Expedição Quest (1921 – 1922)

✳️ Também conhecida como: Shackleton–Rowett Expedition

Nomeada assim devido ao patrocínio de John Quiller Rowett, amigo e financiador de Shackleton.

Contexto

Após a Primeira Guerra Mundial, Shackleton queria retornar à Antártida. Com as grandes descobertas da Idade Heroica praticamente concluídas, ele planejava uma nova expedição para: Explorar regiões desconhecidas do Oceano Antártico, especialmente em torno das ilhas subantárticas. Mapear e estudar a Ilha Bouvet (Noruega) e a costa do mar de Weddell.

🛳️ O navio: Quest

Pequeno baleeiro norueguês adaptado para exploração polar. Equipado com motor auxiliar (a vela era o principal meio de locomoção). Considerado inadequado para longas viagens antárticas — era lento e instável.

👨‍✈️ Liderança e equipe

Líder original: Sir Ernest Shackleton

Segundo em comando: Frank Wild (veterano das expedições anteriores)

Outros membros notáveis: Leonard Hussey (meteorologista), Frank Worsley (capitão do navio), James Marr e Norman Mooney, dois escoteiros britânicos escolhidos entre milhares — simbolizando a conexão da juventude com a exploração.

⚰️ A morte de Shackleton

Em 5 de janeiro de 1922, Shackleton morreu de ataque cardíaco a bordo do Quest, na Geórgia do Sul, pouco depois de chegar à ilha. Ele tinha apenas 47 anos. Shackleton foi sepultado ali mesmo, a pedido de sua esposa, tornando-se um símbolo eterno da presença britânica na região.

🧭 A continuação da expedição

Após a morte de Shackleton, Frank Wild assumiu o comando. A expedição tentou seguir os planos originais, mas teve vários problemas técnicos e climáticos. Enfrentou condições severas de gelo e mau tempo, dificultando a navegação. Realizou poucos estudos científicos e exploração limitada. Visitou a Geórgia do Sul, Tristão da Cunha, e outras ilhas do Atlântico Sul.

📉 Resultado e impacto

Considerada fracassada em termos de objetivos científicos e geográficos. No entanto, possui grande importância histórica, pois marca o fim da era dos grandes exploradores antárticos. Representa o encerramento simbólico da carreira de Shackleton, que foi um dos maiores líderes de expedições polares da história. Inspirou futuras gerações de exploradores.

🪦 Legado

O túmulo de Shackleton na Geórgia do Sul tornou-se um local de peregrinação para exploradores e admiradores. O navio Quest continuou em operação até 1962, quando afundou no Canadá. A expedição foi amplamente registrada em diários, fotos e filmes.

Shackleton em uma foto promocional.
Shackleton e os escoteiros Marr e Mooney.
O Quest passando pela Tower Bridge, Londres.
O Quest passando pela Tower Bridge.
O Quest no gelo marinho.
O Quest ancorado na baía de Geórgia do Sul.

SOBRE A MORTE DE SHACKLETON

Quando o Quest chegou ao Rio de Janeiro, durante sua viagem rumo à Antártida, Ernest Shackleton sofreu um ataque cardíaco. Apesar disso, recusou-se a se submeter a um exame médico adequado. O navio seguiu viagem em direção ao sul e, em 4 de janeiro de 1922, chegou à Geórgia do Sul. Nas primeiras horas da manhã do dia seguinte, Shackleton chamou o médico da expedição, Alexander Macklin, à sua cabine, queixando-se de dores nas costas e outros sintomas. De acordo com o relato de Macklin, ele aconselhou Shackleton a diminuir o ritmo e a “levar uma vida mais tranquila”. Em resposta, Shackleton perguntou: — “Estão sempre me dizendo para desistir das coisas… do que exatamente devo desistir?” Macklin respondeu: — “Do álcool, Chefe.”

Pouco tempo depois, às 02h50min da madrugada de 5 de janeiro de 1922, Shackleton sofreu um ataque cardíaco fatal, em sua cabine no Quest. Macklin, responsável pela autópsia, concluiu que a causa da morte foi um ateroma das artérias coronárias, agravado por esforço físico durante um período de grande debilidade. Leonard Hussey, veterano da Expedição Transantártica Imperial, prontificou-se a acompanhar o corpo até a Inglaterra. No entanto, durante uma escala em Montevidéu, recebeu um telegrama de Emily Shackleton, esposa de Ernest Shackleton, pedindo que seu marido fosse sepultado na própria Geórgia do Sul. Hussey então retornou à ilha a bordo do Woodville. Em 5 de março de 1922, Shackleton foi enterrado no cemitério de Grytviken, após uma breve cerimônia realizada na igreja luterana local. Macklin escreveu em seu diário:

“Acredito que esta era a forma como ‘o Chefe’ gostaria de ser enterrado — sozinho, em uma ilha afastada da civilização, rodeado por mares tempestuosos e próximo do cenário de uma de suas maiores explorações.”

