A primeira noite dormida em terras chilenas foi quase tranqüila, pois tirando o fato de que o Luis Cesar passou mal do estômago e de que a cama era muito mole e levantei com dor nas costas, tudo foi tranqüilo. Não fez o frio que esperávamos, a temperatura até parecia a de Curitiba.
Depois do café da manhã, nos arrumamos e saímos, pegamos nosso carrinho alugado e após atravessar rapidamente a cidade, cujo trânsito estava mais tranqüilo em razão de ser sábado, pegamos a estrada em direção ao litoral. Nosso destino seria a cidade costeira de Valparaíso e depois Viña del Mar. Dos quatro, apenas o W@gner já conhecia o Oceano Pacifico. Pelo caminho a paisagem era bastante inóspita, com pouco verde e muitas montanhas. Atravessamos alguns túneis e logo a paisagem mudou um pouco, aparecendo parreirais, pertencentes a vinhedos chilenos, alguns considerados dos melhores do mundo. No caminho paramos algumas vezes para tirar fotos. E passamos por muitos ciclistas, que seguiam em alta velocidade pelas bem conservadas e longas estradas. Conforme fomos chegando próximo á Valparaíso o tempo fechou, esfriando um pouco e aparecendo um forte nevoeiro.
E foi com nevoeiro que chegamos a Valparaíso, uma cidade que não é lá muito bonita, mas tem um aspecto rústico e construções antigas que a tornam uma cidade interessante. Sua origem remonta ao Século XVI, quando foi fundada por espanhóis e seu porto desde então se tornou muito importante para a economia chilena. Valparaíso se caracteriza por ser uma cidade que resvala dos morros em direção ao mar. Ao todo são 42 morros e colinas na cidade. Se bem que em razão do forte nevoeiro não vimos quase nada desses morros e nem mesmo as casas que ficam neles, além dos famosos “ascensores” (elevadores) que levam as pessoas até o alto dos morros. Tudo isso fez com que a cidade fosse declarada como Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco, em 2003. Outro atrativo da cidade é seu belo e colorido por do sol, visto do porto e dos mirantes que existem no alto de alguns morros. Esse por do sol vimos somente em fotos, pois o nevoerio mal nos deixava enxergar o mar.
Nossa primeira parada foi no porto, onde estacionamos nosso carrinho e fomos dar uma volta a pé. A visibilidade não era das maiores, então não deu pra ver muita coisa. Próximo onde paramos tem uma colônia de leões-marinhos, que fica numa plataforma de cimento bem próxima a margem. Foi interessante ver a barulhenta familia de leões-marinhos, descansando seus corpos imensos. Até rolou uma piadinha com o W@gão, que anda meio gorducho e está parecendo um leão- marinho. Mas o animal que mais nos cativou foi um que vive na terra, é peludo, late e é conhecido pelo nome de “cachorro”. Ali no porto vive um cachorro abadonado, que além de brincalhão é muito inteligente. Começamos a brincar com ele e tivemos sua companhia por um bom tempo. Apelidamos o cachorro de “Ronaldo” e o bicho gostava de jogar futebol. Como não tíhamos bola, utilizamos garrafas pet vazias e foi a maior farra. O triste foi ir embora e deixar nosso amigo “Ronaldo” para trás. Ele nos acompanhou até próximo uma estrada de ferro, que separa o porto da cidade. Ele então se deitou e ficou com uma cara tristonha nos olhando partir e nós partindo com cara tristonha também. Se fosse possível teria trazido esse cachorro para o Brasil, mas não dava e foi triste deixá-lo lá. Com certeza nosso amigo canino será uma das grandes lembranças dessa viagem.
No porto também encontramos um brasileiro de BH, que estava viajando por vários lugares do Chile. Ele nos acompanhou por um tempo e depois nos separamos. Após deixar o porto seguimos caminhando pelo centro da cidade, onde estava acontecendo uma imensa feira livre. O detalhe é que a maioria dos artigos dessa feira eram usados, sendo que alguns eram usados até demais, tinha mais aspecto de lixo do que de outra coisa. Caminhamos pela feira mais por curiosidade, do que a procura de algo para comprar. Depois fomos procurar um lugar para almoçar e acabamos indo parar num grande Supermecado. Ali nos separamos e enquanto o W@gner e Maico almoçavam em um restaurante, eu e Luis Cesar fomos fazer umas comprinhas. Compramos uma porção de coisas, mas o item principal foram chocolates, que estavam em oferta. Também encontrei manteiga de amendoim, fabricada nos Estados Unidos. Adoro isso e fazia tempo que não comia, pois no Brasil não existe tal produto. Existe somente o “Amendocrem”, que é quase uma falsificação de mantiega de amendoim e ruim a beça. Logo o W@gão e o Maico se uniram a nós e saimos dali com barras e mais barras de chocolate. Ao passar no caixa tinha muita gente olhando para nós, possivelmente nos achando com cara de malucos ou de tarados por chocolate.
