Ozires – A esperança nasce nas atitudes

Hoje, mal cheguei de viagem e ainda com sono, fui ao lançamento do livro “Ozires – A esperança nasce nas atitudes”, obra do jornalista Dilmércio Daleffe.

Trata-se de uma biografia que narra a história de Ozires da Cruz, um mourãoense que morava em Curitiba e faleceu em 2022, aos 51 anos. Com um futuro promissor nos campos de futebol, seus sonhos foram interrompidos aos 13 anos, quando sofreu um acidente no Rio Paraná: mergulhou e bateu a cabeça em um banco de areia, ficando tetraplégico.

A partir desse momento, o livro acompanha toda a trajetória da família de Ozires: cirurgias, internações, adaptações e a busca por um novo sentido para a vida. Apesar do futebol ter sido cancelado, Ozires se reinventou e encontrou na informática a sua nova saída, transformando limitações em oportunidades.

Fiz questão de comparecer ao lançamento, pois conheci Ozires pessoalmente. Tivemos apenas um ano de convivência, em 1982, na escolinha de futebol. Mas, ainda que breve, guardo lembranças boas e marcantes dele.

Quando soube do acidente, já não tinha mais contato com Ozires, e a notícia me deixou profundamente triste. Anos depois, ao acompanhar sua história — infelizmente após sua morte — fiquei emocionado ao ver que, mesmo com tantas limitações, ele conseguiu dar a volta por cima, ser feliz e realizar grandes conquistas.

Receber o abraço da mãe de Ozires foi como tocar um fio invisível que a ligava ao filho. Ao abraçar seus amigos, parecia que ela segurava a própria presença dele, transformando saudade em calor humano.

Ozires – A esperança nasce nas atitudes.
Com o autor do livro, Dilmércio Daleffe.
Foto com a mãe do Ozires.

Black Hawk Down

O filme Falcão Negro em Perigo (Black Hawk Down) foi lançado em 2001 nos Estados Unidos e chegou ao Brasil em março de 2002. Eu me lembro bem da primeira vez que o assisti: um sábado à tarde, no cinema do Shopping Cristal, em Curitiba. Estava acompanhado de uma guria com quem tinha ficado pela primeira vez uma semana antes, num fim de semana de trilhas e camping no Parque Estadual do Marumbi.

Sentamos na última fileira. E confesso: me arrependi de tê-la convidado. Não porque ela não fosse uma boa companhia — pelo contrário, era linda, inteligentíssima, de olhos verdes marcantes (e eu sempre tive uma queda por olhos verdes). Mas porque, naquela tarde, tudo o que eu queria mesmo era assistir ao filme, e não me distrair com carinhos no escurinho do cinema.

Sempre gostei de filmes de guerra, e aquele me interessava de forma especial. Falcão Negro em Perigo narra um episódio real da guerra civil na Somália, em outubro de 1993. Uma força de elite americana é enviada para capturar generais locais, mas a missão se complica quando dois helicópteros UH-60 Black Hawk são derrubados. O que deveria ser uma operação rápida se transforma em uma batalha sangrenta que durou horas e deixou marcas profundas no exército dos EUA.

Naquele sábado, meus olhos estavam grudados na tela. A história era trágica, mas ao mesmo tempo fascinante. O filme acabou levando dois Oscars, e eu saí do cinema com uma impressão que carrego até hoje: o impacto da guerra, o peso da tragédia — e a potência daqueles helicópteros Black Hawk.

Voltei a assistir ao filme algumas vezes nos anos seguintes, e ele se consolidou como um clássico. Já a guria de olhos verdes, que no início eu achei que seria apenas uma aventura passageira, acabou ficando comigo por sete anos. Tivemos momentos maravilhosos, e outros que preferia esquecer. Se pudesse voltar no tempo, talvez não tivesse prolongado aquela história depois daquela sessão de cinema. Houve escolhas e atitudes dela, anos mais tarde, que me feriram profundamente, quase destruindo minha vida. Mas isso já pertence ao passado. Não vou entrar em detalhes. Vander sendo Vander — divagando e fugindo do assunto principal.

Voltemos ao Black Hawk.

O Sikorsky UH-60 Black Hawk é um helicóptero militar utilitário médio, desenvolvido nos Estados Unidos pela Sikorsky Aircraft e em serviço desde 1979. Versátil e robusto, tornou-se peça-chave em guerras e operações humanitárias ao redor do mundo: Guerra do Golfo, Afeganistão, Iraque. Pode transportar até 11 soldados equipados, carregar veículos leves, atuar em missões de evacuação médica ou combate, e ser armado com metralhadoras e sistemas de defesa.