Cabine onde Shackleton morreu.
O marco de Shackleton.
Sepultamento de Shackleton, na Geórgia do Sul.

O TÚMULO DE SHACKLETON ATUALMENTE

Atendendo ao pedido de sua esposa, Ernest Shackleton foi sepultado na Geórgia do Sul — a mesma ilha onde, anos antes, havia encontrado abrigo e socorro após a épica travessia da Ilha Elefante a bordo do pequeno barco James Caird, em consequência do naufrágio do Endurance.

Túmulo de Shackleton

 

DICAS DE LIVROS SOBRE O ASSUNTO

Não encontrei nenhum livro em português, sobre a Expedição Quest.

Seguem dica de dois livros em inglês.

Expedição Terra Nova (1910–1913)

Expedição

A Expedição Terra Nova, foi uma das mais famosas — e também trágicas — expedições à Antártida. Ela foi liderada pelo capitão Robert Falcon Scott entre 1910 e 1913, com o principal objetivo de alcançar o Polo Sul e realizar importantes estudos científicos.

🧭 Nome da Expedição:

Expedição Terra Nova (British Antarctic Expedition 1910–1913)

Nomeada a partir do navio Terra Nova, um antigo baleeiro reforçado para gelo. Organizada e financiada pelo governo britânico, instituições científicas e doações privadas.

🧑✈️ Líder: Robert Falcon Scott

Oficial da Marinha Real Britânica. Já havia liderado uma expedição anterior à Antártida (a Expedição Discovery, 1901–1904). Considerado um símbolo do espírito de exploração britânico da “Era Heroica da Exploração Antártida”.

🎯 Objetivos principais:

Alcançar o Polo Sul geográfico. Realizar pesquisas científicas extensas: meteorologia, biologia, geologia, glaciologia e magnetismo. Explorar áreas inexploradas do continente antártico.

🧊 Resumo da Jornada:

🚢 Chegada à Antártida:

O Terra Nova partiu do Reino Unido em 1910 e chegou ao continente antártico em janeiro de 1911. A base principal foi estabelecida em Cabo Evans, na Ilha de Ross.

🐴🛷 Métodos de transporte:

Usaram pôneis da Manchúria, trenós puxados por cães e motores de neve (protótipos de snowmobiles) — mas todos com eficiência limitada. Grande parte da jornada final foi feita a pé, puxando trenós manualmente.

🧊❄️ Corrida ao Polo Sul:

Scott e sua equipe partiram rumo ao Polo Sul em 1º de novembro de 1911.

A equipe final era composta por: Robert Falcon Scott, Edward Wilson, Henry Bowers, Lawrence Oates e Edgar Evans.

Chegaram ao Polo Sul em 17 de janeiro de 1912, mas… Encontraram a bandeira da Noruega: Roald Amundsen havia chegado 34 dias antes, em 14 de dezembro de 1911.

“O pior já aconteceu. Todos os dias tenho que forçar minha mente a contemplar o retorno.”
Robert Falcon Scott, em seu diário

💀 A tragédia na volta:

A volta foi devastadora: clima extremo, exaustão, fome e ferimentos. Evans morreu em fevereiro de 1912 após sofrer uma queda. Oates, com graves problemas de saúde e temendo atrasar o grupo, saiu da barraca e nunca mais voltou. Scott, Wilson e Bowers morreram em 29 de março de 1912, presos por uma nevasca, a apenas 17 km de um depósito de suprimentos. Seus corpos foram encontrados oito meses depois por uma equipe de busca.

🔬 Resultados científicos:

Apesar da tragédia, a expedição trouxe: 2.100 kg de amostras geológicas, fósseis e registros meteorológicos. Importantes descobertas sobre a fauna antártica, como pinguins e focas. Fotografias e diários que documentaram o continente com precisão nunca antes vista.

