Hoje faz exatos 20 anos que cheguei a Curitiba, numa manhã de domingo chuvosa, cinzenta e meio fria. Depois de uma viagem cansativa durante toda a noite, dormindo pouco e mal, acordei já na entrada da cidade. Apesar de conhecer Curitiba e de ter vindo várias vezes para cá, eu não conhecia o bairro Bacacheri nem o quartel do 20º BIB.
Lembro que descemos a Rua Treze de Maio e me chamaram a atenção os prédios antigos e a iluminação do Largo da Ordem, que até então eu não conhecia. Pensei que, em algum momento, precisaria voltar ali para explorar melhor o lugar. Mal sabia que, 16 anos depois, eu iria morar a apenas 150 metros dali, em pleno Largo da Ordem.
Eram aproximadamente 6h30 quando estacionamos em frente ao quartel do 20º BIB. Seu tamanho me impressionou. Após desembarcarmos, entramos em fila pela entrada principal e ali já começou a “encheção de saco” por parte dos soldados mais antigos. Parecíamos um bando de ovelhas assustadas, seguindo para o abate. Fomos levados a um dos pavilhões, a CCS – Companhia de Comando e Serviço. Entramos em um alojamento e passamos a manhã toda ali, sendo constantemente abordados por cabos e soldados que faziam pressão psicológica e tentavam aplicar trotes.
Entre eles, encontrei um conhecido: João Garaluz, amigo antigo de Campo Mourão, dos tempos da “Unidade Polo”. Ele não me deu muita atenção, mas também não me incomodou. Lembro também de um rapaz forte, negro, chamado Sebastião, que logo ganhou o apelido de “Trovão”. A cada dez minutos algum soldado gritava “Trovão!”, e ele tinha que bater no peito e responder: “bum, bum, bum!”. Mais tarde, servimos na mesma companhia e nos tornamos amigos. O apelido pegou de tal forma que, durante todo o tempo em que serviu, ele era mais conhecido como Trovão do que pelo próprio nome.
Outro reencontro foi com Douglas, também amigo de colégio em Campo Mourão. Depois apareceram mais alguns conhecidos: Raul e Adelson, que, no entanto, foram embora dois dias depois. Mais tarde, no processo de incorporação, percebi que éramos cinco de Campo Mourão na CCS: eu, Douglas, Cláudio, Odair e Licoski. O Odair tinha estudado comigo na 5ª série, e fazia muito tempo que não o via até reencontrá-lo ali. O Cláudio também havia sido colega anos antes. No total, incluindo outras companhias, devíamos ser uns 40 rapazes de Campo Mourão.
Na hora do almoço seguimos em fila até o refeitório, ansiosos para descobrir se a comida de quartel era realmente ruim, como sempre se dizia. Ao vivo, parecia ainda pior do que eu imaginava. Peguei meu bandejão, entrei na fila e o soldado que servia tentou encher minha bandeja, mas recusei educadamente e saí de fininho. A comida era simplesmente horrorosa, muito além do que eu esperava. Depois de comermos — e ouvirmos mais algumas broncas — voltamos para o alojamento, onde ficamos até a metade da tarde, quando fomos ao ginásio para o exame médico.
No exame em Campo Mourão, eu havia sido reprovado no teste de visão, já que ainda não usava óculos. Mas queria servir. Percebi, na época, que o médico sempre pedia para ler a mesma linha de letras. Então decorei a sequência e, assim, consegui passar.
No ginásio encontrei mais alguns conhecidos de Campo Mourão que já serviam no 20º BIB. Entre eles, o Paulinho (Paulo Bonfim), amigo de infância que infelizmente faleceu em um acidente dois anos depois. Também reencontrei o Cabo Siqueira, colega dos tempos de Colégio Estadual, que depois se tornaria sargento, e o Cabo Fernandes, outro amigo da mesma época, que hoje mora em frente à casa dos meus pais.
Depois do exame, voltamos ao alojamento e lá permanecemos até o anoitecer. Na hora da janta, resolvi não ir ao refeitório: imaginei que a comida requentada seria ainda pior. Perguntei se poderia sair para dar uma volta, e como ninguém respondeu, saí de fininho. Consegui inclusive sair para fora do quartel. Ao lado ficava a Base Aérea de Curitiba, com um longo muro branco que seguia por alguns quarteirões. Fui acompanhando o muro até encontrar, do outro lado da rua, um boteco aberto. Entrei, comi um salgadinho e voltei rapidamente, com medo de não conseguirem me deixar entrar novamente. Quando cheguei ao alojamento, os demais já estavam retornando do refeitório. Alguns foram tomar banho e fui junto.
