Se essa rua, se essa rua fosse minha…

Obra de arte na Rua Xv de Novembro.
Obra de arte na Rua Xv de Novembro.

Em meados de 1991, teve um concurso de arte promovido pela Prefeitura Municipal, onde muitas obras de arte foram instaladas pelas ruas de Curitiba. Muitas destas obras desapareceram e outras estão esquecidas. Uma das obras esquecidas e que sempre foi minha obra favorita, fica em plena Rua XV de Novembro, entre a Rua Barão do Rio Branco e Rua Monsenhor Celso, num dos lugares mais movimentados da cidade. Não recordo o nome da artista que compôs essa obra. Tentei buscar informações no Google mas não encontrei nada. A artista se inspirou numa antiga cantiga popular e fez uma pequena rua com pedrinhas de brilhante. Na verdade as pedrinhas são de vidro, mas quando a obra foi inaugura as pedras de vidro eram novas e brilhavam, formando uma bela obra de arte. Hoje em dia essa obra esta esquecida, suja e riscada pelos passos de milhares de pessoas que diariamente pisam nela. A maioria nem se da conta de que aquilo é (ou foi) uma obra de arte. Sempre que passo por ali com alguém, conto a historia de tal obra, que mesmo após tantos anos e depois de ter perdido sua beleza, continua sendo minha obra favorita e me trás muitas boas recordações das primeiras vezes que por ela passei.

Se essa rua
Se essa rua fosse minha
Eu mandava
Eu mandava ladrilhar
Com pedrinhas
Com pedrinhas de brilhante
Só pra ver
Só pra ver meu bem passar

Nessa rua
Nessa rua tem um bosque
Que se chama
Que se chama solidão
Dentro dele
Dentro dele mora um anjo
Que roubou
Que roubou meu coração

Se eu roubei
Se eu roubei teu coração
Tu roubaste
Tu roubaste o meu também
Se eu roubei
Se eu roubei teu coração
Foi porque
Só porque te quero bem

FOTOS DE CURITIBA

Minha câmera foi roubada no final do ano e somente no inicio de fevereiro foi que adquiri uma câmera nova. Então sai para testá-la em duas tardes de domingo. Tirei fotos no Jardim Botânico e no centro de Curitiba. Então hoje aproveito para publicar algumas destas fotos teste.

Prédio antigo na Rua XV.
Prédio antigo na Rua XV.

Prédio da primeira agencia do Banestado em Curitiba.
Prédio da primeira agencia do Banestado em Curitiba.
UFPR
UFPR

HÁ 20 ANOS… (PARTE III)

CCS - 20º BIB - 1989.
CCS - 20º BIB - 1989.

E dando seqüência ás lembranças dos 20 anos que vim para Curitiba, hoje encerrando a série de lembranças, vou falar um pouco sobre o dia da incorporação, que foi em 13/02/1989.

Após uma noite mais ou menos dormida, eis que levanto cedo e vou para o café. O cardápio era pão com margarina e o famoso “KO”, uma mistura de leite e café em pó, de gosto não muito agradável. O nome “KO” deriva de um produto que se utiliza para dar brilho em metais e que tem a mesma cor e consistência do café com leite que era servido para nós. Usei o tal “KO” de polimento durante os dois anos em que fiquei no Exército , para dar brilho na fivela do cinto da farda de passeio, que era dourada e sempre tinha que estar brilhando.

Após o café ficamos em forma em frente ao pavilhão da CCS ouvindo algumas ladainhas e foram definidos os últimos cortes, ou seja, aqueles que por um motivo ou outro seriam dispensados. Depois todos em fila indiana ficamos esperando o momento de sair do quartel e entrar marchando num ritual de incorporação que existe há anos. Lembro que atrás de mim na fila estava o Mário, um cara de Curitiba que dias depois se tornaria meu companheiro de beliche e armário e que se transformaria num dos melhores amigos que já tive na vida, praticamente um irmão.

O 20º BIB era divido em três Cias de fuzileiros, mais Cia de apóio e CCS. Ao todo seriam uns 500 novos recrutas a serem incorporados. Ainda não éramos considerados soldados, éramos recrutas e/ou conscritos. Só viramos soldados dois meses depois, quando recebemos todo o treinamento básico e participamos da “Operação Boina Preta”, onde tivemos talvez a pior semana de nossas vidas, mas isso é outra história.