🏛️ Legado da Expedição Terra Nova:

Heróico e controverso:

Scott foi visto como um herói trágico britânico, símbolo de bravura e sacrifício. Mas, com o tempo, historiadores questionaram sua liderança, logística e decisões estratégicas. Ainda assim, o espírito de perseverança e dedicação da equipe é lembrado com admiração.

Destaques:

Edward Wilson, médico, naturalista e artista, deixou ilustrações científicas valiosas. E a história de Oates, o homem que se sacrificou pelo grupo, virou lenda. O diário de Scott virou um clássico da literatura de exploração.

📚 Frase final de Scott no diário:

“For God’s sake look after our people.”
(Pelo amor de Deus, cuidem dos nossos.)

Essa frase marcou o encerramento da era heróica da exploração polar — uma mistura de ciência, coragem e tragédia.

O Terra Nova, a caminho da Antártida.
Organizando suprimentos no acampamento em Cabo Evans
O Capitão Scott escreve em seus aposentos.
O navio Terra Nova.
Alguns membros da expedição.
Final da Geleira Barne na Ilha Ross.
Homens da expedição, em seu alojamento.
Um pinguim de adélia defende seu ninho.
Grupo de trenó saindo para uma exploração.
Dr. Wilson, Capt. Scott, Capt. Oates, Henry Bowers e Edgar Evans posam no Polo Sul. 18 de janeiro de 1912.
Sepultura de Scott, Wilson e Bowers. Sepultados dentro da própria barraca, no local onde seus corpos foram encontrados congelados.
A cabana de Scott, no Cabo Evans, está preservado até hoje na Antártida.

 

DICAS DE LIVROS SOBRE O ASSUNTO

A ÚLTIMA EXPEDIÇÃO

Traduzido para o português somente em 2002, os diários do capitão Robert Falcon Scott. O Livro conta sobre a Expedição do Terra Nova a Antártida e a famosa corrida pela conquista do Pólo Sul, em 1911. O capitão norueguês, Roald Amundsen, chegou ao ponto mais ao sul do planeta trinta e três dias antes do capitão inglês, Robert Falcon Scott, mas nem por isso ficou com toda a fama. Scott lutou bravamente até o final, apesar de todos os erros de planejamento e execução de sua expedição. Nesse livro, está a íntegra dos diários de Scott, inclusive suas cartas de despedida quando ele sabia que a morte era certa. Poucas expedições têm mais impacto de narrativa que a Expedição Polar de Scott, principalmente porque sabemos seu triste fim. Apesar disso, esse é um livro indispensável na estante de interessados nos temas aventura, Pólo Sul e determinação.

A PIOR VIAGEM DO MUNDO

Com prefácio de Amir Klink, esse é o relato da última expedição do capitão inglês Robert Falcon Scott à Antártida, escrito por um dos integrantes da expedição. Determinados a serem os primeiros a alcançar o Pólo Sul, os tripulantes do Terra Nova terminaram embarcando numa epopéia de fim catastrófico. Sob um frio de -40°C (que necrosava os pés) e tendo de contornar erros elementares de planejamento, Scott e quatro companheiros corriam contra o tempo para se adiantar à equipe capitaneada por Roald Amundsen. Chegaram ao Pólo um mês depois do norueguês. Morreram no caminho de volta, a apenas 17 quilômetros do depósito de alimentos mais próximo.

UM IMPÉRIO DE GELO

Um livro fascinante, que nos faz repensar a corrida entre Scott e Amundsen e considerar a ciência como a força motriz da exploração antártica e polar. No começo do século XX, a Antártida era o último continente ainda intocado pelo homem, e chegar primeiro ao Polo Sul era uma questão de honra. Em 1911, o norueguês Roald Amundsen e o inglês Robert Falcon Scott se lançaram numa verdadeira corrida ao ponto mais ao sul do planeta Amundsen chegou lá em 14 de dezembro, seguido pouco mais de um mês depois pela expedição de Scott, cujo grupo morreu no caminho de volta.

O ÚLTIMO LUGAR DA TERRA

Esse livro mostra que o triunfo de Amundsen não foi um acaso, ao vencer Robert Falcon Scott na corrida para ser o primeiro a chegar no Polo Sul geografico. O autor Roland Huntford, reconstitui a história da exploração polar desde seus primórdios e descreve em detalhe as duas expedições rivais. Acaba por desmontar corajosamente o mito de Scott como mártir do heroísmo britânico, revelando suas fraquezas como líder e a incompetência que marcou seu empreendimento. Com base em vasta pesquisa histórica, o livro recria passo a passo as jornadas paralelas de Amundsen e Scott, sem perder de vista, em nenhum momento, a dimensão trágica e humana dos acontecimentos. É um rigoroso trabalho historiográfico que se lê como um empolgante romance de aventura.

