Obra-prima da arquitetura portuguesa, o Real Mosteiro de Santa Maria de Belém, comumente conhecido como Mosteiro dos Jerónimos, foi originalmente destinado à Ordem de São Jerónimo. Classificado como Monumento Nacional desde 1907, o mosteiro foi inscrito na Lista do Património Mundial da UNESCO em 1983.
Atualmente, a igreja, que ainda abriga serviços religiosos e está aberta para visitas patrimoniais, juntamente com o claustro, secularizado no século XIX, compõem o conjunto patrimonial mais visitado de Portugal.
O edifício foi construído por iniciativa do rei D. Manuel I, cujo reinado decorreu entre 1495 e 1521, e dependeu de meios financeiros avultados e de recursos artísticos exigentes, que este poderoso mecenas disponibilizou. Situa-se numa das zonas mais qualificadas de Lisboa, um cenário histórico e monumental junto ao rio Tejo, local de onde partiram as naus e caravelas no tempo das descobertas.
D. Manuel I mandou construir a Torre de Belém com a finalidade de proteger, não apenas o porto de Lisboa, a barra do Tejo, mas também o Mosteiro dos Jerónimos, então em construção. Na época, a configuração da barra do Tejo proporcionava efetiva proximidade e ligação visual entre os dois empreendimentos régios – a Torre construiu-se no rio, a 250 metros da margem, sobre um afloramento basáltico, e o Mosteiro foi erigido na margem, em frente da praia do Restelo.
A excelência do edificado é devedora da experiência do primeiro mestre, Diogo de Boytac, e de outros notáveis arquitetos e escultores provenientes de diferentes regiões da Europa. Entre estes, destacam-se o biscainho João de Castilho, que dirigiu as obras a partir de 1517, após ter concluído o portal sul da igreja – ricamente decorado, onde se destacam as imagens do Santo Patrono de Portugal, Arcanjo S. Miguel (ao cimo), e a imagem de Santa Maria de Belém (ao centro) –, e o escultor francês Nicolau Chanterene, a quem se deve o portal ocidental. Este portal ostenta com visível aparato os retratos dos reis patronos, D. Manuel I e D. Maria de Castela, referidos pelos cronistas como sendo “tirados do natural”.
O conjunto monástico conserva, além da igreja manuelina, grande parte das magníficas dependências conventuais que contribuíram para a sua fama internacional, incluindo o claustro quinhentista, o antigo refeitório dos monges e a sala da antiga livraria.