No Brasil, entrou em operação em 2007, quando a Força Aérea Brasileira (FAB) recebeu as primeiras unidades, que aqui foram designadas como H-60L, incorporadas ao Esquadrão Harpia, em Manaus, para substituir os antigos Bell UH-1H. Desde então, esses helicópteros têm atuado em missões de busca e salvamento, combate a ilícitos na Amazônia, apoio em desastres naturais e transporte de tropas em áreas de difícil acesso. São considerados hoje os helicópteros mais versáteis da FAB.

E não é que, 23 anos e meio depois daquela tarde no cinema, tive a oportunidade de conhecer de perto — e até entrar em um Black Hawk! É impossível não ter lembrado do filme, e também daquela companhia de olhos verdes.

Por razões de segurança nacional, não pude fotografar o interior da aeronave. Do lado de fora, no entanto, as fotos estavam liberadas, e algumas delas compartilho aqui embaixo.

Quanto à guria de 23 anos e meio atrás, não a vejo há quatorze anos e meio. Não sei se ainda está viva, nem o que faz da vida. Segui em frente, e o passado (salvo algumas exceções) já não me importa tanto. Mas, se por acaso ela estiver lendo este texto — já que, em tempos distantes, costumava acompanhar meu blog — quero que saiba que a perdoei. Na época, talvez tenha agido por desespero, sem medir as consequências. Hoje eu entendo. Eu também já fiz escolhas impensadas, que podem ter prejudicado alguém. Quem sou eu, então, para não perdoar?

Vida que segue… E eu estou indo assitir mais uma vez “Falcão Negro em Perigo”.

Black Hawk H-60L.
Eu e meu irmão, conhecendo de perto o Black Hawk.
Fazendo pose em frente ao Black Hawk.
No Black Hawk, e ao fundo um lindo por do sol.

Membro Honorário da Força Aérea Brasileira

Meu irmão, Wagner Dissenha, recebeu o título de Membro Honorário da Força Aérea Brasileira (FAB). A solenidade de entrega aconteceu na Base Aérea de Campo Grande (MS), durante as comemorações dos 81 anos de sua fundação.

Esse título é concedido a personalidades civis e militares da reserva, brasileiros ou estrangeiros, que tenham prestado serviços relevantes à Aeronáutica brasileira.

Fiquei extremamente feliz por ver meu irmão ser homenageado, pois sei o quanto isso significa para ele. Desde criança, Wagner sempre demonstrou paixão por aviões e sonhava em se tornar piloto de caça. Aos 18 anos, chegou a se alistar na Base Aérea de Curitiba, mas não foi aceito: para ser piloto, é necessário ter saúde impecável, e, como muitos em nossa família, ele não possui visão perfeita.

Apesar da frustração inicial, ele seguiu em frente. Nos últimos anos, iniciou um trabalho de valorização da FAB e seu pessoal. Com isso, construiu fortes laços de amizade com integrantes da FAB, o que lhe possibilitou conhecer diversas instalações da Força Aérea. Essa trajetória culminou agora com a honraria de Membro Honorário da FAB.

De certa forma, o sonho de infância foi realizado. Não exatamente como ele imaginava, mas da maneira que a vida permitiu. E isso tem um valor imenso para ele — e também para todos nós, que acompanhamos sua dedicação e amor pela aviação.

Solenidade pelos 81 anos da Base Aérea.
Tropas em forma, na Base Aérea de Campo Grande – MS.

Entrega do título de Membro Honorário.
Wagner Dissenha.
Desfile da tropa.
Wagner Dissenha e Vander Dissenha. Ao fundo um EMB-312 Tucano – Aeronave de treinamento básico e ataque leve.

Em Campo Grande – MS

Estou em Campo Grande, capital de Mato Grosso do Sul. Esta é a minha quarta vez na cidade. Tenho uma tia e alguns primos que moram aqui; minha tia se mudou para cá em 1979. Como esta viagem foi de agenda cheia e curta, não consegui visitar os parentes.