Em fila indiana e vestido com roupas civis, seguimos até a rua que fica em frente á entrada do quartel. Lembro (e as fotos desse dia ajudam a lembrar) que usava tênis, uma calça Fioruci preta, comprada no Paraguai e uma camiseta branca da Norpeças, empresa onde eu trabalhava. Com a banda tocando musicas militares entramos marchando portão adentro e depois em forma desfilamos para o Comandante e cantamos o Hino Nacional. Após esse ritual estávamos incorporados e não tinha mais volta. Seria no mínimo um ano até podermos dar baixa e sermos civis novamente. Fomos buscar nosso “enxoval”, que consistia de itens de higiene pessoal, mochila e outras coisas mais e também recebemos nossa farda verde oliva. Meu maior suplicio foi conseguir colocar o cadarço no coturno.

Nesse mesmo dia começou nosso período de quarentena, que consistia em quatro semanas de treinamento intenso e variado, dia e noite. O treinamento ia desde ordem unida, até mexer com armamento, passando por uma aula de boas maneiras. Também aprendemos sobre a hierarquia do Exército e a distinguir seus símbolos e divisas, além de dezenas de outras coisas das quais muitas nem lembro mais. Também tivemos que aprender algumas canções e hinos. O mais difícil para mim foi o hino do Batalhão, onde era necessário assoviar uma estrofe inteira. Eu não sabia (ainda hoje não sei) assoviar. Isso me custou ficar de faxina duas vezes, além de certa vez numa inspeção o comandante do Batalhão aleatoriamente me escolher para chegar perto e me ouvir assobiar. Quando ele percebeu que eu estava “dublando” o assovio, ele me perguntou se não sabia assoviar. Diante de minha resposta ele disse que era melhor eu continuar assoprando como se estivesse assoviando e virou as costas.

Histórias como essa e muitas outras, algumas engraçadas, outras tristes e até mesmo trágicas na época, mas que hoje me fazem rir ao lembrar delas, fazem parte dos dois anos que passei no Exército. Foram dois anos difíceis no inicio, mas com o tempo as coisas foram melhorando. Para contar tudo seria necessário escrever um livro. De pouco mais da metade desses dois anos possuo um diário com tudo registrado. O período que não está registrado no papel, está registrado em minha memória.

Curiosamente em minha carteira de reservista consta o período de serviço militar como “dois anos, zero mês e zero dias”, ou seja, dois anos exatos. Nesse tempo chorei, sofri, derramei suor, lagrimas, passei por momentos de desespero, solidão, medo, alegria e muitos outros sentimentos. Mas acima de tudo estes dois anos ajudaram a me moldar como ser humano e influenciaram diretamente no que sou hoje. Uma pessoa de bem, honesta, trabalhadora, disciplinada e patriota, amigo dos amigos. E nesses dois anos fiz muitos amigos, alguns que se tornaram irmãos, pois as amizades foram forjadas em momentos de dificuldade, onde muitas vezes só tínhamos um ao outro, onde na falta de uma familiar ou de uma companheira, era no ombro do amigo que chorávamos.

Éramos em 75 recrutas na CCS de 89 e logicamente não dá pra ser grande amigo de todos. E quando se vive em comunidade, pequenos atritos acontecem. No geral era amigo de quase todos e muitos lembro com saudade, principalmente quando revejo as 320 fotos que tenho daquele período. Em tempos de câmera digital onde é possível tirar 320 fotos no mesmo dia, essa quantidade de fotos pode parecer pouca, mas para aquela época onde as câmeras não eram digitais e tínhamos que comprar as fotos do Jackson, fotografo do quartel, com nosso misero salário, até que essa quantidade é razoável.

Findo aqui essa pequena série de memórias que é comemorativa aos 20 anos de minha vinda para Curitiba e incorporação ao Exército. E essa comemoração é também para homenagear aqueles 75 “moleques” que na manhã de 13/02/1989, há vinte anos, adentraram aos portões do 20º Batalhão de Infantaria Blindado. A partir daquele momento suas vidas mudaram de alguma forma e esses moleques começaram a se tornar homens e a forjar suas personalidades.

E segue uma menção especial ao Renato (Quick), que já nos deixou há muito tempo e ao Joelmir que sofreu um grave acidente fazem alguns anos. Como não tenho contato com todos daquela época, não é possível confirmar se mais alguém daquele grupo já partiu para as terras celestes do infante. Existem alguns boatos de outras mortes, como o Miato e do Claudio, mas nada confirmado.

