Vila de Paranapiacaba

Um dos passeios mais esperados e  que mais gostei, foi  a ida a Vila de Paranapiacaba, em plena Serra do Mar paulista. Eu já tinha lido sobre essa Vila histórica e também assistido reportagens sobre o local. O lugar é muito bonito e bastante preservado. Poderia ser melhor, mas o poder público no Brasil sempre deixa a desejar e muita coisa vai se degradando e não pode mais ser recuperada. De qualquer forma o passeio vale a pena, tem muita coisa bonita, interessante e a história está presente em cada esquina. A região também é muito bonita, no meio da floresta e existe uma neblina quase permanente que da um charme especial a Vila. Além da visita a Vila, também é possível fazer vários passeios por trilhas da região.

História: Um grupo inglês explorou através de consessão o sistema ferroviário na Serra do Mar e implantou o sistema funicular: com cabos e máquinas fixas. A primeira linha, com onze quilômetros de extensão, foi inaugurada em 1867 pelo grupo São Paulo Railway. Ela começou a ser construída em 1862 e um de seus maiores acionista e idealizadores foi o Barão de Mauá. Em 1859, ele chamou o engenheiro ferroviário britânico James Brunlees, que veio ao Brasil e deu viabilidade ao projeto. A execução de tal projeto foi de responsabilidade de outro engenheiro inglês, Daniel Makinson Fox. Um ponto curioso é que pela instabilidade do terreno, a construção da estrada de ferro foi quase artesanal. Não se utilizou explosivos por medo de desmoronamento. As rochas foram cortadas com pregos e pequenas ferramentas manuais. Paredões de até 3 metros e 20 centímetros de altura foram construídos ao logo do traçado da estrada de ferro. A segunda linha começou a funcionar em 1900. Por ocasião da construção da ferrovia a vila abrigou cerca de 5.000 trabalhadores. A vila surgiu com o nome de Alto da Serra, que manteve até o ano de 1907, quando foi adotado o nome atual. A estação de trem, curiosamente, só teve seu nome trocado em 1945. O contrato para a construção da ferrovia data de 1856. A partir daí iniciaram-se os trâmites burocráticos, e a construção iniciou-se por volta de 1860. A preocupação com a parte urbana, estética, salubre, comercial e social surgiu apenas no final daquele século, quando foi necessário ampliar a vila para a construção da 2ª linha do sistema funicular. Nessa ocasião, os ingleses iniciaram a construção da Vila Nova (ou Martin Smith) e, aí sim, procederam ao melhoramento da Vila Velha. Juntas são conhecidas como Parte Baixa, ou Vila Inglesa. Do outro lado da ferrovia surgiu a Parte Alta, com característica portuguesa, e completamente diferente da primeira, era a vila dos comerciantes. Na Vila funcionou o segundo cinema projetado no Brasil, na década de 1930.

A Vila Velha foi construída morro acima,  de forma desordenada, com ruelas, becos e caminhos tortuosos,  beirando a ferrovia.  E  isso  faz dela o local mais aconchegante de todos, com um charme especial e uma bela vista do pátio ferroviário. É a mais descuidada de todas e em muitos lugares  está praticamente abandonada. Uma vez que está próxima à “boca da serra”, por onde entra a ferrovia, é a mais visitada pela famosa neblina local. Já a Vila Nova ou Martin Smith possui característica completamente diferente. Ela foi construída de forma simétrica, com planejamento  urbano.  Até  os sentidos norte-sul, leste-oeste foram observados, quase de forma perfeita, em seu arruamento. A Vila Nova, construída e transformada ao longo dos anos, tanto pelos ingleses quanto pelos que os sucederam, chegou aos dias de hoje ainda majestosa e única em nosso país. Os ingleses foram sucedidos pela Rede Ferroviária Federal, depois pelos moradores (período do abandono) e, finalmente, pela Prefeitura de Santo André. Cada um foi deixando sua marca ao longo do tempo, e esta faceta multicultural é nítida aos nossos olhares.

