Black Hawk Down

O filme Falcão Negro em Perigo (Black Hawk Down) foi lançado em 2001 nos Estados Unidos e chegou ao Brasil em março de 2002. Eu me lembro bem da primeira vez que o assisti: um sábado à tarde, no cinema do Shopping Cristal, em Curitiba. Estava acompanhado de uma guria com quem tinha ficado pela primeira vez uma semana antes, num fim de semana de trilhas e camping no Parque Estadual do Marumbi.

Sentamos na última fileira. E confesso: me arrependi de tê-la convidado. Não porque ela não fosse uma boa companhia — pelo contrário, era linda, inteligentíssima, de olhos verdes marcantes (e eu sempre tive uma queda por olhos verdes). Mas porque, naquela tarde, tudo o que eu queria mesmo era assistir ao filme, e não me distrair com carinhos no escurinho do cinema.

Sempre gostei de filmes de guerra, e aquele me interessava de forma especial. Falcão Negro em Perigo narra um episódio real da guerra civil na Somália, em outubro de 1993. Uma força de elite americana é enviada para capturar generais locais, mas a missão se complica quando dois helicópteros UH-60 Black Hawk são derrubados. O que deveria ser uma operação rápida se transforma em uma batalha sangrenta que durou horas e deixou marcas profundas no exército dos EUA.

Naquele sábado, meus olhos estavam grudados na tela. A história era trágica, mas ao mesmo tempo fascinante. O filme acabou levando dois Oscars, e eu saí do cinema com uma impressão que carrego até hoje: o impacto da guerra, o peso da tragédia — e a potência daqueles helicópteros Black Hawk.

Voltei a assistir ao filme algumas vezes nos anos seguintes, e ele se consolidou como um clássico. Já a guria de olhos verdes, que no início eu achei que seria apenas uma aventura passageira, acabou ficando comigo por sete anos. Tivemos momentos maravilhosos, e outros que preferia esquecer. Se pudesse voltar no tempo, talvez não tivesse prolongado aquela história depois daquela sessão de cinema. Houve escolhas e atitudes dela, anos mais tarde, que me feriram profundamente, quase destruindo minha vida. Mas isso já pertence ao passado. Não vou entrar em detalhes. Vander sendo Vander — divagando e fugindo do assunto principal.

Voltemos ao Black Hawk.

O Sikorsky UH-60 Black Hawk é um helicóptero militar utilitário médio, desenvolvido nos Estados Unidos pela Sikorsky Aircraft e em serviço desde 1979. Versátil e robusto, tornou-se peça-chave em guerras e operações humanitárias ao redor do mundo: Guerra do Golfo, Afeganistão, Iraque. Pode transportar até 11 soldados equipados, carregar veículos leves, atuar em missões de evacuação médica ou combate, e ser armado com metralhadoras e sistemas de defesa.

No Brasil, entrou em operação em 2007, quando a Força Aérea Brasileira (FAB) recebeu as primeiras unidades, que aqui foram designadas como H-60L, incorporadas ao Esquadrão Harpia, em Manaus, para substituir os antigos Bell UH-1H. Desde então, esses helicópteros têm atuado em missões de busca e salvamento, combate a ilícitos na Amazônia, apoio em desastres naturais e transporte de tropas em áreas de difícil acesso. São considerados hoje os helicópteros mais versáteis da FAB.

E não é que, 23 anos e meio depois daquela tarde no cinema, tive a oportunidade de conhecer de perto — e até entrar em um Black Hawk! É impossível não ter lembrado do filme, e também daquela companhia de olhos verdes.

Por razões de segurança nacional, não pude fotografar o interior da aeronave. Do lado de fora, no entanto, as fotos estavam liberadas, e algumas delas compartilho aqui embaixo.

Quanto à guria de 23 anos e meio atrás, não a vejo há quatorze anos e meio. Não sei se ainda está viva, nem o que faz da vida. Segui em frente, e o passado (salvo algumas exceções) já não me importa tanto. Mas, se por acaso ela estiver lendo este texto — já que, em tempos distantes, costumava acompanhar meu blog — quero que saiba que a perdoei. Na época, talvez tenha agido por desespero, sem medir as consequências. Hoje eu entendo. Eu também já fiz escolhas impensadas, que podem ter prejudicado alguém. Quem sou eu, então, para não perdoar?

Vida que segue… E eu estou indo assitir mais uma vez “Falcão Negro em Perigo”.

Black Hawk H-60L.
Eu e meu irmão, conhecendo de perto o Black Hawk.
Fazendo pose em frente ao Black Hawk.
No Black Hawk, e ao fundo um lindo por do sol.