Pico do Itapeva

Próximo a Campos do Jordão fomos visitar o Pico do Itapeva, que é um dos pontos mais altos do Brasil. Apesar de estar localizado no município de Pindamonhangaba, é considerado um dos principais pontos turísticos de Campos do Jordão, pois seu acesso é feito através desta cidade. De seu topo podê-se avistar quase todo o Vale do Paraíba, uma vista maravilhosa. De negativo é que no topo do morro existe um comércio que chega a ser surreal. São vários quiosques onde se comercializam principalmente roupas de lã. O comércio tomou de tal forma o topo do morro, que quase não sobra espaço para os visitantes nos mirantes existentes no local. Chega-se ao topo de carro, através de uma estrada asfaltada e lá em cima o capitalismo selvagem tomou conta de tudo. Eu que já subi em muitos morros, todos após muito esforço e suor, fiquei estupefato ao ver o movimento no Pico do Itapeva. Parece um shopping a céu aberto e não da pra dizer que se está no alto de um dos picos mais altos do Brasil. De qualquer forma a vista lá de cima vale a pena, mas que podia ser diferente sem tal comércio e descaracterização do local, isso podia.

Pico do Itapeva. (07/08/2010)
Vale do Paraíba visto do alto do Pico do Itapeva. (07/08/2010)
Andrea em frente ao comércio existente no alto do morro. (08/08/2010)
A 2.035 metros, o pico mais alto e mais fácil que já subi.

Morro do Anhangava

No sábado fui subir o Morro do Anhangava, que fica em Quatro Barras, na localidade de Borda do Campo, próximo ao Caminho do Itupava, na Região Metropolitana de Curitiba. Esse morro é o que fica mais perto de Curitiba e por essa razão é bastante freqüentado. Subi junto com duas novas amigas (Tatiana e Mônica) que conheci no posto do IAP, que fica no inicio da trilha que leva ao Anhangava e ao Caminho do Itupava. As duas sempre estão subindo morros e percorrendo outros caminhos na Serra do Mar. Coincidentemente a Tatiana mora perto de minha casa e é nascida em Campo Mourão. Interessante ir pra um lugar no meio do mato e conhecer uma pessoa que além de ser sua quase vizinha, também nasceu na mesma cidade que você.

O caminho até o cume é bem fácil e a única exceção é um paredão de rocha bem extenso, mas que possui degraus de ferro, o que facilita as coisas. Próximo ao cume existe um outro paredão não muito inclinado, mas que em caso de chuva se torna um pouco perigoso. Mas não era o caso, pois fazia sol e calor. Chegamos ao cume em pouco mais de uma hora, sem forçar. Ficamos um tempo lá em cima descansando, lanchamos e depois iniciamos a descida. Lá do cume se tem uma visão ampla, de quase 360 graus, de onde se vê Quatro Barras e Curitiba, o Pico Paraná bem ao longe e ainda mais distante o Pico do Marumbi.

Na descida ao chegarmos no paredão tinha um verdadeiro congestionamento, com muita gente subindo e descendo. Era preciso esperar, pois no paredão só passa uma pessoa por vez. Pouco mais abaixo encontramos um cara que tinha subido acompanhado de seu cachorro, um Labrador. Também vi algumas crianças na trilha, o que prova que o Anhangava é um dos morros mais fáceis de subir.

Mais uma vez cuidei do meu pé, pois ainda não sinto segurança após o sério problema que tive. O calor estava forte e consegui ficar sem água. Por sorte não demorou muito e encontramos um riacho onde foi possível beber uma água límpida e geladinha.

O nome Anhnagava é meio assustador, pois significa “morada do diabo” em tupi-guarani. Não se sabe quem foi a primeira pessoa que o escalou, mas no caminho tem uma Caverna com inscrições do século 18. Durante vários anos ele foi utilizado para uma romaria católica, onde foi criada uma espécie de “via crucis”, composta de 14 cruzes e que terminava numa capela no cume sul. Próximo ao cume ainda é possível ver na rocha alguns símbolos e dizeres religiosos. Nos anos 40 foram criadas as primeiras vias de escalada em rocha, o que transformou o Morro do Anhnagava na primeira escola paranaense de escalada. E graças a sua proximidade com Curitiba e seu fácil acesso, ele sem duvida é um dos morros paranaenses que mais vezes foi escalado. Possuindo 1.430 metros de altitude, é o ponto mais alto da Serra da Baitaca e também a entrada da Serra do Mar.

Encarando o paredão na subida.
Encarando o paredão na subida.
Descanso durante a subida.
Descanso durante a subida.
Vista do alto, descando e descida.
Vista do alto, descando e descida.
Na descida após congestionamento no paredão.
Na descida após congestionamento no paredão.
Em dois momentos: no cume e depois no final da trilha.
Em dois momentos: no cume e depois no final da trilha.

CARATUVA

Subindo o Caratuva.
Subindo o Caratuva.
Acima das nuvens.
Acima das nuvens.
Quase no topo do Caratuva.
Quase no topo do Caratuva.
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Eu, Tati, João, Paulinha e Cássio.
Descansando no alto do Caratuva
Descansando no alto do Caratuva
Cássio, João e eu, observando a paisagem.
Cássio, João e eu, observando a paisagem.

