Fortaleza de Nossa Senhora dos Prazeres

A Fortaleza de Nossa Senhora dos Prazeres de Paranaguá, também conhecida como Fortaleza da Barra ou Fortaleza de Paranaguá, localiza-se na praia da Fortaleza, aos pés do morro da Baleia (hoje da Fortaleza), na Ilha do Mel, litoral do estado do Paraná. Esta fortificação destinava-se à defesa estratégica da antiga vila de Paranaguá, garantindo a segurança do seu ancoradouro, quinze milhas adiante, onde era embarcado o ouro, a madeira e mais tarde a erva-mate extraída da região, contra os corsários espanhóis que freqüentavam aquele trecho do litoral. Conforme instruções recebidas do Marquês de Pombal, a fortaleza foi erguida entre 1767 e 1769, por determinação do governador e capitão-general da capitania de São Paulo, D. Luís Antonio de Sousa Botelho Mourão. Originalmente artilhada com duas peças de calibre 24 libras, duas de 18 e duas de 12, parte de sua artilharia foi remetida em 1791 para a Fortaleza da Barra Grande em Santos

No contexto da Guerra dos Farrapos (1835-1845), forças farroupilhas em uma escuna e um lanchão, capturaram uma sumaca brasileira no interior da baía de Paranaguá, tendo sido repelidas pela artilharia da fortaleza (31/10/19839).

Tomou parte no chamado incidente de Paranaguá, quando enfrentou o HMS Cormorant, que invadindo águas territoriais e violando o direito de soberania brasileiro, aprisionara três navios brasileiros naquele porto, sob a acusação de tráfico negreiro (01/07/1850). O então comandante da praça, Capitão Joaquim Ferreira Barbosa, auxiliado pelos poucos soldados da guarnição e por mais de duzentos moradores e tripulantes dos navios apresados, conseguiram montar dez peças sobre paus e pedras, e dando ordem de fogo às improvisadas baterias, atingiram a fragata na proa e na caixa de rodas, obrigando-a a retirada e a reparos em alto-mar. O Cormorant, embarcação a vapor da Marinha Real Britânica baseada no Rio da Prata, desempenhava missão de repressão ao tráfico negreiro no litoral atlântico do continente americano, sob o comando do Capitão Hubert Schumberg. As embarcações brasileiras foram afundadas, tendo o Cormorant disparado sobre a fortaleza, atingindo a encosta do morro da Baleia. Posteriormente a Coroa Inglesa exigiu reparações, tendo o Império do Brasil se retratado, encerrando-se a questão.

Durante a Revolução Federalista (1893-1895) foi tomada por tropas rebeldes oriundas do Sul, pelo mar.

Desguarnecida, no início do século XX sediou um Batalhão de Artilharia (1905), ocasião em se ergueu um edifício para Quartel de Tropa. A antiga Caserna foi transformada em Refeitório e Cozinha. Nela se destacavam três casas, Capela e um Paiol de Munições, quando passou a aquartelar a 4ª Bateria Independente em 1909. Foram-lhe projetados melhoramentos em 1911 e em 1913 serviu de base para uma bateria no morro da Baleia, de cuja guarnição passou a servir de Caserna no contexto da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), servindo como base militar de proteção à costa.

Tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional a partir de 1938, durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), aquartelou cerca de duzentos homens, tendo o seu comandante respondido a inquérito pela destruição da vegetação de caixeta na encosta do morro e por ter aberto um portão no muro traseiro da fortaleza, sem a devida autorização. A guarnição operava um holofote, sendo posta fora de serviço em agosto de 1954.

Após ser desativada, a fortificação permaneceu abandonada. Reduto hippie na década de 1970, na década de 1980 foi palco de uma “caça ao tesouro”, alimentada pela lenda do Padre Thiago e pela descoberta, nas suas dependências de um cofre contendo papéis antigos e moedas de pouco valor. O conjunto sofreu intervenção de restauro entre 1985 e 1995, em parte graças a recursos do Banco Mundial, passando a abrigar um pequeno museu na Casa da Guarnição, e o posto local da Polícia Florestal. Em 1989, as pesquisas arqueológicas trouxeram à luz as bases da primitiva Capela e da Casa do Comandante. Também foram identificados vestígios de um sepultamento humano, em local contíguo à capela, levantando a possibilidade da existência de um cemitério no local.

Primitivamente, no interior da fortificação, erguia-se uma capela sob a invocação da padroeira. Esta edificação foi demolida em 1932, por determinação do então comandante da fortaleza, devido ao seu precário estado de conservação.

Fortaleza
Fortaleza no final da tarde
Interior da Fortaleza
Entrada principal
Lateral externa da Fortaleza
Passagem interna do corpo da guarda
Vista interna a partir da prisão

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