Gosto muito da cidade, que mesmo no inverno é quente. Um dos pontos mais bonitos é o pôr do sol, com seu tom alaranjado. Outra coisa que me encantou foi a gastronomia. Como sou fã de cupim, tive a oportunidade de experimentar duas vezes um prato muito apreciado por aqui: o famoso “cupim craquelado”. Uma verdadeira delícia!

Campo Grande,  é conhecida como a “Cidade Morena” por causa da cor avermelhada de seu solo. Fundada oficialmente em 1899, a cidade cresceu como ponto estratégico de ligação entre diferentes regiões do país. Hoje, é um importante centro econômico, político e cultural do Centro-Oeste, com destaque para o agronegócio, comércio e serviços.

Com mais de 900 mil habitantes, Campo Grande se caracteriza por sua diversidade cultural, resultado da influência indígena, paraguaia, japonesa, árabe e de migrantes de várias partes do Brasil. A cidade também é reconhecida por suas áreas verdes, avenidas largas, vida universitária ativa e pela proximidade com o Pantanal, um dos maiores ecossistemas do mundo.

Cavaleiro Guaicuru, no Parque das Nações Indígenas.

José Amilton Dissenha – 80 anos

Hoje meu pai completaria 80 anos. Infelizmente, ele se foi há 13 meses. Hoje poderia ser um dia de festa, mas acaba sendo um dia de saudade. De qualquer forma, é também um dia para celebrar a vida — a vida que ele me deu e os bons momentos que compartilhamos. Quando alguém parte, as lembranças ruins perdem força, e o que fica são os instantes felizes. E é melhor assim, porque não podemos mudar o passado. O que podemos é guardar com carinho as boas recordações e seguir em frente.

Feliz aniversário, meu velhinho!

Meu pai (segundo a esquerda) com seus pais e todos os seus irmãos.

Show com Bia Socek

Ultimamente não tenho postado aqui sobre os shows ou stand-ups que tenho assistido. Mas hoje decidi compartilhar um pouco da experiência que tive ontem no show da cantora Bia Socek. Acompanho o trabalho dela há muitos anos, mas foi a primeira vez que tive a oportunidade de vê-la ao vivo — e gostei demais!

Mesmo em uma noite fria e com o público um pouco tímido, Bia fez o show valer a pena. Ela se entregou de corpo e alma à apresentação, mostrando não só seu talento, mas também muito profissionalismo.

Depois do show, tive a chance de ir até o camarim e tirar uma foto com ela. Meu lado fã falou mais alto…  Ainda batemos um papo rápido sobre Quitandinha (PR), a cidade onde ela mora. Além de talentosa e profissional, Bia se mostrou uma pessoa extremamente simpática.

 

Hoje o Blog completa 17 anos de existência

O hobby, que começou de forma despretensiosa, chegou longe. Jamais imaginei que fosse durar tanto tempo. Na verdade, hoje seria o seu fim — mas acabei mudando de ideia e vou continuar com ele por mais um tempo. Quanto tempo? Não sei! As postagens, porém, vão se tornar cada vez mais raras, tanto pela falta de tempo para cuidar do Blog quanto pela diminuição do meu interesse, que cai a cada ano. Acho que ele já deu o que tinha que dar. Seu auge ficou para trás e foi útil para muita gente — principalmente para mim. Agora, já não é mais tão importante, e talvez seja melhor encerrá-lo. Sinceramente, não sei se ele chega aos 18 anos. Vamos ver o que os próximos meses reservam para mim e para o Blog.

O “brinquedinho” está quase atingindo a maioridade. Olhando para trás, fico feliz por tudo o que construí aqui. Este Blog foi, muitas vezes, uma forma de terapia. Escrevendo nele, encontrei resultados que, talvez, nem teria em sessões de análise. Vocês não imaginam quantas postagens escrevi e nunca publiquei, acabando por excluí-las depois. E também houve textos que escrevi achando que logo apagaria… mas que permanecem aqui até hoje.

Para os próximos meses, tenho um projeto ousado: revisar grande parte das postagens, corrigindo erros de ortografia, concordância e outros detalhes. Depois, pretendo publicar o conteúdo do Blog em formato de livros — um volume para cada ano, reunindo as postagens correspondentes. Esses livros servirão como memória e arquivo de tudo o que foi postado aqui. Quando estiverem prontos, talvez seja a hora de encerrar e excluir o Blog. Os volumes ficarão disponíveis para impressão sob demanda, caso alguém se interesse por algum ano específico.

Então… parabéns para nós! São 17 anos no ar.

