New York, New York…

Após ficar somente 24 horas em Washington e visitar o máximo de lugares possíveis, fiz as malas e segui para Nova York. A partida atrasou um pouco e cheguei a Nova York no final da noite. Era minha segunda vez em Nova York, sendo que a vez anterior tinha sido há pouco mais de oito anos. Dessa vez encontrei pronto o serviço de Sky Trem no aeroporto, que faz ligação com o metrô. Isso facilitou bastante as coisas para mim.

Não consegui hotel barato em Manhattan, então fiz reserva num hotel fora da ilha, no bairro do Brooklyn. Escolhi um hotel de uma rede conhecida, com bom preço, que ficava somente a duas quadras de uma estação do metrô. Esses cuidados todos eram para evitar de entrar em alguma fria. Mesmo assim entrei numa fria enorme. Quando desci na estação perto do hotel era quase meia noite e reparei que eu era um dos poucos brancos a estar ali. Nos Estados Unidos os negros são mais racistas com relação a brancos, do que os brancos com relação a negros no Brasil. Estar tarde da noite na saída de uma estação de metrô, numa região de maioria negra, num bairro de Nova York e arrastando uma mala que deixava claro que eu era turista, foi algo assustador. Pensei em pegar um táxi para percorrer os dois quarteirões até o hotel, mas não vi nenhum dos famosos táxis amarelos. Vi somente alguns táxis velhos, de cor preta e com cara de serem clandestinos. Seria abusar da sorte embarcar num desses táxis, então o jeito foi respirar fundo e seguir a pé até o hotel. Quando saí da estação fui abordado por alguns elementos mal encarados oferecendo táxi. Preferi não responder, para que meu inglês não entregasse que além de turista eu era estrangeiro. Fui “respondendo” não com a cabeça, fiz cara de mau e segui em frente arrastando minha mala. Logo vi que no outro lado da rua ficava uma Central de Polícia, o que me deu certo alívio. Chegando a esquina vi os dois quarteirões desertos e meio escuros que teria que percorrer. Olhei para o céu pedindo proteção, respirei fundo e segui em frente. O trecho até o hotel estava deserto, e em situações iguais a essa é bem melhor encontrar ruas desertas, do que ruas com elementos suspeitos. Quase chegando no final do segundo quarteirão vi que um homem caminhava em sentido contrário do outro lado da rua. Senti um frio na barriga e continuei caminhando rápido. Quando cheguei perto desse homem, ufa! Ele era um policial! Logo cheguei na esquina, dobrei o quarteirão e vi o hotel, que felizmente tinha boa aparência e parecia ser bom. Mas a vizinhança do hotel não era das melhores, ele ficava exatamente ao lado de uma linha do metrô, daquelas suspensas como se fosse um viaduto. Até me lembrei de um filme, cujo nome não lembro, onde muitas passagens do filme eram num lugar parecido com aquele, isso se não for o mesmo lugar.

Entrando no hotel me senti seguro e fui atendido por alguns indianos que cuidavam da recepção. Então subi para o quarto que ficava no quarto andar, na parte da frente do hotel e ao lado da linha do metrô. Tive que dar risada da situação. Por sorte que da meia-noite às cinco da manhã o metrô passava meio que de hora em hora. Mas cada vez que ele passava o quarto parecia chacoalhar. E depois das cinco da manhã era um trem atrás do outro e quase não dava para dormir. E mesmo com a grossa janela do quarto fechada, dava para ouvir a gravação da estação informando sobre embarque, desembarque, número de plataformas. Como o hotel serviria somente para dormir algumas horas à noite e para tomar banho, não me importei muito com o barulho. Tomei banho e caí na cama, pois os dois próximos dias seriam de muitos passeios e cansativos quilômetros a percorrer. E o importante é que eu tinha saído ileso da aventura que foi ir da estação do metrô até o hotel. Até agora não sei dizer se sou burro, louco, ou corajoso em enfrentar uma situação dessas da forma como enfrentei, metendo a cara e pagando pra ver…

No voo entre Washington e Nova York.
Esperando o metrô em Nova York.
A estação do metrô vista da janela do quarto.
Vista que se tem ao sair do hotel.
Os dois quarteirões que percorri a noite.

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