E para os amigos vivos deixo a seguinte mensagem:

Os  heróis já tombaram das alturas,

Covardes, bravos, jazem olvidados;

Seus feitos, tudo aos livros relegados;

Nada mais resta, apenas sepulturas.

E eu, quem sou? Perguntam eu quem sou?

Pois bem, eu lhes direi: sou um soldado

Igual a qualquer outro que lutou,

Que avançou, combateu, foi derrubado.

Mas o importante é que sou (fui) da infantaria…

HÁ 20 ANOS… (PARTE II)

20º BIB (1989)
20º BIB (1989)
20º BIB (2009)
20º BIB (2009)

Hoje faz exatos 20 anos que cheguei em Curitiba, numa chuvosa, cinzenta e meio fria manhã de domingo. Após uma viagem cansativa que durou a noite toda e de ter dormido pouco e mal, acordei na entrada da cidade. Apesar de conhecer Curitiba e ter estado várias vezes na cidade, eu não conhecia o bairro da Bacacheri e nem o quartel do 20º BIB. Lembro que descemos a Rua Treze de Maio e me chamou atenção os prédios antigos e a iluminação do Largo da Ordem, que até então eu não conhecia. Pensei que futuramente precisaria descobrir como voltar ali e conhecer melhor aquele lugar. Mal sabia que 16 anos depois eu ia morar há 150 metros do lugar por onde passamos, em pleno Largo da Ordem.

Eram aproximadamente 06h30min, quando estacionamos em frente ao Quartel do 20º BIB. Seu tamanho me impressionou e após desembarcarmos, entramos em fila por sua entrada principal. Ali já começou a enxeção de saco por parte de alguns soldados antigos. Parecíamos um bando de ovelhas assustadas, seguindo em direção ao abate. Fomos para um dos pavilhões, que vinha a ser a CCS – Cia de Comando e Serviço. Entramos em uma alojamento e passamos toda manhã ali, onde volta e meia aparecia algum cabo ou soldado para fazer pressão psicológica e tentar algum tipo de trote. Entre estes cabos e soldados encontrei um conhecido, amigo antigo de Campo Mourão. Era o João Garaluz, que tinha estudado comigo nos tempos da “Unidade Pólo”. Ele não me deu muita moral, mas também não me pentelhou. Lembro bem de um cara forte, negro, cujo nome era Sebastião e que de cara apelidaram de “Trovão”. A cada dez minutos aparecia um dos soldados antigos e gritava “trovão”, daí o Sebastião tinha que bater no peito e dizer: bum, bum, bum… Depois ficamos na mesma Cia e nos tornamos amigos. O apelido de “Trovão” pegou e durante o ano em que ele serviu ali, era mais conhecido por este apelido do que pelo nome. Outro conhecido era o Douglas, antigo amigo de colégio lá em Campo Mourão. Teve mais dois amigos, o Raul e o Adelson, mas eles foram embora dois dias depois. Outros caras de Campo Mourão acabei encontrando depois e quando aconteceu a incorporação éramos cinco na CCS. Eu, Douglas, Claudio, Odair e Licoski. O Odair tinha estudado comigo na 5ª Série e fazia tempo que não o via, até encontrá-lo ali. O Claudio também tinha estudado comigo anos antes. Em outras Cia´s tinha mais caras de Campo Mourão, ao todo devíamos ser uns 40.

Na hora do almoço seguimos em fila até o refeitório que ficava ali perto e então pude descobrir se a comida de quartel é ruim como sempre tinha ouvido falar. Ao vivo ela aparentava ser pior do que eu imaginava. Peguei meu bandejão e fui pra fila me servir. O cara que estava servindo a comida tentou encher minha bandeja, mas não deixei e sai de fininho. A comida não era ruim, era horrorosa, bem pior do que eu imaginava. Após comermos e ouvirmos uma porção de enxeção, voltamos para o alojamento e ficamos lá até metade da tarde, quando fomos para o Ginásio fazer exame médico.

No exame em Campo Mourão, tinha rodado no exame de vista e nessa época ainda não usava óculos. Apesar de tudo, queria servir e como fiquei um certo tempo na fila do exame de vista, percebi que o Capitão Médico sempre pergunta sobre as letras da mesma fileira. Então decorei a tal linha de letras que ele pedia e dessa forma passei no exame. Ali no Ginásio encontrei mais alguns conhecidos de Campo Mourão, que já serviam no 20º BIB. Entre eles vale a pena destacar o Paulinho (Paulo Bonfim), amigo de infância e que faleceu em um acidente dois anos depois, lá em Campo Mourão. Também tinha o Cabo Siqueira, amigo dos tempos de Colégio Estadual e que depois virou Sargento. E por último o Cabo Fernandes, também amigo dos tempos de Colégio Estadual e que hoje mora em frente a casa de meus pais, lá em Campo Mourão.

