Férias 2009 – Viagem ao Chile (Parte I)

A viagem para o Chile teve inicio no dia 21 de maio, final de tarde, em Campo Mourão. Eu, meu irmão W@gner e dois amigos nossos, Luiz Cesar e Maico, embarcamos no carro do W@gão e seguimos para Londrina, onde pernoitamos. No dia seguinte levantamos ás 05h00min da manhã e seguimos para o Aeroporto. Tinha estado somente uma vez no aeroporto de Londrina e não trazia boas recordações. No final de 2006, quando ia de Porto Alegre para Maringá, em razão de um forte temporal meu vôo foi desviado para o aeroporto de Londrina, onde desembarquei com três horas de atraso e segui de ônibus para Maringá. Daquela vez estava tão stressado e cansado, que as lembranças do aeroporto londrinense eram as piores possíveis. Mas dessa vez pude observar melhor o local, que mesmo sendo pequeno é bastante simpático.

No dia 22 de maio, sexta-feira, pouco antes das 06h00min fomos para o embarque, que em Londrina se faz na pista. Seria a primeira vez que o Luiz Cesar e o Maico voariam, então estavam um pouco ansiosos e eu e o W@gão, além de dar umas dicas, também colocamos um pouco de medo neles. O vôo até São Paulo durou cerca de uma hora, sem incidentes. Lá aguardamos um pouco e embarcamos em outro vôo da Tam, rumo a Santiago, capital do Chile.

O avião era novo, um dos quatro Boeing 777-300, que a Tam comprou em agosto 2008. O avião é enorme, o maior em que já voei até aqui e tem capacidade para 365 passageiros. Por dentro é show, tudo bonitinho, limpinho, novinho. O vôo até Santiago teria duração de aproximadamente quatro horas e como o tempo estava bom tudo transcorreu sem incidentes. Fui sentado na mesma fileira que o Luiz Cesar e na poltrona do meio não tinha ninguém, o que deixou tudo mais confortável. Na fileira da frente foram o W@gão e o Maico. As poltronas possuem monitores individuais, onde da pra ver vídeos e também acompanhar velocidade, altitude, tempo de viagem, distancia percorrida e distancia que falta até o destino. E também tem duas novidades que ainda não conhecia, que são as imagens de duas câmeras posicionadas fora do avião, onde uma mostra imagens parecidas com as que o piloto tem em seu campo de visão e outra mostra imagens do que está embaixo do avião. Foi bastante interessante ver a imagem da câmera da frente, tanto no momento da decolagem, como na aterrissagem.

Tentei ver um filme, mas como estava muito cansado após uma noite mal dormida, acabei apagando e dormi um pouco. A melhor parte da viagem foi quando passamos sobre a Cordilheira dos Andes e dava pra ver os vários picos, a maioria com neve em seus cumes. Passamos bem próximos ao Aconcágua, que é o ponto culminante das Américas, tendo 6.959 metros e que fica em território argentino. O pouso em Santiago foi tranqüilo e após o desembarque seguimos para os transmites burocráticos. A passagem pela alfândega também foi tranqüila e no momento de pegar nossas malas na esteira, acabamos nos divertindo um pouco ao observar três cachorros da raça Labrador, que inspecionavam as malas com seu olfato. Teve um cachorro que se aproximou da sacola de uma senhora, que tentou se desvencilhar do cachorro, mas não teve jeito, ele levantou uma pata e indicou que tinha algo irregular na sacola dela. Daí veio o pessoal da Policia Federal local e revistou a sacola da mulher, onde encontraram dois queijos, o que é proibido. Apelidamos o cachorro de “pata dura”, pois foi muito engraçado vê-lo com a patinha levantada apontando para a sacola da mulher e também a cara de assustada dela sabendo que o cachorro lhe estava dedurando.