Expedição Nimrod (1907 – 1909)

A Expedição Nimrod foi uma das expedições britânicas de exploração da Antártida, liderada por Ernest Shackleton entre 1907 e 1909. Oficialmente chamada de Expedição Antártida Britânica, ficou mais conhecida como Expedição Nimrod por causa do nome do navio utilizado: Nimrod.

🧭 Objetivos principais da expedição:

Alcançar o Polo Sul geográfico (nunca antes alcançado até então). Fazer pesquisas científicas e geográficas no continente antártico. Explorar o Monte Erebus, um vulcão ativo. Realizar observações magnéticas e geológicas.

🛳️ O navio Nimrod:

Era um pequeno baleeiro de madeira de 41 metros. Não era o mais adequado para gelo antártico, mas foi o que Shackleton pôde conseguir com os recursos disponíveis. Foi equipado e adaptado para suportar as condições extremas.

🧑‍🔬 Principais membros da expedição:

Ernest Shackleton – líder da expedição.

Jameson Adams, Eric Marshall e Frank Wild – integraram a equipe que acompanhou Shackleton na tentativa de alcançar o Polo Sul.

Edgeworth David – geólogo importante da expedição, liderou a subida ao Monte Erebus e a viagem ao Polo Sul magnético.


🏔️ Principais conquistas da Expedição Nimrod:

Tentativa de alcançar o Polo Sul (geográfico)

Shackleton, Adams, Marshall e Wild chegaram a 88°23′S, a apenas 180 km do Polo Sul, o mais longe que qualquer humano havia ido até então. Por falta de suprimentos e exaustão física, Shackleton tomou a difícil decisão de voltar, priorizando a vida da equipe — algo que ficou como um de seus legados éticos.

Primeira ascensão ao Monte Erebus

Liderada por Edgeworth David. Realizaram estudos vulcanológicos, o que foi notável para a época.

Descoberta do Polo Sul Magnético

Outra equipe da expedição (David, Douglas Mawson e Alistair Mackay) chegou ao Polo Sul magnético (na época) — uma façanha científica impressionante.

🔬 Resultados científicos:

Estudos importantes sobre geologia, magnetismo, biologia e meteorologia. Recolhimento de fósseis e amostras rochosas. Ajudou a mapear partes do continente antártico até então inexploradas.

📜 Legado da Expedição Nimrod:

Embora não tenha alcançado o Polo Sul, a expedição foi considerada um grande sucesso. Shackleton foi saudado como herói e nomeado cavaleiro pela Coroa Britânica (Sir Ernest Shackleton). Demonstrou liderança, ética e coragem, influenciando futuras expedições (como a de Scott em 1911 e a própria Endurance de Shackleton em 1914). Ajudou a abrir caminho para a conquista do Polo Sul por Roald Amundsen em 1911.

A expedição Nimrod foi a primeira a levar um automóvel (que tinha sido recém-inventado) para a Antártida, mas ele quebrava constantemente devido ao superaquecimento e ficava preso até mesmo na neve rasa.

O navio Nimrod.
Acampamento durante a caminhada até próximo ao Polo Sul.
Momento de descanso, rumo ao Polo Sul.
Primeiro automóvel na Antártida.
Shackleton e outros membros da expedição.

DICA DE LIVRO SOBRE O ASSUNTO

A EXPEDIÇÃO ESQUECIDA DE SHACKLETON

Uma emocionante história de ambição e aventura ao longo de uma jornada que até para seu protagonista pareceu incrível. No Ano Novo de 1908, Ernest Shackleton, um explorador ainda pouco conhecido, sedento da fama e riqueza, zarpou no seu pequeno navio – o Nimrod – rumo ao sul, até as misteriosas regiões da Antártida. Naquele ano, Shackleton realizaria um dos maiores feitos da sua carreira e se envolveria em grandes aventuras, para depois retornar à Inglaterra como herói. O autor – historiador especializado em exploração – baseia-se numa extensa pesquisa e em relatos verídicos. O livro é, por fim, um relato fiel da expedição que serviu de pano de fundo para a Endurance, a célebre expedição de Shackleton.