Naquela noite tomei meu primeiro banho gelado — nem frio era, era gelado mesmo — de muitos que viriam nos dois anos seguintes. O sistema era de caldeira, e a água quente já havia acabado. Pouco antes das 22h nos mandaram para a cama. Subi num beliche, me cobri com uma manta e fiquei pensando se haveria algum trote depois do apagar das luzes. Mas o sargento de plantão disse que ninguém nos incomodaria, já que ainda não tínhamos passado pela incorporação e éramos considerados civis. Ele não queria correr o risco de algum acidente. Depois da incorporação, avisou ele, a história seria outra — e realmente foi.
Às 22h em ponto as luzes se apagaram. Algo que me chamou a atenção foi o potente farol do radar da Base Aérea, que girava e de tempos em tempos iluminava o alojamento. Aquilo me lembrou cenas de filmes de prisão. Naquele momento, eu realmente me sentia preso.
No beliche de baixo dormia um rapaz de Campo Mourão que eu ainda não conhecia. Pouco tempo depois, alguém entrou no alojamento puxando as mantas de quase todos. Quando chegou a minha vez, parou, me olhou e seguiu adiante sem puxar a minha. Percebi que fui o único daquela fileira que manteve a manta. Acredito que tenha sido o Garaluz, que, em nome dos velhos tempos, me deu uma colher de chá. Já o rapaz do beliche de baixo começou a chorar. Foi ouvindo aquele choro que acabei adormecendo. No dia seguinte ele foi dispensado e voltou para casa. Anos depois o vi em Campo Mourão: ele me olhou como quem reconhecia, mas eu apenas sorri de forma debochada, lembrando de seu choro naquela primeira noite de quartel.
Meu primeiro dia em Curitiba e no quartel não foi dos melhores — mas com certeza também não foi dos piores. Os dias realmente difíceis ainda estavam por vir.


sou de formosa do oeste interior do parana e tambem tenho muitos amigos de campo mourão, tambem estive la no 20 bib em 89 na segunda companhia, um forte e fique com Deus.
disenha lembro de vc tbem sou de campo mourão e servi na segunda em 89, tbem estudei na u. polo um abraço e muita paz fique com deus.
e aí cara, servi no 20 em 89,na 3.ªcia, te conheço do Polo,carneiro preto.abraço do Marron.
Oi,
Lembro de você, tanto do 20 quanto do Polo. Bons tempos aqueles! No 20 apesar do sofrimento foi muito legal e sobrevivi dois anos lá. Já o Polo foi o melhor lugar que estudei, tenho muitas saudades. Em 89 tinham muitos caras de Campo Mourão, ex-Unidade Polo servindo no 20º BIB.
Grande abraço,
ola gerreiro servi em 86 na ccs SD VALDIR 447
Oi Valdir…
apesar dos pesares, foram bons tempos aqueles.
Grande abraço,
Olá! Serví aí no 20ºBIB em 1979, gostaria de saber notícias da turma da época, porém não consigo nenhuma notícia.Na época ficaram alguns amigos meus engajados e se formaram sargentos, me lembro o nome de um grande amigo o Enoque.
Se alguem tiver alguma informação , ficarei muito grato!!
Um Abraço
Paulinho de Limeira São Paulo.
E ai guerreiro Dissenha, tudo bem apesar de não
te conhecer gostaria que me ajudasse a contactar
os guerreiro do 20º bib- 2º cia de 1979, pois
lá estive e meu nome de guerra era Braz.
Observando o seu blog vi que o Infante Paulinho
de Limeiro quer fazer contato com a turma da
época e eu o conheço como também lembro do
Enoque. Abraço a todos o guerreiros do 20º BIB
Braz.
Há tenho foto ao lado do brasão do Bib como na foto que você tem. So´para lembrar meu COMANDANTE
de CIA éra o CAPITÃO TORREZAN
Bom dia,
Alguns antigos soldados do 20º tem se encontrando ao criar grupos de discussão no Yahoo ou comunidades no Orkut. Aqui no Blog um ou outro dessa alguma mensagem, mas não tenho como entrar em contato com eles.