Do lado de fora do aeroporto pegamos o carro que tínhamos alugado. O tempo estava bom, com muito sol e ali pude constatar algo que já sabia, que o tempo ali está sempre meio que nublado, uma mistura de poluição com nuvens, o que raramente permite observar á enorme e bela cadeia de montanhas que cercam quase por completo a cidade. Foi difícil caber nós quatro e as malas no carro, que era pequeno, mas demos um jeito e logo estávamos circulando pelas ruas de Santiago. O W@gão foi o motorista, pois além do carro estar locado no nome dele, ele tinha estado em Santiago ano passado e conhecia o caminho até o hotel. Mas mesmo assim ele se perdeu num viaduto e pegamos uma estrada errada. Como era hora do almoço, paramos num Mac Donald´s para comer um suculento Big Mac. Nenhum dos quatro estava a fim de experimentar a culinária local, então optamos por uma refeição que em qualquer parte do mundo tem praticamente o mesmo sabor.

Após nosso “almoço” embarcamos no carro e dessa vez o W@gão encontrou o caminho até o hotel. A cidade é até bonita, numa mistura de construções antigas e novas. É limpa e bastante policiada, mas o transito é meio caótico, com muitos carros. Outra coisa que notei logo de inicio foi a enorme quantidade de cachorros sem dono soltos pela rua. Nos dias seguintes, por duas vezes chegamos a ver cachorros da raça Ruski, abandonados pela rua. No Brasil a gente está acostumado a ver somente Vira-Latas soltos na rua.

Chegando no hotel fomos para os quartos. Fiquei junto com o Luis Cesar no quinto andar e o W@gão com o Maico no terceiro. Após um banho reconfortante descansei um pouco. Vale registrar que a água é meio esquisita, parece grudenta. Logo nos encontramos, os quatro e fomos dar nosso primeiro passeio pela cidade. Optamos primeiramente em “explorar” a região próxima ao hotel. Estávamos com quatro câmeras digitais e já começamos a bater as primeiras fotos. Isso ocorreu durante toda nossa estadia por lá e no final da viagem ao todo tínhamos cerca de 2.300 fotos. Algumas eram bem parecidas, mas tiradas com câmeras diferentes. De volta pra casa, passei um bom tempo selecionando e organizando as fotos que me interessavam.

Após uma breve caminhada, paramos na calçada de uma lanchonete. Meus três companheiros de viagem resolveram descansar e ao mesmo tempo provar as diferentes marcas de cerveja existentes no local. As garrafas lá são de 1,5 litro. Aproveitamos para observar e levantar as primeiras impressões dos “nativos”. O consenso foi de que todos são de baixa estatura, mas simpáticos e educados. Depois de uma hora de papo furado e após terem provado umas quatro ou cinco diferentes marcas de cerveja, retornamos nossa primeira “exploração” pela cidade. Acabamos indo parar no Zoológico, que ficava ali perto, num morro enorme.

Para entrar no Zoológico pagamos pelo ingresso a fortuna de dois mil pesos. O “fortuna” foi brincadeira, pois dois mil pesos equivalem a uns nove reais. Iniciamos o passeio vendo os Elefantes e seguimos morro acima. O único bicho que eu queria ver era o “Urso Polar”, animal que nunca tinha visto antes. Ele é uma das celebridades do local e quando encontramos o recinto onde ele fica exposto, o bicho estava num momento intimo nada agradável. Viajamos mais de dois mil quilômetros para presenciar uma cena rara de um humano ver até mesmo na natureza. O Urso polar estava “cagando”, com direito a fazer força e careta. Não sei se o bichinho (maneira de dizer, pois o bicho é enorme) ficou encabulado, mas o monte de crianças que estavam próximas a mim ficaram. Outras caíram na risada e eu nem uma coisa e nem outra, minha preocupação era achar o melhor ângulo para fotografar esse momento meio “mundo animal”.

Seguimos morro acima, eu me arrastando, pois o rápido cochilo no avião não tinha acabado com o cansaço acumulado. Vi mais alguns bichos que nunca tinha visto antes, entre eles um Canguru e uma Cabra daquelas que vivem nas montanhas e que representam o signo de Áries no horóscopo. Mesmo não acreditando em horóscopo, vale mencionar que sou do signo de Áries e que fiquei emocionado ao ver a cabra que representa meu signo. Como diz a Kaciane, ultimamente ando sensível e emotivo demais. Coisas da idade, acho! Mas voltando ao passeio, lá da parte de cima do Zoológico tem-se uma bela vista panorâmica de parte da cidade.

