II Enduro a Pé de Nova Tebas (2º dia)

No segundo dia do Enduro a Pé, acordei às sete da manhã e nem ouvi o galo cantar. O pessoal disse que ele andou cantando pelo acampamento, mas eu de tão cansado que estava dormi profundamente e nem o galo cantor conseguiu me acordar. Estava um pouco dolorido, com as canelas doendo e ao contrário do que imaginava minhas costas não incomodaram, o que era bom sinal. Nos aprontamos e logo iniciamos a caminhada do dia, que dessa vez começou ali mesmo no local do acampamento. 

O dia prometia ser quente, pois logo cedo o sol estava castigando. O Alex nos acompanhou no início da manhã, seguindo a cavalo ao nosso lado. Andamos pouco tempo e paramos na casa do seu Zé Matogrosso para tomar café. Mais uma vez fomos bem recebidos e com mesa farta. Na saída tiramos uma foto com todo o grupo e os donos da casa e prosseguimos com nossa caminhada. Seguimos por uma estrada de terra e após atravessar uma porteira entramos num pasto onde tinham passado arado, o que dificultava nossa caminhada. Após atravessar o pasto chegamos a uma cerca de arame farpado, a primeiro do dia e o Alex não teve mais como seguir conosco, pois não tinha como atravessar a cerca. Dessa vez inovei e em vez de pular a cerca ou passar pelo meio dos arames, segui o exemplo do Celso e passei por debaixo da cerca.

Seguimos caminhando por um pasto, tomando cuidado com o gado, que deveria estar ali por perto. O local era no alto de um morro e a vista em volta era muito bonita, dava para enxergar bem longe. Logo vimos que o gado estava num local distante de onde passaríamos, o que nos deixou mais tranqüilos. Pena que nossa tranqüilidade não durou muito, pois logo vimos um touro solitário e com cara de poucos amigos, parado ao lado da trilha por onde teríamos que passar. Caminhamos próximos um do outro na esperança de que o touro se assustasse conosco. Era difícil saber quem estava com mais medo, se nós ou o touro. Eu olhei em volta e vi algumas árvores próximas e decidi que seria na direção delas que eu correria num eventual “ataque” do touro. Felizmente o touro não era muito corajoso e foi se afastando do caminho conforme fomos nos aproximando. Depois que saímos do pasto o Marcos comentou que segundo o GPS, nossa média anterior a passar pelo touro era de 2,5 km/h e que a média ao passar perto do touro subiu para 4,2 km/h. Ou seja, com a tensão provocada pela ameaça de um ataque por parte do touro, aumentamos nossa velocidade de caminhada sem nos dar conta. 

Após atravessar a região de pasto, chegamos até um canavial. Ali demos uma parada e fomos chupar cana. Não demoramos muito e seguimos caminhando, até chegar numa fazenda, onde paramos para reabastecer nosso estoque de água. Fomos muito bem recebidos pelo dono da fazenda, que é conhecido do Marcos. O interessante desse local foi a quantidade de cachorros que existiam ali. Para o Thiago que tem “fobia” de cachorros, a parada na fazenda não foi nada agradável. Segundo o dono da fazenda ele tem quatorze cachorros e dois gatos, que convivem todos em harmonia. Não vi todos os cachorros, vi apenas uns oito, de diferentes espécies e tamanhos, bem como vi os dois gatos. Após termos descansado e com o estoque de água refeito, seguimos nosso caminho. 

Passamos a caminhar por uma estrada de pedras irregulares, o que não é nada agradável, pois dói a sola dos pés. E também o movimento de carros era um pouco maior, o que demandava um pouco mais de cuidado de nossa parte. Atravessamos uma grande reserva de mata, um lugar muito bonito e chegamos a comunidade de São José do Paraíso. Não paramos na comunidade, seguimos em frente e logo deixamos a estrada de pedras para seguir por uma estrada de terra. Pouco depois paramos numa casa abandonada para colher poncãs. Então voltamos a caminhar e alguns minutos depois paramos numa encruzilhada para colher jabuticabas. Em seguida fomos em uma casa de outro conhecido do Marcos, mais uma vez para reabastecer nosso estoque de água. Em vez de água, os donos da casa nos convidaram para entrar e nos ofereceram biscoitos e suco de laranja, de goiaba e de limão. Era quase meio dia e os biscoitos com suco serviram para enganar o estômago, pois mais uma vez nosso almoço seria feito com atraso. Na saída tiramos uma foto com os donos da casa e seguimos nossa caminhada. 