Após deixar o Ginásio, voltamos para o alojamento e ficamos lá até anoitecer. Na hora da janta não fui para o refeitório, pois imaginei que a comida requentada do almoço seria ainda pior. Perguntei se podia sair dar uma volta e como ninguém me respondeu, sai de fininho. E de fininho consegui até mesmo sair para fora do Quartel. Ao lado existe a Base Aérea de Curitiba, com um muro branco enorme que segue por alguns quarteirões. Fui seguindo aquele muro até que do outro lado da rua avistei um boteco aberto. Fui até lá, comi um salgadinho e voltei para o Quartel, com medo de que não me deixassem entrar se demorasse muito. Voltei ao alojamento e o pessoal tinha acabado de retornar do refeitório. Alguns foram tomar banho e fui junto. Naquela noite tomei meu primeiro banho gelado (nem frio era) de muitos que tomaria nos dois anos seguintes. O banheiro era no sistema de caldeira e a água quente já tinha sido toda usada. Pouco antes das 22h00min nos mandaram pra cama. Subi num beliche, me cobri com uma manta e fiquei imaginando se teria algum trote depois que apagassem a luz. O Sargento que estava de plantão disse que ninguém iria nos incomodar, pois como ainda não tínhamos passado pela incorporação, éramos considerados civis e ele não queria que nos machucassem com alguma brincadeira de mau gosto, pois se isso ocorresse ele teria problemas. Depois de incorporados a história seria outra, e foi…

As 22h00min em ponto apagaram a luz e algo que me chamou atenção foi um potente farol do radar da Base Aérea, que ficava rodando e de tempos em todos ia iluminando nosso alojamento. Já tinha visto aquela cena muitas vezes, em filmes de prisão. Naquele momento me sentia como prisioneiro ali. No beliche embaixo de mim dormiu um cara de Campo Mourão, que eu não conhecia. Não demorou muito tempo e entrou alguém no alojamento e foi tirando a manta da maioria do pessoal. Quando chegou em mim ele parou, ficou me olhando e não puxou minha manta, seguindo adiante. Pude perceber que fui o único daquela fileira que ficou com a manta, então deduzo que o cara que fez isso foi o Garaluz, que em nome dos velhos tempos me deu uma colher de chá. O cara da cama debaixo começou a chorar e foi ouvindo o choro dele que adormeci. No dia seguinte esse cara da beliche debaixo conseguiu ser liberado e voltou para casa. Fui vê-lo novamente uns cinco anos depois lá em Campo Mourão. Ele ficou me olhado, pois deve ter me reconhecido. Eu nem dei bola, apenas olhei pra ele e dei uma risadinha debochada lembrando do seu choro naquela primeira noite de quartel.

O primeiro dia em Curitiba e no quartel, não foi dos melhores, mas com certeza também não foi dos piores. Outros muito piores ainda estavam por vir.

HÁ 20 ANOS…

Escudo do Exército Brasileiro.
Escudo do Exército Brasileiro.

Hoje faz 20 anos que sai de casa. Foi num sábado á noite, no dia 11/02/1989 que embarquei num ônibus da Sul Americana, com mais 41 caras e seguimos com destino a Curitiba. O tal ônibus era fretado pelo Exército Brasileiro e eu estava indo para uma das maiores aventuras de minha vida, que foi “servir ao Exército”.

Daquela noite lembro bem do momento que me despedi de minha mãe em casa. Ela chorando, mas não muito, pois achava que dali uma semana eu estaria de volta. Minha irmã Vanerli e meu falecido cunhado Clésio, me acompanharam até os fundos da Prefeitura Municipal, onde funcionava a Junta do Serviço Militar. Ali me apresentei a um Sargento e logo entramos em forma para ouvir alguns avisos. Em seguida embarcamos no ônibus e rumamos para Curitiba. Junto seguiam vários amigos de escola e de outros lugares da cidade.