Após sairmos do Zoológico, conseguimos um mapa turístico do centro e a meu pedido fomos a procura do Museu Neruda. Ele ficava perto de onde estávamos e funciona numa das três ou quatro casas em que o poeta  Pablo Neruda viveu no Chile. A casa era bonita, mas acabamos não entrando, pois a casa museu mais bonita de Neruda fica em Vina Del Mar, para onde iríamos no dia seguinte. Retornamos ao nosso passeio e fomos seguindo em direção ao centro da cidade. Andamos um monte, tiramos dezenas de fotos, paramos em alguns lugares que vendiam artigos locais para turistas e onde compramos algumas lembrancinhas para a família e amigos. Na verdade eu estava mais preocupado em descobrir onde se vendia o chocolate mais barato. Sou fã de chocolates chilenos, que são de boa qualidade e deliciosos.

Acabou escurecendo e passeamos por mais um tempo. A maior dificuldade acabou sendo encontrar um banheiro. Nosso salvador mais uma vez foi uma lanchonete do “Mac Donald´s”. Antes de voltarmos para o hotel paramos numa panificadora local para provar um típico cachorro quente chileno. Nada de especial no sabor, mas valeu para disfarçar a fome.

Após tomar banho e descansarmos no hotel, resolvemos sair para dar uma volta pelas proximidades e jantar. Fiquei sabendo que a região próxima ao hotel é o bairro boêmio da cidade e por essa razão existem tantos bares e restaurantes por ali. Próximo também ficam alguns “campus” da Universidade do Chile e consequentemente muitos jovens estudantes. Paramos num centro comercial para olhar algumas lojinhas de quinquilharias e acabamos indo parar na mesma mesa de esquina, na mesma calçada, da mesma lanchonete em que tínhamos parado durante a tarde. Os “meninos” resolveram provar mais algumas cervejas e eu só fiquei olhando. O lugar estava cheio de gente e nisso se inclui muita gente maluca. Vimos gente deitada no meio da rua, gente fazendo show na rua, alguns bêbados e muitos casais de lésbicas. Isso mesmo, tinha muita mulher “pegando” mulher por lá. Homem com homem não vi e “viadinhos” só vi uns poucos, mas mulher com mulher tinha aos montes pelas ruas e nas lanchonetes.

Começou a esfriar e resolvemos voltar para o hotel. Ainda não tínhamos jantado e o W@gner nos convidou para comer uma Pizza, num local ao lado de nosso hotel. Aceitamos a sugestão e fomos até esse lugar. Lá descobrimos que eles não vendiam Pizza. Foi a maior pegação no pé do W@gão, mas ele jurou que no ano anterior tinha comido Pizza ali, que aquilo já foi uma Pizzaria. Pelo sim, pelo não, resolvemos comer alguma outra coisa por ali e essa decisão foi o inicio da grande “fria” do dia. O Luiz Cesar olhou na mesa ao lado, onde dois caras comiam sanduíches enormes. Chamamos o garçom e falamos que queríamos sanduíches iguais aqueles. O garçom falou que aquilo era “Sanduíche de Pauta”, com carne de porco. Resolvemos pedir o cardápio e o garçom nos mostrou que tinha um sanduíche igual, mas com churrasco. Ao ouvir a palavra churrasco, nossos estômagos famintos se alegraram e pedimos três sanduíches. Um pra mim, um pro W@gão e outro o Luiz Cesar e o Maico iam dividir. Não sei se motivados pela fome, ou pela palavra churrasco, ninguém pensou em perguntar ao garçom o que era a tal da “pauta”. E do ângulo que estávamos, ao olhar os sanduíches de nossos vizinho de mesa, a impressão era que o negócio verde dentro do sanduíche devia ser uma alface ou cosia parecida. Estávamos sentados próximos ao local onde os cozinheiros faziam os sanduíches e não lembro se foi o Maico ou o Luiz Cesar, que ao ver o cara enchendo uma colher com “abacate”, comentou quem seria o maluco que ia comer abacate aquela hora da noite. Não demorou muito e descobrimos quem seria o maluco, ou melhor, os malucos. Seriamos nós! A tal da “pauta”, na verdade era abacate. Quando vimos o garçom se dirigindo até nossa mesa com três sanduíches enormes, recheados de abacate e carne, caímos num ataque de riso onde era difícil para de rir. Os demais freqüentadores da lanchonete ficaram olhando para nossa mesa, sem entender o que estava acontecendo. Depois de um tempo resolvemos tentar comer nossos sanduíches, onde mesmo raspando todo o abacate possível, ainda assim ficou um pouco do gosto dele no sanduíche. Para mim, que deixei de gostar de abacate há muitos anos, comer abacate com carne não é das experiências mais maravilhosas. Comemos o que deu e o abacate que tiramos dos sanduíches devia dar no mínimo um meio quilo. Quando saímos da lanchonete vimos os garçons rindo de nós, os quatro brasileiros que não gostavam de “pauta”. Depois dessa fomos dormir, pois a noite estava fria, o cansaço era enorme e no dia seguinte faríamos um passeio distante, lá para os lados de Valparaiso e Vina Del Mar, no Oceano Pacifico.