Logo voltamos a estrada de pedras e tivemos que enfrentar uma longa subida. Ali ficou claro que meu preparo físico não era dos melhores e praticamente me “arrastei” morro acima, com o sol quente castigando. Chegamos então ao distrito de Poema e ali fizemos uma parada num dos únicos bares da cidade. O pessoal aproveitou para tomar uma cerveja gelada e eu preferi não tomar nada, apenas descansar e recuperar o fôlego para encarar os quilômetros finais do enduro. Logo voltamos a caminhar e seguimos por uma estrada de terra por alguns quilômetros até finalmente chegarmos ao Morro dos Ventos, local onde almoçaríamos e onde encerraríamos o enduro. 

Subir até o alto do morro foi o último esforço que fiz e confesso que não foi nada fácil. Eu já estava começando a sentir tonturas devido ao esforço extremo que fiz nas duas últimas horas. No alto do morro os pais do Wagner nos esperavam com o almoço (Vaca Atolada). A vista do alto é maravilhosa, dá para enxergar a dezenas de quilômetros. O Marcos informou que segundo o GPS, tínhamos percorrido 18 km nesse dia. Então encerrávamos o Enduro a Pé percorrendo 48 km em dois dias, o que é uma marca considerável. Particularmente fiquei muito feliz em ter vencido tal desafio, após quase dois meses machucado e sem poder fazer atividades físicas. E mais uma vez consegui superar meus limites físicos usando a força de vontade. E também contei com a ajuda dos amigos de enduro, que entenderam meus limites físicos e sempre procuraram me ajudar, principalmente quando era necessário atravessar cercas, pois eu tinha muita dificuldade para me abaixar. E vai um agradecimento especial ao Celso, que sem eu pedir me ajudou a montar e desmontar minha barraca no acampamento. 

Após almoçarmos, cada um escolheu um canto do gramado e aproveitou para descansar. Utilizei um pedaço de tronco como travesseiro e tirei um gostoso cochilo. Passamos o resto da tarde ali no Morro dos Ventos, curtindo a paisagem, conversando e descansando. Tiramos a foto final com todos os participantes do enduro, e também com o seu José Lino e a dona Irani, pais do Wagner, e donos do morro onde estávamos. E o motorista do ônibus que foi nos buscar também saiu na foto. Vimos o pôr do sol, que lá do alto é muito bonito. Em seguida fomos de ônibus até o sítio do Alex, onde desmontamos nosso acampamento e voltamos para casa cansados, mas felizes e com muita vontade de retornar em 2012 para  participar do próximo enduro.

Com a família do seu Zé Matogrosso.
Momentos da manhã do segundo dia de Enduro.
Imagens do segundo dia de Enduro.
São José do Paraíso, Jabuticabas e Poncãs.
Parada para sucos e biscoitos.
Estrada de pedras e bar em Poema.
Almoço e descanso no Morro dos Ventos.
Foto de despedida do Enduro a Pé.
Pôr do sol no Morro dos Ventos.

4 opiniões sobre “II Enduro a Pé de Nova Tebas (2º dia)

  • 18 de agosto de 2011 em 22:12
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    Vander, vc foi o heroi!!!!!
    Depois vou te passar os nomes dos agricultores que nos apoiaram com a água, suco, laranjas…., cafés….enfim quem nos acolheu.
    ABS
    Marcos

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    • 19 de agosto de 2011 em 00:38
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      Marcos,

      Não fui herói não, apenas me esforcei.

      Abraço,
      Vander

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  • 29 de agosto de 2011 em 11:17
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    Vander, isso q vcs fizeram é pra poucas pessoas privilegiadas q entendem e curtem cada minuto de uma atividade q dá um prazer difícil de traduzir em palavras e q poucos entendem a satisfação de termos feito todos aqueles quilometros a pé, com dores, cansados, as vezes passando até um pouco de fome e sofrendo com o sol ou o frio. Parabéns pela sua persistencia e a todos q fizeram o enduro… as fotos estão lindas…mas aquela do por do sol no morro é maravilhosa!!

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    • 4 de setembro de 2011 em 12:29
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      Mari,

      Realmente são poucos que entendem e curtem caminhadas assim. E no meu caso você é “culpada” por eu ter pego o gosto pela coisa. Na primeira caminhada do gênero que fiz em 2007, no Caminho do Peabiru, você foi a primeira pessoa que conheci, lá em Mamborê. Depois fiz mais amigos caminhantes, participei de mais e mais caminhadas e o gosto por tal atividade só foi crescendo.

      Grande abraço,
      Vander

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