Já fui várias vezes para a Serra do Mar, na região do Marumbi e por três vezes cheguei até o Topo do Olimpo, o segunda maior montanha paranaense. Já a região do Pico Paraná (o mais alto do Sul do Brasil), que também fica na Serra do Mar, mas em outra direção, eu nunca tinha ido. Falta de vontade não era, mas faltava tempo e companhia, pois lá não é aconselhável andar sozinho. Até que alguns colegas de trabalho resolveram marcar uma “expedição” pra região do Pico Paraná, com a intenção de subir o Itapiroca, que é um dos picos existentes ali e de mais fácil acesso. Então num sábado gelado e meio nublado, nos reunimos bem cedinho no Medianeira (eu, Tati, João Paulo, Paulinha e Cássio, seu marido) e pegamos a estrada em direção a São Paulo. Após uns 40 km rodando pela Régis Bittencourt, entramos a direita numa estradinha de chão e mais 7 km em uma estrada meio difícil, chegamos a Fazenda Pico Paraná. É dentro dessa fazenda que fica o acesso aos vários picos que fazem parte do complexo do Pico Paraná. Fizemos o registro com o pessoal do IAP (Instituto Ambiental do Paraná), pagamos uma taxa de R$ 5,00 que serve pra manutenção do local e por volta das 09h30min iniciamos a subida rumo ao Itapiroca (eita nominho feio). A primeira meia hora foi a mais difícil, pois o ar estava muito gelado e a respiração ficava difícil, o peito doía. O caminho não era dos mais difíceis, até me surpreendi com isso, pois acostumado que estou com a região do Marumbi, esperava no mínimo uma dificuldade semelhante. Logo chegamos no primeiro mirante, que é uma pedra enorme e a vista dali já era estupenda. Dava pra ver longe, muita mata, a Regis Bittencourt com os carros passando e a Represa Capivari – Cachoeira. Após ver tanta beleza, já imaginava o quanto seria ainda mais bonito a vista conforme fossemos subindo. Após um rápido descanso recomeçamos a subida e depois de um tempo chegamos num local cheio de pedras, com uma vegetação estranha. Ventava muito, as nuvens estavam baixas e caia uma garoa fina. Minha camisa que estava molhada de suor, logo secou e fiquei congelado. Pra nossa sorte as nuvens foram se dissipando e o sol apareceu, sinal de que possivelmente teríamos uma vista linda lá do alto.

Após um rápido descanso e algumas fotos, recomeçamos a caminhada, pelo que seria a parte mais difícil. Logo chegamos numa bifurcação, onde pra direita seguia a trilha pro Itapiroca e a esquerda a trilha para o Caratuva. Ficamos na duvida de qual direção seguir e acabamos indo para o lado errado sem saber.

Essa parte lembrava um pouco a trilha que leva ao Marumbi, pois a subida é íngreme, com muitas pedras lisas. O diferencial é que tinha algumas descidas também. Mas não tivemos grandes problemas, apenas estranhamos que por mais que andássemos nunca chegávamos ao topo e a informação que tínhamos era que a subida até o topo do Itapiroca levava em média umas duas horas. Após quase três horas eis que avistamos o topo do morro e após atravessar uma vegetação esquisita, estávamos literalmente acima das nuvens. A vista dali era fabulosa e nos fartamos de tirar fotos. Então percorremos os últimos metros que faltavam até o topo e lá em cima encontramos algumas pessoas que para nossa surpresa informaram que estávamos no Caratuva e não no Itapiroca. Sem saber acabamos subindo o morro mais alto e de acesso mais difícil. No fim ficamos é felizes, pois tínhamos vencido uma dificuldade maior do que a que esperávamos. A única decepção foi que o lado oposto ao que subimos estava coberto pelas nuvens. Desse lado encoberto a vista é ainda mais bonita, pois dá pra ver o mar e se tem um visão frontal do Pico Paraná.

Fizemos uma parada de uma hora pra descanso e lanche e pouco depois das 13h00min iniciamos a descida. Lógico que descer é mais fácil o que subir, apenas o cuidado tem que ser redobrado pois é mais fácil de escorregar no terreno úmido e cair. Eu cai um tombo deitado nas pedras, mas sem maiores conseqüências. E não fui a único a cair. Após 02h00min de caminhada chegamos no ponto de partida e o tempo fechou de vez. Ficamos um tempo sentados num gramado descansando e conversando e foi gostosa aquela sensação de missão cumprida. É sempre prazeroso quando atingimos uma meta e num lugar lindo como aquele é bem mais fácil sentir a presença de Deus. Fomos embora fazendo planos para a conquista de novos morros e a meta principal é o Pico Paraná. Mas ai a brincadeira é mais complicada, pois são umas dez horas entre subida e descida e o caminho é bem mais difícil. Mas com treinamento, perseverança e força de vontade chegaremos lá.

No final da tarde eu já estava de volta a minha casa e as pernas doíam um pouco, mas era menos do que eu esperava. Acho que as corridas e pedaladas que dei nos últimos dias, melhoraram meu condicionamento físico e não sofri tanto na caminhada. De ponto negativo foi o descuido que tive com meus lábios e orelhas, não passei nenhuma proteção e nos dias seguintes sofri um pouco com bolhas no lábio e com as orelhas descascando. Lição aprendida, dá próxima vez me cuidarei melhor com relação ao sol.