Voltamos para o porto pegar o carro e não encontramos mais o Ronaldo, nosso amigo canino. No fundo foi melhor assim, pois seria difícil se despedir dele novamente. Pegamos a estrada e fomos até Viña del Mar, cidade próxima a Valparaíso. A cidade de Viña del Mar se originou a partir de duas fazendas, no final do século XIX. No começo do século XX a cidade se converteu em um balneário destacado. Era a época em que a aristocracia descobria os benefícios dos banhos de mar e do ar livre, o que tornou Viña del Mar um lugar de lazer e recreação. Desde então, suas praias têm sido uma poderosa atração turística. Pena que são praias de água gelada. Paramos num mirante ao lado da estrada para ver as fortes ondas quebrando nas pedras e depois fomos para uma praia. Caminhamos pela areia, observamos as fortes ondas, mas coragem de entrar na água não deu. Essa praia onde paramos fica em frente um Quartel do Exército Chileno e vários armamentos antigos estão em exposição. Aproveitamos para tirar várias fotos. Saindo dali fomos para o inicio da cidade, onde existe um enorme Cassino. Caminhamos próximo ao mar e depois fomos até uma praça em frente. Ali alugamos por meia hora duas bicicletas, que na verdade são quadriciclos com dois lugares. Numa fui eu e o W@gner e na outra Luis Cesar e Maico. Lógico que não íamos conseguir dar uma volta tranquilamente, logo promovemos uma corrida pela praça, tomando cuidado para não atropelar ninguém. Foi muito divertido, mas numa curva quase que eu e o W@gner capotamos. Mesmo assim os “irmãos Dissenha” venceram a disputa. O quadriciclo era pesado e fiz muito esforço, isso me causou problemas nos dias seguintes, quando minha dor nas costas piorou bastante. Para descansar da “corrida maluca” fomos num Café. Ali fizemos um lanchinho básico e o W@gão aproveitou para acessar a internet. O tempo foi fechando cada vez mais e o frio aumentou. Então resolvemos voltar para Santiago, pois seria impossível esperar que o tempo melhorasse para podermos observar melhor a paisagem e ver o por do sol. Eu queria muito ir até a “Isla Negra”, que fica ali perto e onde fica a casa mais interessante onde viveu Pablo Neruda. Mas acabei desistindo e fomos direto para Santiago.
Na estrada conforme nos distanciávamos de Valparaíso, o tempo ia melhorando e o nevoeiro ficou para trás. Chegamos ao hotel no início da noite e fomos para nossos quartos tomar banho e descansar um pouco.
Mais tarde saímos e fomos até um grande Shopping, do outro lado da cidade. Precisamos de um mapa para encontrar o caminho e mesmo assim tivemos trabalho para encontrar o lugar. O Shopping é enorme, parecido com os Shoppings que conheci nos Estados Unidos. Não era uma prédio todo fechado, mas sim uma construção principal e outras menores, onde existem lojas, restaurantes, cinemas e mais uma infinidade de coisas. Fomos direto para a praça de alimentação, onde jantamos “Whopper” (sanduíche) do Burger King e pizza da Pizza Hut. Depois da experiência com o sanduíche de pauta, decidimos eliminar de vez a comida local de nossa dieta. Melhor nos garantir com os sabores já conhecidos. Depois de comer demos uma volta pelo Shopping, entramos em algumas lojas para observar e do lado de fora vimos um show de Jazz. Não nos demoramos muito e fomos embora. No caminho paramos numa praça onde tinha um chafariz enorme e colorido. Em seguida voltamos para o hotel e fomos dormir, pois o dia tinha sido cansativo e o dia seguinte prometia ser o melhor de toda a viagem.