10ª Peregrinação pelo Caminho de Peabiru

Sexta-feira, 9 de outubro, final de tarde, iniciava minha quarta participação (consecutiva) em peregrinações pelo Caminho de Peabiru. Essa seria a 10ª. Peregrinação organizada pelo pessoal do NECAPECAM, a segunda em 2009. Encontrei o pessoal no centro de Campo Mourão, em frente á casa da Marilene, coordenadora do NACAPECAM. Quando cheguei ao local de embarque o pessoal já estava guardando as bagagens no ônibus que nos levaria até a cidade de Altamira do Paraná, distante 130 km de Campo Mourão. Alguns participantes eu já conhecia de outras peregrinações, outros eram novatos. Outros já estavam em Altamira nos aguardando. A viagem foi tranqüila e o caminho todo fui conversando com o Edyo e Zilma.

Altamira é uma cidade pequena, basicamente com uma avenida principal e dois quarteirões de cada lado dessa avenida. A cidade fica no alto de um morro comprido e a população vive quase que exclusivamente da agricultura e da pecuária. Desembarcarmos em frente da Casa da Cultura da cidade, onde seria realizado um breve simpósio sobre o Caminho de Peabiru na região. Estavam presentes além dos peregrinos e de alguns moradores locais, algumas autoridades, como o Prefeito e um Deputado Federal. Após o simpósio fomos para a Associação dos Funcionários Municipais, onde seria oferecido um jantar com o prato típico da cidade, “Carneiro Recheado”. No mesmo local do jantar passaríamos a noite.

Como não gosto de carneiro, jantei arroz branco com cenoura e vagem. Como estava com muita fome, á comida foi um verdadeiro banquete e em nenhum momento me senti tentado a provar o carneiro. Depois da janta uma banda do local começou a tocar umas musicas e não demorou muito para o pessoal se animar e começar a dançar. O local virou um verdadeiro bailão. Como todos nós tínhamos que levantar cedo no dia seguinte o “bailão” acabou logo e fomos nos ajeitar para dormir. Escolhi um canto perto do banheiro e enchi meu colchão de ar. Uma parte do pessoal não estava a fim de dormir e resolveram ir para o centro da cidade tomar cerveja. Eu não estava com sono e mesmo não bebendo cerveja resolvi ir junto com o pessoal. Fui de carona com um fazendeiro local, chamado Santo. No dia seguinte vim a saber, que o nome dele é Santo Antonio. Acho que a mãe dele deve ter feito alguma promessa antes dele nascer. O Santo além de fazendeiro, também participa de rodeios e na carroceria da caminhonete foi junto sua égua branca, cujo nome não recordo. Como a cidade é bem pequena e era quase meia noite, só tinha um boteco aberto e não era dos mais sérios. Mas como o pessoal só queria beber não ia ter nenhum problema, principalmente porque as mulheres era maioria em nosso grupo. Ficamos ali uma hora conversando e o pessoal bebendo, depois voltamos para nosso lugar de pouso, pois o dia seguinte seria longo e cansativo.

Dormi como um anjo e até sonhei, mas levantar ás seis da manhã não foi nada agradável. Arrumei minhas coisas e quando vi a mesa do café da manhã abri uma exceção e fiz algo que normalmente não faço, que é tomar café da manhã. Tinham muitas guloseimas doces, salgadas, amargas e muito mais. Em seguida saímos para a primeira parte de caminhada do dia, com previsão de 16 km. Seguiríamos 8 km até o Rio Cantu e depois retornaríamos pelo mesmo caminho, para almoçar no mesmo lugar onde passamos a noite. A maioria do pessoal não gostou muito disso, pois caminhar duas vezes pelo mesmo caminho não é legal é monótono. O clima estava agradável, com sol, mas sem calor. A estrada no inicio era mais de descidas, mas tinham muitas pedras e isso dificultava o caminhar. A maior parte do caminho fui junto com a Zilma, Edyo e Pierin. Pra passar o tempo íamos conversando e sempre que tinha algo interessante pelo caminho, parávamos para bater fotos. E assim chegamos até o Rio Cantu, onde existe uma balsa na qual passei pela ultima vez há uns 32 anos. Pelo que me recordava daquela época, nada mudou no local, ou melhor, o que mudou foi que quase não existem mais árvores ali, agora só tem pastos e mais pastos. Fizemos a travessia do rio pela balsa e retornamos também com ela. É uma balsa manual, onde algumas pessoas tem que puxar uma corda para a balsa se mover. Foi uma experiência divertida. Logo iniciamos o caminho de volta até Altamira, dessa vez com mais subidas pelo caminho e o sol mais quente.

Passava um pouco do meio dia quando chegamos ao local do almoço em Altamira. Os 16 km até que foram tranqüilos, mas uma bolha no dedinho estava incomodando. Logo fui almoçar e dessa vez além do carneiro recheado, também tinha churrasco. Acabei comendo demais, meio que para compensar as cenouras da noite anterior. Não tivemos muito tempo de descanso e logo pegamos a estrada novamente. Fomos de ônibus até um determinado local e iniciamos nossa caminhada. A estrada era de pedras irregulares e isso após algum tempo fazia os pés doerem muito. Após uma meia hora saímos dessa estrada ruim e seguimos por uma estrada de terra, com muitas subidas, pastos em volta e paisagens bonitas. Ter comido demais no almoço me deu uma lezera danada e foi difícil caminhar a tarde toda. Andamos mais 16 km e terminados o dia em uma fazenda ás margens do Rio Piquiri, um local muito bonito. Um farto café nos esperava e antes de escurecer embarcamos no ônibus e fomos para Altamira. Lá pegamos nossas bagagens, me despedi da maioria do pessoal e embarquei no ônibus rumo a Campo Mourão. O cansaço era tanto que o papo foi bem curto, quase todos acabaram dormindo até chegarmos a Campo Mourão.

Agora é esperar a próxima peregrinação em 2010. Para muitos caminhar quilômetros e mais quilômetros debaixo de sol, chuva e poeira é programa de índio ou de maluco. Mas quem participa dessas peregrinações acaba enfrentando seus limites, fazendo amizades e tendo experiências interessantes. Daí muitos nunca mais aparecem, mas a maioria sempre está voltando, pois é algo viciante. 

Simpósio na Casa da Cultura de Altamira do Paraná. (09/10/2009)
Café da manhã.
Inicio da Peregrinação. (10/10/2009)
Pelo caminho encontravamos pessoas, construções e animais...
Imagens do caminho.
Balsa do Rio Cantu.
Estrada e mais estrada para percorrer...
Fim de peregrinação ás margens do Rio Piquiri.

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