PS: Ao escrever este texto e lembrar do gosto e do cheiro da “pauta” com churrasco, confesso que fiquei com o estomago embrulhado.

O gigantesco "Boeing 777-300" da Tam, que nos levou ao Chile. Voando por sobre a "Cordilheira dos Andes". (22/05/2009)
Nossas primeiras fotos em solo chileno. (22/05/2009)
Nossas primeiras fotos em solo chileno. (22/05/2009)
O primeiro passeio em Santiago, pelas proximidades do hotel. (22/05/2009)
O primeiro passeio em Santiago, pelas proximidades do hotel. (22/05/2009)
Zoológico de Santiago. (22/05/2009)
Zoológico de Santiago. (22/05/2009)
Mais bichos do Zoológico e o Wagão fazendo parte da evolução humana. (22/05/2009)
Mais bichos do Zoológico e o W@gão fazendo parte da evolução humana.
Proximidades do Zoológico e por último a casa de Neruda. (22/05/2009)
Proximidades do Zoológico e por último a casa de Neruda. (22/05/2009)
Passeio de fim de tarde pelas ruas de Santiago. (22/05/2009)
Passeio de fim de tarde pelas ruas de Santiago. (22/05/2009)
Passeio noturno e o horrendo "Sanduiche de Pauta". (22/05/2009)

2 opiniões sobre “Férias 2009 – Viagem ao Chile (Parte I)

  • 11 de dezembro de 2009 em 10:35
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    que bacana ler tudo isso…….entrei numa história e acabei ate sonhando que estava no chile de verdade. Voce sabe descrever muito bem menino….muito bacana mesmo…….vou recomendar a pessoas para que leiam essas suas mensagens.!!! Parabens e obrigada pela oportunidade de desfrutar desta leitura super emocionante. Ah….tb ja viajei pela Webejet……rrrrrrrrrrr e tambem senti um medinho!!! rsss

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    • 11 de dezembro de 2009 em 17:11
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      Oi Ivete,

      Realmente o Chile é lindo, se um dia puder vá até lá, pois vale muito a pena. E para quem está no Sul no Brasil é mais barato ir para o Chile do que para algumas capitais do Nordeste brasileiro.

      Legal que tenha gostado do Blog. Ele começou como uma brincadeira e está crescendo. A idéia era ter uma ferramenta para contar aos amigos espalhados pelo mundo o que eu andava fazendo. E no fim a brincadeira foi crescendo e o blog tem servido como fonte de informação para algumas pessoas e principalmente para fazer novos amigos.

      Fique a vontade para “nos” visitar sempre e quando puder fale de você, de onde é e etc.

      Grande abraço,

      Vander

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