Eu estava planejando tirar alguns dias de férias em janeiro e ir para a Serra do Mar paranaense. Pretendia subir o Pico Paraná mais uma vez. Nos últimos dois meses, vinha treinando intensamente quase todos os dias. Porém, precisei interromper os treinos duas vezes de forma não planejada: a primeira, por causa de uma cirurgia na boca, em que levei vinte pontos e fiquei vários dias sem poder fazer qualquer esforço físico; e a segunda, devido a uma forte gripe causada pelo vírus da influenza.

No entanto, os planos mudaram de última hora quando recebi um convite do meu irmão para viajar a Portugal com ele. Cancelei a ida a Curitiba e à Serra do Mar e comecei a me preparar para atravessar o Atlântico. Seria a minha terceira viagem à Europa. Meu irmão estava indo para Portugal para cursar a segunda fase de um programa em uma faculdade de negócios em Cascais, uma cidade litorânea próxima a Lisboa. Dois anos atrás, ele já havia concluído a primeira etapa do curso e agora retornaria para finalizá-lo.

Embora não fosse o momento ideal para visitar a Europa, especialmente com o euro nas alturas, não resisti ao convite. Eu tinha algumas economias guardadas e planejei parcelar os custos extras em suaves prestações no cartão de crédito. Além disso, senti que merecia uma viagem dessas após o terrível ano de 2024, que quase não me permitiu viajar.

Com tudo acertado, e depois de passar uma noite em claro por ter ido a uma festa, finalizei os preparativos, ajeitei minhas coisas e saí de madrugada de carro rumo a Maringá. Lá, deixei meu carro na garagem do meu irmão e seguimos juntos para o aeroporto. Pegamos um voo da Gol direto para Guarulhos, onde passamos o dia aguardando nosso voo para Lisboa. Optamos pelo primeiro voo do dia para evitar problemas com os temporais previstos para o dia, já que não queríamos correr o risco de o aeroporto fechar ou o voo atrasar.

No aeroporto de Guarulhos, almoçamos e demos uma volta pelo terminal. Acabei me deparando com a Mariana Becker, a repórter de Fórmula 1 da Band, que também trabalhou muitos anos na Globo cobrindo o mesmo esporte. Como fã de Fórmula 1 e acompanhando as corridas desde 1980, não resisti e, educadamente, pedi para tirar uma foto. Ela foi muito simpática e até se desculpou por estar com os olhos inchados.

Seguimos para a sala VIP da Latam, onde passamos a maior parte do dia cochilando, mexendo no celular e, principalmente, comendo. O espaço oferecia muitas opções de comidas, lanches, doces, sorvetes e bebidas, tudo de graça. Por volta das 21h, deixamos a sala VIP e fomos procurar nosso portão de embarque. Fazia muito calor, e parecia que parte do aeroporto estava sem refrigeração. O embarque começou às 22h30 e foi tranquilo. Graças a algumas milhas acumuladas, eu teria a chance de viajar pela primeira vez na classe executiva. Para um voo de quase 10 horas, o conforto extra seria muito bem-vindo. Só preciso tomar cuidado para não me acostumar mal, porque, no futuro, provavelmente terei que voltar à classe econômica.

O início da viagem foi tranquilo, e, mesmo estando acordado há quase 40 horas, eu não sentia sono. Aproveitei para assistir a um filme e, em seguida, jantar, com direito a um sorvete Häagen-Dazs de sobremesa. Mais luxo, impossível! Após cerca de três horas de voo e algumas turbulências ao sobrevoar a Bahia, o sono finalmente chegou. Ajustei minha poltrona, que ficava completamente horizontal, e dormi quase o resto da viagem.

Tietando a Mariana Becker no aeroporto.
Descansando na sala vip.
Fui sentando na última fileira da classe executiva.
Meu irmão foi sozinho na janela.