Grande abraço,
Vander
Olá Vander !
Também servi em 89 – na 3ª CIA. Cara o que era aquilo ??!!??!! rsrsrsrsrs….mas, foi legal. A gente nunca esquece ! Como entrar em contato mais pessoas daquela época ?? Abraços e fique com Deus.
Oi Jorge,
Bons tempos aqueles, mesmo sofrendo um pouco.
Sobre encontrar o pessoal daquela época, existem comunidades no Orkut e Grupos no Yahoo. Da CCS 89 tem um Grupo no Yahoo Groups.
Grande abraço,
Vander
E ai, guerreiro, lembro vagamente de você, Sd Vanderlei. Servimos no mesmo ano. Só que eu na 3ª Cia.. Tiramos guarda do quartel algumas vezes. Lembro de alguns colegas de escola ou vizinho. Sd Barzoto e o Moreira da 2ª Cia, Sd Paião da 1ª Cia. E Logo acima em outro depoimento, tem o Sd Egnaldo, acredite, meu colega de 1ª série da Escola mun. Parigot de Souza de 1.978. Espero que ele veja isso. Tem muitos colegas na só da Cia. mas sim do Batalhão que tenho as lembranças e fotos para recordar desse saldoso ano de minha vida. Um Abraço e tudo de Bom. Eu sou (era) SD THIBES 1352 do 2º Pel.
Oi Thibes,
Eu me lembro bem de você. Se não me engano também estudou no Polo na mesma época que eu. Em 89 tinha muita gente de Campo Mourão e da Unidade Polo servindo no 20º BIB. Um ou outro acabo encontrando de vez em quando.
Grande abraço,
Vander
Muito bom ver o nome de amigos da epoca como Neuclair,Moreira,Thibes espero que me procurem no Orkut pois e no e-mail marciodviana@ig.com.br espero velos lá um grande abraço a todos e muita saudade da época.
Só para recordar eu me tornei CB Viana em 1991 e fui motorista de Blindado do Pelopes quem se lembrar de mim me procure pelo e-mail do orkut acima deixado.
A lá no Orkut tem algumas fotos e vou colocar mais aguardem e também alguns amigos da época.
Grande abraço a todos e fica com DEUS.
Oi Viana,
Obrigado por sua visita ao Blog, muito “irmaos” dos tempos de 20 BIB tem aprecido por aqui.
Grande abraço,
Vander
lembro de vc cb viana,das vbtp no sigba, sou sd 640 garcia 2 cia cs comt cap shoreder ,virei o jipe com ele e mais 3 cbs dentro ,lembra? um abraço
AÍ GALERA MEU E MAIL É marcelinocorrea72@hotmail.com. Saudades daqueles tempos abraços a todos. SERVI NA CIA DE APIO TENENTE FIGNER. TENENTE DÓGENES QUE HOJE É CORONEL ATUAL DO 20 BIB.
Oi pessoal… Alguem serviu com o soldado GRAVI(Marcelo Gravi ferreira) no 20º BIB? Ele foi boina preta e gostaria de fazer uma homenagem a filha dele, que pouco o conheceu… Valeu. Beijos Julia!
Eai dissenha, sou o honorato, tudo bem contigo amigo velho…um grande abraço.
ola guerreiro sou o Cicero “praguinha” tambem tambem estive na sugundona em 89 abraço. tambem estive em bariloche…
Oi Cicero!!
Pois é, passei dois anos na CCS, entre 1989 e 1991.
Não lembro de você pelo nome, mas com certea devemos ter tirado serviço juntos.
Tenho outro Blog, que é dedicado somente a CCS de 89. O endereço é http://ccs20bib1989.wordpress.com
E nunca estive em Bariloche. As fotos da página inicial do Blog foram tiradas no Canadá e na Bolivia.
Abraço,
Vander
oi gente!!!
tambem serví no 20 em 89.
sd 1157 jairo , 1ª cia 3º pel
abraços!!!
Olá amigos, também me chamo Vander, Eu era da turma de 1989 da Companhia de Apoio!! Sou de Londrina-Pr. Poxa, quando olho as fotos, meu coração se espreme, de tanta emoção. Que saudades, apesar do sofrimento, foi uma grande experiência em minha vida!! Meu email é vander1421@hotmail.com
Facebook: Vander Mendes Londrina-Pr.
Abraços à todos!!