Adeus Curitiba! – 15 anos depois

Hoje faz exatamente 15 anos que deixei Curitiba e voltei para minha cidade natal, onde mora minha família. A ideia era passar apenas seis meses por aqui e depois retornar. Nunca mais voltei. Houve muitos motivos para essa permanência, mas o principal foi a vontade de estar mais próximo da minha família.

Tinha passado 20 anos longe da cidade onde nasci — 19 em Curitiba e um nos Estados Unidos. Nesse tempo, perdi muitos momentos em família e, aos poucos, fui me afastando, deixando vínculos importantes se dissolverem. No meu último ano em Curitiba, visitei minha família apenas três vezes. Três visitas em um ano inteiro.

Voltar depois de tanto tempo não foi simples. Eu não tinha mais amigos aqui, me sentia deslocado. Mas, com o tempo, fui criando novas amizades, construindo uma rotina diferente e redescobrindo o valor da paz e da simplicidade do interior.

Sair de Curitiba nunca esteve nos meus planos. Eu tinha uma vida sólida lá, gostava da rotina, dos amigos, da cidade em si. Mas uma sequência de acontecimentos desagradáveis me fez “dar um tempo” e buscar refúgio a quase 500 quilômetros de distância. Tive que zerar minha vida e recomeçar. Não foi fácil, mas encarei como uma oportunidade de fazer uma limpeza profunda em tudo. Aos poucos, me reconstruí. Rompi vínculos antigos, deixei amizades para trás, e comecei do zero.

Hoje, raramente volto a Curitiba. As últimas visitas foram a trabalho. A cidade que conheci — aquela Curitiba limpa, organizada, onde vivi anos incríveis — já não existe mais para mim. Na última vez em que estive lá, ano passado, fui rever alguns lugares e me assustei: pichações por toda parte, lixo nas ruas, tráfico de drogas a céu aberto no centro, moradores de rua e pedintes em números que nunca havia visto. Não os julgo; apenas constato como a situação piorou desde que saí. Outra coisa que me chamou atenção (sem nenhum julgamento, nem a favor, nem contra) foi a quantidade de hispanos na cidade. Se continuar assim, logo o espanhol será o idioma oficial de Curitiba.

Hoje, não mantenho mais nenhum vínculo com a cidade. Até dos amigos mais próximos me afastei. Quando vou a Curitiba, não procuro ninguém. Não visito amigos, nem os poucos parentes que ainda vivem lá. Dos muitos amigos antigos, excluí todos das redes sociais. Não por mágoa, mas porque sinto que esse ciclo se encerrou. Com alguns poucos, ainda troco mensagens nos aniversários, por educação e carinho, mas sem proximidade.

Há exatos 15 anos saí de Curitiba pensando em voltar logo. Hoje, não tenho a menor vontade nem de visitar. Muita coisa aconteceu nesses anos — e, felizmente, a maior parte foi boa. Viajei muito, vivi mudanças profundas, amadureci como pessoa. Mas, acima de tudo, pude aproveitar minha família. Eu e meu pai tínhamos muitas diferenças, e conseguimos resolvê-las. Tive o privilégio de viver seus últimos anos com respeito, diálogo e carinho. Hoje, ajudo a cuidar da minha mãe, cuja saúde vem se debilitando. Só por isso, já teria valido a pena ter deixado Curitiba.

Nesses 15 anos, tive aprendizados que levo para a vida. Conheci pessoas incríveis, fiz amizades verdadeiras. Curiosamente, a maioria dos meus amigos atuais é bem mais jovem do que eu, o que torna as trocas de experiências ainda mais ricas. Além disso, conheci os dois grandes amores da minha vida. Duas mulheres extraordinárias (cada uma ao seu tempo) que me ajudaram a crescer, a querer ser um pessoa melhor, enfrentar questões internas que eu carregava há anos. Ambas não fazem mais parte da minha vida, mas guardo um carinho imenso pelo que vivemos juntos.

Por tudo isso — e muito mais — hoje posso afirmar, sem hesitação: valeu muito a pena ter deixado Curitiba. Minha vida é infinitamente melhor do que era há 15 anos. Só não digo que nunca mais morarei lá, porque a vida adora provar que o “nunca mais” às vezes nos prega peças. Melhor deixar o futuro em aberto. O que tiver que ser, será.

Última foto que tirei em Curitiba. Vista da cidade a partir do meu antigo lar. (02/08/2010)