Acomodei-me na última poltrona e fui papeando com quem estava próximo. O papo estava divertido e riamos muito, até que um sargento foi até o fundo e me mandou calar a boca, pois segundo ele eu estava agitando demais o ambiente. Disse que se não me cala-se, ia me trancar no banheiro durante toda a viagem. Diante de tão singela ameaça resolvi ficar quieto e tentar dormir. Mas não consegui, pois a ansiedade era grande e ficava o tempo todo pensando na família e no bom emprego que deixava. Pensava nos amigos, numa ex-namorada (Rosana P.) que tinha me largado um ano antes e por quem ainda sofria e sabia que indo para Curitiba nunca teria chance de voltar com ela. E o que mais me deixava ansioso e com um pouco de medo, era não saber ao certo o que me aguardava nos próximos dias. Eu estava indo para o 20º BIB (Batalhão de Infantaria Blindado), cuja fama de rigor e de ser o pior quartel do sul do Brasil devido a sua rigorosa disciplina e grau de exigência, eu já conhecia há muito tempo devido á histórias de amigos que por lá tinham passado nos últimos anos. E foi em meio a lembranças, medos, saudade e esperanças, que adormeci.

Vale lembrar um fato histórico dessa noite. O ônibus que embarquei foi o terceiro daquela semana que seguiu para Curitiba e também foi o último na história. Durante vários anos os rapazes de Campo Mourão e região, iam servir uns poucos em Brasília e vários nos quartéis de Curitiba. Aquele ônibus do dia 11/02/1989, foi o último que seguiu de Campo Mourão para Curitiba. No ano seguinte o pessoal da região foi servir no quartel de Cascavel, que era mais perto e anos depois foi aberto um “Tiro de Guerra” em Campo Mourão e ninguém mais da cidade seguiu para Curitiba.

Sempre lembro que naquela noite ocupei o último banco, do último ônibus que levou jovens mouroenses á Curitiba, encerrando um ciclo de vários anos e centenas de jovens que deixaram sua cidade, sua família e foram para a capital do estado cumprir seu dever constitucional e patriótico de servir a pátria. Muitos desses jovens, por diversos motivos jamais retornaram para viver em Campo Mourão novamente. Eu fui um desses jovens…

A partir dessa noite de 20 anos atrás, minha vida mudou totalmente. Conheci muitas pessoas, vivi muitas experiências, sorri, chorei, sofri, me alegrei. Mas como diz Roberto Carlos (de quem não sou fã), o importante é que emoções eu vivi. Ás vezes tento imaginar como teria sido minha vida nestes últimos anos, caso eu não tivesse embarcado no tal último ônibus… ??? Mas tal exercício de tentar imaginar é difícil e nunca saberei realmente o que poderia ter acontecido, que rumo minha vida teria tomado. Então deixo de tentar imaginar e fico feliz em saber que ao menos hoje estou vivo, pois se não tivesse embarcado no tal último ônibus, talvez o destino tivesse me reservado outro rumo e talvez até pudesse ter morrido naquela mesma semana de vinte anos atrás. A vida é feita de ações, que provocam reações. Então a simples decisão de ficar ou partir, ou em que momento partir, pode desencadear um processo de reações que nem sempre são benéficas. Então fico feliz por tudo o que aconteceu desde o dia em que embarquei naquele ônibus e principalmente pelos amigos maravilhosos que fiz a partir daquela noite. E viva a Infantaria!!!!!!!

WANDERLÂNDIA

Sem querer acabei descobrindo que existe uma cidade chamada Wanderlândia e que fica no interior do estado de Tocantins. Eu já sabia que existia uma cidade chamada Wanderlei e que fica na Bahia, próximo a cidade de Wagner (nome de meu irmão). Já de Wanderlândia nunca tinha ouvido falar. O nome da cidade significa terra de Wanderley (o landia deriva do inglês “land”, que significa terra).

Dei uma olhada no site da Prefeitura local e descobri que a cidade possui 9.317 habitantes, sendo que existem mais homens do que mulheres. Enquanto na maior parte do Brasil a maioria da população é formada por mulheres, em Wanderlândia existem 255 homens a mais. Mesmo com esse excesso de homens, fiquei com vontade de conhecer Wanderlândia.

PS: Abaixo o comentário de um leitor do Blog, falando sobre o nome da cidade:

Por: José Carivaldo Alves Braga

Segundo informações do querido pai que já faleceu, somos da família Wanderley, oriunda do Ceará, onde se situaram em um vilarejo, que deram o nome de Aldeia dos Wanderleys, pois os parentes casavam-se entre si, para que continuassem em família. Então, ao passar cidade o Vilarejo de Aldeia dos Wanderleys, resolveram homenagear os primeiros moradores da mesma, dando-lhe o nome de Wanderlâdia. 

