De volta a Cuzco

Após retornar da Trilha Inca, passei parte do primeiro dia em Cuzco na cama, dormindo. Levantei depois do meio-dia, fazia frio e chovia sem parar. Tive uma noite maravilhosa de sono, onde recuperei todo o sono atrasado e mandei embora o cansaço acumulado. O quarto do hotel estava convidativo, quentinho e não dava vontade de sair dele. Mas a fome bateu e precisei sair. Andei poucos metros na rua e me senti mal por culpa da altitude. Não tinha tomado chá de coca em nem as pílulas para soroche, como tinha feito todos os dias na Trilha Inca. 

Precisava encontrar um local para comer e que não fosse comida peruana. Pensei no Mac Donald’s, mas lembrei de ter visto na Plaza de Armas um Bembos, que é uma cadeia de lanches peruana, cópia do Mac. Resolvi ir lá experimentar e gostei do lanche que escolhi. E o preço é ainda mais em conta que no Mac. Com a barriga cheia resolvi dar uma volta pelo centro e fazer umas comprinhas, mas chovia muito. Molhei o pé, fiquei com frio e resolvi voltar para o hotel. Fiquei um tempão usando a internet no quarto até a chuva parar. Então no final da tarde caminhei pelo centro, fiz algumas compras, principalmente de lembrancinhas para levar para a família e para os amigos e conheci alguns pontos turísticos importantes do centro. Tinha bem mais coisas interessantes para conhecer e existem muitos passeios nas proximidades da cidade, mas com tanta chuva não deu vontade de ir. 

Um dos lugares que visitei foi uma faculdade e foi meio sem querer. Ela fica ao lado de uma das igrejas da Plaza de Armas e pensei que estava entrando na igreja. Quando me dei conta tinha entrado na faculdade. Bem que achei estranho a cara de espanto que o segurança fez quando na entrada falei para ele que ia entrar para visitar o lugar. Acredito que aquele não seja um ponto turístico da cidade… rs! Depois fui visitar ás igrejas, mas diante de ser preciso pagar ingresso para entrar, acabei desistindo. Não pelo preço, mas sim em razão de meus princípios. Vejo ás igrejas como a casa de Deus e que devem estar sempre abertas para receber aqueles que necessitam de um lugar para entrar e orar. Então achei absurdo ter que pagar para entrar. E umas das igrejas era jesuíta, e como trabalhei muitos anos para os jesuítas, bem sei que a Companhia de Jesus tem muito dinheiro e não precisa ficar cobrando ingresso para entrar em suas igrejas. Tanto a igreja jesuíta, quanto a catedral que fica na Plaza de Armas, tem seus altares cheios de ouro. Esse ouro foi roubado dos incas e a custo de muito sangue. Mas essa é outra história que prefiro não debater aqui. Nessas igrejas com altares de ouro é proibido fotografar. Mas dei um jeitinho e tirei uma foto do lado de fora da igreja, onde bem ao fundo aparece parte do altar todo em ouro. Não fiz nada de errado, não existia nenhuma placa informando que era proibido fotografar da rua em frente a igreja. A única igreja que entrei foi em uma que fica também no centro, mas um pouco mais distante da Plaza de Armas. Entrei na igreja no horário da missa e não precisava pagar ingresso. Seria um grande absurdo se cobrassem ingresso para assistir a missa. Em meus passeios acabei encontrando pela rua alguns argentinos que conheci na Trilha Inca.

Um ponto turístico que fiz questão de visitar foi à “pedra de 12 ângulos”. Ela fica em uma rua lateral à Plaza de Armas, cerca de 50 metros. É um muro inca com uma construção mais recente em cima. Do outro lado da ruela tem um muro espanhol, imitação mal acabada dos muros incas. Esse muro inca aparece no filme “Diários de Motocicleta”, na visita de Che Guevara a Cuzco. Diz a lenda que Che, ao comparar o muro inca com um muro espanhol disse: “Esse é o muro dos Incas. Esse outro é o muro dos incapazes”.

Continuei com meu passeio pelo centro, aproveitando que a chuva tinha dado uma trégua. Encontrei um mercadinho que vendia muitos produtos americanos. Então aproveitei para comprar alguns chocolates americanos e manteiga de amendoim, algo que não encontro no Brasil. Andei mais um pouco visitando as lojinhas e comprei um livro escrito pelo Hiram Bingham, sobre a descoberta de Machu Picchu. Eu tinha procurado esse livro no Brasil e nunca encontrei. Já em Cuzco existiam várias versões desse livro, tanto em espanhol, como em inglês. Alguns com fotos originais da época, outras versões sem foto e até versões com fotos atuais. E os preços também variavam muito. Mais algumas compras e fui jantar no Bembos. Voltei para o hotel, descansei um pouco e saí dar uma volta antes que o comércio fechasse, o que ocorre ás 22h00min. Aproveitei para tomar uma Inca Kola, um refrigerante peruano muito apreciado pelos locais. Tem gosto de chiclete tutti frutti, achei horrível. Dei uma última volta pela Plaza de Armas e fui assediado por um monte de rapazes que distribuíam ingressos gratuitos para algumas danceterias que funcionam no centro. O assédio era intenso, os rapazes quase brigavam entre si e tentavam me convencer a entrar numa das danceterias. Como era de graça resolvi entrar numa delas para ver como era, mas não me demorei muito. Toca somente música técno, o que detesto. O local até que estava cheio, a maioria bebendo e fumando umas “ervas”. Aquilo não era ambiente para mim, achei melhor ir para o hotel arrumar minhas coisas e descansar, pois no dia seguinte seguiria para Lima.

Plaza de Armas sob chuva.
Ao fundo o altar de ouro da igreja jesuíta.
Bembos.
Plaza de Armas no final do dia.
Na balada...

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