Os ingleses hierarquizaram suas casas e ruas. Havia casas específicas para diretores, chefes, funcionários com famílias grandes, outros com famílias pequenas e, até, alojamento para solteiros. Primitivamente as casas eram de madeira, e assim permaneceram até meados do século XX. Nessa ocasião diversas moradias e edifícios públicos foram construídos em alvenaria pela Rede Ferroviária Federal. Esta, por sua vez, manteve perfeita ordem na vila, até os dias em que entrou em decadência. Após sua privatização em 1997, a vila ficou por conta dos moradores. Houve um total descaso por parte das autoridades, e o Condephaat, que havia tombado a vila em 1987, mostrou toda sua incompetência. Houve um verdadeiro crime tanto contra a história como com a cultura nacional. Com a privatização e modernização da ferrovia houve um grande número de desempregados; muitas casas foram abandonadas e invadidas, até por pessoas de má-índole. Houve destruição e muita alteração nas residências. Paredes foram derrubadas, divisórias levantadas, anexos e garagens construídos, jardins desfeitos, cercas postas abaixo. Nos dias atuais, a administração vem restaurando edifícios públicos de grande valor arquitetônico local. Temos exemplos deles no Castelo, no Clube Lyra Serrano, no antigo Mercado e na antiga Padaria do Mendes. Outras obras e intervenções são realizadas, mas nem sempre com o devido respeito pela história e cultura. É preciso um pouco mais de cuidado.

Boa parte das informações acima “surripiei” do site do Rogério, que além de muito bem feito conta muito da história de Paranapiacaba.

Para saber mais acesse:  http://www.avilainglesa.com/

Para passeios guiados pela Vila ou pelas trilhas da região, entre em contato com o Osmar Losano, que foi nosso guia. Contato: losanobio@hotmail.com Telefones:(11) 4439-0144 ou (11) 8844-0755

Parte Alta da Vila de Paranapiacaba. (10/08/2010)
Parte Baixa da Vila de Paranapiacaba. (10/08/2010)
O cemitério da Vila possui túmulos centenários.
Pátio de manobras e o famoso relógio da Vila de Paranapiacaba.
Aspectos da Vila de Paranapiacaba. (10/08/2010)
Parte Alta da Vila de Paranapiacaba. (10/08/2010)
Vila de Paranapiacaba. (10/08/2010)
Vila de Paranapiacaba. (10/08/2010)
Na foto maior, local onde funcionou o segundo cinema do Brasil.

4 opiniões sobre “Vila de Paranapiacaba

  • 16 de agosto de 2010 em 09:29
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    A vila é muito interessante, um lugar nostálgico, como o Vander bem colocou, a história está presente por onde quer que você olhe, mas infelizmente não é cuidado como deveria.
    As montagnes das fotos ficaram bme legais!
    Bjos

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    • 16 de agosto de 2010 em 14:28
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      Oi,

      Realmente a Vila é muito interessante, mas é uma pena que muita coisa foi perdida e muita está se perdendo. Infelizmente vivemos num país onde não se dá muito valor a sua história, onde a se rouba muito dinheiro que podia ser investido em coisas importantes e necessárias.

      Beijo,

      Vander

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  • 26 de maio de 2011 em 10:34
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    Bom dia !

    Sou Alaine Chagas , aluna de gestão de turismo no Instituto Federal de São Paulo . Estou fazendo meu trabalho de conclusão de curso que é um audio-guia da vila de Paranapiacaba . Gostaria de saber se seria possivel a disponibilização do audio neste site. O trab seria doado . O trabalho tem intuito de oferecer uma visita diferente a vila. MAs não so visitantes , mas pessoas com necessidades especiais poderia conhecer melhor este lugar tão particular da cidade de SP. Enfim , fico no aguardo .

    Alaine Chagas .

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    • 30 de maio de 2011 em 00:18
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      Alaine,

      Obrigado pela visita ao blog e pelo contato. Sobre o material mencionado, gostaria de colaborar e publicar aqui no blog. Apenas lembro que o blog tem ferramentas limitadas e alguns tipos de áudio e vídeo não consigo publicar por culpa dessas limitações. De qualquer forma gostaria de colaborar e divulgar ainda mais a Vila de Paranapiacaba, local que adorei conhecer e onde pretendo voltar mais vezes.

      Abraço,

      Vander

      Resposta

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