 

Logomarca atual da Prefeitura de Wanderlândia.
Logomarca da Prefeitura de Wanderlândia.

SÓSIA

Essa semana três pessoas (duas no trabalho e uma na clínica onde faço fisioterapia) me disseram que pareço com o Flávio, do Big Brother. Dei uma conferida e não me achei parecido. A única semelhança são os óculos e a barba ruiva.

O pior é que das poucas vezes em vi o Big Brother, achei o tal do Flávio muito chato e meio abichalhado.

Flávio - BBB 9
Flávio - BBB 9

ARMAZÉM SANTA ANA

Ontem após o trabalho fomos em uma turminha no “Armazém Santa Ana”, comemorar o aniversário da Tati, do setor de informática. Mesmo cansado em uma semana stressante, acabei indo prestigiar o Happy Hour. Primeiro porque a Tati é uma das boas amigas que tenho no Medianeira. E o segundo motivo é que faz tempo que quero conhecer esse lugar, em razão de sua história. O mais interessante é que o armazém não fica longe de casa e sempre passo em frente, mas nunca tinha dado certo de ir lá conhecer. Nos próximos dias publico algumas fotos do aniversário da Tati. Logo abaixo segue um pouco da história do Armazém Santa Ana.

O Armazém Santa Ana tem 70 anos de história, e é o mais antigo de Curitiba ainda em funcionamento. Quando foi criado por Paulo Szpak, um ucraniano que veio ao Brasil em 1929,  o local, no distante bairro do Uberaba, era ponto de descanso de tropeiros. Hoje, é ponto de parada de um público que busca uma boa cerveja. Antes de abrir o armazém na casa de madeira típica, pintada de laranja, Paulo trabalhou num areial, em obras de estradas e como sapateiro.
O casarão que vendia secos e molhados, com telhado alto e varanda, também oferecia querosene e grãos a granel. Pedro, o herdeiro, ampliou a gama de produtos, introduzindo a venda de ferramentas, baldes, pregos, lampiões, panelas, e utensílios de ferro e metal, mas também ampliou os de itens de secos e molhados.
Com a terceira geração à frente dos negócios, os filhos Ana e Fábio acompanham o sinal dos tempos, deixando de lado as ferragens, destinando a varanda para ponto de encontro de amigos. Junto aos secos e molhados e ferramentas, passaram a vender salames, queijos, broas caseiras, embutidos, compotas de frutas produzidas artesanalmente, vinhos, cerveja caseira e afins.
Os quitutes preparados na casa são atração à parte para quem gosta de deixar para trás o rebuliço urbano e seguir pela avenida cheia de meandros que leva ao sudeste da cidade, margeando ainda pequenas propriedades agrícolas e bucólicas paisagens com muito verde, mas que aos poucos dão lugar ao progresso e à especulação imobiliária.
No armazém o tempo quase parou sobre a mesa coberta com oleado floral e ladeada pelo banco comprido onde os amigos reúnem em torno de tira-gosto tirado da barrica, do legítimo fernet. No endereço, que em 1934 ganhou alvará como “taverna de segunda classe no Umbará”, enquanto se degusta salame, chouriço, queijo caseiro ou rollmops, o estômago, agradece a brasileiríssima feijoada, ou então ao típico barreado paranaense.
Como os Szpack são de origem ucraniana, não pode também faltar pierog, que é o pastel eslavo de massa cozida. Entre uma e outra garfada, um olhar sobre o imenso balcão de madeira onde, ao lado da variedade de alimentos à venda, martelos, rastelos, pás e vassouras de piaçava disputam espaço e contam um pouco da história do bairro surgido no século 18.
Como opção tradicional de boteco, tem ainda a carne de onça, – carne moída de primeira, servida crua com bastante tempero verde sobre uma fatia de broa de centeio. Para acompanhar, um bom elenco de até 12 variedades de cervejas servidas na temperatura correta, bem gelada. E, para acompanhar, até 30 tipos de cachaça produzidas de forma artesanal e que fazem a festa dos boêmios que têm no armazém o último reduto de uma Curitiba com jeito ainda de cidade do interior onde os colonos vem trazer produtos para a feira.

FONTE: http://www.armazemsantaana.com.br/empresa.html

Armazém Santa Ana.
Armazém Santa Ana.
Gravura do Armazém Santa Ana.
Gravura do Armazém Santa Ana.